13/04/2011 às 07:12
SÃO PAULO - O massacre na escola Tasso da Silveira, em Realengo, reabriu o debate sobre a venda de armas de fogo no Brasil. Dados da Polícia Federal e do Ministério da Justiça mostram que a relação entre o número de armas legais e o número de assassinatos nos estados não é diretamente proporcional. Juntos, os estados do Acre, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e Mato Grosso respondem por 33% das armas registradas na Polícia Federal. No entanto, os cinco estados mais armados do país têm apenas 9% dos homicídios do país, segundo o Mapa da Violência 2011. Os dados referem-se ao ano de 2008, o ano mais recente com as informações de mortalidade disponíveis.
Já nos cinco estados com menor número de armas legais, segundo os registros da Polícia Federal, os números são inversos. Pernambuco, Bahia, Ceará, Sergipe e Maranhão detêm 6% das armas legais e com registros ativos na Polícia Federal, mas respondem por 26% do total de mortes registradas em 2008. A conclusão, segundo especialistas, é que a maioria dos assassinatos no Brasil ocorre com uso de armas de fogo ilegais. O registro e controle das armas de fogo é uma responsabilidade da Polícia Federal desde a implementação do Estatuto do Desarmamento.
O Mapa da Violência, uma publicação do Instituto Sangari e do Ministério da Justiça, mostra também o impacto dos homicídios no total de mortes registradas entre a população jovem, principal vítima da violência. Entre os estados mais armados, segundo o registro de armas legais, o índice de homicídio como causa de morte é sempre inferior à média nacional, de 39,7%. Já em Pernambuco, estado menos armado do Brasil, pelos números oficiais, os assassinatos são responsáveis por 57,7% das mortes registradas entre jovens.
Para o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, coordenador do Mapa da Violência, essa relação entre números de armas legais em circulação e número de homicídios não é perceptível nos estados porque não se leva em conta o total de armas ilegais em circulação. As estimativas apontam que existem 7,6 milhões de armas ilegais em todo o país.
De acordo com Jacobo, também é preciso levar em conta as realidades sociais e econômicas de cada estado.
- Estados do Sul como Santa Catarina e Rio Grande têm indicadores bem melhores do que a média nacional. Isso se reflete nos dados de violência.
Veja os dados:
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