TEL AVIV - A alienação das maiorias com relação ao que acontece no mundo é fenômeno internacional. Os povos e nações não chegaram a assimilar os significados de globalização e interdependência antes de ingressarmos na crise. Na sua maioria, sentem-se desorientados pelo noticiário.
Num dia o mundo parecia o melhor dos mundos. No outro, o pior. O que aconteceu? Veio insegurança individual quanto à próxima fonte de seu pão. O medo cresce. Até minorias enriquecidas no bons tempos estão assustadas.
Até onde e a quem chegará a crise? As mais gigantescas empresas, sinônimos de fortalezas inexpugnáveis, balançam em precário equilíbrio. Os mais poderosos bancos. A mais poderosa empresas de seguros. Empregadores de centenas de milhares de indivíduos espalhados pelo mundo podem falir! Ninguém, gênio algum, parece saber qual a profundeza do inferno criado.
A mídia escrita ainda não se conscientizou que seu papel de meio de informação não é mais suficiente. Não encontrou um caminho a seguir. É simplório demais, esteja sendo ultrapassada na antiga missão de informar pela agilidade da internet e outros meios eletrônicos.
Ter perdido anunciantes e leitores. Falta de dinheiro? Ou ao não ter comprendido que tinha de adequar às mudanças? Houve tempos que navegadores se orientava pelas estrelas. Mas hoje o GPS indica o caminho certo. Os satélites enxergam lá de cima.
Quem tem GPS nem de mapa carece. Maravilha das maravilhas. Ninguém se perde. Mas o GPS ainda não lhe ajuda a navegar pelo abstrato. Muralha. Ele não explica nada. Só indica o caminho pedido.
A grande falha da mídia tradicional é a de não contribuir para que se compreenda a época em que se vive. Ou a contribuição é mínima. O indivíduo de nossos dias sente-se sozinho num mar sem fim, sem ninguém por perto para salva-lo. Nada que torne seus dias menos angustiantes sem sequer ter vaga ideia de onde está. Tentar alienar-se é como fechar os olhos para não ver o leão faminto nas proximidades. Ninguém escapa.
O que sabem da crise além de seus efeitos? Ou a humana esperança de a vítima ser o outro. Não pensar. Basta atentar para o peso e seriedade com que o noticiário que ignora a crise é tratado pela mídia. O destaque, estilo, paroquealismo, o convencionalismo das chamadas, lideranças que continuam brigando por cargos e poder. Para quê? Falar de reformas que eram urgentes em outros tempos como se fossem atuais. Sustentam-se em velhas mentiras e promessas irrealizáveis. E tirando dos bolsos de sempre. Dos contribuintes.
A cada dia, acompanhando-se o chamado noticiário, verifica-se que ondas subterrâneas de falta de confiança no Estado e governos surgem e se acentuam. E a qualquer momento virão à superfície ferozmente tormentosas.
Nada mais perigoso e explosivo do que explorar o mal-estar por mesquinhos objetivos políticos. Tentar esconder a verdade com retórica demagógica não vai longe. Quando falta o pão é um Deus nos acuda. Mais perigoso ainda quando não se sabe a razão. Quando não ajudam o indivíduo se encontra no meio da confusão pela qual não tem culpa alguma. Mesmo os que não sabem nadar têm o direito de tentar a salvação. A notícia importa menos do que o significado e as consequências.
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