Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Três Notinhas

Do site PARLATA
Por Olavo de Carvalho

Ninguém pode negar que há uma diferença radical entre a mídia popular e as universidades brasileiras. Naquela, incluindo jornais, revistas, filmes, programas de TV e sites da internet, o conteúdo se constitui de noventa por cento de entretenimento idiota e dez por cento de pseudoconhecimento. Nas universidades a proporção é exatamente inversa. Confirmo isso, mais uma vez, lendo o artigo que a profa. Jeanne-Marie Gagnebin publicou na Folha sobre o processo Telles x Ustra e comparando-o com o currículo da autora. Neste, logo após uma impressionante lista de títulos acadêmicos, vem uma lista de dezoito teses acadêmicas orientadas pela referida. Clicando os links de cada uma, podemos ler os seus resumos, cujos tamanhos variam de duas a dez linhas. Não há um só deles no qual não apareça pelo menos um erro de português. Isso dá a medida do que se pode encontrar nos textos integrais das teses respectivas e fornece uma boa ilustração quantitativa do fato de que nas universidades brasileiras se pode chegar a chefe de departamento escrevendo Getúlio com LH como o faz o marquês de Sader .

Já a profa. Gagnebin, que melhor faria se ficasse quietinha em casa em vez de aprovar teses escritas em português subginasiano, sai dando lições de moral ao país e diz querer a verdade sobre os "anos de chumbo". Quer nada. Se quisesse, pediria uma investigação em regra da colaboração entre os terroristas brasileiros e o serviço secreto cubano, a entidade mais assassina que já existiu no continente. Para cada brasileiro armado ou desarmado que foi morto pela ditadura nacional, pelo menos cinqüenta cubanos foram assassinados nos cárceres de Fidel Castro com a solícita cumplicidade moral de brasileiros auto-exilados em Cuba.

Anúncios que o governo trabalhista de Sua Majestade acaba de proibir na tevê britânica em horário acessível às crianças: queijo cheddar, flocos de farelo de trigo, queijo camembert, bolinhos com cobertura de açúcar, mingau de aveia, maionese, cereais de grãos variados, creme semidesnatado, nuggets de galinha, waffles, iogurte grego, presunto, lingüiças, bacon, patês variados, amendoins e creme de amendoim, castanhas de caju, pistache, uvas-passas, groselha, chips de batatinha, azeite de oliva, manteiga, pizza, hambúrguers, ketchup, chocolate, molho inglês, Coca-Cola (e similares) e soda limonada. O que seria das criancinhas se não houvesse burocratas zelosos para protegê-las contra o pecado da gula? Mas – cá entre nós -- vocês já viram, na Inglaterra ou no Brasil, alguma camisinha com aviso governamental de que sexo anal pode dar câncer do reto? Ah, isso não! Perigoso mesmo é mingau de aveia.

O crítico Daniel Piza, cujo nome parece estar incompleto e já corrigi para Daniel Piza Nabolla, ficou ofendidíssimo com a minha afirmação de que não tem sentido falar de uma guerra em bloco Oriente x Ocidente porque "o Ocidente revolucionário, ateu e materialista está do lado dos terroristas". Contra isso ele alega que ele próprio é ateu e materialista sem por isto ser um fã de Bin Laden. Vários leitores do seu blog repetem o argumento, cada um deles gabando-se ser o fulminante exemplum in contrarium que dará cabo da minha teoria.

Desde logo, é claro que não escrevo para analfabetos funcionais, que onde está escrito o Ocidente revolucionário, ateu e materialista lêem cada ateu tomado individualmente . No entender desses imbecis, não pode ter havido nenhuma guerra entre os EUA e a Alemanha, já que havia americanos a favor da Alemanha e alemães a favor dos EUA.

Mas a burrice obstinada desses sujeitos não se contenta de ler errado. Lê a menos: onde você escreve ateu, materialista e revolucionário , eles só lêem os dois primeiros adjetivos, ignorando ou fingindo ignorar que o terceiro está lá para deixar subentendido que os ateus materialistas não-revolucionários não se incluem necessariamente no enunciado geral, isto é, que seus exemplos individuais triunfantemente brandidos contra o meu argumento já estavam impugnados nele de antemão, com a condição de que fosse lido por pessoas alfabetizadas.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".