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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Queijo na ratoeira...

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A única possibilidade de sobrevivência da atividade artística é em uma sociedade onde o direito individual é preservado acima de tudo


Passei anos escrevendo para a Backstage colunas didáticas, técnicas e de opinião sobre a relação do mercado musical. Esta vai ser diferente. Com exceção dos editoriais do Nelson, ainda não vi uma abordagem política sobre a questão musical. Bem, lá vou eu, mais uma vez dar a minha cara a tapa... Devo ser algum tipo de sado-masoquista filosófico...

O título “Queijo na Ratoeira” se refere a uma visão que tenho do processo de intervenção do estado na produção cultural. A metáfora é bem simples: o queijo é o dinheiro e os ratos são os artistas... CALMA!!! Não me espanquem ainda!!! Ratos não no sentido pejorativo de parasita mamífero nocivo disseminador de doenças, mas sim no sentido de vítima, que ao ir buscar seu pedacinho de queijo, terá a sua espinha dorsal partida ao meio por uma armadilha...

No momento atual, um dos maiores contratantes da produção cultural é o estado. Verbas são liberadas para realização de eventos, contratação de shows, financiamento de produção de CDs, DVDs, e é claro para várias outras atividades de outros ramos artísticos. Neste artigo vou me deter apenas ao ramo da música.

A princípio, quando o estado se dispõe a patrocinar a atividade cultural, a intenção inicial é a melhor possível. Viver de música é muito difícil. Imagine quem quer viver de um trabalho musical mais conceitual e não quer ficar tocando sucessos requentados de outrem em barzinhos? A coisa fica mais difícil ainda... É nesse ponto que entra o estado: financia a produção cultural para que ela não tenha que se submeter à pressão do mercado e que ela possa manter a sua integridade e independência artística. Papel nobre o do estado. Protege nossos artistas do vilão capitalista que quer moldar a produção artística de modo que ela gere lucros imediatos sem se importar com a qualidade artística...

Aí está o queijo!!!

O artista que deseja uma carreira artística de sucesso, que se traduz em uma vendagem de discos (ou downloads), em cobrar um bom cachê pelas suas apresentações, receber pagamento de direitos autorais, em receber pelo uso de sua imagem em propagandas, aparecer em programas com altos índices de audiência, vender produtos com o seu nome, de modo que isso gere uma boa renda e um padrão de vida confortável... Bem, este artista é um capitalista em sua essência...

A pergunta que fica então: faz sentido um capitalista ir pedir proteção ao estado contra os capitalistas? É no mínimo contraditório. O primeiro ponto é parar de “demonizar” a palavra “capitalista”. Ser capitalista não é pecado. Buscar o lucro não é imoral. E se este lucro é fruto de esforço e de um trabalho honesto, este lucro é legítimo e digno. Isto parece ser um tanto quanto óbvio, mas por incrível que pareça, quando se chama alguém de capitalista, vem embutido um significado pejorativo quase como um sinônimo de avarento, mesquinho, materialista.

Esta “demonização” da palavra capitalista não surgiu à toa. Ela é resultado de décadas de propaganda ideológica que estimula a inveja para gerar um imaginário conflito de classes de modo que se obtenha proveito político disso. O mecanismo é bem simples: cria-se um vilão (o capitalista) e um grupo de apresenta como os salvadores que irão proteger o “povo” deste vilão.

É óbvio que estes “salvadores” são apenas um grupo com um projeto de poder que substituirá uma elite por outra mais centralizadora ainda. Nos países aonde este grupo triunfou, sem exceção se constituíram regimes totalitários, economias deficientes, baixo poder aquisitivo e restrições à liberdade de expressão e à produção artística.

Os grupos que “combatem” o capitalismo já descobriram que a maior fraqueza do capitalista é o dinheiro. E estão usando o dinheiro para colocar os “capitalistas” na posição do cachorrinho que abana o rabo quando alguém lhe sacode um pedaço de osso. Ou melhor, para ser coerente com o título, como um ratinho que balança seus bigodes quando vê um pedaço de queijo. O que também é óbvio, mas não é visto, é que ninguém dá queijo de graça. Isca no anzol e queijo na ratoeira. Tão primário com animais e com seres humanos...

