ANO VIII - Nº 199 - 14/08/2009
ENTRE OS CITADOS - Assim como muitos brasileiros inconformados, também lamentei bastante por estar incluído entre aqueles que o presidente Lula, de forma inflamada, acusou de imbecis aqueles que criticam o programa assistencialista -Bolsa Família.
Ainda que aborrecido decidi que não deveria rebater a provocação no mesmo tom. Não seria educado. Mais: seria inadequado além de não acrescentar nada de positivo. E também não ajudaria a esclarecer coisa alguma.
BOLSA DESPERDÍCIO - Como hoje é sexta-feira, dia do Grupo Pensar Econômico se manifestar neste espaço, o melhor mesmo é tratar do Bolsa Família como ele merece ser tratado: com fatos reais e irrefutáveis.
Aliás, neste momento já não é mais preciso usar de projeções e/ou expectativas de desperdício a ser colhido no futuro. A verdade já está disponível para uma total compreensão do quanto representa o Bolsa Desperdício.
COM TODA A RAZÃO - Antes de expor o descalabro informo que o fato, por si só, faz com que Lula esteja totalmente correto na sua afirmação. Vocês vão dar razão a ele. Este entendimento adquiriu sentido absoluto depois de ouvir, alto e bom som, o que me contou ABERTAMENTE o diretor do Sinditêxtil, ontem, no almoço que participei na FIEC – Federação das Indústrias do Estado do Ceará. Vejam:
CURSO PARA 500 MULHERES - Como o setor têxtil é de vital importância para a economia do Ceará, a demanda por mão de obra na indústria têxtil é imensa e precisa ser constantemente formada e preparada. Diante disso, o Sinditêxtil fechou um acordo com o governo para coordenar um curso de formação de costureiras. O governo exigiu que o curso deveria atender a um grupo de 500 mulheres que recebem o Bolsa Família. De novo: só para aquelas que recebem o Bolsa Família.
ATRIBUIÇÕES - O importante acordo foi fechado dentro das seguintes atribuições: o governo entrou com o recurso; o Senai com a formação das costureiras, através de um curso de 120 horas/aula; e, o Sinditêxtil com o compromisso de enviar o cadastro das formandas às inúmeras indústrias do setor, que dariam emprego às novas costureiras. Pela carência de mão obra, a idéia não poderia ser melhor. Pois é.
ZERO DE CONTRATAÇÕES - Pois bem. O curso foi concluído recentemente e com isto os cadastros das costureiras formadas foram enviados para as empresas, que se prontificaram em fazer as contratações. E foi nessa hora que a porca torceu o rabo, gente. Anotem aí: o número de contratações foi ZERO. Entenderam bem? ZERO, gente.
Enquanto ouvia o relato, até imaginei que o número poderia ser baixo, mas o fato é que não houve uma contratação sequer. ZERO. Sem qualquer exagero. O motivo? Simples, embora triste e muito lamentável, como afirma com dó, o diretor do Sinditêxtil.
PARA SEMPRE - Todas as costureiras, por estarem incluídas no Bolsa Família, se negaram a trabalhar com carteira assinada. Para todas as 500 costureiras que fizeram o curso, o Bolsa Família é um beneficio que não pode ser perdido. É para sempre. Nenhuma admite perder o subsidio.
SEM NEGÓCIO - Repito: de forma uníssona, a condição imposta pelas 500 formandas é de que não se negocia a perda do Bolsa Família. Para trabalhar como costureira, só recebendo por fora, na informalidade. Como as empresas se negaram, nenhuma costureira foi aproveitada.
A RAZÃO DE LULA - O que sobrou nisso tudo? Muita coisa. O custo alto para formar as costureiras foi desperdiçado. E pelo que foi dito no ambiente da FIEC, casos idênticos do mesmo horror estão se multiplicando em vários setores. Considerando que a região nordeste do país contempla o maior número de beneficiados com o Bolsa Família, aí está a razão para sermos todos imbecis e idiotas. Lula tem razão. Toda razão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário