Do site do PADRE PAULO RICARDO
Tradução de Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior
Fonte: http://www.kirkcenter.org/kirk/ten-principles.html
Não sendo nem uma religião nem uma ideologia, o conjunto de opiniões designado como conservadorismo não possui nem uma Escritura Sagrada nem um Das Kapital que lhe forneça um dogma. Na medida em que seja possível determinar o que os conservadores crêem, os primeiros princípios do pensamento conservador provêm daquilo que professaram os principais escritores e homens públicos conservadores ao longo dos últimos dois séculos. Sendo assim, depois de algumas observações introdutórias a respeito deste tema geral, eu irei arrolar dez destes princípios conservadores.
Talvez seja mais apropriado, a maior parte das vezes, usar a palavra “conservador” principalmente como adjetivo. Já que não existe um Modelo Conservador, sendo o conservadorismo, na verdade, a negação da ideologia: trata-se de um estado da mente, de um tipo de caráter, de uma maneira de olhar para ordem social civil.
A atitude que nós chamamos de conservadorismo é sustentada por um conjunto de sentimentos, mais do que por um sistema de dogmas ideológicos. É quase verdade que um conservador pode ser definido como sendo a pessoa que se acha conservadora. O movimento ou o conjunto de opiniões conservadoras pode comportar uma diversidade considerável de visões a respeito de um número considerável de temas, não havendo nenhuma Lei do Teste (Test Act) ou Trinta e Nove Artigos (Thirty-Nine Articles) do credo conservador.
Em suma, uma pessoa conservadora é simplesmente uma pessoa que considera as coisas permanentes mais satisfatórias do que o “caos e a noite primitiva” . (Mesmo assim, os conservadores sabem, como Burke, que a saudável “mudança é o meio de nossa preservação”). A continuidade da experiência de um povo, diz o conservador, oferece uma direção muito melhor para a política do que os planos abstratos dos filósofos de botequim. Mas é claro que a convicção conservadora é muito mais do que esta simples atitude genérica.
Não é possível redigir um catálogo completo das convicções conservadoras; no entanto, ofereço aqui, de forma sumária, dez princípios gerais; tudo indica que se possa afirmar com segurança que a maioria dos conservadores subscreveria a maior parte destas máximas. Nas várias edições do meu livro The Conservative Mind, fiz uma lista de alguns cânones do pensamento conservador – a lista foi sendo levemente modificada de uma edição para a outra edição; em minha antologia The Portable Conservative Reader, ofereço algumas variações sobre este assunto. Agora, lhes apresento uma resenha dos pontos de vista conservadores que difere um pouco dos cânones que se encontram nestes meus dois livros. Por fim, as diferentes maneiras através das quais as opiniões conservadoras podem se expressar são, em si mesmas, uma prova de que o conservadorismo não é uma ideologia rígida. Os princípios específicos enfatizados pelos conservadores, em um dado período, variam de acordo com as circunstâncias e as necessidades daquela época. Os dez artigos de convicções abaixo refletem as ênfases dos conservadores americanos da atualidade.
Primeiro, um conservador crê que existe uma ordem moral duradoura.
Esta ordem é feita para o homem, e o homem é feito para ela: a natureza humana é uma constante e as verdades morais são permanentes.
Esta palavra ordem quer dizer harmonia. Há dois aspectos ou tipos de ordem: a ordem interior da alma e a ordem exterior do estado. Vinte e cinco séculos atrás, Platão ensinou esta doutrina, mas hoje em dia até as pessoas instruídas acham difícil de compreendê-la. O problema da ordem tem sido uma das principais preocupações dos conservadores desde que a palavra conservador se tornou um termo político.
O nosso mundo do século XX experimentou as terríveis conseqüências do colapso na crença em uma ordem moral. Assim como as atrocidades e os desastres da Grécia do V século a.C., a ruína das grandes nações, em nosso século, nos mostra o poço dentro do qual caem as sociedades que fazem confusão entre o interesse pessoal, ou engenhosos controles sociais, e as soluções satisfatórias da ordem moral tradicional.
Foi dito pelos intelectuais progressistas que os conservadores acreditam que todas as questões sociais, no fundo, são uma questão de moral pessoal. Se entendida corretamente esta afirmação é bastante verdadeira. Uma sociedade onde homens e mulheres são governados pela crença em uma ordem moral duradoura, por um forte sentido de certo e errado, por convicções pessoais sobre a justiça e a honra, será uma boa sociedade – não importa que mecanismo político se possa usar; enquanto se uma sociedade for composta de homens e mulheres moralmente à deriva, ignorantes das normas, e voltados primariamente para a gratificação de seus apetites, ela será sempre uma má sociedade – não importa o número de seus eleitores e não importa o quanto seja progressista sua constituição formal.
Segundo, o conservador adere ao costume, à convenção e à continuidade.
É o costume tradicional que permite que as pessoas vivam juntas pacificamente; os destruidores dos costumes demolem mais do que o que eles conhecem ou desejam. É através da convenção – uma palavra bastante mal empregada em nossos dias – que nós conseguimos evitar as eternas discussões sobre direitos e deveres: o Direito é fundamentalmente um conjunto de convenções. Continuidade é uma forma de atar uma geração com a outra; isto é tão importante para a sociedade com o é para o indivíduo; sem isto a vida seria sem sentido. Revolucionários bem sucedidos conseguem apagar os antigos costumes, ridicularizar as velhas convenções e quebrar a continuidade das instituições sociais – motivo pelo qual, nos últimos tempos, eles têm descoberto a necessidade de estabelecer novos costumes, convenções e continuidade; mas este processo é lento e doloroso; e a nova ordem social que eventualmente emerge pode ser muito inferior à antiga ordem que os radicais derrubaram um seu zelo pelo Paraíso Terrestre.
Os conservadores são defensores do costume, da convenção e da continuidade porque preferem o diabo conhecido ao diabo que não conhecem. Eles crêem que ordem, justiça e liberdade são produtos artificiais de uma longa experiência social, o resultado de séculos de tentativas, reflexão e sacrifício. Por isto, o organismo social é uma espécie de corporação espiritual, comparável à Igreja; pode até ser chamado de comunidade de almas. A sociedade humana não é uma máquina, para ser tratada mecanicamente. A continuidade, a seiva vital de uma sociedade não pode ser interronpida. A necessidade de uma mudança prudente, recordada por Burke, está na mente de um conservador. Mas a mudança necessária, redargúem os conservadores, deve ser gradual e descriminativa, nunca se desvencilhando de uma só vez dos antigos cuidados.
Terceiro, os conservadores acreditam no que se poderia chamar de princípio do preestabelecimento.
Os conservadores percebem que as pessoas atuais são anões nos ombros de gigantes, capazes de ver mais longe do que seus ancestrais apenas por causa da grande estatura dos que nos precederam no tempo. Por isto os conservadores com freqüência enfatizam a importância do preestabelecimento – ou seja, as coisas estabelecidas por costume imemorial, de cujo contrário não há memória de homem que se recorde. Há direitos cuja principal ratificação é a própria antiguidade – inclusive, com freqüência, direitos de propriedade. Da mesma forma a nossa moral é, em grande parte, preestabelecida. Os conservadores argumentam que seja improvável que nós modernos façamos alguma grande descoberta em termos de moral, de política ou de bom gosto. É perigoso avaliar cada tema eventual tendo como base o julgamento pessoal e a racionalidade pessoal. O indivíduo é tolo, mas a espécie é sábia, declarou Burke. Na política nós agimos bem se observarmos o precedente, o preestabelecido e até o preconceito, porque a grande e misteriosa incorporação da raça humana adquiriu uma sabedoria prescritiva muito maior do que a mesquinha racionalidade privada de uma pessoa.
Quarto, os conservadores são guiados pelo princípio da prudência.
Burke concorda com Platão que entre os estadistas a prudência é a primeira das virtudes. Toda medida política deveria ser medida a partir das prováveis conseqüências de longo prazo, não apenas pela vantagem temporária e pela popularidade. Os progressistas e os radicais, dizem os conservadores, são imprudentes: porque eles se lançam aos seus objetivos sem dar muita importância ao risco de novos abusos, piores do que os males que esperam varrer. Com diz John Randolph of Roanoke, a Providência se move devagar, mas o demônio está sempre com pressa. Sendo a sociedade humana complexa, os remédios não podem ser simples, se desejam ser eficazes. O conservador afirma que só agirá depois de uma reflexão adequada, tendo pesado as conseqüências. Reformas repentinas e incisivas são tão perigosas quanto as cirurgias repentinas e incisivas.
Quinto, os conservadores prestam atenção no princípio da variedade.
Eles gostam do crescente emaranhado de instituições sociais e dos modos de vida tradicionais, e isto os diferencia da uniformidade estreita e do igualitarismo entorpecente dos sistemas radicais. Em qualquer civilização, para que seja preservada uma diversidade sadia, devem sobreviver ordens e classes, diferenças em condições matérias e várias formas de desigualdade. As únicas formas verdadeiras de igualdade são a igualdade do Juízo Final e a igualdade diante do tribunal de justiça; todas as outras tentativas de nivelamento irão conduzir, na melhor das hipóteses, à estagnação social. Uma sociedade precisa de liderança honesta e capaz; e se as diferenças naturais e institucionais forem abolidas, algum tirano ou algum bando de oligarcas desprezíveis irá rapidamente criar novas formas de desigualdade.
Sexto, os conservadores são refreados pelo princípio da imperfectibilidade.
A natureza humana sofre irremediavelmente de certas falhas graves, bem conhecidas pelos conservadores. Sendo o homem imperfeito, nenhuma ordem social perfeita poderá jamais ser criada. Por causa da inquietação humana, a humanidade tornar-se-ia rebelde sob qualquer dominação utópica e se desmantelaria, mais uma vez, em violento desencontro – ou então morreria de tédio. Buscar a utopia é terminar num desastre, dizem os conservadores: nós não somos capazes de coisas perfeitas. Tudo o que podemos esperar razoavelmente é uma sociedade que seja sofrivelmente ordenada, justa e livre, na qual alguns males, desajustes e desprazeres continuarão a se esconder. Dando a devida atenção à prudente reforma, podemos preservar e aperfeiçoar esta ordem sofrível. Mas se os baluartes tradicionais de instituição e moralidade de uma nação forem negligenciados, se dá largas ao impulso anárquico que está no ser humano: “afoga-se o ritual da inocência” . Os ideólogos que prometem a perfeição do homem e da sociedade transformaram boa parte do século XX em um inferno terrestre.
Sétimo, conservadores estão convencidos que liberdade e propriedade estão intimamente ligadas.
Separe a propriedade do domínio privado e Leviatã se tornará o mestre de tudo. Sobre o fundamento da propriedade privada, construíram-se grandes civilizações. Quanto mais se espalhar o domínio da propriedade privada, tanto mais a nação será estável e produtiva. Os conservadores defendem que o nivelamento econômico não é progresso econômico. Aquisição e gasto não são as finalidades principais da existência humana; mas deve-se desejar uma sólida base econômica para a pessoa, a família e o estado. Sir Henry Maine, em sua Village Communities, defende vigorosamente a causa da propriedade privada, como diferente da propriedade pública: “Ninguém pode ao mesmo tempo atacar a propriedade privada e dizer que aprecia a civilização. A história destas duas realidades não pode ser desintrincada”. Pois a instituição da propriedade privada tem sido um instrumento poderoso, ensinando a responsabilidade a homens e mulheres, dando motivos para a integridade, apoiando a cultura geral e elevando a humanidade acima do nível do mero trabalho pesado, proporcionando tempo livre para pensar e liberdade para agir. Ser capaz de guardar o fruto do próprio trabalho; ser capaz de ver o próprio trabalho transformado em algo de duradouro; ser capaz de deixar em herança a sua propriedade para sua posteridade; ser capaz de se erguer da condição natural da oprimente pobreza para a segurança de uma realização estável; ter algo que é realmente propriedade pessoal – estas são vantagens difíceis de refutar. O conservador reconhece que a posse de propriedade estabelece certos deveres do possuidor; ele reconhece com alegria estas obrigações morais e legais.
Oitavo, os conservadores promovem comunidades voluntárias, assim como se opõem ao coletivismo involuntário.
Embora os americanos tenham se apegado vigorosamente aos direitos privados e de privacidade, também têm sido um povo conhecido por seu bem sucedido espírito comunitário. Na verdadeira comunidade, as decisões que afetam de forma mais direta as vidas dos cidadãos são tomadas no âmbito local e de forma voluntária. Algumas destas função são desempenhadas por organismos políticos locais, outras por associações privadas: enquanto permanecem no âmbito local e são caracterizadas pelo comum acordo das pessoas envolvidas, elas constituem comunidades saudáveis. Mas quando as funções, quer por deficiência, quer por usurpação, passam para uma autoridade central, a comunidade se encontra em sério perigo. Se existe algo de benéfico ou prudente em uma democracia moderna, isto se dá através da volição cooperativa. Se, então, em nome de uma democracia abstrata, as funções da comunidade são transferidas para uma coordenação política distante, o governo verdadeiro, através do consentimento dos governados, cede lugar para um processo de padronização hostil à liberdade e à dignidade humanas.
Uma nação não é mais forte do que as numerosas pequenas comunidades pelas quais é composta. Uma administração central, ou um grupo seleto de administradores e servidores públicos, por mais bem intencionado e bem treinado que seja, não pode produzir justiça, prosperidade e tranqüilidade para uma massa de homens e mulheres privada de suas responsabilidades de outrora. Esta experiência já foi feita; e foi desastrosa. É a realização de nossos deveres em comunidade que nos ensina a prudência, a eficiência e a caridade.
Nono, o conservador percebe a necessidade de uma prudente contenção do poder e das paixões humanas.
Politicamente falando, poder é a capacidade de se fazer aquilo que se queira, a despeito da aspiração dos próprios companheiros. Um estado em que um indivíduo ou um pequeno grupo é capaz de dominar as aspirações de seus companheiros sem controles é um despotismo, quer seja monárquico, aristocrático ou democrático. Quando cada pessoa pretende ser um poder em si mesmo, então a sociedade se transforma numa anarquia. A anarquia nunca dura muito tempo, já que, sendo intolerável para todos e contrária ao fato irrefutável de que algumas pessoas são mais fortes e espertas do que seus próximos. À anarquia sucede a tirania ou a oligarquia, nas quais o poder é monopolizado por pouquíssimos.
O conservado se esforça por limitar e balancear o poder político para que não surjam nem a anarquia, nem a tirania. No entanto, em todas as épocas, homens e mulheres foram tentados a derrubar os limites colocados sobre o poder, a favor de um capricho temporário. É uma característica do radical que ele pense o poder como uma força para o bem – desde que o poder caia em suas mãos. Em nome da liberdade, os revolucionários franceses e russos aboliram os limites tradicionais ao poder; mas o poder não pode ser abolido; e ele sempre acha um jeito de terminar nas mãos de alguém. O poder que os revolucionários pensavam ser opressor nas mãos do antigo regime, tornou-se muitas vezes mais tirânico nas mãos dos novos mestres do estado.
Sabendo que a natureza humana é uma mistura do bem e do mal, o conservador não coloca sua confiança na mera benevolência. Restrições constitucionais, freios e contrapesos políticos (checks and balances), correta coerção das leis, a rede tradicional e intricada de contenções sobre a vontade e o apetite – tudo isto o conservador aprova como instrumento de liberdade e de ordem. Um governo justo mantém uma tensão saudável entre as reivindicações da autoridade e as reivindicações da liberdade.
Décimo, o pensador conservador compreende que a estabilidade e a mudança devem ser reconhecidas e reconciliadas em uma sociedade robusta.
O conservado não se opõe ao aprimoramento da sociedade, embora ele tenha suas dúvidas sobre a existência de qualquer força parecida com um místico Progresso, com P maiúsculo, em ação no mundo. Quando uma sociedade progride em alguns aspectos, geralmente ela está decaindo em outros. O conservador sabe que qualquer sociedade sadia é influenciada por duas forças, que Samuel Taylor Coleridge chamou de Conservação e Progressão (Permanence and Progression). A Conservação de uma sociedade é formada pelos interesses e convicções duradouros que nos dão estabilidade e continuidade; sem esta a Conservação as fontes do grande abismo se dissolvem, a sociedade resvala para a anarquia. A Progressão de uma sociedade é aquele espírito e conjunto de talentos que nos instiga a realizar uma prudente reforma e aperfeiçoamento; sem esta Progressão, um povo fica estagnado. Por isto o conservador inteligente se esforça por reconciliar as reivindicações da Conservação e as reivindicações da Progressão. Ele pensa que o progressista e o radical, cegos aos justos reclamos da Conservação, colocariam em perigo a herança que nos foi legada, num esforço de nos apressar na direção de um duvidoso Paraíso Terrestre. O conservador, em suma, é a favor de um razoável e moderado progresso; ele se opõe ao culto do Progresso, cujos devotos crêem que tudo o que é novo é necessariamente superior a tudo o que é velho.
O conservador raciocina que a mudança é essencial para um corpo social da mesma forma que o é para o corpo humano. Um corpo que deixou de se renovar, começou a morrer. Mas se este corpo deve ser vigoroso, a mudança deve acontecer de uma forma harmoniosa, adequando-se à forma e à natureza do corpo; do contrário a mudança produz um crescimento monstruoso, um câncer que devora o seu hospedeiro. O conservado cuida para que numa sociedade nada nunca seja completamente velho e que nada nunca seja completamente novo. Esta é a forma de conservar uma nação, da mesma forma que é o meio de conservar um organismo vivo. Quanta mudança seja necessária em uma sociedade, e que tipo de mudança, depende das circunstâncias de uma época e de uma nação.
