Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2009
Moscou - Por uma década, o acadêmico russo Igor Panarin [3] tem previsto que os EUA vão se esfacelar em 2010. Durante quase esse tempo todo, ele admite, poucos levaram seu argumento - que um colapso econômico e moral vai desencadear uma guerra civil e eventual destruição dos EUA - a sério. Agora ele encontrou uma forte audiência: a mídia estatal russa.
Nas últimas semanas, ele tem sido entrevistado quase duas vezes por dia sobre sua previsão. "É um recorde," diz o professor Panarin. "Mas eu acho que a atenção vai crescer cada vez mais."
Professor Panarin, 50 anos de idade, não é uma figura desconhecida. Um ex-analista da KGB, ele é reitor da Academia do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros para futuros diplomatas. Ele é convidado para recepções no Kremlin, palestra para estudantes, publica livros, e aparece na mídia como um perito em relações entre Rússia e EUA.
Mas é sua previsão sinistra para os EUA que é música para os ouvidos do Kremlin, que nos últimos anos tem culpado Washington por tudo, desde a instabilidade no Oriente Médio até a crise financeira mundial. A visão de Panarin também encaixa perfeitamente com a narrativa do Kremlin que a Rússia está retornando ao seu correto lugar no cenário mundial depois das trevas da década de 1990, quando muitos temeram na quebra do país economica e politicamente e sua posterior divisão em vários territórios.
Um homem educado e agradável com corte de cabelo militar (curto), Sr. Panarin insiste que ele não desgosta dos americanos. Mas ele alerta que a previsão para eles é tenebrosa.
"Existe hoje uma chance de 45-55% que a desintegração ocorrerá," ele diz. "Alguém poderia regozijar com esse processo," ele adiciona, indiferente. "Mas se estamos falando razoavelmente, não é o melhor cenário - para a Rússia." Mesmo que a Rússia se tornasse poderosa no nível mundial, ele diz, sua economia sofreria, pois ela depende fortemente hoje em dia do dólar e das transações com os EUA.
O Sr. Panarin apresenta, resumindo, que a imigração em massa, o declínio econômico, e a degradação moral vai desencadear uma guerra civil no próximo outono e o colapso do dólar. Mais ou menos em fins de Junho de 2010, ou no início de Julho, ele diz, os EUA irão partir-se em seis pedaços - com o controle do Alasca vindo para a Rússia.
Além da crescente cobertura da mídia estatal, que é fortemente controlado pelo Kremlin, as idéias de Panarin estão agora sendo amplamente discutidas entre os especialistas locais. Ele apresentou sua teoria em uma recente mesa redonda em uma discussão no Ministério do Exterior. A melhor escola de relações esteriores do país o apresentou como palestrante principal. Durante uma aparição no canal de tevê estatal Rossiya, a estação alternava entre seus comentários e filmagens de filas em restaurantes populares e massas de mendigos nos EUA. O professor também tem sido exibido no canal de propaganda de língua americana do Kremlin, "Russian Today".
A visão apocalíptica de Panarin "reflete um alto nível de anti-Americanismo na Rússia atual." diz Vladimir Pozner, um eminente jornalista de televisão na Rússia. "É muito maior do que era na União Soviética."
Pozner e outros comentadores e especialistas sobre os EUA desacreditam as previsões de Panarin. "Idéias malucas não são geralmente discutidas por pessoas sérias," diz Sergei Rogov, diretor do "Institute for U.S. and Canadian Studies"(Instituto para estudos sobre os EUA e Canadá) gerido pelo governo, que pensa que as teorias de Panarin não se sustentam.
O currículo de Panarin inclui muitos anos de experiência na KGB soviética, uma experiência compartilhada por outros altos oficiais russos. Seu escritório, no centro de Moscou, mostra seu orgulho patriótico, com bandeiras na parede sustentando o emblema da FSB, a agência sucessora da KGB. Também está cheio de estátuas de águias; uma águia com cabeça dupla era o símbolo da Rússia Czarista.
