16 de março de 2011
Uma amiga e grande jornalista, Luciene Miranda, fez sua estreia no site do jornal-digital Brasil 247. À parte o seu trabalho, sempre muito bem realizado – e todos os votos de boa sorte a ela e ao jornal -, não resisto à tentação de fazer alguns comentários em relação à entrevista com o diretor de Relações com Investidores da Petrobrás, Almir Barbassa.
Comentários assaz impertinentes, a considerar a sempre falta de tempo e disposição dos entrevistados quando têm de responder uma ou outra pergunta sem ranger os dentes e sair acusando aos outros de derrotista, conspirador ou o que mais possa criar as mais sagazes personalidades do mundo político-corporativo-estatal.
Há tempos o mercado financeiro usa todo o engenho propagandístico para incutir ao público – e também a investidores incautos – a lenda da estabilidade econômica, da confiança dos mercados. Claro, nunca se explica a quem recairá a bem-aventurança de saldar os débitos das aventuras empreendedoras, tampouco o que será sacrificado para que seja possível viver o sonho da prosperidade econômica, da inserção do Brasil ao seleto grupo dos países desenvolvidos, sem quem o Brasil seja um país desenvolvido ou ao menos civilizado.
Mas não nego que é, de fato, reconfortante saber, da boca do senhor Barbassa, que tudo vai muitíssimo bem com a Petrobrás, ainda que a empresa esteja em débito com os bancos estatais em 46 bilhões (ou seja, nosso rico dinheirinho tungado via impostos para sustentar toda essa aventura).
Tudo vai mesmo às mil maravilhas, ainda que o governo e a estatal, há tempos, venham aumentando suas dívidas por conta dessa pantomina que é o Pré-Sal.
Nada poderia ser melhor, ainda que a Exxon e a OGX tenham enterrado quase 1 bilhão de dólares para encontrar apenas hidrocarbonetos não-comerciais – e todo esse dinheiro contabilizado como perda, tornando-se o primeiro grande fracasso na exploração do pré-sal brasileiro – sem contar as constantes manobras contábeis para iludir o público.
Mas não percamos a esperança: o futuro será brilhante, ainda que não expliquem à população que, se com a graça de Deus for encontrado bom petróleo nas costas brasileiras, será preciso, no mínimo, uns 10 ou 15 anos para estabelecer plataformas que possam gerar uma produção que traga lucros para dar lastro a todo esse entusiasmo fomentado com mera propaganda.
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