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segunda-feira, 14 de julho de 2008

Entrevista com Nivaldo Cordeiro, um dos palestrantes do FORTE 2008, da FEBRATEL, em São Paulo

Do site TELEBRASIL
14/07/2008 :: João Carlos Fonseca


A Federação Brasileira de Telecomunicações – FEBRATEL – promove no dia 18 de agosto, em São Paulo, a edição 2008 do Fórum de Relações do Trabalho em Telecomunicações, com o tema "Liderança Empresarial do Brasil e os BRICS". José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas pela FGV-SP. É homem de idéias e seus recados são diretos. Na qualidade de fórum, o evento promete um debate ativo sobre a contemporaneidade. Para se inscrever, gratuitamente, é só enviar um e-mail (forte2008@febratel.org.br) ou ligar para (21) 2541-4848.

A sigla BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China – traduz o coletivo de países emergentes que disputam lugar no privilegiado clube do Primeiro Mundo. A liderança empresarial, sua formação e a dinâmica política são importantes fatores nessa disputa. A entrevista com o economista José Nivaldo Cordeiro foi feita por e-mail. As perguntas foram editadas para fins de publicação, mas as respostas estão reproduzidas em sua íntegra, tal como nos foram enviadas pelo entrevistado.

FEBRATELEm que consiste a liderança empresarial, tema do FORTE 2008? É a liderança dos empresários perante a sociedade ou é a liderança de pessoas nas empresas?

Nivaldo Cordeiro – A liderança, enquanto tal, consiste nas duas coisas. No meio empresarial, há que emergir vozes que representem seus pares junto à sociedade civil e ao governo. Da mesma forma, há que liderar as ações dentro da empresa. Uma das acepções do verbo “liderar” é “conduzir”. Um dos sentidos dado pelos dicionários ao termo é “ir junto com ou dentro de (algo), de um lugar para outro, dando-lhe direção e/ou comando”. Portanto, há o movimento que deve ser orientado em direção a uma meta.

FBTFale-nos da figura do líder.

NC – O líder é como o proverbial pastor que sabe aonde vai e o caminho certo, se porta da maneira correta, com a linguagem correta, faz as coisas no tempo certo. É a figura do spoudaios, o homem que amadurece com sabedoria e é respeitado pelos pares e pelos mais jovens. Na empresa, essa figura é representada pelo gerente, seja ele o administrador ou o técnico, o que sabe fazer e sabe organizar o trabalho.

FBTA liderança empresarial é um fenômeno comum para o sucesso de todos o BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia)?

NC – Sim. É comum em toda parte, embora cada cultura imprima a sua própria característica à liderança. Confesso que me fascina saber como se dá a liderança em uma sociedade como a chinesa, tão distante de nós em termos culturais e políticos. Certamente que o viés autoritário seja uma constante, em face do sistema político. Mas, a recente abertura ao ocidente impactou nas técnicas administrativas, de sorte de a busca da cooperação e do exemplo, algo tão importante, para nós, devem ter sido incorporados nos últimos anos. Mas, liderança não é apenas uma técnica, vai além.

Liderança na China, Rússia e Índia

FBT O que acontece na China?

NC – A China, enquanto sociedade fechada e comunista, tende a produzir um tipo de líder que eu chamaria de “negativo”, não obstante ele conseguir obter os melhores resultados técnicos e empresariais, tão bons quanto os nossos. O fato é que liderar transcende a empresa, impacta a sociedade e a própria estrutura de poder. Uma sociedade que não tem a liberdade como valor tende a produzir líderes que não a valorizam e, por isso, enquanto homens, falham. Um spoudaios é, antes de tudo, um defensor da liberdade.

FBTVamos falar da Rússia?

NC Na Rússia, vemos emergir uma sociedade conturbada com o fim do regime comunista, cujo regime democrático ainda não está consolidado. Então temos fenômenos interessantes, como uma grande agressividade empresarial casada com os males da sociedade ocidental do século XIX. As estatísticas mostram que em 2007 houve queda na população russa, pela mortalidade dos velhos e de pessoas jovens. Uma coisa selvagem. A redução de população em uma unidade política será sempre uma tragédia. Há, aqui, uma clara indicação de que houve uma escassez de bons condutores, de bons líderes; e não apenas de líderes políticos.

FBTSó lhe falta comentar sobre a Índia...

NC – A Índia, por sua vez, conseguiu adaptar sua cultura milenar ao que de melhor tem o ocidente. Seus jovens invadiram as universidades ocidentais e levaram para o seu país inovações importantes, tanto que criaram centros de excelência notáveis.

