Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A cortina de silêncio

Fonte: MÍDIA A MAIS
por Percival Puggina em 20 de outubro de 2009





Com apoio de uma grande mídia incapaz de ver a verdade ainda que ela lhe fosse pingada nos olhos como colírio, cerrou-se uma cortina de silêncio sobre o que aconteceu nos últimos 18 anos da vida política e econômica nacional. E uma espécie de Mal de Alzheimer instalou-se na memória do país, afetando a capacidade de análise. Tudo em perfeita cumplicidade com o estelionato através do qual Lula, ao esticar a mão para colher os frutos do laborioso plantio promovido por seus dois antecessores, assumiu como coisa sua o conjunto da obra.

Para que isso acontecesse, assim como os cãezinhos fazem com suas necessidades, Lula cuidou de jogar terra em cima das bobagens – digamos assim – que fez e disse contra todas as mudanças estruturais empreendidas nos governo de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. O modo como Lula enterrou 12 anos do trabalho planejado e executado pela devastadora máquina do petismo, foi de uma desfaçatez inominável: "a gente, na oposição faz muita bravata"... Pronto! Toda a injúria, toda a irresponsabilidade, todo o malefício que foi gerado e que tanto atrapalhou a vida de quem governava, fica do tamanho de uma bravata, ganha a rápida indulgência plenária e tudo segue conforme concebido nos salões do poder.


Em sucessivos debates em rádio e tevê tenho desafiado o lulopetismo a apontar uma única iniciativa pessoal de Lula à qual se possa atribuir a estabilidade da economia brasileira e sua trajetória superior às expectativas durante a atual turbulência da economia mundial. Não há uma só! Nada! O lulopetismo sabe que essa estabilidade se deve a um conjunto de significativas providências de natureza estrutural, adotadas e preservadas teimosamente, a despeito do constante ataque da artilharia retórica e publicitária do lulopetismo. Foram oito essas medidas saneadoras:

1) o Plano Real, ao qual o lulopetismo se opôs vigorosamente;

2) a abertura da economia brasileira, à qual o lulopetismo denominava "globalização neoliberal";

3) o fim do protecionismo à indústria nacional, que o lulopetismo chamava de "entrega da nossa indústria às multinacionais";

4) o Proer, que deu solidez ao sistema bancário nacional e criou severos mecanismos de fiscalização que impediram a reprodução, n o Brasil, dos financiamentos tipo subprime (a esse Proer o lulopetismo acusava de "dar dinheiro do povo para banqueiro");

5) o cumprimento das nossas obrigações com os credores internacionais, prática responsável, contra a qual o lulopetismo se opunha ferozmente e que Lula chamava de "dar aos ricos o dinheiro dos pobres”, ou de “pagar a dívida com o sangue do povo", prejudicando a imagem do país, ampliando o “Risco Brasil” e onerando a nossa dívida;

6) a geração de superávit fiscal, que o lulopetismo combatia, afirmando tratar-se de "guardar dinheiro para dar ao FMI enquanto o povo passa fome”;

7) a primeira reforma da previdência, que o lulopetismo oposicionista combateu como um leão e que o Lula presidente já teve 2320 dias para mudar e não mudou;

8) o apoio dado à agricultura empresarial, que duplicou a produção nacional de grãos, fazendo com que ela salta sse das 70 milhões de toneladas nas quais estava estagnada havia mais de uma década para 130 milhões de toneladas (a isso o lulopetismo chamava "modelo agrícola exportador, que desemprega e não produz alimentos", embora seja exatamente daí que vem quase todo o lastro de nossas atuais divisas).



Tenho certeza de que os lulopetistas lêem essa lista sem nenhum constrangimento. Depois, olham-se do espelho e gostam do que vêem. Ainda que essa lista lhes traga à memória antigas passeatas, surradas páginas da velha cartilha e muito xingatório desfechado contra a “direita neoliberal”, ainda que ela explicite objetos de seus ódios ancestrais e malquerenças que semearam durante anos a fio, tudo se p assa como se não fosse coisa deles nem com eles. O inteiro receituário contido nessa lista, em relação ao qual Lula presidente não ousou mexer numa vírgula, evadiu-se da memória nacional como coisa irrelevante.