* * *
Assim, este são os dez princípios que tiveram grande destaque durante os dois séculos do pensamento conservador moderno. Outros princípios de igual importância poderiam ter sido discutidos aqui: a compreensão conservadora de justiça, por exemplo, ou a visão conservadora de educação. Mas estes temas, com o tempo que passa, eu deverei deixar para a sua investigação pessoal.
Eric Voegelin costumava dizer que a grande linha de demarcação na política moderna não é a divisão entre progressistas de um lado e totalitários do outro. Não, de um lado da linha estão todos os homens e mulheres que imaginam que a ordem temporal é a única ordem e que as necessidades materiais são as únicas necessidades e que eles podem fazer o que quiserem do patrimônio da humanidade. No outro lado da linha estão todas as pessoas que reconhecem uma ordem moral duradoura no universo, uma natureza humana constante e deveres transcendentes para com a ordem espiritual e a ordem temporal.
Não demonstre medo diante de seus inimigos. Seja bravo e justo e Deus o amará. Diga sempre a verdade, mesmo que isso o leve à morte. Proteja os mais fracos e seja correto. Assim, você estará em paz com Deus e contigo.
Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Tem que avisar pro Fidel, pro Lula e pro Chávez que...
... o diretor de um hospital cubano ganha mais do que a enfermeira, segundo declaração dos mesmos. Não pode, tem que ter igualdade. Morte ao diretor do hospital, morte a qualquer um que ganhe mais do que o salário mínimo de lá, algo em torno dos US$ 20,00 mensais.
Ou será que em Cuba alguns são "mais iguais" que outros? Sei lá... A Forbes diz que Fidel é um dos caras mais ricos do mundo... Tem 5 vídeos da casa e da vida secreta dele que postei, quer ver? Clica aqui.
Ou será que em Cuba alguns são "mais iguais" que outros? Sei lá... A Forbes diz que Fidel é um dos caras mais ricos do mundo... Tem 5 vídeos da casa e da vida secreta dele que postei, quer ver? Clica aqui.
O programa econômico do PT
Do site do NIVALDO CORDEIRO em duas partes, links logo abaixo. São mais dois posts da série "imperdíveis".
Vou deixar vocês lerem um trecho, não vou postar tudo senão ficaria muito longo. Lá vai...
"... A leitura do conjunto dos documentos permite vislumbrar que a implantação das propostas pode jogar o Brasil em um conflito irreconciliável, algo próximo a uma guerra civil. O que o Partido dos Trabalhadores quer, na verdade, é implantar o socialismo de um golpe e isso só será possível através de métodos violentos, conforme fartamente documentado ao longo da história do socialismo.
Vou deixar vocês lerem um trecho, não vou postar tudo senão ficaria muito longo. Lá vai...
"... A leitura do conjunto dos documentos permite vislumbrar que a implantação das propostas pode jogar o Brasil em um conflito irreconciliável, algo próximo a uma guerra civil. O que o Partido dos Trabalhadores quer, na verdade, é implantar o socialismo de um golpe e isso só será possível através de métodos violentos, conforme fartamente documentado ao longo da história do socialismo.
A recente guinada pacifista e light do candidato do Partido, o chamado “Lulinha Paz e Amor”, não passa de uma jogada de marketing eleitoral muito bem sucedida. Ler os documentos é que revelará suas verdadeiras intenções. Para isso, peço-lhe sua paciência, caro leitor. Ir até o fim deste texto pode ser maçante, porém trata-se de uma tarefa bem esclarecedora. Ninguém poderá alegar que as lideranças do PT esconderam as suas reais intenções ..."
Links 1 e 2
150 anos de Freud - ou colocando o cara que se sentia "mais como um conquistador do que um homem de ciências" no seu devido lugar
Do site do NIVALDO CORDEIRO
Primeiro umas palavrinhas do Cavaleiro do Templo:
150 anos de Freud
07/05/2006
Pode-se questionar a obra de Freud de muitas formas, a começar pela discutível obtenção de resultados terapêuticos da psicanálise aplicada, pelos métodos de pesquisa que não resistem a um exame poperiano, pelos reducionismo absurdo à questão da sexualidade enquanto gênese do “mal estar da civilização”. Endosso todas essas críticas. Pode-se inclusive alargá-las na abordagem que ele fez do problema das religiões, algo inaceitável sob todos os aspectos, errada.
Ele tem, todavia grandes méritos. Além do notável escritor, Freud contribuiu decisivamente para a ciência da psicologia, trazendo-a para o centro dos debates. Entendo que Freud, o freudismo e as diversas psicologias dele derivadas refletem uma necessidade dos tempos. Freud foi a resposta da razão aos problemas da unilateralidade que o Ego alcançou com a modernidade, especialmente na sua dimensão filosófica. Com o trio Descarte, Kant e Nietzsche o Ego foi elevado ao centro criador da própria realidade, assassinando-se Deus no processo. No âmbito da ciência, as conquistas da astronomia, da física, da matemática e a teoria da evolução pareciam dar a certeza de que a mente era o centro de tudo e que a “hipótese de Deus” era uma relíquia bárbara de povos incultos. Destruiu-se assim a metafísica, todo o saber acumulado por milênios por homens extraordinários foi declarado falso.
O filho do Homem passou a ser o demiurgo solitário a comandar a própria realidade, a literalmente criá-la. O despertar de cada dia passou a ser uma recriação contínua das coisas na cabeça desses homens arrogantes, para quem o Universo era mental. Penso, logo tudo existe foi o reducionismo absurdo contra o qual Freud sublevou-se. Do suposto Universo mental adveio o relativismo moral, a falsificação do direto natural, a contra-cultura da Nova Era, o relativismo do próprio saber. Afinal, o saber científico é, por definição, provisório e destinado a ser superado. E, pior, o projeto de aperfeiçoar a natureza humana pela engenharia social, de triste e macabra memória.
A sua abordagem propondo levar a sério a interpretação dos sonhos, à moda do Antigo Testamento, fez desmoronar as certezas todas. O filho do Homem, por Freud, descobriu que não era senhor de sua própria casa, que havia uma falha essencial ao alcance da observação direta de cada um, que ninguém havia levado em conta entre os modernos: o inconsciente. Mas Freud o postula tentando manter uma abordagem racionalista e cientificista e não notou que lutava precisamente contra essa unilateralidade dos tempos modernos. A palavra inconsciente (ou subconsciente, o que é ainda pior) é, ela mesma, uma forma de depreciar o desconhecido mais conhecido de todas os tempos, o elemento transcendente. Freud “descobriu” que boa parte da nossa vida é passada a dormir e os processos psíquicos continuam nesse estágio da vida, a despeito da morte aparente do Ego, que ressurge ao despertar. Provocou uma revolução epistemológica.
Mas há uma segunda coisa importante na obra de Freud. Ele descobriu que o Ego inflado precisava de terapia, que o filho do Homem estava mentalmente doente e era uma doença de toda a civilização. Também pudera, com a inflação desmedida a equipará-lo a Deus, fez-se necessário que alguém de gênio viesse dizer que havia algo escuro, elementar, irracional sobre o qual se assentava o Ego, de um lado, e, do outro, que havia a necessidade de se buscar um equilíbrio, uma ordem psíquica e que, para tal, o demiurgo orgulhoso deveria fazer uma confissão das suas faltas, deitar-se frágil no divã, entregar a alma – o Ego ele mesmo – a outrem para trazê-la de volta à realidade. Deitar-se no divã equivale a uma genuflexão dos tempos medievos no confessionário. É preciso dizer que Freud foi sensacional nesse intento e nos legou um caminho para a prática da mais difícil das virtudes, a humildade. Desde então as cabeças coroadas, os homens de ciência, as personalidades célebres tiveram um meio de descer de suas falsas alturas e enfrentar a pequeneza própria dos seres criados sem fazer o sacrifício de entrar em um templo religioso.
Mas foi um homem do seu tempo, tentando falar em linguagem científica para os cientistas. Vivia-se a plena ditadura dos laboratórios. A metafísica havia sido suplantada pela física, morreu. Filósofos haviam se rebaixados à condição de epistemólogos dos pesquisadores, especialmente dos físicos. Seu grande mérito não foi maior porque, voltando aos tempos dos profetas com as suas interpretações de sonhos, desconheceu que é sabedoria imemorial que esse é um dos caminhos pelo qual o Criador “conversa” com a criatura. Seu materialismo, seu desprezo ao religioso, seu repúdio ao judaísmo e às religiões em geral mostram a mais viva contradição que um homem de gênio poderia enfrentar. Deve ter sofrido muito, pois o abismo em que viveu deve ter sido insuportável. Ele fez o diagnóstico, apontou a falha essencial, soube retornar nos próprios passos da humanidade em busca do caminho. Mas, infelizmente, ficou prisioneiro dos preconceitos do seu tempo, que ajudou a combater, em paradoxo formidável.
Hoje é um dia especial. Que Deus o tenha.
Primeiro umas palavrinhas do Cavaleiro do Templo:
Quem está doente por achar-se o centro do Universo (ou seja aqueles(as) que olham no espelho, vêem rugas e caem em desespero, olham para a bunda (minha ex fazia isto e era psicóloga (!!!)) e entendem ser um desatre inominável ela estar "caindo", os que precisam ter 3 Ferraris na garagem para se sentirem machos reprodutores aptos a copularem com mulheres e por aí afora) não poderiam deixar de adorar Freud e seus discípulos como Lacan, o cara que "comia" mulheres casadas, fazendo filho com elas, inclusive. Afinal, pela primeira vez, a razão explicava tudo!!!
Olavo (de Carvalho) já disse que quando Aristóteles falava sobre alguma coisa, você podia ver que ele realmente vivia e fazia aquilo que ele falava. Ou seja, SUA VIDA EXPRESSAVA SUA CIÊNCIA. Lacan é adorado por muitos da área. Como pode? Digo, se você quer fazer alguma coisa contrária à ética ocidental, pelo menos faça em sigilo total. Evidentemente isto não melhora nada, talvez até piore pois à conduta é somada a mentira e falsidade. Falo em ética pois os profissionais da área dizem ser anti-ético ENVOLVEREM-SE EMOCIONALMENTE com seus "clientes". Mas comer poderia, então? Que p***a é esta???
Eu imagino Lacan, por exemplo, tentando ajudar algum paciente (vamos corrigir isto de uma vez: são CLIENTES os que deitam no divã e não PACIENTES) com problemas em casa, com a esposa ou o marido. O que um canalha como este diria para esta pessoa, se não tinha respeito (e não escondia isto, seus atos o denunciam) algum pela coisa chamada família?
Olavo (de Carvalho) já disse que quando Aristóteles falava sobre alguma coisa, você podia ver que ele realmente vivia e fazia aquilo que ele falava. Ou seja, SUA VIDA EXPRESSAVA SUA CIÊNCIA. Lacan é adorado por muitos da área. Como pode? Digo, se você quer fazer alguma coisa contrária à ética ocidental, pelo menos faça em sigilo total. Evidentemente isto não melhora nada, talvez até piore pois à conduta é somada a mentira e falsidade. Falo em ética pois os profissionais da área dizem ser anti-ético ENVOLVEREM-SE EMOCIONALMENTE com seus "clientes". Mas comer poderia, então? Que p***a é esta???
Eu imagino Lacan, por exemplo, tentando ajudar algum paciente (vamos corrigir isto de uma vez: são CLIENTES os que deitam no divã e não PACIENTES) com problemas em casa, com a esposa ou o marido. O que um canalha como este diria para esta pessoa, se não tinha respeito (e não escondia isto, seus atos o denunciam) algum pela coisa chamada família?
Olavo chama isto de paralaxe cognitiva. O sujeito fala uma coisa e faz outra que "mata" o que ele disse.
Daqui a pouco iremosa ao texto do Nivaldo. Adorei porque coloca o mané do Freud no seu devido lugar, bem abaixo do que ele achava que ocupava. Não que seja um idiota completo. Mas o cara se achava um conquistador... Eu entendo como conquistador aquele sujeito que, ao conquistar, impõe goela abaixo dos CONQUISTADOS o que ele acha certo.
Daqui a pouco iremosa ao texto do Nivaldo. Adorei porque coloca o mané do Freud no seu devido lugar, bem abaixo do que ele achava que ocupava. Não que seja um idiota completo. Mas o cara se achava um conquistador... Eu entendo como conquistador aquele sujeito que, ao conquistar, impõe goela abaixo dos CONQUISTADOS o que ele acha certo.
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150 anos de Freud
07/05/2006
Pode-se questionar a obra de Freud de muitas formas, a começar pela discutível obtenção de resultados terapêuticos da psicanálise aplicada, pelos métodos de pesquisa que não resistem a um exame poperiano, pelos reducionismo absurdo à questão da sexualidade enquanto gênese do “mal estar da civilização”. Endosso todas essas críticas. Pode-se inclusive alargá-las na abordagem que ele fez do problema das religiões, algo inaceitável sob todos os aspectos, errada.
Ele tem, todavia grandes méritos. Além do notável escritor, Freud contribuiu decisivamente para a ciência da psicologia, trazendo-a para o centro dos debates. Entendo que Freud, o freudismo e as diversas psicologias dele derivadas refletem uma necessidade dos tempos. Freud foi a resposta da razão aos problemas da unilateralidade que o Ego alcançou com a modernidade, especialmente na sua dimensão filosófica. Com o trio Descarte, Kant e Nietzsche o Ego foi elevado ao centro criador da própria realidade, assassinando-se Deus no processo. No âmbito da ciência, as conquistas da astronomia, da física, da matemática e a teoria da evolução pareciam dar a certeza de que a mente era o centro de tudo e que a “hipótese de Deus” era uma relíquia bárbara de povos incultos. Destruiu-se assim a metafísica, todo o saber acumulado por milênios por homens extraordinários foi declarado falso.
O filho do Homem passou a ser o demiurgo solitário a comandar a própria realidade, a literalmente criá-la. O despertar de cada dia passou a ser uma recriação contínua das coisas na cabeça desses homens arrogantes, para quem o Universo era mental. Penso, logo tudo existe foi o reducionismo absurdo contra o qual Freud sublevou-se. Do suposto Universo mental adveio o relativismo moral, a falsificação do direto natural, a contra-cultura da Nova Era, o relativismo do próprio saber. Afinal, o saber científico é, por definição, provisório e destinado a ser superado. E, pior, o projeto de aperfeiçoar a natureza humana pela engenharia social, de triste e macabra memória.
A sua abordagem propondo levar a sério a interpretação dos sonhos, à moda do Antigo Testamento, fez desmoronar as certezas todas. O filho do Homem, por Freud, descobriu que não era senhor de sua própria casa, que havia uma falha essencial ao alcance da observação direta de cada um, que ninguém havia levado em conta entre os modernos: o inconsciente. Mas Freud o postula tentando manter uma abordagem racionalista e cientificista e não notou que lutava precisamente contra essa unilateralidade dos tempos modernos. A palavra inconsciente (ou subconsciente, o que é ainda pior) é, ela mesma, uma forma de depreciar o desconhecido mais conhecido de todas os tempos, o elemento transcendente. Freud “descobriu” que boa parte da nossa vida é passada a dormir e os processos psíquicos continuam nesse estágio da vida, a despeito da morte aparente do Ego, que ressurge ao despertar. Provocou uma revolução epistemológica.
Mas há uma segunda coisa importante na obra de Freud. Ele descobriu que o Ego inflado precisava de terapia, que o filho do Homem estava mentalmente doente e era uma doença de toda a civilização. Também pudera, com a inflação desmedida a equipará-lo a Deus, fez-se necessário que alguém de gênio viesse dizer que havia algo escuro, elementar, irracional sobre o qual se assentava o Ego, de um lado, e, do outro, que havia a necessidade de se buscar um equilíbrio, uma ordem psíquica e que, para tal, o demiurgo orgulhoso deveria fazer uma confissão das suas faltas, deitar-se frágil no divã, entregar a alma – o Ego ele mesmo – a outrem para trazê-la de volta à realidade. Deitar-se no divã equivale a uma genuflexão dos tempos medievos no confessionário. É preciso dizer que Freud foi sensacional nesse intento e nos legou um caminho para a prática da mais difícil das virtudes, a humildade. Desde então as cabeças coroadas, os homens de ciência, as personalidades célebres tiveram um meio de descer de suas falsas alturas e enfrentar a pequeneza própria dos seres criados sem fazer o sacrifício de entrar em um templo religioso.
Mas foi um homem do seu tempo, tentando falar em linguagem científica para os cientistas. Vivia-se a plena ditadura dos laboratórios. A metafísica havia sido suplantada pela física, morreu. Filósofos haviam se rebaixados à condição de epistemólogos dos pesquisadores, especialmente dos físicos. Seu grande mérito não foi maior porque, voltando aos tempos dos profetas com as suas interpretações de sonhos, desconheceu que é sabedoria imemorial que esse é um dos caminhos pelo qual o Criador “conversa” com a criatura. Seu materialismo, seu desprezo ao religioso, seu repúdio ao judaísmo e às religiões em geral mostram a mais viva contradição que um homem de gênio poderia enfrentar. Deve ter sofrido muito, pois o abismo em que viveu deve ter sido insuportável. Ele fez o diagnóstico, apontou a falha essencial, soube retornar nos próprios passos da humanidade em busca do caminho. Mas, infelizmente, ficou prisioneiro dos preconceitos do seu tempo, que ajudou a combater, em paradoxo formidável.
Hoje é um dia especial. Que Deus o tenha.
Idiotas ou malvados?
Do blog MOVIMENTO ENDIREITAR
Escrito por Nivaldo Cordeiro em 22 de novembro de 2007
Fez muito sucesso a expressão cunhada por Mário Vargas Llosa para retratar a marcha do esquerdismo na América Latina, a do perfeito idiota latino-americano relatado em diversos dos seus livros. É uma expressão divertida, mas perigosa, porque mais esconde do que revela os reais fatos políticos da região. O duelo que é travado por aqui se estende aos limites transcendentes e uma simplificação do mesmo equivale a esconder a verdade e a fazer o jogo do Inimigo.
