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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Marxismo segundo Ludwig Von Mises III - Individualismo e a Revolução Industrial

Do portal MOVIMENTO ENDIREITAR
Escrito por Ludwig Von Mises, outro da série "imperdíveis"

Ludwig von Mises é um dos mais notáveis filósofos e economistas do nosso tempo. Inspirado no início de sua carreira pelo trabalho de seus professores - os grandes economistas austríacos Carl Menger e Böhm-Bawerk - Mises, por meio de uma série de pesquisas universitárias, analisou sistematicamente cada problema econômico importante, criticou erros inveterados e substituiu velhos sofismas por idéias sólidas e sadias.

Este é o terceiro capítulo intitulado "Individualism and the Industrial Revolution" do livro "Marxism Unmasked: From Delusion to Destruction" (http://www.fee.org/library/books/MarxismUnmasked.asp), publicado pela Foundation for Economic Education. Faz parte de uma série de nove discursos formais de Ludwig Von Mises, (1881-1973), pronunciados entre 23 de junho e 3 de julho de 1952, na Biblioteca Pública de São Francisco, São Francisco, Califórnia, num seminário patrocinado pela revista The Freeman. (Download ZIP/PDF)

Capítulos anteriores:

"Mente, Materialismo, e o destino do Homem - Capítulo I ";
"Conflitos de Classe e Socialismo Revolucionário - Capítulo II ";

LIBERAIS ACENTUARAM A IMPORTÂNCIA DO INDIVÍDUO. Os liberais do século XIX já consideravam o desenvolvimento do indivíduo a coisa mais importante. "Indivíduo e individualismo" era o slogan progressista e liberal. Reacionários já haviam atacado esta atitude no início do século XIX.

Os racionalistas e liberais do século XVIII ressaltaram que era necessário criar boas leis. Hábitos antigos que não podiam ser justificados pela racionalidade deveriam ser abandonados. A única justificação para uma lei era se ela era ou não responsável pela promoção do bem-estar social público. Em muitos países os liberais e racionalistas pediram constituições escritas, a codificações de leis, e por novas leis que permitiriam o desenvolvimento das faculdades de cada indivíduo.

Uma reação a esta idéia se desenvolveu, especialmente na Alemanha onde o jurista e historiador Friedrich Karl von Savigny [1779–1861] era influente. Savigny declarou que leis não podem ser escritas por homens; leis são desenvolvidas de algum modo místico pela alma de toda a unidade. Não é o indivíduo que pensa -- é a nação ou uma entidade social que utiliza o indivíduo somente para a expressão de seus próprios pensamentos. Esta idéia foi muito enfatizada por Marx e os marxistas. A este respeito os marxistas não eram os seguidores de Hegel, cuja idéia principal da evolução histórica era uma evolução para a liberdade do indivíduo.

Do ponto de vista de Marx e Engels, o indivíduo era uma coisa desprezível aos olhos da nação. Marx e Engels negaram que o indivíduo desempenhasse um papel na evolução histórica. Segundo eles, a história desenvolve-se a sua própria maneira. As forças produtivas materiais seguem do seu próprio modo, desenvolvendo-se independentemente das vontades dos indivíduos. E os eventos históricos vêm com a inevitabilidade de uma lei de natureza. As forças produtivas materiais trabalham como um diretor numa ópera; elas devem ter um substituto disponível no caso de um problema, como o diretor de ópera deve ter um substituto se o cantor adoecer. De acordo com esta idéia, Napoleão e Dante, por exemplo, eram sem importância -- se eles não tivessem aparecido para tomar seus próprios lugares especiais na história, outras pessoas teriam aparecido no palco para ocupar seus lugares.

Para entender certas palavras, você tem que entender o idioma Alemão. A partir do século XVII, um considerável esforço foi gasto na luta contra o uso de palavras latinas e na eliminação delas do idioma Alemão. Em muitos casos permaneceu uma palavra estrangeira, embora também houvesse uma expressão Alemã com o mesmo significado. As duas palavras começaram como sinônimos, mas no curso de história, elas adquiriram significados diferentes. Por exemplo, a palavra Umwälzung, a tradução Alemã literal da palavra latina revolução. Na palavra latina não havia nenhum sentido de lutar. Assim, na Alemanha evoluíram dois significados para a palavra "revolução" -- um significado para violência, e o outro significando uma revolução gradual como a "Revolução Industrial”. No entanto, Marx usa a palavra Alemã Revolução não somente para revoluções violentas, como as Revoluções Francesa ou Russa, mas também para a gradual Revolução Industrial.

