Do portal MOVIMENTO ENDIREITAR
Escrito por J. O. de Meira Penna em o6 de novembro de 2007
Com o título Lê Malheur du Siècle, publicou Alain Besançon, em 1998, uma das melhores análises do totalitarismo de “esquerda” e de “direita” já empreendida em nossa época. Professor do Institut de France e considerado o maior especialista francês em Marxismo e Kremlinologia, é Besançon o autor de um grande número de livros dedicados a exorcizar o fantasma da ideologia que tamanho fascínio exerceu sobre o mundo do século XX – uma atração fatal que teve como resultado, em âmbito global, a morte de cerca de duzentos milhões de seres humanos. Publicado em português pela Bertrand, o pequeno livro vem curiosamente acompanhado de “orelhas” com uma crítica à própria tese da obra por parte de seu tradutor. Entretanto, seguindo na trilha de um trabalho anterior, La Falsification du Bien (1985) no qual se dedicou especificamente ao estudo comparativo do pensamento de George Orwell e do grande filósofo russo do século XIX, Vladimir Soloviev – Besançon insiste em duas teses principais.
A primeira é que esses “gêmeos heterozigotos”, o nazismo e o comunismo, se caracterizaram pelo empenho que ambos demonstraram em criar uma aparência de defesa de belos ideais de patriotismo, progresso, justiça e liberdade a fim de esconder sua natureza essencialmente perversa, cruel e opressora. O Bem foi assim “falsificado” como acentua o autor. Criou-se uma cultura da Desinformação e da Mentira, no sentido do aforismo de Kafka que “a mentira se tornou a Ordem Universal”. Orwell satirizou magnificamente o fenômeno com sua noção de “duplo-pensar” ou “novilíngua”... “A paz é a guerra”, “a mentira é a verdade”, “a tirania é a liberdade”, “a polícia é o Departamento do Amor”, essim por diante.
Em nosso país estamos assistindo a um modelo quase perfeito do processo pelo qual os dezeseis mil candidatos às próximas eleições [2002], sendo seis para a Presidência da República, mentem, desmentem e falsificam a Verdade, proclamando ideais exatamente opostos aos que cultivam e às suas verdadeiras intenções na conquista do poder. Em outras palavras, quanto mais falam em desenvolvimento e “justiça social”, tanto mais se esforçam em preservar um regime injusto que, inevitavelmente, mantém na pobreza as massas excluídas do suntuoso banquete patrimonialista da Riqueza Pública de que se locupletam os milhões de políticos, burocratas, amigos e familiares. A retórica é progressista, o desígnio secreto é o atraso. Eis em suma o que chama Besançon de “falsificação do Bem”. Como explica o autor, “os dois totalitarismos se colocam como objetivo chegar a uma sociedade perfeita, destruindo os elementos negativos que a ela se opõem. Pretendem ser filantrópicos, cultivando um ideal que suscitou adesões entusiásticas e atos heróicos. Mas o que os aproxima é que ambos se dão o direito – e mesmo o dever – de matar, e o fazem com métodos semelhantes e em escala absolutamente inédita na história”.
A segunda tese de Besançon é que a memória histórica não os tratou de forma igual. Enquanto o nazismo foi destruído e se tornou objeto de uma execração universal, que não diminui com o tempo - o comunismo ao contrário, “em que pese inclusive sua queda, se beneficia de uma amnésia e anistia que se valem do consentimento quase unânime, não apenas de seus partidários, pois eles ainda existem, como também de seus inimigos mais determinados e até mesmo de suas vítimas”. Quando o caixão de Drácula se abre, como por exemplo pela publicação de O Livro Negro do Comunismo, o escândalo dura pouco e o caixão se fecha, sem que sejam as cifras seriamente contestada. A diferenciação no tratamento dos dois fenômenos criminosos é realmente admirável. Há poucos dias recebi, por exemplo, uma publicação dos Jesuítas de Brasília que dirigem a CNB do PT. Eles descrevem em termos candentes o bombardeio de Hiroshima com o intuito evidente de denunciar “a crueldade do capitalismo americano”. Nenhuma palavra faz referência aos cinco milhões de chineses que foram mortos durante a invasão nipônica, nem tampouco que num único episódio, o massacre de Nanking em fevereiro de 1938, o exército japonês foi responsável pelo dobro de vítimas sofridas nas duas cidades atomizadas em 1945. Nenhuma referência é feita tampouco às centenas de milhares de cristãos assassinados pelos comunistas na China e no Vietnam, depois da subida ao poder dos respectivos “governos populares”. Vide, sobre esse último caso, o livro de Robert Royal “Mártires Católicos do Século XX” (Lisboa 2001). Acontece que principiei a carreira na China, 1941, sendo testemunho direto da brutalidade dos invasores que, não fosse a bomba de Hiroshima, teriam ido ao suicídio coletivo, com ele carregando talvez um milhão de soldados aliados.
Publicado no Jornal da Tarde, 19 de agosto de 2002.
Nota endireitar.org:
O Historiador Carlos I. S. Azambuja resumiu alguns capítulos do livro, confira:
A destruição física no Comunismo e no Nazismo
A destruição do político pelo Nazismo e Comunismo
Não demonstre medo diante de seus inimigos. Seja bravo e justo e Deus o amará. Diga sempre a verdade, mesmo que isso o leve à morte. Proteja os mais fracos e seja correto. Assim, você estará em paz com Deus e contigo.
Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.
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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".
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