Certo, quando você vê um conjunto de idiotas carregando bandeiras do PT ou do partido do Chávez, ostentando botons nas lapelas e fazendo discurso em prol da suposta “justiça social” certamente você estará confrontado com um conjunto de perfeitos idiotas latino-americanos, iguais aos idiotas de outros continentes. Não há aqui na região peculiaridade alguma. São idiotas porque têm os predicados dos idiotas: são pessoas que carecem de inteligência e discernimento, são tolos e estúpidos. Piormente porque estão convencidos de que são portadores da mais alta moralidade e que são os campeões na defesa dos pobres e oprimidos, quando a realidade é precisamente o contrário. E ainda acharão que aqueles que não se juntam ao séqüito idiota dos comunistas é que são os tolos, na medida em que ficam excluídos das oportunidades materiais que só os militantes do partido dispõem, como empregos públicos rendosos, contratos de serviços com o Estado, verbas para ONGs e coisas do gêneros. Não percebem, os idiotas, que as benesses de agora serão tomadas e os bens mais preciosos lhes serão arrancados na primeira oportunidade, a começar pela liberdade e a vida.
Afinal, são idiotas ou não? Os idiotas são os militantes miúdos e inconscientes dispersos na multidão encharcada pela propaganda revolucionária, que nunca dispuseram de qualquer instrumento que lhes ajudassem a ter um descortino da realidade. Dito de outra forma, vivem, os idiotas, mergulhados na realidade virtual criada pelos falsos discursos e pela propaganda enganosa, que se inicia nos meios de comunicação, é aprofundada nas escolas fundamentais e de ensino médio e tem a sua conclusão coroada nas escolas de nível superior. O idiota é laureado com pompa e circunstância no reconhecimento pelo Estado de sua completa idiotice diplomada. Depois a propaganda continua a agir nos jornais, nos livros e nos discursos políticos, que os idiotas passam a repetir feitos papagaios.
Hoje em dia até mesmo denominações religiosas de seitas pentecostais, como a do Edir Macedo, foram recrutadas para fazer a propaganda enganosa da causa revolucionária. Esse “bispo” satânico deu agora para defender o aborto, a liberação das drogas e seus apaniguados que dispõem de votos estão na tropa de choque da base de apoio do governo. O povo miúdo e ignorante não tem como escapar do alçapão que virou a seita, que arregimenta milhões. E o Macedo não é o único simoníaco na conta do governo. Se a ladainha revolucionária está no rádio, na TV, na boca dos professores e na boca dos bispos, então a mentira haverá que se tornar a verdade mais auto-evidente para a gente desprotegida pela couraça do Espírito. Mas a mentira será sempre mentira.
Essa idiotia, todavia, não pode ser atribuída aos líderes partidários, aos chefes da propaganda, aos que controlam o caixa rico do partido. Eles sabem perfeitamente o que estão fazendo. Esses são os homens maus, que mais das vezes são desconhecidos do grande público, agindo nos bastidores. Só ocasionalmente esses dirigentes nas sombras dão a cara a conhecer, como aconteceu com o então obscuro Antonio Palocci, surpreendendo a todos ao assumir o Ministério da Fazenda no primeiro governo Lula, sem ter formação econômica, sem ser uma liderança política nacional, sem ostentar experiência específica para lidar com finanças. Nada! Um raio em dia de céu azul. O mesmo podemos dizer da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, que veio a substitui o todo poderoso José Dirceu. Seu melhor atributo terá sido colaborar com a guerrilha revolucionária em priscas eras.
Essa gente pratica o mal de caso pensado, com o único fito de conquistar e manter-se indefinidamente no poder. O coletivismo marxista não se sustenta nem no plano teórico e menos ainda no plano moral e eles sabem disso muito bem. Mas o discurso distributivista e supostamente libertário escrito pelos propagandistas da revolução faz dessa gente os únicos postulantes com êxito ao poder de Estado na ordem democrática. Um voto é um voto, dirão os cínicos, e uma gente idiotizada pela propaganda não haveria como escolher outros que não os mentirosos que o produziram. O apelo direto aos instintos básicos da fome e da sexualidade, ou seja, o uso deliberado da miragem da liberação da lei da escassez e das travas da moral natural, a libertinagem sem limites, mobiliza as massas infantilizadas naquilo que elas têm de mais vulnerável. Um ser humano adulto e bem formado sabe que os vícios não se confundem com virtudes e que deles só podem advir tragédia e morte, como aliás tem sido a saga em todos os lugares onde o marxismo triunfou. O discurso mentiroso mil vezes repetido toma o lugar da verdade e anestesia o senso de perigo da multidão. Depois de um certo ponto é impossível interromper o processo que transfere a esses sediciosos mentirosos todo o poder e apenas a conclusão sangrenta do mesmo poderá estanca-lo e dar um fim ao sofrimento. Aí será tarde demais e a pilha de mortos terá sido contada aos milhões. Poderíamos aqui repetir o verso de Walt Whitman, o poeta maldito: “Morte, morte, morte, morte, morte”. A morte é o mantra real desses criminosos do espírito.
Álvaro Vargas Llosa não faz essa distinção entre os condutores da multidão entorpecida e ela própria, por isso disse em entrevista que Che Guevara encarnava a própria figura do perfeito idiota latino-americano (ver http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL145499-5602,00.html). Grande engano. Che é o protótipo do dirigente revolucionário que sabia exatamente o mal que fazia. Praticava o mal por escolha. Che é Lula, é Dirceu, é Palocci, é Chávez, é Fidel, gente que vendeu a alma ao Diabo e que fará o mesmo com aqueles que estiverem no seu caminho, o povo todo junto. O peruano involuntariamente contribuiu para esconder essa realidade trágica com seus livros e sua divertida expressão.
Publicado originalmente em http://www.nivaldocordeiro.net
Escrito por Nivaldo Cordeiro em 22 de novembro de 2007
Fez muito sucesso a expressão cunhada por Mário Vargas Llosa para retratar a marcha do esquerdismo na América Latina, a do perfeito idiota latino-americano relatado em diversos dos seus livros. É uma expressão divertida, mas perigosa, porque mais esconde do que revela os reais fatos políticos da região. O duelo que é travado por aqui se estende aos limites transcendentes e uma simplificação do mesmo equivale a esconder a verdade e a fazer o jogo do Inimigo.
Certo, quando você vê um conjunto de idiotas carregando bandeiras do PT ou do partido do Chávez, ostentando botons nas lapelas e fazendo discurso em prol da suposta “justiça social” certamente você estará confrontado com um conjunto de perfeitos idiotas latino-americanos, iguais aos idiotas de outros continentes. Não há aqui na região peculiaridade alguma. São idiotas porque têm os predicados dos idiotas: são pessoas que carecem de inteligência e discernimento, são tolos e estúpidos. Piormente porque estão convencidos de que são portadores da mais alta moralidade e que são os campeões na defesa dos pobres e oprimidos, quando a realidade é precisamente o contrário. E ainda acharão que aqueles que não se juntam ao séqüito idiota dos comunistas é que são os tolos, na medida em que ficam excluídos das oportunidades materiais que só os militantes do partido dispõem, como empregos públicos rendosos, contratos de serviços com o Estado, verbas para ONGs e coisas do gêneros. Não percebem, os idiotas, que as benesses de agora serão tomadas e os bens mais preciosos lhes serão arrancados na primeira oportunidade, a começar pela liberdade e a vida.
Afinal, são idiotas ou não? Os idiotas são os militantes miúdos e inconscientes dispersos na multidão encharcada pela propaganda revolucionária, que nunca dispuseram de qualquer instrumento que lhes ajudassem a ter um descortino da realidade. Dito de outra forma, vivem, os idiotas, mergulhados na realidade virtual criada pelos falsos discursos e pela propaganda enganosa, que se inicia nos meios de comunicação, é aprofundada nas escolas fundamentais e de ensino médio e tem a sua conclusão coroada nas escolas de nível superior. O idiota é laureado com pompa e circunstância no reconhecimento pelo Estado de sua completa idiotice diplomada. Depois a propaganda continua a agir nos jornais, nos livros e nos discursos políticos, que os idiotas passam a repetir feitos papagaios.
Hoje em dia até mesmo denominações religiosas de seitas pentecostais, como a do Edir Macedo, foram recrutadas para fazer a propaganda enganosa da causa revolucionária. Esse “bispo” satânico deu agora para defender o aborto, a liberação das drogas e seus apaniguados que dispõem de votos estão na tropa de choque da base de apoio do governo. O povo miúdo e ignorante não tem como escapar do alçapão que virou a seita, que arregimenta milhões. E o Macedo não é o único simoníaco na conta do governo. Se a ladainha revolucionária está no rádio, na TV, na boca dos professores e na boca dos bispos, então a mentira haverá que se tornar a verdade mais auto-evidente para a gente desprotegida pela couraça do Espírito. Mas a mentira será sempre mentira.
Essa idiotia, todavia, não pode ser atribuída aos líderes partidários, aos chefes da propaganda, aos que controlam o caixa rico do partido. Eles sabem perfeitamente o que estão fazendo. Esses são os homens maus, que mais das vezes são desconhecidos do grande público, agindo nos bastidores. Só ocasionalmente esses dirigentes nas sombras dão a cara a conhecer, como aconteceu com o então obscuro Antonio Palocci, surpreendendo a todos ao assumir o Ministério da Fazenda no primeiro governo Lula, sem ter formação econômica, sem ser uma liderança política nacional, sem ostentar experiência específica para lidar com finanças. Nada! Um raio em dia de céu azul. O mesmo podemos dizer da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, que veio a substitui o todo poderoso José Dirceu. Seu melhor atributo terá sido colaborar com a guerrilha revolucionária em priscas eras.
Essa gente pratica o mal de caso pensado, com o único fito de conquistar e manter-se indefinidamente no poder. O coletivismo marxista não se sustenta nem no plano teórico e menos ainda no plano moral e eles sabem disso muito bem. Mas o discurso distributivista e supostamente libertário escrito pelos propagandistas da revolução faz dessa gente os únicos postulantes com êxito ao poder de Estado na ordem democrática. Um voto é um voto, dirão os cínicos, e uma gente idiotizada pela propaganda não haveria como escolher outros que não os mentirosos que o produziram. O apelo direto aos instintos básicos da fome e da sexualidade, ou seja, o uso deliberado da miragem da liberação da lei da escassez e das travas da moral natural, a libertinagem sem limites, mobiliza as massas infantilizadas naquilo que elas têm de mais vulnerável. Um ser humano adulto e bem formado sabe que os vícios não se confundem com virtudes e que deles só podem advir tragédia e morte, como aliás tem sido a saga em todos os lugares onde o marxismo triunfou. O discurso mentiroso mil vezes repetido toma o lugar da verdade e anestesia o senso de perigo da multidão. Depois de um certo ponto é impossível interromper o processo que transfere a esses sediciosos mentirosos todo o poder e apenas a conclusão sangrenta do mesmo poderá estanca-lo e dar um fim ao sofrimento. Aí será tarde demais e a pilha de mortos terá sido contada aos milhões. Poderíamos aqui repetir o verso de Walt Whitman, o poeta maldito: “Morte, morte, morte, morte, morte”. A morte é o mantra real desses criminosos do espírito.
Álvaro Vargas Llosa não faz essa distinção entre os condutores da multidão entorpecida e ela própria, por isso disse em entrevista que Che Guevara encarnava a própria figura do perfeito idiota latino-americano (ver http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL145499-5602,00.html). Grande engano. Che é o protótipo do dirigente revolucionário que sabia exatamente o mal que fazia. Praticava o mal por escolha. Che é Lula, é Dirceu, é Palocci, é Chávez, é Fidel, gente que vendeu a alma ao Diabo e que fará o mesmo com aqueles que estiverem no seu caminho, o povo todo junto. O peruano involuntariamente contribuiu para esconder essa realidade trágica com seus livros e sua divertida expressão.
Publicado originalmente em http://www.nivaldocordeiro.net
Investigações da PF omitem ligações entre o presidente Beira-Mar e narco-guerrilheiros do FORO DE SÃO PAULO
Do blog ALERTA TOTAL
Edição de Sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Por Jorge Serrão
A Polícia Federal começa a chegar próxima das verdadeiras relações dos narco-varejistas brasileiros com seus pares, financiadores e sustentadores políticos na América Latina. A Coordenação Geral de Prevenção e Repressão a Entorpecentes (CGPRE), da Polícia Federal de Brasília, apresentou ontem o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, como o presidente do que os bandidos pés de chinelo das infectas cadeias brasileiras chamam de o "Partidão" do crime. Mas a PF prefere não apresentar, publicamente, as provas do relacionamento direto de Beira-Mar com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as FARC, que são um dos 153 grupos narco-guerrilheiros que fazem parte do FORO DE SÃO PAULO, entidade que mistura o combate político legal com a prática de crimes (narcotráfico, seqüestros, homicídios e terrorismo) em nosso continente.
A grande imprensa amestrada é proibida, editorialmente, de se referir ao Foro de São Paulo – entidade criada em 1990 por Fidel Castro e o PT brasileiro. Ontem, a PF preferiu apenas relacionar Beira-Mar ao Partidão do Crime. A nova organização foi criada, há cerca de um ano, no Paraná. Seu objetivo é servir de uma espécie de cooperativa de bandidos que passou a gerir todos os negócios das principais facções criminosas do Rio, de São Paulo, do Paraná e Mato Grosso do Sul. Idealizado pelo “presidente” Beira-Mar, o consórcio de bandidos visa à obtenção de preços melhores na negociação de armas, drogas e munição. Para isso, as quadrilhas compram em conjunto diretamente de fornecedores na Bolívia e na Colômbia.
A hierarquia do "Partidão" conta com uma gestão profissionalizada - composta por diretores e conselheiros. Mensalmente, os criminosos fazem contribuições em dinheiro para manter a caixinha da organização criminosa. Os recursos retornam às famílias dos bandidos presos, numa espécie de mesada de até R$ 3 mil. O dinheiro também gera outras facilidades. Tanto em Catanduvas no Paraná, onde Beira-Mar já cumpriu pena, quanto agora na Penitenciária Federal de Campo Grande, os parentes têm casas e transporte de graça toda vez que vão fazer visitas. As visitas para trocas de informações fizeram com que Beira-Mar conseguisse unificar ações de criminosos em quatro estados. O Partidão une facções que atuam em São Paulo, no Rio, no Paraná e em Mato Grosso do Sul.
*****
A PF está chegando perto. Querem ver as provas do envolvimento do LULA com as FARC através do FORO DE SÃO PAULO? Então cliquem abaixo:
. Site do Governo Federal - Lula dá as boas-vindas aos "companheiros" do FORO DE SÃO PAULO no 15º aniversário do mesmo em 2005. Ou seja, ele já era PresiMente da República.
. Site das FARC - os assassinos, traficantes e terroristas "dando" beijos e abraços nos "companheiros" do FORO DE SÃO PAULO
. Site das FARC - mais abraços e beijos dos assassinos, traficantes e terroristas
Edição de Sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Por Jorge Serrão
A Polícia Federal começa a chegar próxima das verdadeiras relações dos narco-varejistas brasileiros com seus pares, financiadores e sustentadores políticos na América Latina. A Coordenação Geral de Prevenção e Repressão a Entorpecentes (CGPRE), da Polícia Federal de Brasília, apresentou ontem o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, como o presidente do que os bandidos pés de chinelo das infectas cadeias brasileiras chamam de o "Partidão" do crime. Mas a PF prefere não apresentar, publicamente, as provas do relacionamento direto de Beira-Mar com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as FARC, que são um dos 153 grupos narco-guerrilheiros que fazem parte do FORO DE SÃO PAULO, entidade que mistura o combate político legal com a prática de crimes (narcotráfico, seqüestros, homicídios e terrorismo) em nosso continente.
A grande imprensa amestrada é proibida, editorialmente, de se referir ao Foro de São Paulo – entidade criada em 1990 por Fidel Castro e o PT brasileiro. Ontem, a PF preferiu apenas relacionar Beira-Mar ao Partidão do Crime. A nova organização foi criada, há cerca de um ano, no Paraná. Seu objetivo é servir de uma espécie de cooperativa de bandidos que passou a gerir todos os negócios das principais facções criminosas do Rio, de São Paulo, do Paraná e Mato Grosso do Sul. Idealizado pelo “presidente” Beira-Mar, o consórcio de bandidos visa à obtenção de preços melhores na negociação de armas, drogas e munição. Para isso, as quadrilhas compram em conjunto diretamente de fornecedores na Bolívia e na Colômbia.
A hierarquia do "Partidão" conta com uma gestão profissionalizada - composta por diretores e conselheiros. Mensalmente, os criminosos fazem contribuições em dinheiro para manter a caixinha da organização criminosa. Os recursos retornam às famílias dos bandidos presos, numa espécie de mesada de até R$ 3 mil. O dinheiro também gera outras facilidades. Tanto em Catanduvas no Paraná, onde Beira-Mar já cumpriu pena, quanto agora na Penitenciária Federal de Campo Grande, os parentes têm casas e transporte de graça toda vez que vão fazer visitas. As visitas para trocas de informações fizeram com que Beira-Mar conseguisse unificar ações de criminosos em quatro estados. O Partidão une facções que atuam em São Paulo, no Rio, no Paraná e em Mato Grosso do Sul.
*****
A PF está chegando perto. Querem ver as provas do envolvimento do LULA com as FARC através do FORO DE SÃO PAULO? Então cliquem abaixo:
. Site do Governo Federal - Lula dá as boas-vindas aos "companheiros" do FORO DE SÃO PAULO no 15º aniversário do mesmo em 2005. Ou seja, ele já era PresiMente da República.