Aliás, o termo Revolução Industrial foi introduzido por Arnold Toynbee [1852-1883]. Os marxistas dizem que "o que antecipa a derrota do capitalismo não é nenhuma revolução -- veja a Revolução Industrial".

Marx atribuiu um significado especial à escravatura, servidão, e outros sistemas de escravidão. Era necessário, disse ele, que os trabalhadores fossem livres para que o explorador os explorasse. Esta idéia veio da interpretação que ele deu à situação do senhor feudal que tinha que cuidar dos seus trabalhadores, mesmo quando eles não estivessem trabalhando. Marx interpretou as mudanças liberais como se elas estivessem liberando o explorador da responsabilidade pela vida dos trabalhadores. Marx não viu que o movimento liberal visava à abolição das desigualdades perante a lei, como entre o servo e senhor.

Karl Marx acreditava que acumulação de capitais era um obstáculo. Aos seus olhos, a única explicação para a acumulação de riqueza era que alguém tinha roubado um outro alguém. Para Karl Marx toda a Revolução Industrial consistiu simplesmente na exploração dos trabalhadores pelos capitalistas. Segundo ele, a situação dos trabalhadores ficou pior com a chegada do capitalismo. A diferença entre a situação dos trabalhadores e a dos escravos e servos era apenas que o capitalista não tinha nenhuma obrigação de cuidar dos trabalhadores que já não eram exploráveis, enquanto o senhor foi obrigado a cuidar dos escravos e servos. Esta é outra das contradições insolúveis do sistema marxista. No entanto, é aceita hoje por muitos economistas sem a compreensão do que esta contradição consiste.

De acordo com Marx, o capitalismo é uma etapa necessária e inevitável na história da humanidade que conduz os homens das condições primitivas para o milênio do socialismo. Se o capitalismo é um passo necessário e inevitável no caminho para o socialismo, então não se pode reivindicar constantemente, do ponto de vista de Marx, que o que o capitalista faz é eticamente e moralmente mau. Então, por que Marx ataca os capitalistas?

Marx diz que parte da produção é apropriada pelos capitalistas e retida dos trabalhadores. Segundo Marx, isto é muito ruim. A conseqüência é que os trabalhadores não estão mais em condições de consumir toda a produção. Uma parte do que eles produziram, portanto, fica sem consumo; existe um “subconsumo”. Por esta razão, porque há subconsumo, depressões econômicas acontecem regularmente. Esta é a teoria do subconsumo marxista das depressões. Porém Marx contradiz esta teoria noutros locais.

Os escritores marxistas não explicam por que a produção ocorre do mais simples para métodos mais complexos.

Marx também não fez menção do seguinte fato: Por volta de 1700, a população da Grã-Bretanha era aproximadamente 5,5 milhões; em meados de 1700, a população era de 6,5 milhões de pessoas, cerca de 500,000 delas eram simplesmente indigentes. O sistema econômico tinha produzido um “excesso” população. O problema de excesso populacional apareceu mais cedo na Grã-Bretanha do que na Europa continental. Isto aconteceu, em primeiro lugar, porque a Grã-Bretanha era uma ilha e assim não estava sujeita a invasão por exércitos estrangeiros, que ajudaram reduzir as populações na Europa. As guerras na Grã-Bretanha eram guerras civis, que eram ruins, mas elas pararam. E então desapareceu esta saída para o excesso populacional, de modo que o número excedente de pessoas cresceu. Na Europa, a situação era diferente por uma razão, a oportunidade de trabalhar na agricultura era mais favorável do que na Inglaterra.

O antigo sistema econômico da Inglaterra não pôde fazer face ao excedente populacional. As pessoas em excesso eram, na maior parte, pessoas muito más -- mendigos, assaltantes, ladrões e prostitutas. Eles eram sustentados por várias instituições, as leis dos pobres [1], e a caridade das comunidades. Alguns foram forçados para o serviço estrangeiro no exército e na marinha. Também havia pessoas supérfluas na agricultura. O sistema existente de grêmios e outros monopólios nas indústrias de manufatura tornou a expansão de indústria impossível. Nessas épocas pré-capitalistas, houve uma nítida divisão entre as classes da sociedade que podiam dispor de sapatos novos e roupas novas e aquelas que não podiam. As indústrias de manufatura produziam em geral para as classes altas. Aqueles que não podiam dispor de roupas novas usavam roupas usadas. Houve então um grande comércio de roupas de segunda mão -- um comércio que desapareceu quase completamente quando a indústria moderna começou produzir também para as classes mais baixas. Se o capitalismo não tivesse fornecido os meios de sustento para estas pessoas em “excesso”, elas teriam morrido de fome. A varíola respondeu por muitas mortes em tempos pré-capitalistas; agora já foi praticamente eliminada. Os aperfeiçoamentos na medicina também são produtos do capitalismo.

