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sexta-feira, 2 de maio de 2008

Hegel, Marx, Hitler e o Totalitarismo

Do portal MOVIMENTO ENDIREITAR
Escrito por Wellington Moraes em 02 de maior de 2008

O texto a seguir é um resumo das páginas 33 a 39 do livro "Análise de Temas Sociais - Volume III", escrito por Mário Ferreira dos Santos, LOGOS, São Paulo, 1962.
"A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas da classes" (Marx e Engels)
"Existe apenas uma espécie de revolução possível, e ela não é nem econômica, nem política, nem social, mas racial, e será sempre a mesma coisa: a luta entre as classes inferiores e as raças superiores que estão no poder. ... Todas as revoluções – e eu estudei com dedicação e cuidado – foram raciais...” (Hitler, diálogo entre Hitler e Otto Strasser)


O nacionalismo, que animou os pequenos estados alemães a erguerem-se contra Napoleão e seus libertadores, teve um surto que, posteriormente, pela ação inegável de muitos autores, que serviram aos interesses de políticos ambiciosos, gestou os fundamentos do nacionalismo alemão, que teria de desembocar, fatalmente, no nazismo como síntese de socialismo e nacionalismo, do nacional-socialismo alemão.

Uma das personalidades a quem cabe a maior culpa, ou pelo menos a quem mais se atira a culpa desse nacionalismo, foi Hegel, o inspirador simultâneo do nazismo e do marxismo, dois filhos da sua doutrina, opostos, adversários, mas analogados em muitos aspectos como ainda veremos.

Hegel tornou o Estado a expressão da Divina Idéia concrecionada na Terra. É a marcha de Deus através do mundo, um organismo com consciência e pensamento, seus atributos essenciais, cuja realidade é necessária, e que existe por si e para si. Nunca se endeusou tanto o Estado, também nunca se endeusou tanto um filósofo, como o foi Hegel pelos autoritários prussianos e pelos filósofos alemães de então, cuja maioria o proclamava o supremo ditador da filosofia, apesar de muitos, de inegável valor e dignidade, terem-se oposto às suas doutrinas.

A lei é uma manifestação da vontade, dizem eles, mas de quem? Do Estado, afirmam os estatólatras; da nação, afirmam os nacionalistas; do povo, afirmam os democráticos; do proletariado, afirmam os marxistas e os socialistas autoritários em geral.

Deu-se uma vontade ao povo, à nação, à classe, uma vontade e uma consciência, que se transformaram em supernacionalidades hipostasiadas, criações do coletivismo romântico.

Marx substituiu o Espírito de Hegel pela matéria e pelos interesses econômicos, do mesmo modo que o nazismo substituiu o Espírito pela Raça. E, então, quando Hegel afirmava que o Espírito é o propulsor da história, o senhor do espetáculo da História, Marx substituindo o termo Espírito, afirmava: A Matéria e os interesses econômicos são os propulsores da História, os senhores do espetáculo da História. Hitler substituindo pela Raça, poderia dizer: a Raça é a propulsora da História, a senhora do espetáculo da História.

Em Marx, o Espírito vira de cabeça para baixo, e vira Matéria; em Hitler, torna-se Sangue. Essa é a inversão de que tanto eles se orgulharam.

O arsenal dos argumentos é o mesmo para todos. Não foram proporcionados apenas por Hegel, pois já vinham de antigas pilhagens de outras aventuras intelectuais do Renascimento, das lutas que procuravam impor o direito dos príncipes contra a concepção da Igreja, defensora das pequenas pátrias, a fim de acautelar e impedir as grandes guerras destrutivas, e partir, a pouco e pouco, para uma maior unidade dos cristãos, que acima dos particularismos nacionalistas, deviam pôr a idéia da Humanidade em Cristo, e torná-la universal católica (de Kath'olon, em grego, universal), vencendo os obstáculos, que impediam a fraternidade universal e que reinasse a paz entre os homens de boa vontade.

Um conjunto de esquematismos gira em torno da idéia nacionalista. Podemos alinhar alguns:

1) o Estado é a encarnação do Espírito (Hegel), ou da Raça (Hitler) ou da Ditadura do Proletariado (Marx). Uma raça eleita, que deve conquistar o mundo (Hitler) ou um Estado eleito que deve dominar o mundo (Hegel) ou uma classe eleita, que deve dominar o mundo (Marx).

2) O Estado é independente e liberto de toda obrigação moral. Deve realizar seus fins, sejam quais forem os meios (Os fins justificam os meios, é do patrimônio de todos, de Hegel, Marx e Hitler).

3) Para realizar seus fins é mister uma guerra impiedosa e totalitária (também do patrimônio de todos).

4) Portanto, impõe-se uma vida heróica, que não tema os perigos, que viva perigosamente a grande façanha de realizar o ideal (também do patrimônio de todos).

5) Realizar-se-á, finalmente, o Grande Homem do amanhã (o germano superior de Hegel e Hitler, o revolucionário de Marx). O Estado não é a meta final, mas sim a fusão dele com o ideal-typus preconizado.

6) O Estado não está sujeito a nenhuma norma superior; ele é a lei, tanto a moral como a jurídica.

7) Os Estados podem estabelecer acordos mútuos entre si, porém não são obrigados a cumpri-los, porque seria violentar a sua soberania (Tese de Hegel).