. Site das FARC - os assassinos, traficantes e terroristas "dando" beijos e abraços nos "companheiros" do FORO DE SÃO PAULO
. Site das FARC - mais abraços e beijos dos assassinos, traficantes e terroristas
Promoção Post Mortem
Li isto no blog ALERTA TOTAL
O Capitão Alberto Mendes Júnior, herói da Polícia Militar de São Paulo, será promovido hoje à noite, “Post Mortem”, ao posto de Coronel PM.
O tenente Mendes Junior foi assassinado a CORONHADAS (viram como este pessoal da esquerda revolucionária é??) pelo “herói” Carlos Lamarca, guerrilheiro, desertor do Exército Brasileiro, que promovido, salarialmente, a General pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
A promoção do Coronel Mendes será formalizada em um ato cívico coordenado pelo deputado estadual Major Olimpio Gomes, a partir das 19 horas, no no Auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa paulista.
O Capitão Alberto Mendes Júnior, herói da Polícia Militar de São Paulo, será promovido hoje à noite, “Post Mortem”, ao posto de Coronel PM.
O tenente Mendes Junior foi assassinado a CORONHADAS (viram como este pessoal da esquerda revolucionária é??) pelo “herói” Carlos Lamarca, guerrilheiro, desertor do Exército Brasileiro, que promovido, salarialmente, a General pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
A promoção do Coronel Mendes será formalizada em um ato cívico coordenado pelo deputado estadual Major Olimpio Gomes, a partir das 19 horas, no no Auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa paulista.
Batom na cueca VERMELHA: STF recebe PROVAS PERICIAIS que confirmam como os 40 réus operaram o mensalão
Do blog ALERTA TOTAL
Edição de Quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Por Jorge Serrão
No princípio, era o Verbo (dos testemunhos). Mas agora vieram as provas periciais para comprovar que realmente existiu o mensalão. O poderoso Lula da Silva - que sempre negou a existência do esquema - foi contestado pelas provas objetivas. É batom (cor de bosta) na cueca vermelha. O procurador-geral da República, ANTÔNIO FERNANDO DE SOUZA, garantiu ontem que existem provas concretas da existência do esquema de compra de apoio político de parlamentares por parte do governo. Resta saber se algum dos 40 réus do escândalo serão punidos no julgamento (que vai demorar séculos) no Supremo Tribunal Federal
As perícias revelam detalhes da rota de recursos públicos desde a origem até as contas correntes dos beneficiados. O caminho foi traçado no caso da Visanet - um fundo com recursos de várias instituições financeiras, inclusive do Banco do Brasil, que teria contribuído para engordar o valerioduto. Foram enviados ao STF documentos das empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, principalmente a SMP&B, que teria intermediado o pagamento de propina a parlamentares.
O material foi entregue formalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. Os documentos vão embasar a ação penal que a Corte instaurou em 28 de agosto para continuar apurando o caso que tem 40 acusados formais. O Inquérito (INQ) 2245, que ficou conhecido como inquérito do mensalão, foi transformado, por determinação do relator, ministro Joaquim Barbosa, em Ação Penal (AP 470).
Edição de Quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Por Jorge Serrão
No princípio, era o Verbo (dos testemunhos). Mas agora vieram as provas periciais para comprovar que realmente existiu o mensalão. O poderoso Lula da Silva - que sempre negou a existência do esquema - foi contestado pelas provas objetivas. É batom (cor de bosta) na cueca vermelha. O procurador-geral da República, ANTÔNIO FERNANDO DE SOUZA, garantiu ontem que existem provas concretas da existência do esquema de compra de apoio político de parlamentares por parte do governo. Resta saber se algum dos 40 réus do escândalo serão punidos no julgamento (que vai demorar séculos) no Supremo Tribunal Federal
As perícias revelam detalhes da rota de recursos públicos desde a origem até as contas correntes dos beneficiados. O caminho foi traçado no caso da Visanet - um fundo com recursos de várias instituições financeiras, inclusive do Banco do Brasil, que teria contribuído para engordar o valerioduto. Foram enviados ao STF documentos das empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, principalmente a SMP&B, que teria intermediado o pagamento de propina a parlamentares.
O material foi entregue formalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. Os documentos vão embasar a ação penal que a Corte instaurou em 28 de agosto para continuar apurando o caso que tem 40 acusados formais. O Inquérito (INQ) 2245, que ficou conhecido como inquérito do mensalão, foi transformado, por determinação do relator, ministro Joaquim Barbosa, em Ação Penal (AP 470).
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Resultado da enquete
O resultado da enquete "Você acha que Hugo Chávez "de Cadeia" quer que a Venezuela seja a Cuba da América Latina?" foi:
Sim - 8 votos
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Vídeo editorial com Olavo de Carvalho - a calamitosa situação do Brasil
Olavo de Carvalho neste editorial para o portal FAROL DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA explica em detalhes todo o problema causado deliberadamente no Brasil e na América Latina peloo partidos políticos de esquerda e sua associação com entidades narco-traficantes como as FARC e outras da indústria do sequestro como o MIR, associação esta que tem nome, FORO DE SÃO PAULO, data de fundação, 1990, atas das reuniões (aqui) e criadores, o Sr. LULA e o Sr. FIDEL CASTRO.
Esta entidade tem como lema "recuperar na América Latina o que perdemos no Leste Europeu".
Com vocês, o homem MACHO MESMO que perdeu alguns empregos na mídia por ter revelado esta que é a pior de todas as monstruosidades jamais criadas pelo LULA/PT. Em 5 partes.
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Esta entidade tem como lema "recuperar na América Latina o que perdemos no Leste Europeu".
Com vocês, o homem MACHO MESMO que perdeu alguns empregos na mídia por ter revelado esta que é a pior de todas as monstruosidades jamais criadas pelo LULA/PT. Em 5 partes.
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Trechos de entrevista de Olavo de Carvalho sobre a cultura brasileira
Caros amigos, para este post eu copiei e colei um e-mail que recebi do meu amigo Lucas Mafaldo. Ele também postou em seu site, se quiser veja aqui.
Caríssimos,
Nesta semana, decidi fazer algo diferente: ao invés de escrever um texto para o boletim, fiz uma seleção dos meus trechos preferidos de uma das últimas entrevistas do filósofo Olavo de Carvalho.
Gostei tanto dos trechos abaixo que quis dividi-los com vocês – mas, como a entrevista é excepcionalmente longa, eu sabia que poucos se dariam ao trabalho de lê-la por inteiro. Decidi então facilitar a vida dos meus assinantes mais apressados e oferecer os meus trechos preferidos.
Selecionei especificamente os trechos onde Olavo fala sobre a cultura brasileira e a importância do conhecimento – pois são assuntos que me interessam bastante -, mas muitas outras questões também são abordadas na entrevista: por isso, espero que os trechos seguintes sirvam de aperitivo para a leitura da entrevista completa.
A minha seleção está logo abaixo, mas quem quiser lê-la em um formato mais agradável, pode seguir este link:
http://snipurl.com/clm13
A entrevista completa está aqui:
http://www.olavodecarvalho.org/textos/poesiaeafins01.html
Um grande abraço,
Lucas Mafaldo
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Trechos de entrevista de Olavo de Carvalho sobre a cultura brasileira
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Entrevista realizada por Raimundo Bernades para o "Poesia e Afins"
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" [A] situação cultural do Brasil piorou de tal maneira que agora a gente nem saberia mais por onde começar uma reforma, uma cura ou coisa parecida (...) Naquela época [década de 60 e 70] havia a idéia de cultura superior, hoje não se tem mais. Há três coisas que deveriam ser diferentes, e por si mesmas e pela própria natureza delas já são diferentes, mas que hoje em dia se fundiram numa espécie de pastiche: a cultura superior, a propaganda política e o show business, que se transformaram num complexo no qual os elementos são indistinguíveis
Por que é que aconteceu isso? Principalmente por causa da aplicação sistemática da tal da estratégia do Antonio Gramsci por parte dos partidos de esquerda. A cultura tomada na sua inteireza, a começar pela cultura superior e terminando até na cultura no sentido puramente antropológico, no sentido de usos e costumes, é o campo de batalha da revolução gramsciana. Isto quer dizer que toda a cultura tende a ser aí instrumentalizada a serviço de um grupo político cujo objetivo é a conquista do poder total (...) este processo faz com que, pelo menos idealmente, o partido revolucionário assuma o controle de todos os canais de comunicação cultural (...) O que interessa realmente [ao movimento revolucionário] é mudar as estruturas profundas de pensamento: os valores, os símbolos, a linguagem (..) [para criar] criar uma mutação cognitiva.
(...)
Quando se começa uma revolução cultural não se tem o controle do governo ainda, só se tem o controle das instituições de cultura. (...) [A] destruição da cultura brasileira vem da sua submissão a objetivos políticos imediatos, imediatos e concretos. A tomada do poder, a aquisição do controle sobre a sociedade, é a única coisa que interessa, (...) eles não querem nem saber, se o que eles estão dizendo é verdade ou erro, (...) só importa a tomada do poder, [reduzir] tudo à luta pelo poder, que é uma coisa que antes acontecia no domínio político exclusivamente, se alastra por toda a cultura.
Isto quer dizer que a possibilidade da atividade cognitiva normal é totalmente eliminada. (...) Isto quer dizer que todo debate público se desvia para elementos secundários (...), ou seja, a discussão pública fica deslocada da realidade, e isso imbeciliza, cria um estado de alienação, um estado de embriaguez (...) Ninguém resiste a uma coisa dessas. Falar em cultura diante de uma coisa dessas, me faz rir. Não há mais cultura, aí o crítico português, o Fernando Cristóvão, dizia: "cultura, novo nome da propaganda". Tudo virou propaganda apenas. Então, como esse processo se aprofundou muito no Brasil, chegou a um ponto catastrófico, não dá pra voltar mais, eu só vejo possibilidade de sobrevivência de uma cultura brasileira ou no exílio ou em grupos isolados regionais, como esse pessoal da própria revista Poesia e Afins exemplifica.
(...)
Bom, desde o início da história independente do Brasil o que se entendia por educação e cultura eram duas coisas: ou era um adorno da classe dominante, dos ricos, e um adorno que na verdade era desnecessário à manutenção da sua posição (...) Por outro lado, o que se entendia como educação e como cultura era a educação popular, que deveria qualificar as pessoas para o exercício de um trabalho que permitisse a sua sobrevivência. (...) A introdução das ideologias revolucionárias a partir dos anos 20 e 30 dá a elas uma terceira função, que é a função de propaganda ideológica. À medida que a Igreja Católica adquire alguma força no Brasil, (...) surge a cultura também como meio de catequese.
Dessa forma, o que existe no Brasil de cultura é: adorno e divertimento, meio de subsistência, meio de propaganda política e conquista de poder e meio de catequese. Em todos estes casos a cultura está submetida a outras coisas, (...) ela não é um valor em si mesma, ela não tem função em si mesma.
O Brasil até hoje não percebeu (...) a importância que o conhecimento tem para a formação da própria personalidade humana. O conhecimento é sempre visto como instrumento [e não como] (...) uma coisa que tem que se integrar à sua personalidade.
(...) Um elemento que ficou faltante na cultura brasileira é uma coisa que aqui nos Estados Unidos a gente percebe pelo contraste de uma maneira quase chocante. Eu vejo que aqui eu recebo quase diariamente quarenta, cinqüenta pedidos de ajuda para campanhas de caridade, socorro aos veteranos de guerra, ajuda para criancinhas órfãs do terceiro mundo, combate ao câncer, o tempo todo. E essas contribuições fazem parte da vida diária do americano, todo mundo contribui para essas coisas, é uma coisa normal. Além disso, quando se vai à igreja, há o culto e depois as oportunidades de servir, porque a igreja te convoca: nós precisamos de uma pessoa para ir lá ajudar a construir casas para os pobres no bairro tal, nós precisamos de uma pessoa para fazer companhia para fulano que está doente no hospital foi operado, etc . Isso quer dizer que a vida da igreja ocupa a semana inteira da pessoa. Outra coisa, o trabalho voluntário é considerado um elemento essencial para integração do americano na sociedade , quer dizer, todo mundo presta trabalhos voluntários e se não presta trabalho voluntário é mal visto pelos outros. Na escola, se o sujeito tirar zero em todas as matérias ninguém liga, mas se o sujeito não prestar nenhum trabalho voluntário, vão falar mal dele. Mais ainda, o trabalho voluntário é incluído entre as práticas disciplinares da escola e o sujeito ganha nota com isso. O sujeito melhora sua situação, se ele é meio burrinho mas fica lá varrendo a escola, se ajuda, vai ter uma nota melhor por causa disso.
Então, a idéia da colaboração intensa do ser humano com o ser humano faz parte da vida diária do americano e mostra o quanto Santo Agustinho tinha razão ao dizer que a base da sociedade humana é o amor ao próximo. O amor ao próximo faz com que as pessoas participem do estado de espírito comum e isto que estou dizendo é totalmente ausente na sociedade brasileira, as pessoas não sabem o que é isso, não que não haja pessoas cristãs, pessoas boas, mas é que isso não faz parte da cultura, sobretudo não faz parte da realidade tal como o brasileiro a entende.
O brasileiro acha que existe por um lado a realidade, que é constituída de concorrência, de sacanagem, de vigarice, de luta pelo poder e do outro lado existe a bondade que é um negócio idealista e que está totalmente fora da realidade. Aqui na sociedade americana você não vê isso. Existe a realidade, que é a colaboração de todos e existe o mal que aparece de vez em quando: a vigarice, o engano... Então aqui o mal é considerado uma exceção, o mal é anormal. No Brasil o mal é normal e a bondade é que é uma exceção e às vezes até um sinal de desequilíbrio, de marginalidade, exotismo e loucura, o que significa que a substância moral da sociedade é uma coisa ausente na cultura brasileira.
Do mesmo modo, (...) pode-se imaginar o que acontece com a cultura superior, ela não tem nada a ver com a vida diária, a não ser que ela se integre na vida diária através de um desses quatro canais: ou como divertimento, ou como aquisição de meios para subir na vida, ou como luta pelo poder, ou como parte de uma religião, mas quando entra pelo lado da religião, que seria o que há de mais elevado aí, ainda assim ela continua puramente instrumental.
(...)
Daí também a tendência da discussão cultural no Brasil ou ser levada para o lado econômico, a nossa cultura está mal porque não temos verbas, como se as verbas para a cultura e a educação no Brasil já não fossem monstruosas. O Brasil é o país recordista no número de professor universitário per capita, um professor para cada oito alunos (...), no entanto, (...) os nossos alunos tiram os últimos lugares nos testes (...) quando se verificam essas coisas as pessoas imediatamente dizem: não, nós precisamos investir; ou seja, elas acham que dinheiro é cultura.
Então, o que você tem no Brasil é a organização da anti-cultura, a organização da destruição da cultura. E é claro que o conhecimento não é um adorno, o conhecimento não é só um meio de se ganhar dinheiro, o conhecimento é um meio de estruturar e de dar densidade a sua própria personalidade. Resultado: como as coisas estão do jeito que estão, as personalidades são fracas, as pessoas são exultantes, quanto mais burras ficam mais se acovardam, não chegam à maturidade, nem emocional, nem intelectual, nem social, nem financeira. Em qualquer meio que você for no Brasil o número de pessoas que já estão com seus 30, 40 anos e que ainda dependem da ajuda alheia para sobreviver (...) é muito grande, são pessoas muito frágeis.
(...)
Leia o restante da entrevista neste endereço:
http://www.olavodecarvalho.org/textos/poesiaeafins01.html
*****
Caríssimos,
Nesta semana, decidi fazer algo diferente: ao invés de escrever um texto para o boletim, fiz uma seleção dos meus trechos preferidos de uma das últimas entrevistas do filósofo Olavo de Carvalho.
Gostei tanto dos trechos abaixo que quis dividi-los com vocês – mas, como a entrevista é excepcionalmente longa, eu sabia que poucos se dariam ao trabalho de lê-la por inteiro. Decidi então facilitar a vida dos meus assinantes mais apressados e oferecer os meus trechos preferidos.
Selecionei especificamente os trechos onde Olavo fala sobre a cultura brasileira e a importância do conhecimento – pois são assuntos que me interessam bastante -, mas muitas outras questões também são abordadas na entrevista: por isso, espero que os trechos seguintes sirvam de aperitivo para a leitura da entrevista completa.
A minha seleção está logo abaixo, mas quem quiser lê-la em um formato mais agradável, pode seguir este link:
http://snipurl.com/clm13
A entrevista completa está aqui:
http://www.olavodecarvalho.org/textos/poesiaeafins01.html
Um grande abraço,
Lucas Mafaldo
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Trechos de entrevista de Olavo de Carvalho sobre a cultura brasileira
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Entrevista realizada por Raimundo Bernades para o "Poesia e Afins"
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" [A] situação cultural do Brasil piorou de tal maneira que agora a gente nem saberia mais por onde começar uma reforma, uma cura ou coisa parecida (...) Naquela época [década de 60 e 70] havia a idéia de cultura superior, hoje não se tem mais. Há três coisas que deveriam ser diferentes, e por si mesmas e pela própria natureza delas já são diferentes, mas que hoje em dia se fundiram numa espécie de pastiche: a cultura superior, a propaganda política e o show business, que se transformaram num complexo no qual os elementos são indistinguíveis
Por que é que aconteceu isso? Principalmente por causa da aplicação sistemática da tal da estratégia do Antonio Gramsci por parte dos partidos de esquerda. A cultura tomada na sua inteireza, a começar pela cultura superior e terminando até na cultura no sentido puramente antropológico, no sentido de usos e costumes, é o campo de batalha da revolução gramsciana. Isto quer dizer que toda a cultura tende a ser aí instrumentalizada a serviço de um grupo político cujo objetivo é a conquista do poder total (...) este processo faz com que, pelo menos idealmente, o partido revolucionário assuma o controle de todos os canais de comunicação cultural (...) O que interessa realmente [ao movimento revolucionário] é mudar as estruturas profundas de pensamento: os valores, os símbolos, a linguagem (..) [para criar] criar uma mutação cognitiva.
