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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Resenha do livro "A Entrada de Aristóteles no Ocidente Medieval"

ENDOPHASIA

Publicado em Agosto 29, 2011 por 


Luís Alberto De Boni, para quem não o conhece, é um dos maiores – senão o maior – estudioso de filosofia medieval do país. Sua contribuição na tradução de maravilhas da filosofia medieval é incomparável: uma simples passada de olhos na sua página da Wikipedia basta para confirmar o que estou dizendo. Sua contribuição vai desde Pseudo-Dionísio, o Areopagita, até Meister Eckhart. Além dos livros que publicou, deixou artigos em revistas na Alemanha. Foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e da PUC do Rio Grande do Sul.
Em um gesto de caridade excessiva – manifestando os contornos de uma verdadeira vida intelectual e amor ao estudo – de Boni nos oferece um valioso livro cujo tema até então não fora focado por nossos estudiosos: a recepção e a evolução das obras de Aristóteles no ocidente.
De Boni nos apresenta um retrato bastante agudo e profundo da dificuldade da tradução dos textos aristotélicos pelos medievais. Parte dos textos foram traduzidos do grego, e outra do árabe. Não tinham o rigorismo técnico que temos, e se preocupavam mais com a justa posição do conteúdo do que com a forma ou elegância do texto. O que não significa atribuir pouco valor ou desconsiderar o esforço dos medievais – como explica de Boni no decorrer do capítulo. A influência árabe também foi decisiva para o contato com as obras d’O Filósofo pelos ocidentais, pois graças a expansão ‘pelo Oriente e Norte da África, o mundo árabe deparou-se com o legado grego’. Foram quase três séculos de traduções, e elas foram bem aproveitadas. Os Elementa, de Euclides, “conheceram três traduções, todas elas do árabe”. A Metafísica, traduzida primeiramente do grego, no Século XII, por autor desconhecido, teve sua versão do árabe, de Miguel Scotus (Antes de 1220), mais difundida do que a primeira, pelo menos até a tradução de Moerbeke. de Boni também coloca a importância de Avicena na divulgação de Aristóteles, assim como a contribuição árabe na prática de comentar textos.
Outra dificuldade foi a ressalva das autoridades eclesiásticas. De Boni fala exaustivamente do problema, mostrando a lenta evolução do estudo da obra aristotélica na Escolástica, sua entrada pela chamada Faculdade de Artes, e a proibição temporária dos livros de filosofia natural e da Metafísica de Aristóteles, passando pela efetiva entrada da tradição aristotélica, e dos comentários de Averróis no Ocidente, até os embates entre a Faculdade de Artes e a de Teologia, dando especial foco à filosofia de Boaventura.
Mostra como a filosofia passa então a ser apenas filosofia, sem necessidade de acréscimos ou detalhes. E é esse o foco da última análise do livro: a compatibilidade entre a filosofia e a teologia, e alguns problemas suscitados por aquela.
Para aqueles que querem entender efetivamente a influência dos gregos na Escolástica, esse livro é fundamental.
Luis Alberto De Boni – A Entrada de Aristóteles no Ocidente Medieval. EST Edições, 2010.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".