VEJA
04/06/2012 às 18:30 \ Tema Livre
Akinori Ito, um inventor ecológico (Foto: Divulgação)
“Mesmo nos países desenvolvidos, o lixo é desperdiçado por pessoas desleixadas”.
A sincera objetividade do cientista, professor universitário e inventor japonês Akinori Ito é ao mesmo tempo desabafo crítico e mote que justifica a sua maior criação: um sistema que gera petróleo a partir de sacolas e embalagens plásticas, objetos que, produzidos às centenas de bilhões por ano e com demora de até 100 anos para se decomporem, são uma verdadeira praga ambiental.
As sacolas plásticas, que demoram entre 50 e 100 anos para se decompor, ao serem descartadas entopem bueiros, vão parar em aterros sanitários, poluem rios e mares, destroem cadeias alimentares de animais e constituem um colossal problema ambiental
A invenção, que Ito já vendeu – em diferentes modelos – pelo site de sua empresa Blest Corporation a compradores de 80 países, apoia-se em uma motivação fortemente ecológica. Afinal, propõe a inversão da “clássica” transformação de petróleo em plástico. E ainda o faz gastando pouca energia (1 kilowatt para a produção de um litro de combustível, a partir de 1 quilo de restos plásticos).
A impressionante máquina de Ito, que transforma plástico em combustível, usando procedimento inverso à "clássica" transformação de petróleo em plástico
Mais barato e mais “limpo”
Ao passo que mais pessoas e empresas tenham acesso a mecanismos como o de Ito – que ainda é caro, com preços a partir de US$ 10 mil -, o cientista acredita que o nosso dia-a-dia pode tornar-se bem mais “em conta”. Ele usa um exemplo macroeconômico para ilustrar sua teoria, citando o fato do Japão comprar combustível de países como Iraque, Irã e Arábia Saudita, emitindo assim toneladas de CO2 com os veículos que transportam a mercadoria.
Para Ito, ainda, as máquinas transformadoras de plástico em petróleo constituem uma modalidade de geração de combustível e energia não apenas mais barata, como também mais “limpa” do que o de simplesmente queimar sacos e embalagens. A combustão de 1 quilo de plástico produz 3 quilos de gás carbônico poluidor (de CO2), enquanto o sistema do japonês, ao produzir novamente o óleo, reduz a emissão de carbono na atmosfera em até 80%, sem emitir poluentes tóxicos.
"Lixo? Isto aqui é um tesouro!", diz Ito sobre os restos plásticos.
Cadeia de reciclagem
O produto final pode ser refinado de diferentes maneiras – convertendo-o em querosene, gasolina e diesel – e empregado em gerador, fogão, carro, moto, entre outros dispositivos. Sim, ainda se trata de combustível que fatalmente será queimado, gerando CO2, mas que passa a integrar uma inteligente cadeia de reciclagem.
No vídeo abaixo, Akinori Ito demonstra como funciona o módulo mais básico de sua invenção (há pelo menos quatro outros disponíveis no site): os itens de plástico são depositados na parte superior – não há necessidade de triturá-los – e depois aquecidos. Retém-se os vapores gerados, que posteriormente vão sendo distribuídos por um complexo arranjo de tubos e recipientes de água. Em seguida, resfria-se os gases, convertendo-os em petróleo.
Um comentário:
Tô esperando pela invenção do Mr Fusion...
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