(...)
Quando se começa uma revolução cultural não se tem o controle do governo ainda, só se tem o controle das instituições de cultura. (...) [A] destruição da cultura brasileira vem da sua submissão a objetivos políticos imediatos, imediatos e concretos. A tomada do poder, a aquisição do controle sobre a sociedade, é a única coisa que interessa, (...) eles não querem nem saber, se o que eles estão dizendo é verdade ou erro, (...) só importa a tomada do poder, [reduzir] tudo à luta pelo poder, que é uma coisa que antes acontecia no domínio político exclusivamente, se alastra por toda a cultura.
Isto quer dizer que a possibilidade da atividade cognitiva normal é totalmente eliminada. (...) Isto quer dizer que todo debate público se desvia para elementos secundários (...), ou seja, a discussão pública fica deslocada da realidade, e isso imbeciliza, cria um estado de alienação, um estado de embriaguez (...) Ninguém resiste a uma coisa dessas. Falar em cultura diante de uma coisa dessas, me faz rir. Não há mais cultura, aí o crítico português, o Fernando Cristóvão, dizia: "cultura, novo nome da propaganda". Tudo virou propaganda apenas. Então, como esse processo se aprofundou muito no Brasil, chegou a um ponto catastrófico, não dá pra voltar mais, eu só vejo possibilidade de sobrevivência de uma cultura brasileira ou no exílio ou em grupos isolados regionais, como esse pessoal da própria revista Poesia e Afins exemplifica.
(...)
Bom, desde o início da história independente do Brasil o que se entendia por educação e cultura eram duas coisas: ou era um adorno da classe dominante, dos ricos, e um adorno que na verdade era desnecessário à manutenção da sua posição (...) Por outro lado, o que se entendia como educação e como cultura era a educação popular, que deveria qualificar as pessoas para o exercício de um trabalho que permitisse a sua sobrevivência. (...) A introdução das ideologias revolucionárias a partir dos anos 20 e 30 dá a elas uma terceira função, que é a função de propaganda ideológica. À medida que a Igreja Católica adquire alguma força no Brasil, (...) surge a cultura também como meio de catequese.
Dessa forma, o que existe no Brasil de cultura é: adorno e divertimento, meio de subsistência, meio de propaganda política e conquista de poder e meio de catequese. Em todos estes casos a cultura está submetida a outras coisas, (...) ela não é um valor em si mesma, ela não tem função em si mesma.
O Brasil até hoje não percebeu (...) a importância que o conhecimento tem para a formação da própria personalidade humana. O conhecimento é sempre visto como instrumento [e não como] (...) uma coisa que tem que se integrar à sua personalidade.
(...) Um elemento que ficou faltante na cultura brasileira é uma coisa que aqui nos Estados Unidos a gente percebe pelo contraste de uma maneira quase chocante. Eu vejo que aqui eu recebo quase diariamente quarenta, cinqüenta pedidos de ajuda para campanhas de caridade, socorro aos veteranos de guerra, ajuda para criancinhas órfãs do terceiro mundo, combate ao câncer, o tempo todo. E essas contribuições fazem parte da vida diária do americano, todo mundo contribui para essas coisas, é uma coisa normal. Além disso, quando se vai à igreja, há o culto e depois as oportunidades de servir, porque a igreja te convoca: nós precisamos de uma pessoa para ir lá ajudar a construir casas para os pobres no bairro tal, nós precisamos de uma pessoa para fazer companhia para fulano que está doente no hospital foi operado, etc . Isso quer dizer que a vida da igreja ocupa a semana inteira da pessoa. Outra coisa, o trabalho voluntário é considerado um elemento essencial para integração do americano na sociedade , quer dizer, todo mundo presta trabalhos voluntários e se não presta trabalho voluntário é mal visto pelos outros. Na escola, se o sujeito tirar zero em todas as matérias ninguém liga, mas se o sujeito não prestar nenhum trabalho voluntário, vão falar mal dele. Mais ainda, o trabalho voluntário é incluído entre as práticas disciplinares da escola e o sujeito ganha nota com isso. O sujeito melhora sua situação, se ele é meio burrinho mas fica lá varrendo a escola, se ajuda, vai ter uma nota melhor por causa disso.
Então, a idéia da colaboração intensa do ser humano com o ser humano faz parte da vida diária do americano e mostra o quanto Santo Agustinho tinha razão ao dizer que a base da sociedade humana é o amor ao próximo. O amor ao próximo faz com que as pessoas participem do estado de espírito comum e isto que estou dizendo é totalmente ausente na sociedade brasileira, as pessoas não sabem o que é isso, não que não haja pessoas cristãs, pessoas boas, mas é que isso não faz parte da cultura, sobretudo não faz parte da realidade tal como o brasileiro a entende.
O brasileiro acha que existe por um lado a realidade, que é constituída de concorrência, de sacanagem, de vigarice, de luta pelo poder e do outro lado existe a bondade que é um negócio idealista e que está totalmente fora da realidade. Aqui na sociedade americana você não vê isso. Existe a realidade, que é a colaboração de todos e existe o mal que aparece de vez em quando: a vigarice, o engano... Então aqui o mal é considerado uma exceção, o mal é anormal. No Brasil o mal é normal e a bondade é que é uma exceção e às vezes até um sinal de desequilíbrio, de marginalidade, exotismo e loucura, o que significa que a substância moral da sociedade é uma coisa ausente na cultura brasileira.
Do mesmo modo, (...) pode-se imaginar o que acontece com a cultura superior, ela não tem nada a ver com a vida diária, a não ser que ela se integre na vida diária através de um desses quatro canais: ou como divertimento, ou como aquisição de meios para subir na vida, ou como luta pelo poder, ou como parte de uma religião, mas quando entra pelo lado da religião, que seria o que há de mais elevado aí, ainda assim ela continua puramente instrumental.
(...)
Daí também a tendência da discussão cultural no Brasil ou ser levada para o lado econômico, a nossa cultura está mal porque não temos verbas, como se as verbas para a cultura e a educação no Brasil já não fossem monstruosas. O Brasil é o país recordista no número de professor universitário per capita, um professor para cada oito alunos (...), no entanto, (...) os nossos alunos tiram os últimos lugares nos testes (...) quando se verificam essas coisas as pessoas imediatamente dizem: não, nós precisamos investir; ou seja, elas acham que dinheiro é cultura.
Então, o que você tem no Brasil é a organização da anti-cultura, a organização da destruição da cultura. E é claro que o conhecimento não é um adorno, o conhecimento não é só um meio de se ganhar dinheiro, o conhecimento é um meio de estruturar e de dar densidade a sua própria personalidade. Resultado: como as coisas estão do jeito que estão, as personalidades são fracas, as pessoas são exultantes, quanto mais burras ficam mais se acovardam, não chegam à maturidade, nem emocional, nem intelectual, nem social, nem financeira. Em qualquer meio que você for no Brasil o número de pessoas que já estão com seus 30, 40 anos e que ainda dependem da ajuda alheia para sobreviver (...) é muito grande, são pessoas muito frágeis.
(...)
Leia o restante da entrevista neste endereço:
http://www.olavodecarvalho.org/textos/poesiaeafins01.html
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Nostradamus para quem acredita
Uma amiga, a madame x (que já postou alguns comentários no blog) me manda esta...
Em suas Centúrias Nostradamus escreveu com tanta exatidão que nos faz acreditar que conhecia o Lula.
Veja alguns trechos:
"...e próximo do terceiro milênio uma besta barbuda descerá triunfante sobre um condado do hemisfério Sul espalhando desgraça e a miséria..."
"..será reconhecido por não possuir seus membros superiores totalmente completos..."
"...trará com ele uma horda que dominará e exterminará as aves bicudas (PSDB=tucanos=ave bicuda) e implantará a barbárie por muitas datas sobre um povo tolo e leviano..."
*****
Em suas Centúrias Nostradamus escreveu com tanta exatidão que nos faz acreditar que conhecia o Lula.
Veja alguns trechos:
"...e próximo do terceiro milênio uma besta barbuda descerá triunfante sobre um condado do hemisfério Sul espalhando desgraça e a miséria..."
"..será reconhecido por não possuir seus membros superiores totalmente completos..."
"...trará com ele uma horda que dominará e exterminará as aves bicudas (PSDB=tucanos=ave bicuda) e implantará a barbárie por muitas datas sobre um povo tolo e leviano..."
Cuba e o embargo americano
Vou falar sobre uma situação que envolve dois países, Estados Unidos e a ilha-quase-senzala chamada Cuba (porque tem muros para impedir que o pessoal fuja, atiradores para matar quem consegue fugir e estes trabalham para o grupo que manda sem receber nada mais do que o necessário para viver por isto - por isto o QUASE, se não fosse pelo micro-salário seria uma senzala de fato).
Existe um EMBARGO que impede que empresas AMERICANAS negociem com a ilha-quase-senzala. Tem a ver com soberania nacional. Acontece que a anos ouvimos que a pobreza da ilha-quase-senzala é devida a este EMBARGO.
Mas me digam: a ilha-quase-senzala não odeia os EEUU?
Não odeia TUDO que seja americano?
Não é isto que ensinam para os cubaninhos, coitados?
Então, como poderia ser um EMBARGO responsável pela pobreza de alguém que, por te detestar, não poderia JAMAIS fazer negócios com você?
Ou será que Fidel odeia os americanos mas quer trocar charutos por produtos e serviços Made in USA ou de qualquer outro país onde exista DEMOCRACIA e CAPITALISMO?
Como é esta coisa de odiar um sistema, qualquer que seja, mas querer as coisas que este mesmo sistema torna possível existir?
Alguém me explica?
Existe um EMBARGO que impede que empresas AMERICANAS negociem com a ilha-quase-senzala. Tem a ver com soberania nacional. Acontece que a anos ouvimos que a pobreza da ilha-quase-senzala é devida a este EMBARGO.
Mas me digam: a ilha-quase-senzala não odeia os EEUU?
Não odeia TUDO que seja americano?
Não é isto que ensinam para os cubaninhos, coitados?
Então, como poderia ser um EMBARGO responsável pela pobreza de alguém que, por te detestar, não poderia JAMAIS fazer negócios com você?
Ou será que Fidel odeia os americanos mas quer trocar charutos por produtos e serviços Made in USA ou de qualquer outro país onde exista DEMOCRACIA e CAPITALISMO?
Como é esta coisa de odiar um sistema, qualquer que seja, mas querer as coisas que este mesmo sistema torna possível existir?
Alguém me explica?
PREPAREM-SE...
Os dois posts abaixo chamados "Marxismo segundo Ludwig von Mises - partes I e II", DESTROEM COMPLETAMENTE E DESQUALIFICAM INTEGRALMENTE não só as teorias do monstro demente do Karl Marx MAS A ELE TAMBÉM COMO PESSOA HONESTA, DIGNA E SEQUER DIGNA DE SER LEVADA A SÉRIO.
Esfreguem estes textos na cara de qualquer um que ainda acredita que por trás da imundíce chamada SOCIALISMO existiu um GRANDE HOMEM, pois ISTO NÃO ACONTECEU. O canalha do Marx era menos que nada, um vagabundo (no sentido literal da palavra) querendo aparecer.
Agora, isto aqui é importante:
O CANALHA ERA FILHO DE UM FAMOSO ADVOGADO, OU SEJA
Sua verborragia e sua """""facilidade""""" de falar e de escrever veio do BERÇO NOBRE ONDE NASCEU. Mas como só queria saber dos produtos e serviços encontráveis em botecos, como alguém que a gente conhece, NUNCA FEZ NADA EM SUA VIDA A NÃO SER O LIXO QUE TODOS CONHECEM. Portanto, escreveu para seus cloegas de gandaia e na sua época mesmo foi "jogado no lixo". Mas sempre vamos ter este tipo de gente nascendo, não é mesmo? A América Latina de hoje que o diga, cheia de gente DESQUALIFICADA POR OPÇÃO em seus governos.
Portanto, aqui está o antídoto contra o vermelhismo patético, imbecil e cretino.
LUDWIG VON MISES
Esfreguem estes textos na cara de qualquer um que ainda acredita que por trás da imundíce chamada SOCIALISMO existiu um GRANDE HOMEM, pois ISTO NÃO ACONTECEU. O canalha do Marx era menos que nada, um vagabundo (no sentido literal da palavra) querendo aparecer.
Agora, isto aqui é importante:
O CANALHA ERA FILHO DE UM FAMOSO ADVOGADO, OU SEJA
NUNCA FOI PROLETÁRIO
Sua verborragia e sua """""facilidade""""" de falar e de escrever veio do BERÇO NOBRE ONDE NASCEU. Mas como só queria saber dos produtos e serviços encontráveis em botecos, como alguém que a gente conhece, NUNCA FEZ NADA EM SUA VIDA A NÃO SER O LIXO QUE TODOS CONHECEM. Portanto, escreveu para seus cloegas de gandaia e na sua época mesmo foi "jogado no lixo". Mas sempre vamos ter este tipo de gente nascendo, não é mesmo? A América Latina de hoje que o diga, cheia de gente DESQUALIFICADA POR OPÇÃO em seus governos.
Portanto, aqui está o antídoto contra o vermelhismo patético, imbecil e cretino.
Deliciem-se com o VERDADEIRAMENTE ("TÁ" OUVINDO CHÁVEZ, LULA, EVO e demais amigos do FORO DE SÃO PAULO) GRANDE...
LUDWIG VON MISES
Marxismo segundo Ludwig Von Mises I - Mente, Materialismo, e o destino do Homem
Do portal MOVIMENTO ENDIREITAR - outro da série "imperdíveis"
Ludwig von Mises é um dos mais notáveis filósofos e economistas do nosso tempo. Inspirado no início de sua carreira pelo trabalho de seus professores - os grandes economistas austríacos Carl Menger e Böhm-Bawerk - Mises, por meio de uma série de pesquisas universitárias, analisou sistematicamente cada problema econômico importante, criticou erros inveterados e substituiu velhos sofismas por idéias sólidas e sadias.
Este é o primeiro capítulo intitulado "Mind, Materialism, and the Fate of Man" do livro "Marxism Unmasked: From Delusion to Destruction", publicado pela Foundation for Economic Education. Faz parte de uma série de nove discursos formais de Ludwig Von Mises, (1881-1973), pronunciados entre 23 de junho e 3 de julho de 1952, na Biblioteca Pública de São Francisco, São Francisco, Califórnia, num seminário patrocinado pela revista The Freeman. (Download: ZIP/PDF)
Mente, Materialismo, e o destino do Homem
AS PRIMEIRAS CINCO CONFERÊNCIAS NESTA SÉRIE tratarão sobre filosofia, não sobre economia. A filosofia é importante porque todos nós, tenhamos ou não consciência desse fato, possuímos uma filosofia definida, e suas idéias filosóficas orientam suas ações.
A filosofia de hoje é a de Karl Marx [1818-1883]. Ele é a personalidade mais poderosa da nossa época. Karl Marx e as idéias de Karl Marx -- idéias que ele não inventou, desenvolveu, ou melhorou, mas que ele combinou num sistema -- são amplamente aceitas hoje, mesmo por muitos que enfaticamente se declaram anticomunistas e antimarxistas. Sem saber, muitas pessoas são filosoficamente Marxistas, embora utilizem nomes diferentes para suas idéias filosóficas.
Marxistas hoje falam de Marxismo-leninismo-estalinismo. Volumes são escritos hoje na Rússia sobre as contribuições de [Vladimir Ilyich] Lênin [1870-1924] e [Josef] Stalin [1879-1953]. No entanto, o sistema permanece o que era nos tempos de Karl Marx; o Marxismo está de fato petrificado. Lênin contribuiu somente com injúrias muito fortes contra seus adversários; Stalin não contribuiu nada. Assim, é duvidoso chamar quaisquer destas contribuições de "nova", quando nós percebemos que a contribuição mais importante de Marx para sua filosofia foi publicada em 1859. (1)
Leva muito tempo para idéias conquistarem o mundo. Quando o Marx morreu em 1883, o nome dele era em geral desconhecido. Alguns jornais relataram em um par de linhas que Karl Marx, autor de vários livros, tinha morrido. Eugen von Böhm-Bawerk [1851-1914] publicou (2) uma crítica sobre as idéias econômicas de Marx em 1896, mas foi somente 20 anos depois que as pessoas começaram a considerar Marx um filósofo.
As idéias de Marx e de sua filosofia realmente dominam nossa época. A interpretação dos eventos atuais e a interpretação da história em livros populares, bem como nos escritos filosóficos, novelas, peças de teatro, e assim sucessivamente, são geralmente Marxistas. No centro está a filosofia Marxista da história. Desta filosofia é tomado emprestado o termo "dialético", que é aplicado a todas suas idéias. Mas isso não é tão importante como é compreender o que materialismo marxista significa.