O professor diz que ele iniciou sua carreira na KGB em 1976. Na Rússia pós-Soviética, ele ganhou um doutorado em ciência política, estudou economia americana, e trabalhou para a FAPSI (Federal Agency of Government Communications and Information) (Agência Federal de Informação e Comunicação Governamental), então a equivalente russa da "Nationa Security Agency" (NSA) americana. Ele diz que fazia previsões estratégicas para o então presidente Boris Yeltsin, adicionando que os detalhes são "secretos."
Em Setembro de 1998, ele compareceu a uma conferência em Linz, Aústria, voltada para informações militares, o uso de dados para ter vantagem sobre o inimigo. Foi lá, em frente a 400 delegados membros, que ele apresentou pela primeira vez sua teoria sobre o colapso dos EUA em 2010.
"Quando eu apertei o botão no meu computador e o mapa dos EUA desintegrou, centenas de pessoas ficaram estupefatas," ele relembra. Ele disse que a maioria da audiência era cética. "Eles não acreditaram em mim."
Ao final da minha apresentação, ele diz que muitos delegados pediram para que ele autografasse cópias do mapa mostrando os EUA desmembrado.
Ele baseou sua previsão em material secreto fornecido para ele pelos analistas da FAPSI, ele diz. Ele prediz que tendências econômicas, financeiras e demográficas vão provocar uma crise social e política nos EUA. Quando a coisa ficar realmente feita, ele diz, os Estados mais ricos vão retirar seus fundos do governo federal e efetivamente romper com a união. Agitação social e até uma guerra civil vai vir. Os EUA então vão se separar entre linhas étnicas, e governos estrangeiros vão invadir.
A California formará um núcleo do que ele chama "A República da Califórnia," e será parte da China ou sobre influência chinesa. Texas será o coração da "República do Texas," um grupo de estados que ou vão cair sobre domínio mexicano ou cairão sofre influência do México. Washington D.C., e Nova York serão parte da "América Atlântica" que pode vir a se unir com a União Européia. Canada pegará um grupo dos estados do nordeste que Panarin chama de "A República Central Norte-Americana." Havaí, ele sugere, será um protetorado do Japão ou da China, e o Alaska vai ser englobado pela Rússia.
"Seria razoável para a Rússia ficar com o Alasca; ele foi parte do Império Russo por um longo tempo." Uma imagem de satélite enquadrando o Estreito de Bering que separa o Alasca da Rússia como um fio está pendurado na parede de seu escritório. "Não está aí sem razão," ele diz com um sorriso cínico.
O interesse em sua previsão reacendeu nesse outono quando ele publicou um artigo na Izvestia, um dos maiores jornais diários nacionais da Rússia. Nele, ele reiterou sua teoria, chamando a dívida externa americana "um esquema em pirâmide," e previu que a China e a Rússia usurparão o papel de Washington como um regulador financeiro global.
Os americanos esperam que o presidente eleito Barack Obama "pode fazer milagres," ele escreveu. "Mas quando a primavera vir, estará claro que não haverá milagres."
O artigo trouxe uma questão sobre sobre a reação da Casa Branca sobre a previsão de Panarin veiculado na conferência de notícias de Dezembro. "Eu terei que recusar a comentar," a porta-voz Dana Perino disse entre muitos risos.
Para o Professor Panarin, a resposta da Sra. Perino foi insignificante. "A forma que a resposta foi dada é uma indicação de que minha visão está sendo ouvida muito atentamente," ele diz.
O professor diz que está convencido que as pessoas estão levando sua teoria mais à sério. Pessoas como ele previram cataclismas similares antes, ele diz, e estavam certas. Ele cita o cientista político francês Emmanuel Todd. O Sr. Todd é famoso por ter previsto acertadamente a queda da União Soviética - com 15 anos de antecedência. "Quando ele previu o colapso da União Soviética em 1976, as pessoas riram dele," diz o professor Panarin.
