(Cavaleiro do Templo: abaixo um exemplo do mundo do delirante. O sujeito que vive em uma redoma isolando-o do mundo é como o Peter Pan na Terra do Nunca. Quanto mais "forte" a redoma, menor a percepção do "mundo real". Chega a imaginar coisas como o "não-trabalho" como meio de vida, como se fosse cair do céu tudo que o ser humano necessita para viver, como se a produção dos bens necessários, independente do sistema político vigente, não fosse resultado do trabalho de alguém ou muitos. Será que ele está propondo que o homem volte a viver do que a natureza ceder gentilmente, sem nenhuma interefência "produtiva" do ser humano? O pior: onde está este homem capaz de viver sem regras, sem polícia, sem militares, sem política? Ele nascerá depois que o trabalhador perder a paciência e deixar de ser trabalhador? Ele será "abençoado pelos céus", por assim dizer, com um "upgrade existencial" e tranformar-se-á este santo, naquele beato relatado pelo autor da peça abaixo? Como um professor da UFRJ poderia pensar deste jeito? Se fosse uma pessoa de pouquíssima instrução, vá lá... Mas um catedrático pensar que o ser humano pode ser mudado por decreto? E o que dizer que quem chama apenas alguns de trabalhador incitando-os a alguma ação codificada por "perder a paciência"? Não somos todos nós trabalhadores, não sendo apenas os que nada produzem como por exemplo o pessoal do MST e os índios ou aqueles herdeiros de fortunas que nada fazem além de dilapidar o dinheiro do pai, o que gera, evidentemente, mais um monte de empregos (nos hotéis, nos cassinos, nas "casas da luz vermelha", devidamente classificadas por este governo como "profissionais do sexo", portanto trabalhadores também, etc.)? Me digam o seguinte: onde seria o local ideal para estas pessoas viverem, que não uma instituição para doentes mentais? É o único local adequado. Olavo de Carvalho já disse que não estamos lidando com pessoas normais. Não se pode conferir a estas sequer o direito ao debate quando o assunto é importante ou propostas de sociedade (o que por si só já é debate de dementes). Você já tentou debater com uma esquizofrênico? Com um psicótico? Pois é, não é possível, não é mesmo?)
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Por: Mauro Iasi(*)
As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência
A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências
Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
"declaro vaga a presidência"!
* Mauro Iasi é Professor da UFRJ e membro do Comitê Central do PCB (Partido Comunista Brasileiro)
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