Materialismo tem dois sentidos diferentes. O primeiro refere-se exclusivamente aos problemas éticos. Um homem material só está interessado em coisas materiais -- comida, bebida, abrigo -- não em arte, cultura, e assim sucessivamente. Nesse sentido a maioria dos homens é materialista. O segundo sentido do materialismo refere-se a um grupo especial de soluções sugeridas para um problema básico da filosofia -- a relação entre a mente humana ou espírito de um lado, e o corpo humano e suas funções fisiológicas do outro lado. Diversas respostas foram oferecidas a este problema -- entre elas as respostas religiosas. Nós sabemos muito bem que existe uma conexão entre corpo e mente; a medicina provou que determinados danos ao cérebro provocam algumas mudanças no funcionamento da mente humana. Porém, os materialistas deste segundo grupo explicam todas as manifestações da mente humana como produtos do corpo.Entre estes materialistas filosóficos, existem duas correntes de pensamento:
A. Uma escola que considera o homem como uma máquina. Este grupo diz que estes problemas são muito simples -- a “máquina” humana funciona exatamente como qualquer outra máquina. Um Francês, Julien de La Mettrie [1709–1751], escreveu o livro que contém esta idéia, Man, the Machine; e hoje muitas pessoas ainda querem explicar todas as operações da mente humana, direta ou indiretamente, como se fossem operações mecânicas. Por exemplo, veja a Enciclopédia de Ciências Sociais. (Encyclopedia of the Social Sciences) Um dos colaboradores, professor na New School for Social Research, diz que a criança recém-nascida é como um carro Ford, pronto para funcionar. Talvez! Mas uma máquina, um Ford recém-fabricado, não funciona por si só. Uma máquina não realiza nada, não faz nada sozinha -- sempre são os homens ou um certo número de homens que realizam algo através da máquina. Alguém precisa ativar a máquina. Se a atividade do homem cessar, a atividade da máquina também cessa. Nós temos que perguntar para este professor da New School for Social Research, “Quem ativa a máquina?”. A resposta destruiria a doutrina materialista da máquina.
Às vezes as pessoas falam sobre "alimentar" a máquina, como se estivesse viva. Mas, evidentemente, não está. Em seguida, às vezes as pessoas também afirmam que a máquina sofreu um "colapso nervoso". Mas como um objeto sem nervos pode sofrer um colapso nervoso? Está teoria “maquinista” foi repetida várias vezes, mas não é muito realista. Nós não temos que lidar com isto porque nenhum homem sério realmente acredita nisto.
B. A teoria fisiológica proposta pela segunda classe dos materialistas é mais importante. Esta teoria foi formulada originalmente por Ludwig Feuerbach [1804-1872] e Karl Vogt [1817-1895] nos primeiros dias de Karl Marx. Esta idéia dizia que os pensamentos e as idéias são "simplesmente" secreções do cérebro. (Nenhum filósofo materialista nunca deixou de usar a palavra "simplesmente". Que significa, “eu sei, mas eu não posso explicar”). Hoje os cientistas sabem que determinadas condições patológicas causam certas secreções, e que essas secreções causam determinadas atividades no cérebro. Mas estas secreções são quimicamente as mesmas para todas as pessoas na mesma situação e condição. Contudo, idéias e pensamentos não são as mesmas para todas as pessoas na mesma situação e condição; elas são diferentes.
Primeiro, idéias e pensamentos não são tangíveis. E segundo, os mesmos fatores externos não produzem a mesma reação em todo mundo. Uma maçã caiu uma vez de uma árvore e bateu num certo jovem [Isaac Newton]. Isto pode ter acontecido a muitos outros jovens antes, mas este acontecimento particular desafiou este jovem particularmente e ele desenvolveu algumas idéias disto.
Mas as pessoas nem sempre têm os mesmos pensamentos quando elas presenciam os mesmos fatos. Por exemplo, na escola alguns aprendem; outros não. Há diferenças nos homens.
Bertrand Russell [1872-1970] perguntou, “Qual é a diferença entre os homens e as pedras?” Ele disse que não havia nenhuma diferença, a não ser que os homens reagem a mais estímulos que as pedras. Mas na verdade há uma diferença. Pedras reagem de acordo com um padrão definido que nós podemos conhecer; podemos prever o que acontecerá a uma pedra se ela for tratada de uma determinada forma. Mas nem todos os homens reagem da mesma forma quando são tratados de determinada maneira; nós não podemos estabelecer tais categorias de ações para homens. Assim, embora muitas pessoas pensem que materialismo fisiológico é uma solução, na verdade conduz a um beco sem saída. Se realmente fosse a solução para este problema, isso significaria que, em qualquer caso, nós poderíamos saber como todos reagiriam. Não podemos sequer imaginar quais seriam as conseqüências se todo mundo soubesse o que todos os outros iriam fazer.
Karl Marx não era um materialista no primeiro sentido -- o sentido “maquinista”. Mas a idéia fisiológica era muito popular na sua época. Não é fácil saber exatamente o que influenciou Marx porque ele odiava algumas pessoas e de outras tinha inveja. Karl Marx odiava Vogt, o representante do materialismo fisiológico. Assim que materialistas como Vogt começaram a falar de política, Karl Marx disse que eles tinham idéias ruins; isso significava que Marx não gostava delas.
Marx desenvolveu o que ele pensava ser um novo sistema. De acordo com sua interpretação materialista da história, as “forças produtivas materiais" (esta é uma tradução exata do Alemão) são as bases de tudo. Cada etapa das forças produtivas materiais corresponde a uma fase definida de relações de produção. As forças produtivas materiais determinam as relações de produção, isto é, o tipo de possessão e propriedade que existem no mundo. E as relações de produção determinam a superestrutura. Na terminologia de Marx, capitalismo ou feudalismo são relações de produção. Cada um destes foi necessariamente produzido por uma fase particular das forças produtivas materiais. Em 1859, Karl Marx disse que uma nova fase das forças produtivas materiais produziria o socialismo.
Mas o que são estas forças produtivas materiais? Da mesma forma que Marx nunca disse o que era uma "classe", ele nunca disse exatamente o que são as "forças produtivas materiais”. Após analisar suas obras nós descobrimos que as forças produtivas materiais são as ferramentas e as máquinas. Num de seus livros [Misère de la philosophie — A miséria da Filosofia], escrito em Francês em 1847, Marx afirma que “a fábrica manual produz o feudalismo – a fábrica a vapor produz o capitalismo.” (3) Ele não disse isto neste livro, mas em outras obras ele escreveu que surgiriam outras máquinas que iriam produzir o socialismo.
Marx tentou arduamente evitar a interpretação geográfica do progresso, porque isso já havia caído em descrédito. O que ele disse foi que as "ferramentas" eram a base de progresso. Marx e [Friedrich] Engels [1820-1895] acreditavam que novas máquinas seriam desenvolvidas e que elas conduziriam ao socialismo. Eles alegravam-se com as novas máquinas, pensando que isso significava que o socialismo estava próximo. No livro Francês de 1847, ele criticou aqueles que davam importância à divisão do trabalho; ele afirmou que as ferramentas eram importantes.
Nós não devemos esquecer que ferramentas não caem do céu. Elas são produto de idéias. Para explicar as idéias, Marx disse que as ferramentas, as máquinas -- as forças produtivas materiais -- se refletem nos cérebros dos homens e assim as idéias surgem. Mas as ferramentas e as máquinas são, elas mesmas, o produto das idéias. Além disso, antes de existir máquinas, deve existir a divisão do trabalho. E antes de existir a divisão do trabalho, idéias definidas precisam ser desenvolvidas. A origem destas idéias não pode ser explicada por algo que só é possível numa sociedade, que é, ela mesma, produto de idéias.
O termo "materiais" fascinou as pessoas. Para explicar mudanças em idéias, mudanças em pensamentos, mudanças em todas essas coisas que são os produtos de idéias, Marx os reduziu a mudanças em idéias tecnológicas. Nisto ele não era original. Por exemplo, Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz [1821–1894] e Leopold von Ranke [1795-1886] interpretaram a história como a história da tecnologia.
É tarefa da história explicar por que determinadas invenções não foram postas em prática por pessoas que tiveram todo o conhecimento físico requerido para sua construção. Por que, por exemplo, os antigos gregos, que tiveram o conhecimento técnico, não desenvolveram estradas de ferro?
Assim que uma doutrina se torna popular, ela é simplificada de tal forma que permita a compreensão das massas. Marx dizia que tudo depende das condições econômicas. Como declarou em seu livro Francês [A miséria da Filosofia] de 1847, ele entende que a história das fábricas e ferramentas desenvolveram-se independentemente. Segundo Marx, todo o movimento da história humana aparece como conseqüência natural do desenvolvimento das forças produtivas materiais, as ferramentas. Com o desenvolvimento das ferramentas, a estrutura da sociedade muda e, conseqüentemente, tudo o mais muda também. Por tudo o mais, ele quis dizer a superestrutura. Autores Marxistas, escrevendo depois de Marx, explicaram tudo na superestrutura como resultado de mudanças definitivas nas relações da produção. E eles explicaram tudo nas relações de produção como resultado das mudanças nas ferramentas e máquinas. Isto foi uma vulgarização, uma simplificação, da teoria marxista. Marx e Engels não foram completamente responsáveis por isso. Eles criaram muitas tolices, mas eles não são responsáveis por toda a tolice de hoje.
Qual é a influência desta teoria marxista sobre as idéias? O filósofo René Descartes [1596-1650], que viveu no início do século XVII, acreditava que o homem tinha uma mente e que o homem pensa, mas que os animais eram simplesmente máquinas. Marx afirmou, naturalmente, que Descartes viveu numa época em que a "Manufakturperioden", as ferramentas e máquinas, eram tais que ele foi forçado a explicar sua teoria afirmando que os animais eram máquinas. Albrecht von Hailer [1708-1777], um Suíço, afirmou a mesma coisa no século XVIII (ele não gostava da igualdade perante a lei dos governos liberais). Entre estes dois homens, viveu La Mettrie, que também explicou homem como uma máquina. Portanto, o conceito de Marx, de que as idéias eram um produto das ferramentas e máquinas de uma determinada época, é facilmente refutado.
John Locke [1632-1704], o conhecido filósofo do empirismo, declarou que tudo na mente do homem provém da experiência dos sentidos. Marx afirmou que John Locke era um porta-voz da doutrina classista da burguesia. Isto conduz a duas deduções diferentes das obras de Karl Marx: (a) A interpretação que ele deu a respeito de Descartes é que ele vivia numa época em que as máquinas foram introduzidas e, portanto, Descartes explicou o animal como uma máquina; e (b) A interpretação que ele deu a respeito da inspiração de John Locke -- que ela veio do fato de que ele era um representante dos interesses classistas dos burgueses. Aqui estão duas explicações incompatíveis para a origem das idéias. A primeira destas duas explicações, no sentido de que as idéias são baseadas em forças produtivas materiais, as ferramentas e máquinas, é inconciliável com a segunda, a saber, que os interesses de classe determinam as idéias.
Segundo Marx, todos são forçados -- pelas forças produtivas materiais -- a pensar de tal maneira que o resultado mostre seus interesses de classe. Você pensa da forma que seus "interesses" forçam você pensar; você pensa de acordo com seus “interesses” de classe. Seus “interesses” são algo independente da sua mente e suas idéias. Seus “interesses” existem no mundo além de das suas idéias. Conseqüentemente, a produção de suas idéias não é nenhuma verdade. Antes da aparição de Karl Marx, a noção de verdade não tinha qualquer significado para todo o período histórico. O que o pensamento das pessoas produziu no passado sempre foi "ideologia", não verdade.
“Les idéologues” na França foram bem advertidos por Napoleão [1769–1821], que disse que tudo ficaria bem na França exceto para os “idéologues”. Em 1812, Napoleão foi derrotado. Ele deixou o exército na Rússia, retornou só, incógnito, e apareceu em de dezembro de 1812 em Paris. Ele jogou a culpa dos males que aconteceram ao seu país sobre os maus "idéologues", que influenciaram o país.
Marx usou ideologia num sentido diferente. Segundo Marx, ideologia era um pensamento doutrinário produzido por membros de uma classe. Estas doutrinas necessariamente não eram verdades, mas somente as expressões dos interesses classistas. Naturalmente, um dia haverá uma sociedade sem classes. Uma classe -- a classe proletária -- prepara o caminho para a sociedade sem classes. A verdade de hoje é a idéia dos proletários. Os proletários abolirão todas as classes e então virá a Idade Dourada, a sociedade sem classes.
Marx chamava Joseph Dietzgen [1828–1888] de proletário, mas Marx o teria chamado de pequeno-burguês se soubesse mais sobre ele. Oficialmente Marx aprovou todas as idéias de Dietzgen, mas em sua correspondência privada com Ferdinand Lassalle [1825-1864] ele expressou alguma discordância. Não existe lógica universal. Cada classe possui sua própria lógica. Mas, evidentemente, a lógica do proletariado é a verdadeira lógica do futuro. (Estas pessoas ficaram ofendidas quando os racistas assumiram as mesmas idéias, alegando que as diferentes raças possuem diferentes lógicas, mas a lógica dos Arianos é a verdadeira lógica) [[ Nota endireitar.org: sobre esse mesmo assunto ver o artigo Polilogismo: Karl Marx e os Nazistas ]].
A sociologia do conhecimento de Karl Mannheim [1893–1947] se desenvolveu das idéias de Hitler. Todo o mundo pensa em ideologias -- i.e., falsas doutrinas. Mas há uma classe de homens que desfruta de um privilégio especial -- Marx os denominou "intelectuais não-engajados". Estes "intelectuais não-engajados" possuem o privilégio de descobrir verdades que não são ideologias.
A influência dessa idéia de “interesses” é enorme. Em primeiro lugar, é importante lembrar que esta doutrina não afirma que os homens agem e pensam de acordo com o que eles consideram ser seus próprios interesses. Em segundo lugar, recorde que ela considera os “interesses” como independentes dos pensamentos e idéias dos homens. Estes interesses independentes obrigam os homens a pensar e agir de uma forma definida. Como um exemplo da influência que esta idéia possui sobre nosso pensamento hoje, eu poderia mencionar um Senador Americano -- não é um Democrata -- que afirmou que as pessoas votam de acordo com seus “interesses”; ele não disse de acordo com o que eles pensam ser seus interesses. Esta é a idéia de Marx -- assumindo que "interesses" são algo definido e além das idéias de uma pessoa. Esta idéia de doutrina de classe foi primeiramente desenvolvida por Karl Marx no Manifesto Comunista.
Nem Engels, nem Marx eram do proletariado. Engels era muito rico. Ele caçava raposas em um casaco vermelho -- este era o passatempo dos ricos. Teve uma namorada que ele considerava demasiado abaixo dele para pensar em se casar. Ela morreu, e a irmã dela se tornou sua sucessora. Casou-se finalmente com a irmã, mas somente quando ela estava morrendo -- somente dois dias antes de sua morte.
Karl Marx nunca ganhou muito dinheiro por si mesmo. Ele recebeu algum dinheiro como colaborador regular do jornal The New York Tribune. Mas ele foi sustentado quase completamente por seu amigo Engels. Marx não era um proletário; ele era o filho de um próspero advogado. Sua esposa, a Sra. Karl Marx [Jenny von Westphalen, 1814–1881], era a filha de um alto Junker prussiano. E o cunhado de Marx era o chefe da polícia prussiana.
Assim, estes dois homens, Marx e Engels, que reivindicaram que a mente proletária era diferente da mente da burguesia, estavam numa posição embaraçosa. Então eles incluíram uma passagem no Manifesto Comunista para explicar: “Quando o tempo chegar, alguns membros da burguesia se unirão às classes emergentes”. Porém, se alguns homens conseguem se livrar da lei de interesses de classe, então a lei não é mais uma lei geral.
A idéia de Marx era que as forças produtivas materiais conduzem os homens de uma fase para outra, até eles alcançarem o socialismo, que é o fim e o ápice de tudo. Marx disse que o socialismo não pode ser planejado com antecedência; a história cuidará dele. Na visão de Marx, esses que afirmam como o socialismo funcionará são apenas “utópicos”.
O Socialismo já estava intelectualmente derrotado no tempo que Marx escreveu. Marx contestava seus críticos afirmando que aqueles que estavam em oposição eram somente “burgueses”. Ele afirmou que não era necessário derrotar os argumentos dos seus oponentes, mas somente desmascarar sua origem burguesa. E como sua doutrina não passava de ideologia burguesa, não era necessário lidar com isto. Isto deveria significar que nenhum burguês pudesse escrever alguma coisa a favor do socialismo. Assim, todos escritores estavam ansiosos para provar que eles eram proletários. Também seria oportuno mencionar neste momento que o precursor do socialismo francês, Saint-Simon (4), era descendente de uma famosa família de duques e condes.
Simplesmente não é verdade que as invenções se desenvolvem porque as pessoas procuram finalidades práticas e não por verdades.
Quando Marx publicou suas obras, o pensamento alemão era dominado por George Wilhelm Friedrich Hegel [1770-1831], professor na Universidade de Berlim. Hegel tinha desenvolvido a teoria da evolução filosófica da história. Em alguns aspectos suas idéias eram diferentes, até mesmo opostas, das idéias de Marx. Hegel foi o homem que destruiu o pensamento Alemão e a filosofia Alemã por mais de um século, pelo menos. Ele encontrou uma advertência em Immanuel Kant [1724-1804], que havia dito que a filosofia da história só poderia ser escrita por um homem que tivesse a coragem de fingir que vê o mundo com os olhos de Deus. Hegel acreditou que ele tinha os "olhos de Deus”, que ele conhecia o fim de história, que ele conhecia os planos de Deus. Ele disse que o Geist (Mente ou Espírito) se desenvolve e se manifesta no curso da evolução histórica. Então, o curso da história é inevitavelmente o progresso do menos satisfatório para condições mais satisfatórias.