O Brasil vai bem por causa de Lula e do PT e só por causa de Lula e do PT. Vai bem assim, na base da pessoa física do presidente e da pessoa jurídica do partido. Eles teriam o poder de fazer com que as coisas ocorram imotivadamente, tendo o nada como matéria-prima, mais ou menos com o Senhor fez o universo sobre as trevas do abismo.


É bom observar que esses bons resultados estão sendo aproveitados por Lula de modo irresponsável, expandindo excessivamente o gasto público, passa ndo para 37 o número ministérios (os Estados Unidos têm 16), ampliando em mais de 50 mil o contingente de servidores públicos, adquirindo uma nada urgente parafernália militar, enredando-nos com o enorme compromisso da realização dos jogos olímpicos de 2016, gastando em inomináveis mordomias e por aí vai. Como consequência dessa gastança, o governo chegou ao inédito anúncio de que não tinha recursos para continuar devolvendo neste exercício o Imposto de Renda cobrado a mais dos contribuintes.


O círculo de proteção midiática, ideologicamente comprometido ou financeiramente cooptado, faz o jogo lulopetista. Aponta o milagre, mas o atribui ao santo errado. Escap a-lhe à atenção a lei universal segundo a qual não há efeito sem causa. Esquece que as coisas começaram a melhorar, para o Brasil, a partir do ano de 2004. E que não há mágica em matéria de economia. Se alguma iniciativa do governo Lula, tomada em 2003, teve a capacidade de produzir um ciclo virtuoso de desenvolvimento nacional a partir do ano seguinte, haveria um prêmio Nobel na prateleira do sábio de Garanhuns.


Da mesma forma como conseguiu espaço e apoio midiático para desqualificar seus antecessores, o lulopetismo no poder voltou-se para desqualificar moralmente seus opositores. Os rolos em que se meteram não têm agente conhecido nem partido envolvido. Lula, o PT e os lulope tistas sabem coisa alguma. Mas estão a par de tudo sobre a oposição.

Qualquer brasileiro, minimamente informado, sabe que Lula se relaciona, paparica, protege, elogia e vive cercado pela pior espécie de picaretas que já surgiu na política brasileira. São picaretas que ele mesmo sempre definiu como tais. Mas hoje são amigos de copa e cozinha, servindo aos seus interesses e aos interesses do PT. Como são fraudulentos em suas indignações morais! Como são ridículos esses 80% dos brasileiros que se escandalizam perante quaisquer desvios de conduta e, nas pesquisas, apontam o Lula quando lhes perguntam quem é o cara!


Observe, por fim, o ódio do lulopetismo à oposição. É um ódio ideológico. É um ódio que se ouriça ante a menor ameaça à sua continuidade no poder. É inconcebível tamanha ira contra uma oposição inerte, insignificante e impotente. A oposição ao governo Lula é ridícula quando comparada a oposição que o PT faz onde quer que esteja fora do poder. E é absurdo que até esse pouco, muito pouco, quase nada incomode tanto o lulopetismo. A mais tímida manifestação oposicionista suscita uma raiva só comparável com a que eles mesmos cultivavam contra os governos aos quais se opunham. O lulopetismo mantém com a democracia uma relação sui generis.


Ao fim e ao cabo, os lulopetistas, na falta do que contar aos netos como iniciativa própria para a redenção da economia nacional das brumas dos anos 80 do século passado, plantam a ideia de que Lula ama os pobres e seus antecessores amavam os ricos. E essa seria a causa do ciclo positivo vivido pelo país. Ora, isso é falso sob o ponto de vista dos fatos e inconsistente sob o ponto de vista das relações de causa e efeito. Em raros momentos de nossa história os ricos do país andaram tão faceiros como agora.


Não, definitivamente, o Brasil não vai bem por causa do Bolsa-Família. O Brasil não trafega pela crise da economia mundial com certa desenvoltura por causa do Bolsa-Família. O Bolsa-Família é outra coisa. Como disse alguém, é apenas o maior programa de compra de votos do mundo. E eu acrescento que é a felicidade geral da nação: os ricos sempre gostaram de voto comprado e os pobres sempre gostaram de voto vendido.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".