Vamos fazer um raciocínio básico: se você for tocar em um evento da Coca-cola, você poderá dizer em público que prefere Pepsi? Poder você pode, mas terá o seu contrato com a Coca-cola cancelado. Você realmente acredita que o estado age de maneira diferente? O estado só aprova projetos que são de seu interesse, ou na melhor das hipóteses, neutro. Jamais você terá um projeto aprovado que conteste o regime que vai conceder a verba para o seu projeto. Então você apresentará um projeto, ou se absterá de emitir opiniões políticas em público. Como o artista é um formador de opinião, ele é um dos primeiros a ser visado pelos engenheiros sócio-políticos. Enche a boca dele de queijo para ele não falar...

O que eu falo pode parecer a princípio um descalabro, mas esta pulga começou a me coçar a orelha quando participei como profissional ou como público de vários eventos culturais com palco, som e luz e cachê do artista pago pelo estado, e quase 100% desses eventos foram um fiasco de público. Qualquer empresário do setor do entretenimento não colocaria dinheiro em eventos que não dão público. Mas o nosso bondoso, generoso e protetor estado paga a estrutura, paga o cachê, mas não paga a divulgação. Qualquer pessoa sabe que um evento sem divulgação não vinga. E, ano após ano, a fórmula do fracasso programado se repete. Talvez seja melhor assim. Vai que o artista começa a ficar famoso e deixa de depender das verbas estatais... Aí ele pode começar a falar o que quiser...

E mesmo por uma simples questão de lógica: faz sentido “investir” em cultura se o evento, mesmo que gratuito, não dá retorno de público? Claro que não. Por que este ciclo vicioso se perdura? Por que existe um acordo velado entre artistas e estados. Nenhum dos dois quer cultura de fato. O estado quer controle ideológico e o artista quer dinheiro. O artista não está disposto a abrir mão do seu cachê estatal para que esta verba seja destinada ao investimento em infra-estrutura.

Como em qualquer sociedade, a única maneira real de se crescer é investir em infra-estrutura. No caso da cultura, a infra-estrutura não são teatros ou casas de shows. Isso já existe. O problema hoje é enchê-los, especialmente com projetos artísticos um pouco mais elaborados fora da mesmice do baixo nível de consumo do entretenimento de hoje.

A questão estrutural hoje é a formação de público. E isso passa pela educação. O fato é que simplesmente a educação cultural já desapareceu nas escolas alguns anos. Hoje não se estuda mais artes, música, dança, dramaturgia ou literatura em escolas regulares. E ainda mais agora, com mais um descalabro ideológico que é a aprovação automática na rede pública. O estado “capi-socialista” em que vivemos atesta, através de lei, a sua incapacidade de formar cidadãos e oficializa a possibilidade de um analfabeto funcional chegar à universidade. E sairá de lá no mesmo jeito que entrou.

É claro que este auto-atestado de incompetência esconde um objetivo ainda mais sombrio. Formar uma sociedade sem capacidade de questionamento e dependente do estado. Mais uma vez outro queijo na ratoeira. Agora todo mundo passa!!! Liberou geral!!! Não precisa mais estudar!!! Isso não é o sonho de qualquer criança? E ainda os adultos vão poder dizer: nunca antes na história deste país todos os estudantes passaram de ano... Isso pode até ser colocado como um dado na ONU para mostrar a evolução da educação brasileira. Em mais de 50 milhões de estudantes, nenhum é reprovado... Não é à toa que George Orwell foi um gênio escrevendo 1984” nos anos 20. A maior crítica da literatura de ficção sobre o desejo de controle total de uma sociedade pelo grupo que controla o estado.

Como podemos constatar, se associarmos estes fatos as manobras políticas que acontecem no congresso, senado e no STF, fica claro a intenção: migrar discretamente (para os mais informados, não tão discretamente assim) de um sistema democrático para um sistema autoritário e controlador através da alteração da legislação e do uso do sistema jurídico.