Em 1825, Hegel disse que havíamos alcançado um estado de coisas maravilhosas. Ele considerou o reino da Prússia de Friedrich Wilhelm III [1770-1840] e a Igreja da União Prussiana (Prussian Union Church) como a perfeição do governo secular e espiritual. Marx afirmou, como Hegel, que havia história no passado, mas que não haverá mais nenhuma história quando nós alcançarmos um estado que é satisfatório. Assim, Marx adotou o sistema Hegeliano, embora usasse forças produtivas materiais em vez de Geist. As forças produtivas materiais passam por várias fases. A fase presente é muito ruim, mas há uma coisa em seu favor -- ela é a fase preliminar necessária para o aparecimento do estado perfeito do socialismo. E o socialismo está próximo.Hegel foi chamado de filósofo do absolutismo prussiano. Ele morreu em 1831. Sua escola de pensamento se dividiu entre esquerda e direita. (A esquerda não gostava do governo prussiano e da Igreja da União Prussiana). Esta distinção entre a esquerda e a direita existiu desde então. No Parlamento Francês, aqueles que não gostavam do governo do rei estavam sentados no lado esquerdo do plenário da assembléia. Hoje ninguém quer sentar à direita.
Originalmente, isto é, antes de Karl Marx, o termo "direita" referia-se aos partidários do governo representativo e liberdades civis, como o oposto da "esquerda" que favorecia ao absolutismo real e a ausência de direitos civis. O aparecimento das idéias socialistas alterou o significado destes termos. Alguns da "esquerda" foram sinceros ao expressar suas opiniões. Por exemplo, Platão [427-347 AC] era honesto ao declarar que um filósofo deveria governar. E Augusto Comte [1798–1857] dizia que a liberdade foi necessária no passado, uma vez que tornou possível para ele publicar seus livros, mas agora que os livros foram publicados não há qualquer necessidade de liberdade. E da mesma forma Etienne Cabet [1788-1856] falava de três categorias de livros -- os maus livros, que deveriam ser queimados; os livros intermediários, que deveriam ser corrigidos; e os "bons" livros restantes. Portanto, houve uma grande confusão quanto às liberdades civis que seriam concedidas aos cidadãos no estado socialista. Isto aconteceu porque as idéias marxistas não progrediram em países que possuíam liberdades civis, mas em países onde as pessoas não possuíam tais liberdades.
Nikolai Bukharin [1888–1938], um autor comunista que viveu em um país comunista, escreveu um panfleto em 1917 (5), no qual ele disse: nós pedimos as liberdades de imprensa, de pensamento e liberdades civis no passado porque nós estávamos na oposição e necessitávamos destas liberdades para conquistar. Agora que nós conquistamos, não existe qualquer necessidade de tais liberdades civis. [Bukharin foi julgado e condenado à morte nos expurgos dos processos Moscou em março de 1938] Se o sr. Bukharin fosse um comunista Americano, ele provavelmente ainda estaria vivo e livre para escrever mais panfletos sobre o porquê da liberdade não ser mais necessária.
Estas peculiaridades da filosofia marxista só podem ser explicadas pelo fato que Marx, embora vivesse na Grã-bretanha, não estava tratando das condições da Grã-bretanha, onde, ele acreditava, as liberdades civis já não eram necessárias, mas com as condições da Alemanha, França, Itália, e assim por diante, locais onde as liberdades civis ainda eram necessárias. Desta forma nós vemos que a distinção entre direita e esquerda, que tiveram significado na época da Revolução Francesa, já não tem qualquer significado.
Segundo capítulo logo abaixo
Notas:
[1] A Contribution to the Critique of Political Economy (Moscow: Progress Publishers, 1859).
[2] “The Unresolved Contradiction in the Economic Marxian System” in Shorter Classics of Eugen von Böhm-Bawerk (South Holland, Ill.: Libertarian Press, 1962 [1896; Eng.Trans. 1898]), pp. 201–302.
[3] “Le moulin à bras vous donnera la société avec le souzerain; le moulin à vapeur, la société avec le capitaliste industriel.” Karl Marx, Misère de la philosophie (Paris and Brussels, 1847), p. 100.—Ed.
[4] Claude Henri de Rouvroy, Comte de Saint-Simon [1760–1825]—Ed.
[5] “The Russian Revolution and Its Significance,” The Class Struggle, Vol. I, No. 1, May–June,1917.—Ed.
Tradução: Wellington Moraes
Ludwig von Mises é um dos mais notáveis filósofos e economistas do nosso tempo. Inspirado no início de sua carreira pelo trabalho de seus professores - os grandes economistas austríacos Carl Menger e Böhm-Bawerk - Mises, por meio de uma série de pesquisas universitárias, analisou sistematicamente cada problema econômico importante, criticou erros inveterados e substituiu velhos sofismas por idéias sólidas e sadias.
Este é o primeiro capítulo intitulado "Mind, Materialism, and the Fate of Man" do livro "Marxism Unmasked: From Delusion to Destruction", publicado pela Foundation for Economic Education. Faz parte de uma série de nove discursos formais de Ludwig Von Mises, (1881-1973), pronunciados entre 23 de junho e 3 de julho de 1952, na Biblioteca Pública de São Francisco, São Francisco, Califórnia, num seminário patrocinado pela revista The Freeman. (Download: ZIP/PDF)
Mente, Materialismo, e o destino do Homem
A filosofia de hoje é a de Karl Marx [1818-1883]. Ele é a personalidade mais poderosa da nossa época. Karl Marx e as idéias de Karl Marx -- idéias que ele não inventou, desenvolveu, ou melhorou, mas que ele combinou num sistema -- são amplamente aceitas hoje, mesmo por muitos que enfaticamente se declaram anticomunistas e antimarxistas. Sem saber, muitas pessoas são filosoficamente Marxistas, embora utilizem nomes diferentes para suas idéias filosóficas.
Marxistas hoje falam de Marxismo-leninismo-estalinismo. Volumes são escritos hoje na Rússia sobre as contribuições de [Vladimir Ilyich] Lênin [1870-1924] e [Josef] Stalin [1879-1953]. No entanto, o sistema permanece o que era nos tempos de Karl Marx; o Marxismo está de fato petrificado. Lênin contribuiu somente com injúrias muito fortes contra seus adversários; Stalin não contribuiu nada. Assim, é duvidoso chamar quaisquer destas contribuições de "nova", quando nós percebemos que a contribuição mais importante de Marx para sua filosofia foi publicada em 1859. (1)
Leva muito tempo para idéias conquistarem o mundo. Quando o Marx morreu em 1883, o nome dele era em geral desconhecido. Alguns jornais relataram em um par de linhas que Karl Marx, autor de vários livros, tinha morrido. Eugen von Böhm-Bawerk [1851-1914] publicou (2) uma crítica sobre as idéias econômicas de Marx em 1896, mas foi somente 20 anos depois que as pessoas começaram a considerar Marx um filósofo.
As idéias de Marx e de sua filosofia realmente dominam nossa época. A interpretação dos eventos atuais e a interpretação da história em livros populares, bem como nos escritos filosóficos, novelas, peças de teatro, e assim sucessivamente, são geralmente Marxistas. No centro está a filosofia Marxista da história. Desta filosofia é tomado emprestado o termo "dialético", que é aplicado a todas suas idéias. Mas isso não é tão importante como é compreender o que materialismo marxista significa.
Materialismo tem dois sentidos diferentes. O primeiro refere-se exclusivamente aos problemas éticos. Um homem material só está interessado em coisas materiais -- comida, bebida, abrigo -- não em arte, cultura, e assim sucessivamente. Nesse sentido a maioria dos homens é materialista. O segundo sentido do materialismo refere-se a um grupo especial de soluções sugeridas para um problema básico da filosofia -- a relação entre a mente humana ou espírito de um lado, e o corpo humano e suas funções fisiológicas do outro lado. Diversas respostas foram oferecidas a este problema -- entre elas as respostas religiosas. Nós sabemos muito bem que existe uma conexão entre corpo e mente; a medicina provou que determinados danos ao cérebro provocam algumas mudanças no funcionamento da mente humana. Porém, os materialistas deste segundo grupo explicam todas as manifestações da mente humana como produtos do corpo.Entre estes materialistas filosóficos, existem duas correntes de pensamento:
A. Uma escola que considera o homem como uma máquina. Este grupo diz que estes problemas são muito simples -- a “máquina” humana funciona exatamente como qualquer outra máquina. Um Francês, Julien de La Mettrie [1709–1751], escreveu o livro que contém esta idéia, Man, the Machine; e hoje muitas pessoas ainda querem explicar todas as operações da mente humana, direta ou indiretamente, como se fossem operações mecânicas. Por exemplo, veja a Enciclopédia de Ciências Sociais. (Encyclopedia of the Social Sciences) Um dos colaboradores, professor na New School for Social Research, diz que a criança recém-nascida é como um carro Ford, pronto para funcionar. Talvez! Mas uma máquina, um Ford recém-fabricado, não funciona por si só. Uma máquina não realiza nada, não faz nada sozinha -- sempre são os homens ou um certo número de homens que realizam algo através da máquina. Alguém precisa ativar a máquina. Se a atividade do homem cessar, a atividade da máquina também cessa. Nós temos que perguntar para este professor da New School for Social Research, “Quem ativa a máquina?”. A resposta destruiria a doutrina materialista da máquina.
Às vezes as pessoas falam sobre "alimentar" a máquina, como se estivesse viva. Mas, evidentemente, não está. Em seguida, às vezes as pessoas também afirmam que a máquina sofreu um "colapso nervoso". Mas como um objeto sem nervos pode sofrer um colapso nervoso? Está teoria “maquinista” foi repetida várias vezes, mas não é muito realista. Nós não temos que lidar com isto porque nenhum homem sério realmente acredita nisto.
B. A teoria fisiológica proposta pela segunda classe dos materialistas é mais importante. Esta teoria foi formulada originalmente por Ludwig Feuerbach [1804-1872] e Karl Vogt [1817-1895] nos primeiros dias de Karl Marx. Esta idéia dizia que os pensamentos e as idéias são "simplesmente" secreções do cérebro. (Nenhum filósofo materialista nunca deixou de usar a palavra "simplesmente". Que significa, “eu sei, mas eu não posso explicar”). Hoje os cientistas sabem que determinadas condições patológicas causam certas secreções, e que essas secreções causam determinadas atividades no cérebro. Mas estas secreções são quimicamente as mesmas para todas as pessoas na mesma situação e condição. Contudo, idéias e pensamentos não são as mesmas para todas as pessoas na mesma situação e condição; elas são diferentes.
Primeiro, idéias e pensamentos não são tangíveis. E segundo, os mesmos fatores externos não produzem a mesma reação em todo mundo. Uma maçã caiu uma vez de uma árvore e bateu num certo jovem [Isaac Newton]. Isto pode ter acontecido a muitos outros jovens antes, mas este acontecimento particular desafiou este jovem particularmente e ele desenvolveu algumas idéias disto.
Mas as pessoas nem sempre têm os mesmos pensamentos quando elas presenciam os mesmos fatos. Por exemplo, na escola alguns aprendem; outros não. Há diferenças nos homens.
Bertrand Russell [1872-1970] perguntou, “Qual é a diferença entre os homens e as pedras?” Ele disse que não havia nenhuma diferença, a não ser que os homens reagem a mais estímulos que as pedras. Mas na verdade há uma diferença. Pedras reagem de acordo com um padrão definido que nós podemos conhecer; podemos prever o que acontecerá a uma pedra se ela for tratada de uma determinada forma. Mas nem todos os homens reagem da mesma forma quando são tratados de determinada maneira; nós não podemos estabelecer tais categorias de ações para homens. Assim, embora muitas pessoas pensem que materialismo fisiológico é uma solução, na verdade conduz a um beco sem saída. Se realmente fosse a solução para este problema, isso significaria que, em qualquer caso, nós poderíamos saber como todos reagiriam. Não podemos sequer imaginar quais seriam as conseqüências se todo mundo soubesse o que todos os outros iriam fazer.
Karl Marx não era um materialista no primeiro sentido -- o sentido “maquinista”. Mas a idéia fisiológica era muito popular na sua época. Não é fácil saber exatamente o que influenciou Marx porque ele odiava algumas pessoas e de outras tinha inveja. Karl Marx odiava Vogt, o representante do materialismo fisiológico. Assim que materialistas como Vogt começaram a falar de política, Karl Marx disse que eles tinham idéias ruins; isso significava que Marx não gostava delas.
Marx desenvolveu o que ele pensava ser um novo sistema. De acordo com sua interpretação materialista da história, as “forças produtivas materiais" (esta é uma tradução exata do Alemão) são as bases de tudo. Cada etapa das forças produtivas materiais corresponde a uma fase definida de relações de produção. As forças produtivas materiais determinam as relações de produção, isto é, o tipo de possessão e propriedade que existem no mundo. E as relações de produção determinam a superestrutura. Na terminologia de Marx, capitalismo ou feudalismo são relações de produção. Cada um destes foi necessariamente produzido por uma fase particular das forças produtivas materiais. Em 1859, Karl Marx disse que uma nova fase das forças produtivas materiais produziria o socialismo.
Mas o que são estas forças produtivas materiais? Da mesma forma que Marx nunca disse o que era uma "classe", ele nunca disse exatamente o que são as "forças produtivas materiais”. Após analisar suas obras nós descobrimos que as forças produtivas materiais são as ferramentas e as máquinas. Num de seus livros [Misère de la philosophie — A miséria da Filosofia], escrito em Francês em 1847, Marx afirma que “a fábrica manual produz o feudalismo – a fábrica a vapor produz o capitalismo.” (3) Ele não disse isto neste livro, mas em outras obras ele escreveu que surgiriam outras máquinas que iriam produzir o socialismo.
Marx tentou arduamente evitar a interpretação geográfica do progresso, porque isso já havia caído em descrédito. O que ele disse foi que as "ferramentas" eram a base de progresso. Marx e [Friedrich] Engels [1820-1895] acreditavam que novas máquinas seriam desenvolvidas e que elas conduziriam ao socialismo. Eles alegravam-se com as novas máquinas, pensando que isso significava que o socialismo estava próximo. No livro Francês de 1847, ele criticou aqueles que davam importância à divisão do trabalho; ele afirmou que as ferramentas eram importantes.
Nós não devemos esquecer que ferramentas não caem do céu. Elas são produto de idéias. Para explicar as idéias, Marx disse que as ferramentas, as máquinas -- as forças produtivas materiais -- se refletem nos cérebros dos homens e assim as idéias surgem. Mas as ferramentas e as máquinas são, elas mesmas, o produto das idéias. Além disso, antes de existir máquinas, deve existir a divisão do trabalho. E antes de existir a divisão do trabalho, idéias definidas precisam ser desenvolvidas. A origem destas idéias não pode ser explicada por algo que só é possível numa sociedade, que é, ela mesma, produto de idéias.
O termo "materiais" fascinou as pessoas. Para explicar mudanças em idéias, mudanças em pensamentos, mudanças em todas essas coisas que são os produtos de idéias, Marx os reduziu a mudanças em idéias tecnológicas. Nisto ele não era original. Por exemplo, Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz [1821–1894] e Leopold von Ranke [1795-1886] interpretaram a história como a história da tecnologia.
É tarefa da história explicar por que determinadas invenções não foram postas em prática por pessoas que tiveram todo o conhecimento físico requerido para sua construção. Por que, por exemplo, os antigos gregos, que tiveram o conhecimento técnico, não desenvolveram estradas de ferro?
Assim que uma doutrina se torna popular, ela é simplificada de tal forma que permita a compreensão das massas. Marx dizia que tudo depende das condições econômicas. Como declarou em seu livro Francês [A miséria da Filosofia] de 1847, ele entende que a história das fábricas e ferramentas desenvolveram-se independentemente. Segundo Marx, todo o movimento da história humana aparece como conseqüência natural do desenvolvimento das forças produtivas materiais, as ferramentas. Com o desenvolvimento das ferramentas, a estrutura da sociedade muda e, conseqüentemente, tudo o mais muda também. Por tudo o mais, ele quis dizer a superestrutura. Autores Marxistas, escrevendo depois de Marx, explicaram tudo na superestrutura como resultado de mudanças definitivas nas relações da produção. E eles explicaram tudo nas relações de produção como resultado das mudanças nas ferramentas e máquinas. Isto foi uma vulgarização, uma simplificação, da teoria marxista. Marx e Engels não foram completamente responsáveis por isso. Eles criaram muitas tolices, mas eles não são responsáveis por toda a tolice de hoje.
Qual é a influência desta teoria marxista sobre as idéias? O filósofo René Descartes [1596-1650], que viveu no início do século XVII, acreditava que o homem tinha uma mente e que o homem pensa, mas que os animais eram simplesmente máquinas. Marx afirmou, naturalmente, que Descartes viveu numa época em que a "Manufakturperioden", as ferramentas e máquinas, eram tais que ele foi forçado a explicar sua teoria afirmando que os animais eram máquinas. Albrecht von Hailer [1708-1777], um Suíço, afirmou a mesma coisa no século XVIII (ele não gostava da igualdade perante a lei dos governos liberais). Entre estes dois homens, viveu La Mettrie, que também explicou homem como uma máquina. Portanto, o conceito de Marx, de que as idéias eram um produto das ferramentas e máquinas de uma determinada época, é facilmente refutado.
John Locke [1632-1704], o conhecido filósofo do empirismo, declarou que tudo na mente do homem provém da experiência dos sentidos. Marx afirmou que John Locke era um porta-voz da doutrina classista da burguesia. Isto conduz a duas deduções diferentes das obras de Karl Marx: (a) A interpretação que ele deu a respeito de Descartes é que ele vivia numa época em que as máquinas foram introduzidas e, portanto, Descartes explicou o animal como uma máquina; e (b) A interpretação que ele deu a respeito da inspiração de John Locke -- que ela veio do fato de que ele era um representante dos interesses classistas dos burgueses. Aqui estão duas explicações incompatíveis para a origem das idéias. A primeira destas duas explicações, no sentido de que as idéias são baseadas em forças produtivas materiais, as ferramentas e máquinas, é inconciliável com a segunda, a saber, que os interesses de classe determinam as idéias.