O que Marx chamou de a grande catástrofe da Revolução Industrial não foi nenhuma catástrofe no final das contas; ela provocou uma tremenda melhoria nas condições das pessoas. Caso contrário, muitos que sobreviveram não teriam sobrevivido. Não é verdade, como disse Marx, que os avanços da tecnologia só estão disponíveis aos exploradores e que as massas estão vivendo num estado muito pior que na véspera da Revolução Industrial. Tudo o que os marxistas dizem sobre exploração está absolutamente errado! Mentiras! Na realidade, o capitalismo tornou possível a sobrevivência de muitas pessoas que, do contrário, não teriam sobrevivido. E hoje muitas pessoas, ou a maioria das pessoas, vivem num padrão muito mais alto de vida que os seus antepassados viveram 100 ou 200 anos atrás.

Durante o século XVIII surgiram vários eminentes autores -- o mais conhecido foi Adam Smith [1723-1790] -- que defenderam a liberdade de comércio. E eles argumentaram contra monopólio, contra os grêmios, e contra privilégios dados pelo rei e o Parlamento. Secundariamente, alguns indivíduos engenhosos, quase sem qualquer poupança e capital, começaram a organizar os pobres famintos para produção, não em fábricas, mas fora das fábricas, e não somente para as classes altas. Estes novos produtores organizados começaram a fazer bens simples precisamente para as grandes massas. Esta foi a grande mudança que ocorreu; esta era a Revolução Industrial. E esta Revolução Industrial tornou mais comida e outros bens disponíveis de forma que a população aumentou. Ninguém viu menos o que realmente estava acontecendo que Karl Marx. Na véspera da Segunda Guerra Mundial, a população tinha aumentado tanto que havia 60 milhões de ingleses.

Você não pode comparar os Estados Unidos com a Inglaterra. Os Estados Unidos surgiu quase como um país do capitalismo moderno. Mas nós podemos dizer que, em geral, entre oito pessoas que moram hoje nos países da civilização Ocidental, sete só estão vivos por causa da Revolução Industrial. Você tem certeza que você é um dos oito que teriam sobrevivido até mesmo na ausência da Revolução Industrial? Se você não está seguro, pare e considere as conseqüências da Revolução Industrial.

A interpretação dada por Marx à Revolução Industrial também se aplica à interpretação da "superestrutura". Marx afirmou que as "forças produtivas materiais", as ferramentas e máquinas, produzem as "relações de produção", a estrutura social, direitos de propriedade, etc., que, por sua vez, produzem a "superestrutura", a filosofia, arte, e a religião. A "superestrutura", disse Marx, depende da condição de classe dos indivíduos, i.e., se ele é poeta, pintor, e assim por diante. Marx interpretou tudo o que aconteceu na vida espiritual da nação deste ponto de vista. Arthur Schopenhauer [1788-1860] foi chamado de filósofo dos donos de ações ordinárias e hipotecas. Friedrich Nietzsche [1844-1900] foi chamado de filósofo do grande negócio. Para cada mudança na ideologia, para cada mudança na música, arte, romance, jogo, os marxistas tinham uma interpretação imediata. Cada livro novo foi explicado pela "superestrutura" daquele dia particular. A cada livro foi atribuído um adjetivo -- "burguês" ou "proletário". A burguesia foi considerada uma massa reacionária homogênea.

Não pense que é possível um homem praticar durante toda sua vida certa ideologia sem acreditar nela. O uso do termo "capitalismo maduro" mostra plenamente como pessoas, que não pensam em si mesmas como marxistas de nenhuma forma, foram influenciadas por Marx. O Sr. e a Sra. Hammond, na realidade quase todos os historiadores, aceitaram a interpretação marxista da Revolução Industrial [2]. A única exceção é Ashton. [3]

Karl Marx, na segunda parte da sua carreira, não era um intervencionista; ele estava a favor de laissez-faire. Porque ele esperava que o colapso do capitalismo e a substituição pelo socialismo viriam da completa maturidade do capitalismo, ele era a favor de deixar capitalismo se desenvolver. Nesse sentido ele foi, em seus escritos e em seus livros, um defensor da liberdade econômica.

