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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Preocupações com as iniciativas "verdes"

Do portal OrdemLivre.org
Por Donald Boudreaux

Karol, minha esposa, compartilha meu profundo apreço pela criatividade das pessoas quando elas podem agir em mercados livres, bem como meu ceticismo em relação à política. Concordamos em quase tudo.

Apesar disso, em algumas questões nós divergimos – não fundamentalmente, mas por uma questão de ênfase ou, talvez, apenas por questão de gosto.

Karol aplaude as ações privadas para encorajar os consumidores a “serem verdes”. Eu, por outro lado, desconfio da maioria desses esforços. Não que eu prefira as ações políticas. Pelo contrário. Se algumas mães de diferentes partes do país sentem a necessidade de “fazer algo pelo meio ambiente,” eu preferiria que elas fizessem algo voluntariamente – como comprar sacolas reutilizáveis – ao invés de ser forçadas pelo governo. Sem a força governamental, aqueles dentre nós que não estão interessados em demonstrar suas credenciais verdes estariam livres para seguir suas vidas. O que é sempre bom.

Eu desconfio desses esforços por duas razões. A primeira é idêntica à razão pela qual eu fico insatisfeito ao pensar que as pessoas voluntariamente compram livros que ensinam como enriquecer rapidamente ou como perder peso durante o sono. Embora eu não deseje usar a força para evitar que adultos gastem seu dinheiro em tais produtos, ainda assim, essas coisas são uma fraude. Os fornecedores desses produtos aproveitam-se da credulidade dos consumidores.

E o mesmo acontece com as várias propostas de como “valorizarmos o verde”. Por exemplo, pense nos avisos a respeito o uso de copos de vidro ao invés de copos de papel ou de isopor. A idéia é que a produção de copos de papel leva à derrubada de mais árvores, e que os copos de isopor causam a extração de mais petróleo. E essas atividades são consideradas “não-verdes”. Porém, a produção de copos de vidro necessita de um calor intenso – um requisito que consome recursos. E ainda, por serem mais pesados que copos descartáveis, os copos de vidro necessitam de uma quantidade maior de energia para serem transportados para o mercado. Finalmente, não podemos esquecer que a lavagem de copos de vidro também utiliza energia e água.

Agora, eu não faço a menor idéia se os copos descartáveis são melhores ou piores para o meio ambiente do que os copos de vidro – isso é o que eu quero dizer. A complexidade da nossa economia moderna é bem maior do que a maioria das pessoas pode imaginar. Como Milton Friedman (seguindo os passos de seu amigo Leonard Read, fundador da Foundation for Economic Education - FEE) explicou no seu famoso programa de TV “Free to Choose”, em 1979, ninguém sabe como fabricar um simples lápis comum.

A produção de cada lápis, no fim das contas, requer o conhecimento de como fazer serras mecânicas (para cortar as árvores), como extrair petróleo bruto (para alimentar as serras e os caminhões de entrega), como encontrar bauxita (para a fabricação da parte de alumínio que segura a borracha do lápis), como extrair grafite (para fazer a “ponta”) e, literalmente, milhões de outras tarefas necessárias para a produção do lápis que usamos em nosso dia a dia. Nenhuma pessoa ou comitê de pessoas poderia, nem de longe, tentar reunir e processar todo esse conhecimento. Os lápis são produzidos porque milhões de pessoas, cada uma com suas próprias habilidades e conhecimentos, são guiadas pelos sinais do mercado e contribuem para a fabricação dos lápis. Ninguém, entre as milhares de pessoas cujos esforços são necessários para a fabricação de um lápis, tem consciência que um dos resultados finais de seus esforços será um lápis.

Dada a enorme complexidade da economia, seria uma mentira qualquer pessoa insistir que, digamos, o uso de copos de vidro é melhor para a economia do que o uso de copos descartáveis (ou vice versa). O mesmo se aplica às várias iniciativas “verdes” famosas, como a reciclagem ou o uso de lâmpadas fluorescentes.

Dói ver tantas pessoas adotando ingenuamente a última moda “verde”, como se ela fosse baseada em estudos científicos e em dados suficientes.

Minha segunda razão para desconfiar até mesmo de iniciativas voluntárias é meu temor que elas alimentem o ambientalismo como religião. E uma religião ambientalista difundida ameaçaria se transformar em mais restrições, irracionais e destrutivas, à propriedade privada e ao livre mercado.

Exatamente porque ninguém que tome parte nas mais recentes iniciativas “verdes” privadas tem como saber se suas ações realmente ajudam o meio ambiente, o hábito da ação baseada no simbolismo vai-se tornando arraigado, em prejuízo da ciência (ou mesmo do senso comum). As pessoas se tornam seguras demais a respeito de suas crenças em relação às conseqüências de suas ações – seguras demais de que suas intenções são razão suficiente para agir dessa forma – sem nenhuma necessidade de verificar suas crenças à luz dos fatos.

Existem iniciativas verdes privadas que são válidas, como dirigir menos quando o preço da gasolina aumenta. Porém, quase todas as iniciativas que valem a pena são respostas às mudanças nos preços do mercado – preços que contêm informações de todos os lugares do planeta a respeito do estado objetivo do mundo. E agirmos baseados nessas informações é o melhor que podemos fazer.

(adendo C.T.) A bandeira verde, hoje, pode muitas vezes estar substituindo a falida bandeira vermelha.

Original em inglês.


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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".