FBTQuais as vantagens competitivas do Brasil?

NC – O Brasil tem grande vantagem por estar próximo dos mercados consumidores do ocidente, ter fartura de matéria prima, fuso horário compatível com os EUA.

FBTAs vantagens da China?

NC – A China, por sua vez, tem mão de obra barata, o que tem o lado ruim, o dos indicadores sociais.

FBTE as vantagens da Índia e Rússia?

NC – A Índia conseguiu ter centros de excelências tecnológicas; a Rússia, fartura de petróleo.

Liderança no mundo empresarial

FBTHá alguma diferença entre "empresa pequena, média ou grande" para a "liderança empresarial do Brasil no contexto dos BRICS?”

NC – Veja. A função de liderar tem um fundo comum, que é a inteireza de alma, o compromisso de vida com seus liderados, com a família, com a pátria. É uma responsabilidade muito grande ser líder, em qualquer contexto, seja numa pequena, numa média ou grande empresas. O desempenho mais das vezes é medido no processo competitivo, que leva em conta inovações tecnológicas, técnicas de comercialização, organização no processo produtivo e motivação das pessoas envolvidas no processo. Então, há um fundo comum. Cada líder tem que saber tirar proveito daquilo que tem à mão.

FBTComo deve agir o Brasil?

NC – O estrategista que “toca” negócios no Brasil precisa saber os pontos fortes e fracos dos competidores, e não apenas daqueles que vendem no mercado mundial. O mercado mundial também é aqui, na medida em que os produtos importados chegam às prateleiras de nossos supermercados. Compreender o processo como um todo pode ser a chave do sucesso empresarial.

FBTHá diferença entre "empresa multinacional" e "empresa nacional" para a "liderança empresarial do Brasil, no contexto dos BRICS?”

NC – Essencialmente, não. Certos setores multinacionais têm grandes desvantagens quando vêm para o Brasil. Veja o caso de bancos de varejo. Não conseguiram entrar. É difícil, muito regulamentado. Veja o setor de TI. As multinacionais fabricantes tiveram que desenvolver uma rede de parceiros para entrar no nosso mercado, por muitas razões, o que abriu um leque de oportunidades para pequenas e médias empresas do setor.

FBTO que distingue uma multinacional?

NC – As multinacionais têm várias vantagens, como um conhecimento amplo do mercado mundial, facilidades de financiamentos mais baratos, produção própria de tecnologia e um padrão competitivo de classe mundial. Elas são muito cuidadosas com o desenvolvimento de seus quadros gerenciais, seus líderes. E têm também a vantagem de importar talentos, quando esses faltam, com algum perfil específico.

O sistema sindical

FBT Qual sua visão sobre o sistema sindical praticado no Brasil, visto em perspectiva histórica?

NC – Eu não gosto desse sistema, de concepção fascista. Sou favorável ao livre mercado, ao livre sindicalismo; sou pelo fim do imposto sindical. Penso que associações desse tipo devem ser voluntárias e custeadas pelos interessados.

FBTQual a importância dos sindicatos patronais?

NC – Os sindicatos patronais são muito importantes para representar os setores e cuidar para que os interesses coletivos não sejam ameaçados, seja por medidas legislativas, seja por medidas arbitrárias do Poder Executivo.

FBTE dos sindicatos laborais?

NC – Já os sindicatos laborais são de grande importância para manter o equilíbrio na relação capital/trabalho.

A presença do Estado

FBTNo contexto dos BRICS (Brasil, Rússia, índia, China), como o Sr. percebe a presença e a atuação do Estado?

NC – Aqui está a questão central. Esses países têm em comum o fato de viverem ou vive de experiência com algum grau de socialização. Como a literatura prova à exaustão, a ingerência do Estado é perniciosa para a produtividade e para o desenvolvimento econômico, além de prejudicar a justa distribuição da renda.

FBTO Sr., então, vê a redução do Estado como algo positivo?

NC – Sim; aquele que conseguir reduzir o Estado e a regulamentação e patrocinar as livres trocas internacionais irá proporcionar o maior institucional para que as empresas alcancem seu apogeu.

FBTPoderia citar um exemplo?

NC – É esse o segredo da China, que, não obstante manter o regime político fechado, abriu largas zonas para o livre comércio. Está crescendo a taxas espetaculares, semelhante às alcançadas pelo Brasil nos tempos do “milagre”. Livre mercado é o combustível desse processo.