Teoria da conspiração? Veja o que está acontecendo na América Latina. Venezuela, Bolívia e Equador estão em fase final de consolidação de regimes totalitários. Colômbia e Honduras estão em guerra defendendo as suas democracias contra grupos financiados pelos primeiros três países citados. E o Brasil, através de nossos ilustres representantes, está aliado dos primeiros três, e mandando recados desaforados aos últimos dois. Diz-me com quem andas que te direi quem és...

A esta altura você deve estar perguntando: o que eu tenho a ver com isso tudo? Tem sim. Se você é artista, você depende de uma sociedade livre e capitalista para viver. O documentário Buena Vista Social Club mostra como a profissão da música foi banida em Cuba após a tomada do poder por Fidel. Paquito De Riviera, um dos maiores saxofonistas de todos os tempos, fugiu da ilha, pois lá as pessoas só podiam ouvir discos aprovados pelo governo, discos dos Beatles eram proibidos e não havia lugar para tocar jazz, afinal, jazz é coisa de Yankee burguês...

Isso é o que você tem a ver com isso. Receber uma verba do governo não é crime, mas não venda a sua opinião por causa disso. Não venda a sua clareza de enxergar os fatos por causa disso. Os caçadores só alimentam suas presas até capturar-las. Depois, o destino certo é o abate. Abate intelectual, profissional, pessoal, e em alguns casos, até físico.

Nesse caso a nossa área é estratégica, pois a arte incorpora a comunicação social, e através da comunicação se difunde idéias para a sociedade. Quando alguém se pergunta: como pode uma sociedade inteira (Alemanha) ter apoiado Hittler? A resposta é simples: através da comunicação e da propaganda. O Ministro da propaganda de Hittler, Joseph Goebbels criou o vilão (no caso o Judeu capitalista), gerou-se a inveja e o medo. Se você é um artista, tem a responsabilidade da comunicação. E se você acredita que a comunicação não tem poder político, veja estas fotos:


Brincadeiras de mau gosto à parte, estas fotos são uma provocação para mostrar que a comunicação também pode ser usada como arma. A população alemã foi enganada, confundida e iludida a acreditar em uma nova sociedade igualitária e sem problemas... O resultado está nos livros de história...

O comunismo, que é tão ruim que os próprios comunistas têm vergonha do nome e o chamam de “socialismo” para camuflar, é apenas a outra face da mesma moeda do nazismo, que caso vocês não saibam, quer dizer “Nacional Socialismo”. Ambos os regimes pregam a criação de uma sociedade perfeita e a criação de um “novo homem”. Na história deste planeta, apenas dois homens mataram mais do que Hittler: Stalin e Mao Tse-Tung.

O totalitarismo pode ser comparado a uma doença grave ou um acidente de carro: você acha que nunca vai acontecer com você (ou com o seu país). Pois este risco é latente na América Latina com o “Socialismo do séc. XXI” arquitetado por Fidel e proclamado por Hugo Chávez. E Hugo já é apoiado pelo Equador, Bolívia, Nicarágua, Chile, Argentina e Brasil. Países cujos presidentes pertencem ao FORO de SÃO PAULO, hoje disfarçado como o nome de UNASUL. Quem quiser saber o que é Foro de São Paulo, faça uma rápida pesquisa na internet.

Texto pesado, eu sei, mas quero sintetizá-lo em duas frases:

Ser artista e acreditar em regimes totalitários (nazismo, socialismo, comunismo ou teocracia) é acreditar que o lobo cuidará dos coelhos.

Ser artista e ser nazista, socialista, comunista ou teocrático é o mesmo que ser um suicida.

A única possibilidade de sobrevivência da atividade artística é em uma sociedade onde o direito individual é preservado acima de tudo. Direito de expressão, de produção, de propriedade intelectual, patrimonial e física. Existem duas maneiras de se calar um artista: com um cassetete ou com dinheiro. O artista deve ser um pensador, e não um cachorrinho que corre atrás da bolinha que é atirada, ou melhor, um ratinho inocente que vai atrás do queijo na ratoeira...

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".