Marx acreditou que as medidas intervencionistas eram desfavoráveis porque elas atrasavam a vinda do socialismo. Os sindicatos recomendavam intervenções e, por isso, Marx se opunha a eles. Sindicatos não produzem nada de qualquer maneira e na verdade teria sido impossível elevar as taxas salariais se os produtores não tivessem produzido mais.

Marx reivindicou que as intervenções feriam os interesses dos trabalhadores. Os socialistas alemães votaram contra as reformas sociais de [Otto von] Bismarck instituídas aproximadamente em 1881 (Marx morreu em 1883). E neste país os comunistas estavam contra o New Deal. Claro que a razão real para a oposição deles ao governo no poder era muito diferente. Nenhum partido de oposição quer atribuir muito poder a outro partido. Ao elaborar programas socialistas, todo mundo assume tacitamente que ele próprio será o planejador ou o ditador, ou que o planejador ou ditador será totalmente dependente intelectualmente dele e que o planejador ou ditador será o seu faz-tudo. Ninguém quer ser um simples membro num esquema planejado por outro alguém.

Estas idéias de planejamento remontam ao tratado de Platão sobre a forma da comunidade. Platão era muito franco. Ele planejou um sistema governado exclusivamente por filósofos. Ele quis eliminar todas as decisões e direitos individuais. Ninguém deveria ir a qualquer lugar, descansar, dormir, comer, beber, lavar, a menos que lhe dissessem que fizesse assim. Platão quis reduzir as pessoas ao estado de peões no seu plano. O que é necessário é um ditador, que nomeia um filósofo como um tipo de primeiro-ministro ou presidente do conselho central de gestão de produção. O programa coerente de todos estes socialistas -- Platão e Hitler, por exemplo -- também planejava a produção dos futuros socialistas, a procriação e educação dos futuros membros da sociedade.

Durante os 2300 anos desde Platão, foi registrada muito pouca oposição às idéias dele. Nem mesmo por Kant. A influência psicológica a favor do socialismo deve ser levada em conta na discussão das idéias marxistas. Isto não se limita aos que se dizem marxistas.

Os marxistas negam que exista tal coisa como a busca do conhecimento pelo conhecimento. Mas eles não são consistentes neste caso também, porque eles dizem que um dos propósitos do estado socialista é eliminar essa busca pelo conhecimento. É uma ofensa para as pessoas, dizem eles, estudar coisas que são inúteis.

Agora eu quero discutir o significado da distorção ideológica das verdades. A consciência de classe não é desenvolvida no princípio, mas deve vir inevitavelmente. Marx desenvolveu sua doutrina de ideologia porque ele percebeu que não pôde responder às críticas levantadas contra o socialismo. A resposta dele era, “O que você diz não é verdade. É só ideologia. O que um homem pensa, de modo que nós não temos uma sociedade sem classes, é necessariamente uma ideologia de classe -- quer dizer, está baseado em uma falsa consciência”. [4] Sem qualquer explicação adicional, Marx assumiu que tal ideologia era útil à classe e para os membros da classe que a desenvolveu. Tais idéias tinham a meta de assegurar os objetivos de sua classe.

Marx e Engels apareceram e desenvolveram as idéias de classe do proletariado. Então, a partir de agora a doutrina da burguesia é absolutamente inútil. Talvez alguém possa dizer que a burguesia precisou desta explicação para solucionar o problema de má consciência. Mas por que eles deveriam ter uma má consciência se sua existência é necessária? E é necessária, de acordo com doutrina marxista, porque sem a burguesia, o capitalismo não pode desenvolver. E até que capitalismo esteja "maduro”, não pode haver socialismo.

Segundo Marx, a economia burguesa, às vezes chamada de "apologética da produção burguesa”, auxiliou a burguesia. Os marxistas poderiam ter dito que, o significado que a burguesia deu a esta péssima teoria burguesa justifica, em sua visão, bem como na visão dos explorados, o modo de produção capitalista, tornando assim possível a existência do sistema. Mas esta teria sido uma explicação bem não-marxista. Antes de qualquer coisa, de acordo com a doutrina marxista, não é necessário uma justificação para o sistema de produção burguês; a burguesia explora porque seu negócio é explorar, assim como explorar é o negócio dos micróbios. A burguesia não precisa de nenhuma justificação. A sua consciência de classe mostra para eles que eles têm que fazer isto; explorar é da natureza do capitalista.