FBTE o caso do Brasil?

NC – No Brasil estamos na contramão, com o crescimento da regulamentação, da carga tributária, da ingerência estatal. Nossos líderes empresariais precisam fazer-se também líderes políticos para fazer mudar essa realidade. Estado Mínimo é o essencial para tornar nossas empresas competitivas.

Os BRICS no cenário mundial

FBTOs BRICS competem ou se aliam no cenário internacional?

NC – Depende do tema. Nos mercados, eles competem ferozmente. O crescimento da China, por exemplo, em alguns mercados, está sendo feito à custa da nossa indústria. Por outro lado, abriu enormes mercados para os produtos que não chocam com nossa matriz industrial.

FBTE quando se trata de política?

NC – Na arena política, há um certo alinhamento dos governos contra os EUA, que eu considero um erro. O Brasil não tem porque hostilizar aquele que é nosso maior mercado e tem uma democracia que é exemplo para o mundo. Entendo a postura da China e da Rússia que têm pretensões geopolíticas diferente das nossas. Entrar nesse coro, todavia, só nos trará perdas.

FBTO Sr. acha que o Brasil, que é o "B" dos BRICS, tem vocação natural para basear seu sucesso em commodities e produtos extrativos ou deve investir em inovação?

NC – Veja que o Brasil tem uma forte vocação agrícola. Isto é um fato que até as pedras sabem. O Brasil já é o maior produtor (senão o maior exportador) em muitos mercados, como carne, soja, álcool, frutas etc. E o País vai crescer porque tem território, água e uma liderança empresarial nesse setor de fazer inveja a concorrentes.

FBTEntão, a vocação do Brasil seria explorar seus recursos naturais?

NC – A situação do Brasil não se esgota aí. Temos uma grande matriz industrial. No setor de TI, a vocação para crescer é total, com fuso horário favorável e estabilidade política, que falta aos concorrentes (a Índia tem ogiva atômica do Paquistão apontada para ela). Então, não temos que fazer nenhuma escolha; temos é que explorar as potencialidades de ambas as áreas. Essa é uma falsa questão.

A presença do Estado

FBTO Brasil já foi apelidado de um "BRIC lento". O Sr. concorda ou discorda?

NC – O Brasil ficou lento nas décadas recentes. Visto em um contexto mais amplo, a afirmação não se sustenta. O que tem segurado nosso desenvolvimento são dois fatores: o descontrole de preços, que perdurou muito, e o agigantamento do Estado, que ainda continua. Na verdade, o primeiro fator está contido no segundo.

FBTO Estado, então, seria grande demais no Brasil?

NC – Sim. Vejo que precisamos mobilizar as forças da nação para reduzir o gigante estatal. E quando falo isso, estou pensando pelo lado da receita e da despesa. É preciso reduzir impostos, mas igualmente as despesas.

FBTComo seria, no seu entender, a redução de impostos e das despesas do Estado?

NC – Não tenho nenhuma fórmula, apenas sei que se precisa ser feito e aqui a demanda por líderes positivos e genuinamente comprometidos com os interesses gerais da nação precisam emergir. Não será um processo nem curto e nem fácil. Teremos que enfrentar crenças socialistas fortemente arraigadas. Mas, essas crenças são malignas, erradas, são os grilhões que nos prendem e impedem o desenvolvimento voltar a ocorrer de forma acelerada.

FBTO Sr. acha que seria necessário reformular tudo?

NC – Acho que precisamos redesenhar o Estado, repensar a federação, a representação. É uma demanda para redundar a nação.

FBTMas, isso seria possível?

NC – Sei da importância do que estou dizendo, da gravidade das minhas palavras. Mas, não seria honesto com os leitores não dizer o que penso e vislumbro. Temos que redundar politicamente o Brasil para que os brasileiros possam enriquecer e prosperar e se tornar um povo mais feliz. Para tanto, precisamos reduzir o monstro estatal. Não temos alternativa.

Pensador brasileiro

FBTA programação do Forte 2008 se refere a Ortega y Gasset. Qual o pensador brasileiro que dele se aproxima?

NCOlavo de Carvalho. Ele é profundo e comprometido com a nacionalidade.

FBTAlgum outro tema que queira comentar?

NC Sim. Seria relativo aos rumos políticos atuais do Brasil que vejo com muita apreensão. Estamos na rota revolucionária. O PT está, desde que assumiu o poder, ocupando todo a aparelho de Estado e conduzindo o Brasil no rumo da socialização, exatamente na contramão da nossa necessidade histórica, de ir em busca da liberdade.

