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segunda-feira, 12 de maio de 2008

O ABC do poder global

Do portal MÍDIA SEM MÁSCARA
por Jeffrey Nyquist em 08 de maio de 2008

Resumo: Para aqueles que amaldiçoam os Estados Unidos e Israel fica a pergunta: vocês confiariam nos herdeiros de Mao Tse-tung e nos discípulos de Felix Dzerzhinsky para manter a paz, a liberdade e ampliar a prosperidade global?

© 2008 MidiaSemMascara.org

Rússia e Estados Unidos têm os maiores arsenais nucleares do mundo. Ambos os países têm exércitos poderosos, além de frotas navais e forças aéreas também poderosas. O mesmo pode ser dito da China, que se coloca como o terceiro país mais poderoso do mundo. Os três países são grandes em área e população. Juntos, ocupam um quatro da área da superfície terrestre, somam um terço da população mundial e têm a posse de mais de noventa por cento das mais poderosas e avançadas armas do mundo. Sendo a mais poderosa dessas três potências, os Estados Unidos são dominantes. Se essa supremacia acabasse repentinamente (devido a uma grave crise financeira), a atual aliança entre Rússia e China rapidamente preencheria o vácuo deixado pelo colapso do poder americano.

Como é que o mundo se pareceria sem os EUA no papel dominante?

Para responder a esta questão, precisamos considerar as diferenças entre a Rússia, China e os Estados Unidos. Se não existissem diferenças significativas, especialmente as concernentes ao uso do poder, os três países seriam intercambiáveis. O mundo permaneceria estável, sem nenhuma ameaça de que uma guerra mundial viesse a se deflagrar. Infelizmente, as três potências não são iguais.

Quaisquer que sejam os pecados cometidos pelos Estados Unidos, quaisquer que sejam os danos que os americanos tenham causado, não há comparação entre os EUA e as duas outras potências – Rússia e China. O Oriente e o Ocidente diferem na história, na política e na cultura. Diferem, acima de tudo, nos métodos utilizados para obter e manter o poder. A história americana é completamente diferente da história russa e da chinesa. A história dos Estados Unidos não é um desfile de tiranos: não é a história do primeiro imperador Ch’in que unificou a China em 221 a.C., e nem a do primeiro czar, Ivã, o Terrível. A maioria das nações nasce em meio a algum derramamento de sangue, é verdade, mas nem todo esse sangue é derramado em prol dos mesmos fins. Quem procurar algum imperador chinês ou czar russo que se assemelhe a George Washington ou a Abraham Lincoln procurará em vão. Rússia e China foram sempre governadas por déspotas, e esses não estavam preocupados com a liberdade, mas com o auto-engrandecimento. Hoje, Rússia e China ainda são governadas por déspotas.

A fim de ilustrar melhor o caráter do poder russo – no passado e no presente – recomendo enfaticamente a leitura de um artigo de Jamie Glazov, intitulado The Russia-Al-Qaeda Axis [O Eixo Rússia-Al Qaeda][1]. Basicamente, é uma entrevista concedida a Glazov por Ahmed Zakayev, primeiro-ministro no exílio da República da Chechênia. Quando perguntado se a resistência chechena é nacionalista ou islâmica, Zakayev explicou que a ideologia islamita é uma provocação [iniciada em 1988][2] organizada pela KGB contra a população muçulmana da antiga União Soviética. Àquela época, a KGB fundou o “Partido da Renovação Islâmica da URSS”. O propósito do partido era, nas palavras de Zakayev, “rachar toda nação islâmica ao dividi-la entre ‘bons’ e ‘maus’ muçulmanos”.

Na Rússia, há uma longa tradição: dividir e conquistar; de penetrar, infiltrar e subverter potências rivais; de criar falsas frentes de oposição para encurralar os inimigos. De acordo com Zakayev, o radicalismo islâmico foi a “vacina do Kremlin” contra a independência nacional de vários grupos muçulmanos dentro da URSS. “Durante todos esses anos”, disse Zakayev, “a missão principal dos ideólogos ‘islâmicos’ foi a de desacreditar e desorganizar a resistência chechena”. Ele explicou ainda que a FSB/KGB é “a mais experiente organização terrorista no mundo, cujas bases foram lançadas ainda antes que os bolcheviques tomassem o poder...”. Os serviços [secretos] especiais da Rússia sabem como conduzir “todo tipo de atividade terrorista, incluindo raptos, explosões, seqüestro de aviões, tomada de reféns, uso de venenos e de materiais radiativos para assassinatos, etc.”. Mas a capacidade mais apreciada da KGB, como ressaltou Zakayev, “é a habilidade da FSB/KGB em formar e desenvolver ideologias extremistas”.