Nas últimas semanas, ele tem sido entrevistado quase duas vezes por dia sobre sua previsão. "É um recorde," diz o professor Panarin. "Mas eu acho que a atenção vai crescer cada vez mais."
Professor Panarin, 50 anos de idade, não é uma figura desconhecida. Um ex-analista da KGB, ele é reitor da Academia do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros para futuros diplomatas. Ele é convidado para recepções no Kremlin, palestra para estudantes, publica livros, e aparece na mídia como um perito em relações entre Rússia e EUA.
Mas é sua previsão sinistra para os EUA que é música para os ouvidos do Kremlin, que nos últimos anos tem culpado Washington por tudo, desde a instabilidade no Oriente Médio até a crise financeira mundial. A visão de Panarin também encaixa perfeitamente com a narrativa do Kremlin que a Rússia está retornando ao seu correto lugar no cenário mundial depois das trevas da década de 1990, quando muitos temeram na quebra do país economica e politicamente e sua posterior divisão em vários territórios.
Um homem educado e agradável com corte de cabelo militar (curto), Sr. Panarin insiste que ele não desgosta dos americanos. Mas ele alerta que a previsão para eles é tenebrosa.
"Existe hoje uma chance de 45-55% que a desintegração ocorrerá," ele diz. "Alguém poderia regozijar com esse processo," ele adiciona, indiferente. "Mas se estamos falando razoavelmente, não é o melhor cenário - para a Rússia." Mesmo que a Rússia se tornasse poderosa no nível mundial, ele diz, sua economia sofreria, pois ela depende fortemente hoje em dia do dólar e das transações com os EUA.
O Sr. Panarin apresenta, resumindo, que a imigração em massa, o declínio econômico, e a degradação moral vai desencadear uma guerra civil no próximo outono e o colapso do dólar. Mais ou menos em fins de Junho de 2010, ou no início de Julho, ele diz, os EUA irão partir-se em seis pedaços - com o controle do Alasca vindo para a Rússia.
Além da crescente cobertura da mídia estatal, que é fortemente controlado pelo Kremlin, as idéias de Panarin estão agora sendo amplamente discutidas entre os especialistas locais. Ele apresentou sua teoria em uma recente mesa redonda em uma discussão no Ministério do Exterior. A melhor escola de relações esteriores do país o apresentou como palestrante principal. Durante uma aparição no canal de tevê estatal Rossiya, a estação alternava entre seus comentários e filmagens de filas em restaurantes populares e massas de mendigos nos EUA. O professor também tem sido exibido no canal de propaganda de língua americana do Kremlin, "Russian Today".
A visão apocalíptica de Panarin "reflete um alto nível de anti-Americanismo na Rússia atual." diz Vladimir Pozner, um eminente jornalista de televisão na Rússia. "É muito maior do que era na União Soviética."
Pozner e outros comentadores e especialistas sobre os EUA desacreditam as previsões de Panarin. "Idéias malucas não são geralmente discutidas por pessoas sérias," diz Sergei Rogov, diretor do "Institute for U.S. and Canadian Studies"(Instituto para estudos sobre os EUA e Canadá) gerido pelo governo, que pensa que as teorias de Panarin não se sustentam.
O currículo de Panarin inclui muitos anos de experiência na KGB soviética, uma experiência compartilhada por outros altos oficiais russos. Seu escritório, no centro de Moscou, mostra seu orgulho patriótico, com bandeiras na parede sustentando o emblema da FSB, a agência sucessora da KGB. Também está cheio de estátuas de águias; uma águia com cabeça dupla era o símbolo da Rússia Czarista.
O professor diz que ele iniciou sua carreira na KGB em 1976. Na Rússia pós-Soviética, ele ganhou um doutorado em ciência política, estudou economia americana, e trabalhou para a FAPSI (Federal Agency of Government Communications and Information) (Agência Federal de Informação e Comunicação Governamental), então a equivalente russa da "Nationa Security Agency" (NSA) americana. Ele diz que fazia previsões estratégicas para o então presidente Boris Yeltsin, adicionando que os detalhes são "secretos."
