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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A alegria do chupim (II)

Do site MÍDIA SEM MÁSCARA
por Percival Puggina em 14 de janeiro de 2008

Resumo: É inútil Lula apresentar-se como metamorfose ambulante. Ele não é isso. Ele chegou ao governo como um aproveitador de discursos demagógicos e nele se mantém do mesmo modo.


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Desabaram sobre meu correio eletrônico manifestações de discordância em relação a um artigo anterior - “A alegria do chupim”. Mostrei, no referido texto, que os bons números da atividade econômica e do desenvolvimento social sobre os quais se lastreia o discurso ufanista do presidente Lula não decorrem, como anunciam suas trombetas, de iniciativas de seu governo, mas foram alcançados através de medidas a que ele e seu partido sistematicamente se opuseram.

Tem faltado humildade e honestidade ao presidente. Ambas lhe teriam valido para reconhecer que os bons resultados da economia são méritos, principalmente, daqueles que o antecederam. Tivessem os precursores de Lula cumprido o roteiro que lhes cobrava o PT oposicionista, o país teria ido à breca. Ou não? É inútil Lula apresentar-se como metamorfose ambulante. Ele não é isso. Ele chegou ao governo como um aproveitador de discursos demagógicos e nele se mantém do mesmo modo. Sem qualquer apreço à verdade, com imensas dificuldades para manter a própria palavra por mais de uma semana, e deseducando a sociedade.

Evidentemente pisei no calo. E não foi por acaso ou desinformação. Há duas décadas participo do debate político, em rádio e tevê. Não uma nem duas vezes, mas bem mais de uma centena de vezes por ano. Ouvi todos os argumentos e propostas da esquerda na oposição. Escrevi e publiquei milhares de artigos em centenas de jornais e sites. Para prover meu próprio site leio, todo ano, dezenas de livros e mais de mil textos de opinião em periódicos do país. Não sou um observador político de happy hour em mesa de bar. Sei do que falo, portanto, quando afirmo que Lula, os petistas e seus fiéis discípulos sempre se opuseram, furiosamente, a tudo que era preciso fazer para que o país desse certo: combate à inflação, respeito à propriedade privada, responsabilidade fiscal, rigoroso controle dos gastos públicos, superávit primário, pagamento da dívida externa, privatizações, reforma da previdência, abertura do setor produtivo ao mercado internacional e à competitividade, o agronegócio, a biotecnologia. Lula e suas esquerdas não apenas se colocavam contra, mas defendiam o inverso: socialismo, estatização, reforma agrária do MST, corporativismos funcionais, calote da dívida externa e aumento do gasto público. Qualquer coisa diferente disso era o maldito neoliberalismo e a famigerada globalização que só atendiam aos interesses do “grande capital”. Era preciso entregar o poder à benevolência da esquerda para fazer tudo ao contrário do que vinha sendo feito. Era o socialismo contra o neoliberalismo!

Estou afirmando alguma inverdade? Algo que não tenha sido dito e repetido à exaustão, eficazmente, até levar o PT ao poder? Admitam, então, os imensos equívocos sobre os quais construíram sua trajetória. Se quiserem saber o que, de fato, pensam, dêem uma lida na tese sobre o socialismo aprovada agora, em setembro, no 3º Congresso do PT (clique aqui). E se quiserem saber quem são, perguntem com quem andam. Indaguem sobre o Foro de São Paulo. Aí, verão, que não apenas andam juntos, mas tecem juras de amor e subscrevem teses com qualquer ditador comunista que se instale no poder e com qualquer grupo político revolucionário, guerrilheiro e narco-terrorista que se apresente - das FARC ao MIR chileno. Responsáveis pelo progresso do Brasil? Me poupem!

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".