FBT O momento atual seria, então, motivo de preocupação?

NC – Eu vejo com muita preocupação a hipótese ou do terceiro mandato ou de ser eleger alguém da linha do PT. Podemos estar em véspera da destruição da alternância de poder no Brasil, algo que na prática já vige, na medida em que não existem forças políticas ditas de “direta”. Não há organizações partidárias verdadeiramente comprometidas com o livre mercado, o que é uma tragédia colossal.

FBTO Sr. poderia explicar?

NC – Agora dar o monopólio do poder político às forças em torno do PT é muito grave, pois equivale a manter o curso do processo revolucionário. Isso se casa com o que está acontecendo com a maioria dos países vizinhos, todos atuando no âmbito do Foro de São Paulo, com a notável exceção da Colômbia, que acabou de infringir vigorosas derrotas às FARC, o braço colombiano do FSP.

FBTAlgum recado?

NC – Nossos líderes empresariais precisam largar a passividade e ir para a arena política, tendo consciência dos perigos que estamos vivendo. Esses perigos podem significar uma regressão civilizacional de grande monta, como vimos na Venezuela e no Zimbábue, este em maior proporção. Não estamos longe disso. E não existe nenhum determinismo histórico que nos diga que as forças do livre mercado devem ser derrotadas. Não.

FBTComo assim?

NC – Se lutarmos, se líderes assumirem as suas responsabilidades, podemos, aqueles que combatem pela liberdade, retomar o caminho perdido e colocar o Brasil na trilha do desenvolvimento. Mas, isso não acontecerá por inércia, terá que vir pela mãos de homens inteligentes, sóbrios e comprometidos com a nação. Certamente que os setores das Teles com e de TI terão que dar sua contribuição de novos líderes, que confrontem os adversários socialistas, para mudar o curso da nossa História.

FBTSuas palavras finais.

NC – Acredito firmemente que esse é o lado “certo”. Como dizia Ortega, não se pode permanecer no “erro”. O socialismo é um erro que precisa ser corrigido. As lideranças empresariais não poderão escapar ao enfrentamento dos inimigos da civilização.

domingo, 8 de junho de 2008

A solução é o “planejamento”. . .

Do blog do CONDE LOPPEAUX DE LA VILLANUEVA (CAVALEIRO CONDE)
Por Conde Loppeux de la Villanueva, sexta-feira, 16 de maio de 2008

É paradoxal que o século XX, com as investidas dos totalitarismos nazista e comunista, não nos tenham ensinado o fracasso de uma idéia, tão em voga em academias e universidades: o chamado planejamento estatal centralizado. De fato, isso é um modismo comum no linguajar universitário brasileiro, como se os universitários e mesmo o governo tivessem uma mágica pronta para o desenvolvimento econômico e social humano. Fala-se de “políticas sociais”, de “projetos sociais”, em “plano nacional”, como se o Estado encarnasse alguma mística do “bem comum”, como se mesmo o bem comum fosse um fim em si mesmo no Estado. Certo dia, ouvi de um amigo a seguinte frase, que é um clichê do nicho acadêmico: o Estado visa o interesse público e o privado só visa o lucro. Na verdade, aqui se vê uma distinção ideal, uma romantização do Estado e uma demonização da iniciativa privada, como se um fosse hierarquicamente superior, no plano moral, em relação a outro.

Tudo seria lindo maravilhoso, se não fosse por um detalhe: a grande maioria dos serviços que os cidadãos usufruem provém justamente da iniciativa privada. Os melhores hospitais, as melhores escolas, como também, os melhores serviços do dia a dia, como uma padaria, um restaurante, um hotel, ou mesmo um supermercado, são todos privados. O Estado, que promete o bem comum, que encarna o chamado “espírito público”, o que nos dá? Hospitais caindo aos pedaços, escolas abandonadas aos matagais, dentre tantos outros serviços, que de tão ruins, revelam que o espírito público está longe desses meios. É pior, o povo paga muito caro por serviços tão ruins. Mas alguém objetaria: se o Estado faz mal seus serviços, é porque ele foge das diretrizes iniciais com que foi criado, ou seja, a prevalência do público. O problema deste discurso, porem, é que ainda assim, insiste numa idealização, como se a idéia mesma fosse um elemento da realidade. E na prática, não é. É como se, por decreto, o Estado se transformasse num poço de virtudes, como se a virtude dependesse de uma mera legalidade, e não de mecanismos eficazes de controlar ou mesmo limitar as funções do Estado. Já que o governo, por assim dizer, é gerenciado por pessoas, que possuem interesses particulares e que podem ser contrários às funções que são obrigados a obedecer.

