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quarta-feira, 28 de maio de 2008

O ateísmo e a História

Do portal MÍDIA SEM MÁSCARA
por Percival Puggina em 26 de maio de 2008

Resumo: Compreender o Ocidente implica mergulhar naqueles abismos iniciais em que o Cristianismo agiu como fermento e salvaguarda dos valores nucleares da civilização.

© 2008 MidiaSemMascara.org

“Não há povo tão primitivo, tão bárbaro que não admita a existência de deuses, ainda que se engane sobre a sua natureza”

Cícero, De natura deorum II,4.

Sendo a pessoa humana um ser naturalmente religioso, resulta infrutífero esquadrinhar a história com as pinças do ateísmo. Dificuldade semelhante à que tem o analfabeto em entender a ciência, tem o ateu em compreender a alma das civilizações, posto que são as religiões e a fé que lhes dão muitos de seus influxos mais vitais.

Rodeada de episódios controversos, como os sonhos que antecederam as batalhas de Saxa Rubia e da ponte Mílvio, relatados por Constantino ao historiador Eusébio de Cesaréia, a lenta e tumultuada conversão do imperador romano é parte importante da história do Ocidente. Com efeito, após 250 anos de perseguições quase ininterruptas, em que o “sangue dos mártires adubou a sementeira da fé”, o Cristianismo foi deixando as catacumbas para se tornar religião do Império. Seja na lenda, seja no fato, foi Constantino que buscou a vitória e a unidade na Igreja e não a Igreja que buscou sua vitória e sua unidade no Império. Aliás, a divisão romana logo se tornaria definitiva e o Império caminhava para o ocaso.

Quando Odoacro, em 476, enrolou as insígnias de Roma e as enviou a Constantinopla, encerrava-se uma ficção. O Império Romano do Ocidente já estava extinto. Alarico entrara na capital em 410 e tribos bárbaras desfilavam pela cidade havia muitos anos (por isso, no fim da IIª Guerra, ao verem os ianques entrar em Roma, diziam os italianos: “Todos os bárbaros já estiveram aqui, só nos faltavam os peles-vermelhas”...).

Com a ruína do Império inicia-se, para as instituições, uma longa noite de muitos séculos. E não houve estadista destacado que não expressasse, bem ou mal, o sonho da reconstrução da unidade ocidental, de que a Igreja permaneceu como sinal vivo e eficaz.

Compreender o Ocidente implica, então, mergulhar naqueles abismos iniciais em que o Cristianismo agiu como fermento e salvaguarda dos valores nucleares da civilização. Observa Daniel-Rops que essa extensa jornada iniciou na noite de Natal do ano 499, quando Clóvis vergou-se sobre a pia batismal. Começava a conversão dos bárbaros e se decidia, ali, o destino do Ocidente - o nosso destino.

Nos séculos que se seguiram, a Igreja, quisesse ou não, foi o fiel da civilização. Como regra, não era ela que buscava o poder político, mas era este que a buscava, por sua supremacia cultural e moral, bem como pelo que sua unidade significava para o disperso poder temporal. E ainda bem que foi assim! Quem percorre a Europa encontra, em cada canto e recanto, as homenagens dos povos aos admiráveis bispos medievais. Em nome do “carpinteiro galileu”, esses faróis da história os conduziram em meio às trevas como guardiões do passado, a caminho do Reino definitivo.

O autor é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. puggina.org

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".