8) Quando os Estados não encontram uma solução para as suas pendências, a guerra deve procurar resolvê-las (Tese de Hegel).

9) O bom êxito justifica tudo (Tese de Hegel). O bom êxito é o único juiz da História.

10) O despojo será do forte, que expropriará os mais fracos (Tese de Freyer, aceita por todos os autoritários).

11) O ataque é sempre a melhor defesa (Tese aceita por todos os totalitários).

12) A moralidade particular, a filantropia, a caridade não são guias do Estado poderoso (Tese de todos, que renegam qualquer consideração aos direitos alheios).

13) Não se deve vacilar na propaganda ante o emprego da infâmia, da calúnia, da mentira. O êxito justifica tudo. "Caluniai, caluniai, que alguma dúvida ficará..." Todos os poderosos totalitários aconselharam essa prática. Lenine justificou-a várias vezes, e aconselhou-a aos bolchevistas.

14) Todo o bem conquistado em favor do Estado é justo (Tese universal de todos os dominadores).

15) Só a guerra viriliza os homens e impede que se enfraqueçam. A política, na paz, só é justificada se prepara uma boa guerra (Assim pensaram sempre os poderosos). A guerra é a forma mais perfeita da atividade do Estado (Tese de Max Scheler, existencialista, mas aceita por todos os totalitários). A guerra é um bem precioso e raro (Hegel).

16) O humanitarista não é um regulador da História. O homem adultera-se pela idéia humanista (Tese de Rosenberg, filósofo nazista).

17) Há uma missão histórica a ser cumprida, para a qual está predestinado o Espírito (Hegel), a raça (Hitler), a classe (Marx). São os novos messias. É preciso amar esse destino.

18) Não há princípios morais acima do Estado. Tudo deve subordinar-se ao Estado como encarnação, ou da nação, da raça ou da classe, etc.

19) A tese aceita é dogmática e a expressão viva da Verdade. Qualquer opinião em contrário é herética e blasfemática, e quem a profere deve ser eliminado. (Tese de todos os totalitários).

20) A vontade individual deve subordinar-se à vontade coletiva, representada pelo Estado, como encarnação de Deus, Raça, Classe, etc.

21) O ideal preconizado é inevitável, e sua vitória final é determinada necessariamente pela História (Tese universal dos totalitários).

22) O terror preventivo é o melhor meio de impedir as tentativas de oposição. A admissão de partidos é absurda, porque só há uma verdade, a do Estado, como encarnação de... (Tese universal).

Schopenhauer — pondo de lado suas deficiências — ergueu sua voz na Alemanha contra o totalitarismo e viu em Hegel o grande perigo para o seu povo e para a humanidade. Algumas de suas palavras não podem ser hoje esquecidas. Durante quase quarenta anos, fêz-se a conspiração do silêncio em torno de sua obra, que é a tática sempre usada contra todo aquele que traz alguma coisa de novo e superior, e põe em risco a mediocridade oficial dominante.

Comentando Hegel, escrevia: "Exerceu não só sobre a Filosofia, mas sobre todas as formas da literatura germânica, uma influência devastadora, ou, para falar com maior rigor, de caráter letárgico e — até se poderia dizer — pestífera. É dever de todo aquele que se sente capaz de julgar com independência, combater essa influência tenazmente e em todo momento. Porque, se calarmos, quem falará?"

E mais esta passagem, permitam-nos citar: "Se alguma vez vos propondes a embotar o engenho de um jovem e anular seu cérebro para qualquer tipo de pensamento, então nada podereis fazer de melhor que dar-lhe a ler Hegel. Com efeito, estes monstruosos cúmulos de palavras, que se anulam e se contradizem entre si, atormentam a mente que procura inutilmente encontrar nelas algum sentido, até que, finalmente, se rende totalmente exausta. Deste modo, fica tão perfeitamente destruída toda capacidade de pensar, que o jovem termina por tomar por verdade profunda uma verbosidade vazia e ôca. O tutor, que teme que seu pupilo se torne demasiado inteligente para os seus projetos, poderia, pois, evitar essa desgraça, sugerindo-lhe inocentemente a leitura de Hegel."

E que frutos deu essa doutrina? O nazismo e o marxismo.

Contudo, Hegel, como filósofo, tem um grande valor, apesar do que partejou para a humanidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sr. "Cavaleiro do Templo", estou bestificada até agora com seu blog: adorei a forma como coloca as coisas, sou neófita em Direito, estava fazendo um trabalho de sociologia sobre Hegel e Marx, e me deparo com essa raridade que é seu blog, portanto precisei vir aqui dizer o meu muito obrigada, pois me ajudou deveras em minhas conclusões. Valeu, se me permite, vou associá-lo a meu blog [embora não sejam nada parecidos]. Um abraço e... lerei oresto, bjs. The dreamer

Cavaleiro do Templo disse...

Cara dreamer

Agradeço demais pelas palavras, fique a vontade para associar os blogs, será um prazer.

Posts como o teu me ajudam a continuar revelando ao mundo quem são os maiores criminosos deste planeta em todas as suas épocas, suas ideologias assassinas e dementes, fruto de mentes doentias que só fazem odiar, odiar e odiar.

Grande abraço, fique com Deus.

Cavaleiro do Templo.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".