Em Setembro de 1998, ele compareceu a uma conferência em Linz, Aústria, voltada para informações militares, o uso de dados para ter vantagem sobre o inimigo. Foi lá, em frente a 400 delegados membros, que ele apresentou pela primeira vez sua teoria sobre o colapso dos EUA em 2010.
"Quando eu apertei o botão no meu computador e o mapa dos EUA desintegrou, centenas de pessoas ficaram estupefatas," ele relembra. Ele disse que a maioria da audiência era cética. "Eles não acreditaram em mim."
Ao final da minha apresentação, ele diz que muitos delegados pediram para que ele autografasse cópias do mapa mostrando os EUA desmembrado.
Ele baseou sua previsão em material secreto fornecido para ele pelos analistas da FAPSI, ele diz. Ele prediz que tendências econômicas, financeiras e demográficas vão provocar uma crise social e política nos EUA. Quando a coisa ficar realmente feita, ele diz, os Estados mais ricos vão retirar seus fundos do governo federal e efetivamente romper com a união. Agitação social e até uma guerra civil vai vir. Os EUA então vão se separar entre linhas étnicas, e governos estrangeiros vão invadir.
A California formará um núcleo do que ele chama "A República da Califórnia," e será parte da China ou sobre influência chinesa. Texas será o coração da "República do Texas," um grupo de estados que ou vão cair sobre domínio mexicano ou cairão sofre influência do México. Washington D.C., e Nova York serão parte da "América Atlântica" que pode vir a se unir com a União Européia. Canada pegará um grupo dos estados do nordeste que Panarin chama de "A República Central Norte-Americana." Havaí, ele sugere, será um protetorado do Japão ou da China, e o Alaska vai ser englobado pela Rússia.
"Seria razoável para a Rússia ficar com o Alasca; ele foi parte do Império Russo por um longo tempo." Uma imagem de satélite enquadrando o Estreito de Bering que separa o Alasca da Rússia como um fio está pendurado na parede de seu escritório. "Não está aí sem razão," ele diz com um sorriso cínico.
O interesse em sua previsão reacendeu nesse outono quando ele publicou um artigo na Izvestia, um dos maiores jornais diários nacionais da Rússia. Nele, ele reiterou sua teoria, chamando a dívida externa americana "um esquema em pirâmide," e previu que a China e a Rússia usurparão o papel de Washington como um regulador financeiro global.
Os americanos esperam que o presidente eleito Barack Obama "pode fazer milagres," ele escreveu. "Mas quando a primavera vir, estará claro que não haverá milagres."
O artigo trouxe uma questão sobre sobre a reação da Casa Branca sobre a previsão de Panarin veiculado na conferência de notícias de Dezembro. "Eu terei que recusar a comentar," a porta-voz Dana Perino disse entre muitos risos.
Para o Professor Panarin, a resposta da Sra. Perino foi insignificante. "A forma que a resposta foi dada é uma indicação de que minha visão está sendo ouvida muito atentamente," ele diz.
O professor diz que está convencido que as pessoas estão levando sua teoria mais à sério. Pessoas como ele previram cataclismas similares antes, ele diz, e estavam certas. Ele cita o cientista político francês Emmanuel Todd. O Sr. Todd é famoso por ter previsto acertadamente a queda da União Soviética - com 15 anos de antecedência. "Quando ele previu o colapso da União Soviética em 1976, as pessoas riram dele," diz o professor Panarin.
Um comentário:
Cavaleiro, tenho lido esa teoria já há algum tempo e acredito que, exageros e contra-informações à parte, ela sejaz em parte verdadeira.
Aliás, creio que é para isso mesmo que veio Obama. A bancarrota do mundo livre não é so no Brasil. Não temos mais para onde ir, se é que alguém desejasse ir para algum lugar.
O pior é que as moedas tendem a perder parâmetros de valor. E aí se cumpre a outra parte da consequência disso tudo que é nos matar a todos de fome.
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