Um amigo russo de Marx lhe escreveu dizendo que a tarefa dos socialistas deve ser ajudar a burguesia explorar melhor e Marx respondeu que aquilo não era necessário. Marx então escreveu uma nota curta dizendo que a Rússia poderia alcançar o socialismo sem passar pela fase capitalista. Na manhã seguinte ele deve ter percebido que, se ele admitisse que um país pudesse saltar uma das fases inevitáveis, isto destruiria toda a sua teoria. Assim ele não enviou a nota. Engels, que não era tão brilhante, descobriu este pedaço de papel na escrivaninha de Karl Marx, copiou a nota com sua própria mão, e enviou a cópia para Vera Zasulich [1849-1919], que era famosa na Rússia porque ela tinha tentado assassinar o Comissário de Polícia em São Petersburgo e foi absolvida pelo júri -- ela teve um bom conselho de defesa. Esta mulher publicou a nota de Marx, e se tornou um dos grandes quadros do Partido Bolchevique.

O sistema capitalista é um sistema no qual a promoção está precisamente de acordo com o mérito. Se as pessoas não forem bem sucedidas, há ressentimento em suas consciências. Relutam em admitir que elas não progridem por causa da sua falta de inteligência. Elas lançam sua falta de progresso sobre a sociedade. Muitos culpam sociedade e se voltam para o socialismo. Esta tendência é especialmente forte nas classes de intelectuais. Porque os profissionais tratam uns aos outros como iguais, os profissionais menos capazes se consideram "superiores" aos não profissionais e sentem que eles merecem mais reconhecimento do que eles recebem. A inveja possui um papel importante. Existe uma predisposição filosófica entre pessoas para a insatisfação com o estado existente de coisas. Há descontentamento, também, com as condições políticas. Se você estiver insatisfeito, você pergunta que outro tipo de estado pode ser considerado.

Marx tinha "anti-talento” -- i.e., uma falta de talento. Ele foi influenciado por Hegel e Feuerbach, especialmente pela crítica ao Cristianismo de Feuerbach. Marx admitiu que a doutrina de exploração foi retirada de um folheto anônimo publicado na década de 1820. Suas doutrinas econômicas eram distorções tomadas de [David] Ricardo [1772-1823]. [5]

Marx era economicamente ignorante; ele não percebeu que pode haver dúvidas relativas aos melhores meios de produção a ser aplicado. A grande pergunta é, como nós devemos usar os escassos fatores disponíveis de produção. Marx assumiu que o que tem que ser feito é óbvio. Ele não percebeu que o futuro é sempre incerto, que é o trabalho de todo homem de negócios prover para o futuro desconhecido. No sistema capitalista, os trabalhadores e tecnólogos obedecem ao empresário. Sob o socialismo, eles obedecerão ao funcionário socialista. Marx não levou em conta o fato que há uma diferença entre dizer o que tem que ser feito e fazer o que alguém disse que deve ser feito. O estado socialista é necessariamente um estado policial.

O desaparecimento gradual do estado de Marx foi apenas a tentativa de evitar responder à pergunta sobre o que aconteceria sob o socialismo. Sob o socialismo, os condenados saberão que eles estão sendo castigados para o benefício de toda sociedade.

O terceiro volume do Das Kapital foi preenchido com longas citações das audiências dos Comitês Parlamentares Britânicos sobre o dinheiro e os bancos, e elas não fazem nenhum sentido [6]. Por exemplo, "O sistema monetário é essencialmente o católico, o sistema de crédito essencialmente protestante... Mas o sistema de crédito não se emancipa da base do sistema monetário mais que o Protestantismo se emancipa dos fundamentos do Catolicismo". [7] Totalmente absurdo!

Notas:

[1] - [Legislação inglesa relacionada a assistência pública para os pobres, datando da era de Elizabeth e emendada em 1834 para instituir um socorro uniforme nacionalmente supervisionado -- Ed.]

[2] - [J. L. and Barbara Hammond, autores da triologia The Village Labourer (1911), The Town Labourer (1917), e The Skilled Labourer (1919) — Ed.]

[3] - [T.S. Ashton, The Industrial Revolution 1760-1830 (London: Oxford University Press, 1998 [1948, 1961]) — Ed.]

[4] - Conferir o artigo “Polilogismo: Karl Marx e os Nazistas” para mais detalhes; é uma tradução de um trecho do livro Omnipotent Government de Ludwig von Mises.

[5] - [On the Principles of Political Economy and Taxation (London: John Murray, 1821 [1817]).]

[6] - [Capital: A Critique of Political Economy, III (Chicago: Charles H. Kerr, Chicago, 1909), pp. 17, 530–677ff.]

[7] - [Ibid., p. 696.]

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".