por Félix Maier em 09 de maio de 2008
Resumo: Desde o governo Geisel o Ministério das Relações Exteriores está entregue aos “barbudinhos do Itamaraty”, que sempre tiveram uma opção preferencial por governos socialistas e autoritários.
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O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, declarou que o governo brasileiro não reconhece o Referendo, em que os bolivianos votaram por ter autonomia legislativa, tributária, judiciária e administrativa de seu Departamento, Santa Cruz de la Sierra.
Ora, trata-se de um assunto estritamente interno da Bolívia e o governo Lula não tem nenhum direito de dar palpites, como se fosse o Big Brother da região. Mesmo porque não se trata de uma iniciativa separatista. Os habitantes dos Departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando lutam por uma maior autonomia em relação ao governo central, não pela secessão do país, como querem fazer crer Evo Cocales e demais integrantes do Foro de São Paulo, incluindo Lula e o PT. Melhor faria o governo Lula se ele se preocupasse com as reservas indígenas de Roraima, a “Nação Ianomâmi” e a Serra Raposa do Sol, que no futuro poderão ser nossos Kosovos, essas, sim, províncias que um dia poderão lutar por sua autodeteminação.
Infelizmente, há muito tempo, desde o governo Geisel (remember as “polonetas”) o Ministério das Relações Exteriores está entregue aos “barbudinhos do Itamaraty”, que sempre tiveram uma opção preferencial por governos socialistas e autoritários (desculpem o pleonasmo), tanto na África (Angola, Gabão, Líbia etc.), quanto na América Latina (Fidel, Chávez, Evo Cocales etc.). Assim, o Brasil, a largos passos, vai se firmando como um dos líderes do terceiro-mundismo, vale dizer, do atraso.
De que adianta obter o investment grade - assim mesmo, muito precário, pois o grau BBB- foi concedido por apenas uma das três agências de classificação de risco, a Standard & Poor's, que estabeleceu um “grau de investimento” ainda muito longe do ideal, que é AAA -, se a mentalidade de nossos governantes está ainda aferrada à dialética socialista do milênio passado? Para chegar lá, há um duro e longo percurso a ser feito: BBB, BBB+, A-, A (China), A+ (Chile), AA-, AA (Japão), AA+ e, finalmente, o paraíso do mundo capitalista, AAA (EUA). Dentre 117 nações avaliadas, há 67 que têm a mesma classificação brasileira. Até a comunista China, uma economia ainda muito fechada, está na frente do Brasil, um absurdo!
“Afinal, dos países que formam o bloco dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China – fomos o último a receber a promoção, com a nota BBB, abaixo da China (A), Rússia (BBB+) e ao lado da Índia (também BBB-). Contudo, ainda temos um longo caminho a percorrer, até atingirmos o conceito máximo (AAA), atribuído a países absolutamente seguros para investir” (Ubiratan Iorio, Prof. de Economia, in “Investment grade, apenas um passo”).
Não há dúvida que o investment grade é significativo: é uma conquista do povo brasileiro, cujos governos, desde o início do Plano Real, têm adotado o câmbio flutuante e metas para a inflação, de modo a mantê-la baixa, sob controle, além de ter criado a Lei de Responsabilidade Fiscal em todos os níveis, do federal ao municipal. Enfim, uma herança bendita que Lula recebeu de seu antecessor, não “maldita”, como sempre se referia no início de seu primeiro governo. O investimentchi grêidji de que tanto Lula fala agora permitirá nosso País ter acesso a um mercado potencial de 10 trilhões de dólares, principalmente oriundo dos fundos de pensão europeu e americano que, agora, podem aqui investir a poupança de seus aposentados e pensionistas em papéis de alto risco. Com isso, o PIB brasileiro poderá avançar 1,5% mais rápido, sem causar inflação, conforme afirmou o economista Carlos Langoni.
Segundo a própria S&P, para acelerar o crescimento brasileiro, o País deveria simplificar o regime tributário, abrir mais a economia, flexibilizar o mercado de trabalho - cuja legislação getulista, ainda em vigor, se inspirou na fascista Carta del Lavoro -, remover obstáculos para investimentos privados. Em resumo, diminuir o “custo Brasil”, que também se observa na burocracia estatizante e emperrada (desculpem o pleonasmo mais uma vez), com aumentos crescentes dos gastos do governo central, na buracaria das estradas, na ineficiência dos portos e aeroportos. Por todas essas mazelas, o Brasil sempre é classificado entre os últimos países no “grau de negócios” – 101º lugar no ranking de liberdade econômica da Heritage Foundation - assim como as notas de seus alunos em competições internacionais de Matemática e Ciências.
Como se vê, não existe nenhum motivo para se comemorar do jeito que Lula comemora, todo dia em um palanque diferente, com o aplauso de uma claque fiel trazida em ônibus fretados pelo governo, palanque esse de onde Lula não desce nem para dormir, já que as eleições municipais de outubro estão aí. Nem por nada, o presidente, imitando o Sarney do fracassado Plano Cruzado, quer que todo cidadão seja um “fiscal do Lula” nas bombas de gasolina, para denunciar “abusos” cometidos. Claro, até outubro passar...
Ora, numa economia de mercado para valer, isto nunca deveria existir. Controle de preços só existe em países de mentalidade cucaracha, como é o caso dos atuais governantes da Argentina, Bolívia e Venezuela. Os abusos por ventura cometidos pelos empresários serão imediatamente punidos pelos consumidores, que irão procurar postos com gasolina mais barata. É assim que funciona nos países livres e desenvolvidos.
“Ninguém segura este País”, quero dizer, ninguém segura os barbudinhos do Itamaraty e o investimentchi grêidji de Lula...
Nota Redação MSM: sobre o viés esquerdista do governo Geisel, inclusive na política externa, recomenda-se a leitura do livro Ideais traídos.
Félix Maier é escritor e publicou o livro "Egito - uma viagem ao berço de nossa civilização", pela Editora Thesaurus, Brasília.
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