Apesar de não ser ampla e devidamente considerada e avaliada, a mais influente e destrutiva peça de ideologia conspiratória de século XX foi criada pelos serviços especiais russos em Paris [em 1903]. Eu estou me referindo à falsificação conhecida como Os Protocolos dos Sábios do Sião. Hitler acreditou nos Protocolos e o nazismo baseou sua campanha genocida contra os judeus sobre esse mesmo documento forjado. Muito do absurdo conspiratório que anima a extrema-direita nos EUA foi influenciado por essa falsificação. Como exemplo comprobatório, só é preciso citar o caso de Timothy McVeigh. Se a polícia secreta russa não tivesse inventado os Protocolos, o bombardeio em Oklahoma City não teria tido qualquer antecedente conceptual (ver The Turner Diaries).

Depois de 1917, o governo soviético persistiu na tradição czarista de fomentar ideologias extremistas. Exemplo disso é o encorajamento soviético ao culto conspiratório no caso do assassinato de John F. Kennedy (ver The Mitrokhin Archive). Para cultivar e disseminar a desconfiança, o ódio e o pessimismo, a FSB/KGB desenvolveu ferramentas intelectuais sofisticadas a fim de desorganizar as sociedades alvo. Idéias extremistas afetaram bastante o patriotismo de muitos americanos, levando-os ao desencanto e à paranóia.

O terrorismo islâmico que hoje ameaça o mundo é mais um exemplo de criação de ideologias extremistas pela KGB. De acordo com Zakayev, a Al Qaeda é “uma provocação global projetada para fazer colidir o mundo islâmico com o mundo ocidental, assim enfraquecendo ambos os lados tanto quanto possível. Aqueles que ganham com isso são Rússia, China e seus aliados no campo totalitário”. Zakayev está, quase com certeza, correto.

Refletindo sobre os fatos da história russa e sobre o emprego de ideologias extremistas pela KGB, qual seria o resultado do declínio dos Estados Unidos? O que seria desencadeado? Que violência seria cometida e quais nações sofreriam? Tal como expliquei no início deste artigo, há somente uma nação capaz de resistir à ameaça nuclear da Rússia e da China. Se os Estados Unidos se enfraquecessem e recuassem, o poderio da Rússia e China necessariamente avançaria.

Felix Dzerzhinsky
Para aqueles que amaldiçoam os Estados Unidos e Israel, que aceitam várias teorias conspiratórias, eu ofereço esta advertência: vocês querem que Rússia e China dominem o mundo? Vocês confiariam nos herdeiros de Mao Tse-tung e nos discípulos de Felix Dzerzhinsky[3] para manter a paz, a liberdade e ampliar a prosperidade global? Vocês querem o legado de Ivã, o Terrível e do primeiro imperador Ch’in?

Uma potência dominará. Um legado se verá realizado. Será um legado de terror global e opressão? Ou será um legado de mercados e eleições livres?

[1] NT: O título em português é meramente ilustrativo.

[2] NT: Cf. Ahmed Zakayev, a provocação contra os muçulmanos da antiga URSS foi iniciada pela KGB já em 1988, portanto antes do “fim” da URSS, mas conduzida até hoje pela FSB/KGB.

[3] NT: O “Felix de Ferro”, comunista polonês, foi ligado aos movimentos terroristas que atuaram na Polônia a partir de 1900, onde assassinou pessoalmente seus inimigos e ordenou a morte de suas famílias de forma notavelmente fria e calculista. Filiou-se ao Partido Bolchevique em 1917; foi um dos comandantes do Terror Vermelho, quando levou a cabo torturas e execuções sumárias em massa; fundador e organizador da Cheka, a primeira polícia secreta da Rússia soviética, sucedida pela NKVD, GPU, KGB e FSB. Lênin teria comentado com Maxim Gorky a respeito de Dzerzhinsky: “Ele tem o rosto de um religioso pietista, mas a natureza de um ladrão e corruptor”.

© 2008 Jeffrey R. Nyquist

Publicado por Financialsense.com

Tradução: MÍDIA SEM MÁSCARA

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".