Por Patrick J. Michaels, artigo publicado no Chicago Sun-Times em 13 de Junho de 2007.
A Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, retornou recentemente de uma visita oficial à Groenlândia, onde diz que, entre outras coisa, "viu, em primeira mão, evidências de que a mudança climática é uma realidade". Pode ser até verdade, Presidente, mas a senhora não viu.
Novos satélites mostram que na Groenlândia – principalmente em sua parte mais ao sul – o gelo está derretendo a uma taxa de 25 milhas cúbicas por ano. Se a Groenlândia perdesse a maioria de seu gelo, o nível do mar subiria aproximadamente 6 metros. A Groenlândia é de longe a maior massa de gelo do Hemisfério Norte, com aproximadamente 10 por cento do total mundial.
O volume total de gelo na Groenlândia é de 680.000 milhas cúbicas e ela perde quatro dez mil avos de seu gelo por ano. Faça as contas. O resultado é que a Groenlândia perde 0,4% de sua massa total por século.
E nem importa que o mais recente estudo sobre a Groenlândia indique que mesmo essa minúscula taxa possa ter desacelerado. Pelosi é mais uma vítima da idéia de que um pequeno aquecimento da Groenlândia nos levará de imediato a uma inundação bíblica.
A Groenlândia está mais quente há 50 anos
Eis o enredo de espetáculo de terror que move a histeria. Mas como esse enredo ficaria se fosse comparado aos fatos?
Os arquivos do Centro Nacional de Dados Climáticos dos Estados Unidos mostram que as temperaturas na Groenlândia na última década são muito pouco incomuns quando comparadas com as dos últimos 100 anos. O período de 1915 até 1965 – meio século – foi, aproximadamente, dois graus mais quente que hoje.
Onde, naquele tempo, esteve a catástrofe? Com a exceção de alguns geógrafos, ninguém notou. Onde estava a aceleração na subida do nível do mar? Em lugar nenhum. Em 1948, Hans van Ahlmann publicou um artigo no Journal da Royal Geographical Society comentando a perda de gelo nos fiordes costeiros e a chegada de peixes associados com águas mais quentes, notando que havia um aumento das áreas habitáveis.
Em 2000, Glen MacDonald e vários outros co-autores publicaram uma perspectiva reveladora sobre o histórico do clima no ártico Eurasiano, na respeitada revista Quaternary Research ("quaternário" foi um período da recente era do gelo, começado por volta de 1.8 milhões de anos atrás) na qual eles examinaram, usando radiocarbono, a idade de árvores antigas depositadas na tundra, em pontos bem mais ao norte que a linha das últimas árvores ao norte de hoje. Naquela região, o ponto onde se encontram as árvores está, geralmente, a mais de 100 milhas ao sul do Oceano Ártico. Mas por boa parte da era, de 3000 a 9000 anos atrás, a floresta se estendia até o mar.
As temperaturas no verão – as mesmas que derretem o gelo da Groenlândia – são o que determinam até que ponto as árvores avançam. MacDonald concluiu que "na maior parte do norte da Eurásia (durante aquele período), os verões devem ter sido de 0,9 a 2,52°C mais quentes que hoje."
Além disso, os autores escreveram que a único fator que possibilitou a ocorrência de tal fenômeno foi a enorme incursão de águas quentes, vindas da Corrente do Golfo, no Oceano Ártico. E como essa água chega lá? Passando entre a Groenlândia e a Europa. É o único meio.
Assim, a Groenlândia deve ser sido, por seis milênios, muito mais quente do que é agora. Novamente, onde estão os registros de um aumento sem precedentes no nível do mar? Não há nenhum; porque não aconteceram. Os níveis do mar subiram, de certa forma, até onde estão hoje.
Um silêncio ensurdecedor
A verdadeira história da Groenlândia esclarece uma coisa: não há emergência climática e, assim, não há necessidade de criarmos leis com regulações draconianas do uso de energia que afetariam dramaticamente quase todos os aspectos de nossas vidas. Além disso, ninguém demonstrou ainda que temos condições de reduzir as emissões de dióxido de carbono à quantidade necessária para evitar substancialmente um futuro aquecimento da Groenlândia.
E se não há nada a fazer, por que então nos importarmos? Simbolismo custa dinheiro e gasta capital que poderia ser usado no futuro para investimento em tecnologias energéticas reais, ainda que hoje desconhecidas.
Se Pelosi quer fazer alguma coisa a respeito do clima na Terra, empurrar o mundo em direção a uma política falha, baseada em informações científicas duvidosas, é a pior coisa a ser feita.
Comentário do Cavaleiro do Templo: para complementar, baixem e assistam este documentário abaixo.
Patrick J. Michaels é senior fellow de Estudos Ambientais do Cato Institute.
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