E onde entra o planejamento? As “políticas sociais” de combate à pobreza, contra a “exclusão digital”, a favor da “reforma agrária”, partem de uma premissa tacanha e messiânica de que as políticas estatais podem acabar com a pobreza ou a escassez. Ou mais, a de que o Estado tem uma idéia pronta de controlar todos os problemas que aparecem, como se ele pudesse resolvê-los todos. É uma paranóia da democracia das massas Pós-Revolução Francesa a idéia mítica de que o Estado deve atender a todos os problemas sociais e individuais que existem. A contradição básica desse sistema é que ele aumenta arbitrariamente o poder estatal, enquanto divide os indivíduos em exigências mesquinhas e fragmentárias, esvaziando mesmo a ação política deles como cidadãos. A ascensão do Estado burocratizado se deve, dentre tantos outros motivos, a uma falha comum nos sistemas democráticos: a crença de que o Estado deve atender a todas as “demandas sociais”, quando os cidadãos recusam, eles próprios, a agirem por conta própria. Quanto mais ação do Estado, mais burocracia. E quanto mais burocracia, menos ele se torna eficiente, e a sociedade se torna esvaziada de autonomia.

Há outro aspecto perverso da idéia do planejamento. Ela parte da crença de que a sociedade é um pedaço de argila que pode ser moldado às conveniências dos engenheiros sociais. E de que os burocratas têm todas as informações para atender a todas as necessidades possíveis, de todos os indivíduos de uma comunidade. A falência do sistema socialista na economia se deveu a essa crença absurda de que o Estado poderia “adivinhar” ou “prever” expectativas racionais de milhões de pessoas, seja na economia, seja em qualquer particularidade de suas vidas, e planejá-las. Na prática, era o burocrata quem decidia o que o cidadão devia consumir ou escolher em suas vidas cotidianas, tal como um deus terreno. Interessante observar que as exigências de mais controle estatal, mais autoridade estatal, causam uma anomia em que o Estado acaba se tornando internamente anárquico, incontrolável. É paradoxal que o Estado socialista, almejando controlar todos os aspectos da sociedade civil, acabe não controlando nem a si mesmo. Não é por acaso que o socialismo foi a expressão máxima da tirania no século XX.

No Brasil, a situação não é diferente. Burocracias complexas, minuciosas, paladinas do interesse público e do bem comum, acabam se tornando uma espécie de poder paralelo, pois o cidadão comum se sente sufocado por elas. E no final, os burocratas tornam-se empecilho para ações, que sem elas, seriam mais fáceis de realizar. Abrir uma empresa, pagar impostos, empregar pessoas, fazer contratos, tudo fica mais difícil com os excessos burocráticos. Na verdade, um aspecto profundo que ronda o excesso de burocracias é a corrupção endêmica. Quando elas são maiores, tornam-se mais corruptas e difíceis de fiscalizar. Na antiga União Soviética, como em alguns países do Leste Europeu, a corrupção da burocracia contaminou de tal maneira o povo, que muitos serviços públicos não vingam, senão pela propina generalizada. E quem duvidaria que a burocracia soviética pregava a ideologia do espírito público na figura do Estado socialista, já que o privado foi abolido por decreto (ou, ao menos, por decreto)?

Espantoso é perceber que a idéia do planejamento central não se limita somente ao Estado-nação: é um projeto mesmo que alcança uma dimensão mundial. A ONU é mestra nessa ideologia, quando quer determinar, a despeito das soberanias nacionais, “políticas” internas de centralização governamental. É um lugar-comum a muitos membros das Nações Unidas o sonho de uma burocracia mundial controlando a tudo e a todos, a despeito das soberanias políticas das nações. A engenharia social alcança dimensões assustadoras, quando a ONU não se limita apenas em querer intervir na gerência interna dos governos; ela quer ditar comportamentos e valores culturais extravagantes e perversos, a revelia do direito de escolha dos povos. O que ocorre no Brasil, atualmente, é uma ideologia de engenharia social, muitas vezes receitada pela ONU. O Estado nacional acaba se tornando um instrumento de uma ideologia globalista. Legalização do aborto, casamento gay, eutanásia, destruição da soberania nacional e o ódio mortal aos valores do cristianismo, entre outros, são as aberrações que os engenheiros sociais, tanto daqui, como de fora, nos prometem, se os cidadãos não tomarem consciência dos perigos do planejamento estatal. Mesmo o controle de natalidade, tão alardeado como um mecanismo de combate à pobreza, na realidade, obedece à lógica de controle da reprodução humana. A China é o exemplo mais cabal dessa monstruosidade, quando o Estado impõe abortos forçados sobre as mulheres. E a Europa é o retrato de uma sociedade que ameaça se extinguir, por falta de filhos para reproduzir. Isso nada difere dos sonhos imperiais de um Hitler ou de um Stálin. A diferença é que a linguagem é adocicada, a onda politicamente correta que parece se transmutar numa espécie de moralidade civil estatal.

“Políticas sociais”,
“planos nacionais”, projetos sociais”, velhos discursos socialistas, velhas ideologias de planejamento, que não vão resolver o problema da miséria, da escassez, da educação, da reforma agrária, da informática ou mesmo da riqueza. Pelo contrário, vão gerar sim, mais problemas artificiais, já que estas práticas só existem para agigantar o poder das burocracias e dos políticos que vivem desse discurso. Ninguém, em sã consciência, precisa de reforma agrária, porque o agro-negócio alimenta muito bem os brasileiros; ninguém necessita de “inclusão digital”, pois as lan houses e mesmo os preços da internet e dos PC estão cada vez mais populares; tampouco se precisa de governo para acabar com a pobreza, pois as empresas se encarregam melhor disso. E mesmo a educação e a saúde poderiam ser melhores, se o sistema fosse quase todo privatizado, com a gerência desses serviços aos cuidados e escolhas dos pais de família, enquanto o governo, só subsidiariamente, poderia auxiliar. A sociedade civil e o mercado podem resolver a maioria de seus problemas, sem a interferência do Estado. Todavia, “projeto social” é uma indústria de coleta de dinheiro e de poder: fortalece os acadêmicos, as burocracias voluntariosas, os políticos interesseiros, tudo para querer controlar as nossas vidas. E quando um conhecido meu do Ministério Público faz uma confusão entre interesse público e a mera existência do Estado, é porque as coisas vão de mal a pior. O socialismo ainda não morreu. A idolatria do Estado ainda não morreu. Como bem dizia um famoso articulista, quando um político fala em ‘política social’, acredite, ele quer o seu dinheiro. Ou melhor, ele quer mandar na sua vida.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Capitalismo Selvagem? No Brasil é ESTADO SELVAGEM!

Arlindo Montenegro manda estas reflexões...

Pilgrimans chegando aos EUA com fé, disciplina em família e trabalho, ajudaram a construir as bases morais do pais que mais avançou na construção democrática. O capitalismo se desenvolvendo como resultado da competitividade de competências, alcançadas através do estudo e da pesquisa. Imperialismo posterior no enfrentamento com a URSS (insensatez de americanos acreditando na utopia marxista), guerra fria, erros...

Colonização brasileira: desastre desde o berço

O Estado hoje no Brasil: beneficiando banqueiros e empresas locais e internacionais sediadas na China, fabricando até mesmo medicamentos envenenados, brinquedos e berços que desarmam e sufocam os recem nascidos. Na agricultura a utilização monitorada de defensivos agrícolas PROIBIDOS NO PRIMEIRO MUNDO e que afetam a saúde de toda a população. E sobre tudo isto são cobrados impostos que facilitam o roubo e desvios.

Negociação das áreas com reservas de minerais estratégicos: quem quiser pode comprar partes substanciais do território nacional. Raposa e Ianomamis...

Cada cidadão devendo aos cartões de crédito, os aposentados impelidos pela propaganda do governo pendurados em empréstimos, a juros, que reduzem seus os parcos recursos. Saúde Pública entregue a empresas comerciais... Os custos mais altos por serviços de telefonia, combustíveis, eletricidade... Se isto não é capitalismo selvagem de estado, que é? Em um artigo para o Alerta, criei o termo CAPIMUNISMO, a associação do modelo capitalista de produção com o controle rigoroso do Estado sobre a população. Governo mundial dos controladores através de organismos como ONU, OEA, CE, etc. Ausência de liderança ética ou modelo. Como cidadão inglês, Orwell pesquisou bem suas fontes originais para a descrição do Big Brother.

E tudo isto aí acima é puro esoterismo para a maioria dos cidadãos do Brasil de hoje. É ou não é?

Forte abraço,
Arlindo

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".