Segundo Marx, todos são forçados -- pelas forças produtivas materiais -- a pensar de tal maneira que o resultado mostre seus interesses de classe. Você pensa da forma que seus "interesses" forçam você pensar; você pensa de acordo com seus “interesses” de classe. Seus “interesses” são algo independente da sua mente e suas idéias. Seus “interesses” existem no mundo além de das suas idéias. Conseqüentemente, a produção de suas idéias não é nenhuma verdade. Antes da aparição de Karl Marx, a noção de verdade não tinha qualquer significado para todo o período histórico. O que o pensamento das pessoas produziu no passado sempre foi "ideologia", não verdade.
“Les idéologues” na França foram bem advertidos por Napoleão [1769–1821], que disse que tudo ficaria bem na França exceto para os “idéologues”. Em 1812, Napoleão foi derrotado. Ele deixou o exército na Rússia, retornou só, incógnito, e apareceu em de dezembro de 1812 em Paris. Ele jogou a culpa dos males que aconteceram ao seu país sobre os maus "idéologues", que influenciaram o país.
Marx usou ideologia num sentido diferente. Segundo Marx, ideologia era um pensamento doutrinário produzido por membros de uma classe. Estas doutrinas necessariamente não eram verdades, mas somente as expressões dos interesses classistas. Naturalmente, um dia haverá uma sociedade sem classes. Uma classe -- a classe proletária -- prepara o caminho para a sociedade sem classes. A verdade de hoje é a idéia dos proletários. Os proletários abolirão todas as classes e então virá a Idade Dourada, a sociedade sem classes.
Marx chamava Joseph Dietzgen [1828–1888] de proletário, mas Marx o teria chamado de pequeno-burguês se soubesse mais sobre ele. Oficialmente Marx aprovou todas as idéias de Dietzgen, mas em sua correspondência privada com Ferdinand Lassalle [1825-1864] ele expressou alguma discordância. Não existe lógica universal. Cada classe possui sua própria lógica. Mas, evidentemente, a lógica do proletariado é a verdadeira lógica do futuro. (Estas pessoas ficaram ofendidas quando os racistas assumiram as mesmas idéias, alegando que as diferentes raças possuem diferentes lógicas, mas a lógica dos Arianos é a verdadeira lógica) [[ Nota endireitar.org: sobre esse mesmo assunto ver o artigo Polilogismo: Karl Marx e os Nazistas ]].
A sociologia do conhecimento de Karl Mannheim [1893–1947] se desenvolveu das idéias de Hitler. Todo o mundo pensa em ideologias -- i.e., falsas doutrinas. Mas há uma classe de homens que desfruta de um privilégio especial -- Marx os denominou "intelectuais não-engajados". Estes "intelectuais não-engajados" possuem o privilégio de descobrir verdades que não são ideologias.
A influência dessa idéia de “interesses” é enorme. Em primeiro lugar, é importante lembrar que esta doutrina não afirma que os homens agem e pensam de acordo com o que eles consideram ser seus próprios interesses. Em segundo lugar, recorde que ela considera os “interesses” como independentes dos pensamentos e idéias dos homens. Estes interesses independentes obrigam os homens a pensar e agir de uma forma definida. Como um exemplo da influência que esta idéia possui sobre nosso pensamento hoje, eu poderia mencionar um Senador Americano -- não é um Democrata -- que afirmou que as pessoas votam de acordo com seus “interesses”; ele não disse de acordo com o que eles pensam ser seus interesses. Esta é a idéia de Marx -- assumindo que "interesses" são algo definido e além das idéias de uma pessoa. Esta idéia de doutrina de classe foi primeiramente desenvolvida por Karl Marx no Manifesto Comunista.
Nem Engels, nem Marx eram do proletariado. Engels era muito rico. Ele caçava raposas em um casaco vermelho -- este era o passatempo dos ricos. Teve uma namorada que ele considerava demasiado abaixo dele para pensar em se casar. Ela morreu, e a irmã dela se tornou sua sucessora. Casou-se finalmente com a irmã, mas somente quando ela estava morrendo -- somente dois dias antes de sua morte.
Karl Marx nunca ganhou muito dinheiro por si mesmo. Ele recebeu algum dinheiro como colaborador regular do jornal The New York Tribune. Mas ele foi sustentado quase completamente por seu amigo Engels. Marx não era um proletário; ele era o filho de um próspero advogado. Sua esposa, a Sra. Karl Marx [Jenny von Westphalen, 1814–1881], era a filha de um alto Junker prussiano. E o cunhado de Marx era o chefe da polícia prussiana.
Assim, estes dois homens, Marx e Engels, que reivindicaram que a mente proletária era diferente da mente da burguesia, estavam numa posição embaraçosa. Então eles incluíram uma passagem no Manifesto Comunista para explicar: “Quando o tempo chegar, alguns membros da burguesia se unirão às classes emergentes”. Porém, se alguns homens conseguem se livrar da lei de interesses de classe, então a lei não é mais uma lei geral.
A idéia de Marx era que as forças produtivas materiais conduzem os homens de uma fase para outra, até eles alcançarem o socialismo, que é o fim e o ápice de tudo. Marx disse que o socialismo não pode ser planejado com antecedência; a história cuidará dele. Na visão de Marx, esses que afirmam como o socialismo funcionará são apenas “utópicos”.
O Socialismo já estava intelectualmente derrotado no tempo que Marx escreveu. Marx contestava seus críticos afirmando que aqueles que estavam em oposição eram somente “burgueses”. Ele afirmou que não era necessário derrotar os argumentos dos seus oponentes, mas somente desmascarar sua origem burguesa. E como sua doutrina não passava de ideologia burguesa, não era necessário lidar com isto. Isto deveria significar que nenhum burguês pudesse escrever alguma coisa a favor do socialismo. Assim, todos escritores estavam ansiosos para provar que eles eram proletários. Também seria oportuno mencionar neste momento que o precursor do socialismo francês, Saint-Simon (4), era descendente de uma famosa família de duques e condes.
Simplesmente não é verdade que as invenções se desenvolvem porque as pessoas procuram finalidades práticas e não por verdades.
Quando Marx publicou suas obras, o pensamento alemão era dominado por George Wilhelm Friedrich Hegel [1770-1831], professor na Universidade de Berlim. Hegel tinha desenvolvido a teoria da evolução filosófica da história. Em alguns aspectos suas idéias eram diferentes, até mesmo opostas, das idéias de Marx. Hegel foi o homem que destruiu o pensamento Alemão e a filosofia Alemã por mais de um século, pelo menos. Ele encontrou uma advertência em Immanuel Kant [1724-1804], que havia dito que a filosofia da história só poderia ser escrita por um homem que tivesse a coragem de fingir que vê o mundo com os olhos de Deus. Hegel acreditou que ele tinha os "olhos de Deus”, que ele conhecia o fim de história, que ele conhecia os planos de Deus. Ele disse que o Geist (Mente ou Espírito) se desenvolve e se manifesta no curso da evolução histórica. Então, o curso da história é inevitavelmente o progresso do menos satisfatório para condições mais satisfatórias.
Em 1825, Hegel disse que havíamos alcançado um estado de coisas maravilhosas. Ele considerou o reino da Prússia de Friedrich Wilhelm III [1770-1840] e a Igreja da União Prussiana (Prussian Union Church) como a perfeição do governo secular e espiritual. Marx afirmou, como Hegel, que havia história no passado, mas que não haverá mais nenhuma história quando nós alcançarmos um estado que é satisfatório. Assim, Marx adotou o sistema Hegeliano, embora usasse forças produtivas materiais em vez de Geist. As forças produtivas materiais passam por várias fases. A fase presente é muito ruim, mas há uma coisa em seu favor -- ela é a fase preliminar necessária para o aparecimento do estado perfeito do socialismo. E o socialismo está próximo.Hegel foi chamado de filósofo do absolutismo prussiano. Ele morreu em 1831. Sua escola de pensamento se dividiu entre esquerda e direita. (A esquerda não gostava do governo prussiano e da Igreja da União Prussiana). Esta distinção entre a esquerda e a direita existiu desde então. No Parlamento Francês, aqueles que não gostavam do governo do rei estavam sentados no lado esquerdo do plenário da assembléia. Hoje ninguém quer sentar à direita.
Originalmente, isto é, antes de Karl Marx, o termo "direita" referia-se aos partidários do governo representativo e liberdades civis, como o oposto da "esquerda" que favorecia ao absolutismo real e a ausência de direitos civis. O aparecimento das idéias socialistas alterou o significado destes termos. Alguns da "esquerda" foram sinceros ao expressar suas opiniões. Por exemplo, Platão [427-347 AC] era honesto ao declarar que um filósofo deveria governar. E Augusto Comte [1798–1857] dizia que a liberdade foi necessária no passado, uma vez que tornou possível para ele publicar seus livros, mas agora que os livros foram publicados não há qualquer necessidade de liberdade. E da mesma forma Etienne Cabet [1788-1856] falava de três categorias de livros -- os maus livros, que deveriam ser queimados; os livros intermediários, que deveriam ser corrigidos; e os "bons" livros restantes. Portanto, houve uma grande confusão quanto às liberdades civis que seriam concedidas aos cidadãos no estado socialista. Isto aconteceu porque as idéias marxistas não progrediram em países que possuíam liberdades civis, mas em países onde as pessoas não possuíam tais liberdades.
Nikolai Bukharin [1888–1938], um autor comunista que viveu em um país comunista, escreveu um panfleto em 1917 (5), no qual ele disse: nós pedimos as liberdades de imprensa, de pensamento e liberdades civis no passado porque nós estávamos na oposição e necessitávamos destas liberdades para conquistar. Agora que nós conquistamos, não existe qualquer necessidade de tais liberdades civis. [Bukharin foi julgado e condenado à morte nos expurgos dos processos Moscou em março de 1938] Se o sr. Bukharin fosse um comunista Americano, ele provavelmente ainda estaria vivo e livre para escrever mais panfletos sobre o porquê da liberdade não ser mais necessária.
Estas peculiaridades da filosofia marxista só podem ser explicadas pelo fato que Marx, embora vivesse na Grã-bretanha, não estava tratando das condições da Grã-bretanha, onde, ele acreditava, as liberdades civis já não eram necessárias, mas com as condições da Alemanha, França, Itália, e assim por diante, locais onde as liberdades civis ainda eram necessárias. Desta forma nós vemos que a distinção entre direita e esquerda, que tiveram significado na época da Revolução Francesa, já não tem qualquer significado.
Segundo capítulo logo abaixo
Notas:
[1] A Contribution to the Critique of Political Economy (Moscow: Progress Publishers, 1859).
[2] “The Unresolved Contradiction in the Economic Marxian System” in Shorter Classics of Eugen von Böhm-Bawerk (South Holland, Ill.: Libertarian Press, 1962 [1896; Eng.Trans. 1898]), pp. 201–302.
[3] “Le moulin à bras vous donnera la société avec le souzerain; le moulin à vapeur, la société avec le capitaliste industriel.” Karl Marx, Misère de la philosophie (Paris and Brussels, 1847), p. 100.—Ed.
[4] Claude Henri de Rouvroy, Comte de Saint-Simon [1760–1825]—Ed.
[5] “The Russian Revolution and Its Significance,” The Class Struggle, Vol. I, No. 1, May–June,1917.—Ed.
Tradução: Wellington Moraes
Marxismo segundo Ludwig Von Mises II - Conflitos de Classe e Socialismo Revolucionário
Do portal MOVIMENTO ENDIREITAR, outro da série "imperdíveis"
Ludwig von Mises é um dos mais notáveis filósofos e economistas do nosso tempo. Inspirado no início de sua carreira pelo trabalho de seus professores - os grandes economistas austríacos Carl Menger e Böhm-Bawerk - Mises, por meio de uma série de pesquisas universitárias, analisou sistematicamente cada problema econômico importante, criticou erros inveterados e substituiu velhos sofismas por idéias sólidas e sadias.
Este é o segundo capítulo intitulado "Class Conflict and Revolutionary Socialism" do livro "Marxism Unmasked: From Delusion to Destruction" (http://www.fee.org/library/books/MarxismUnmasked.asp)
publicado pela Foundation for Economic Education. Faz parte de uma série de nove discursos formais de Ludwig Von Mises, (1881-1973), pronunciados entre 23 de junho e 3 de julho de 1952, na Biblioteca Pública de São Francisco, São Francisco, Califórnia, num seminário patrocinado pela revista The Freeman. (Download: ZIP/PDF)
MARX ASSUMIU que os "interesses" eram independentes das idéias e pensamentos humanos. Ele afirmou que o socialismo era o sistema ideal para o proletariado. Disse também que os interesses de classe determinam o pensamento dos indivíduos e que esta condição provoca conflitos irreconciliáveis entre as várias classes. Marx então voltou ao ponto inicial – isto é, o socialismo é o estado ideal.
Os conceitos de "classe" e "conflito de classe” eram fundamentais no Manifesto Comunista (1848). Mas Marx não disse o que era uma "classe". Marx morreu em 1883, 35 anos depois da publicação do Manifesto Comunista. Nesses 35 anos ele publicou muitos volumes, mas em nenhum deles ele disse o que ele queria dizer pelo termo "classe". Após a morte de Marx, Friedrich Engels publicou o manuscrito inacabado do terceiro volume de O Capital (Das Kapital). Engels disse que este manuscrito, no qual Marx tinha parado de trabalhar muitos anos antes de morrer, foi encontrado na escrivaninha de Marx depois de sua morte. Num capítulo de três páginas naquele volume, Marx nos conta o que não era uma "classe". Mas você pode procurar por todas suas obras para compreender o que era uma "classe", jamais irá encontrar. Na realidade, "classes" não existem na natureza. É o nosso pensamento – nossas classificações em categorias – que constrói classes em nossas mentes. A questão não é se as classes sociais existem no sentido de Karl Marx; a questão é se nós podemos utilizar o conceito de classes sociais na forma como Karl Marx o entendia. Nós não podemos.
Marx não viu que o problema do "interesse" de um indivíduo, ou de uma classe, não pode ser resolvido simplesmente fazendo referência ao fato que existe tal interesse e que os homens têm de agir de acordo com os seus interesses. Duas questões devem ser colocadas: (1) Para que objetivos estes "interesses" conduzem as pessoas? (2) Quais métodos elas querem aplicar para atingir estes objetivos?
A Primeira Internacional foi um pequeno grupo de pessoas, um comitê de alguns homens em Londres, amigos e inimigos de Karl Marx. Alguém sugeriu que eles cooperassem com o movimento trabalhista-sindicalista britânico. Em 1865, Karl Marx leu na reunião do Comitê Internacional um documento, Valor, Preço, e Lucro (Value, Price, and Profit), uma de suas poucas obras originalmente escritas em inglês. Neste documento, ele destacou que os métodos do movimento sindical eram muito ruins e deveriam ser modificados. Parafraseando: "Os sindicatos querem melhorar o destino dos trabalhadores no âmbito do sistema capitalista - isto é inútil e desesperado. No âmbito do sistema capitalista não há nenhuma possibilidade de melhorar o estado dos trabalhadores. O melhor que o sindicato poderia alcançar deste modo seria algum sucesso de curto prazo. Os sindicatos devem abandonar esta política 'conservadora’; eles devem adotar a política revolucionária. Eles têm que lutar pela abolição da sociedade salarial e devem trabalhar para a vinda do socialismo". Marx não teve coragem para publicar este documento enquanto estava vivo; só foi publicado depois de sua morte por uma de suas filhas. Ele não quis fazer oposição aos sindicatos; ele ainda tinha esperanças que eles abandonariam suas teorias.
Aqui está um conflito evidente de opiniões entre os proletários, relativo a que meios utilizar. Os sindicatos proletários e Marx discordaram sobre o que era o "interesse" dos proletários. Marx afirmou que o "interesse" de uma classe era óbvio – não poderia haver nenhuma dúvida quanto a isto – todos conheciam este “interesse”. Então aqui surge um homem que não pertence a esta classe proletária, um escritor e advogado que informa aos sindicatos que eles estavam errados. “Esta é uma política ruim”, ele afirmou. “Vocês precisam mudar radicalmente sua política". Aqui toda a idéia de classe é destruída, a idéia de que um indivíduo, às vezes, pode errar, mas que uma classe como um todo nunca pode errar.
Críticas às doutrinas marxistas sempre foram superficiais. Eles não mostraram como Marx se contradisse e como ele não conseguiu explicar as suas idéias. A crítica de Böhm-Bawerk [1] era boa, mas ele não cobriu o sistema inteiro. Os críticos de Marx nem mesmo descobriram as contradições mais patentes de Karl Marx.
Marx acreditou na "lei férrea dos salários". Ele aceitou isso como a base fundamental da sua doutrina econômica. Ele não gostou do termo Alemão para esta lei, a "lei de bronze" dos salários, sobre o qual Ferdinand Lassalle [1825-1864] tinha publicado um panfleto. Karl Marx e Ferdinand Lassalle não eram amigos; eles eram concorrentes, competidores muito sérios. Marx disse que a única contribuição de Lassalle foi o próprio termo, a "lei de bronze" dos salários. E que, no mais, o termo, foi emprestado, emprestado do dicionário e de Goethe [2].
A "lei férrea dos salários" ainda sobrevive em muitos livros didáticos, na mente dos políticos e, conseqüentemente, em muitas das nossas leis. De acordo com a "lei férrea dos salários", a taxa salarial é determinada pela quantidade de alimentos e outras necessidades requeridas para a preservação e reprodução da vida, para sustentar os filhos dos trabalhadores até que eles próprios possam trabalhar nas fábricas. Se as taxas salariais ficarem acima disto, o número de trabalhadores aumentaria e o aumento do número de trabalhadores derrubaria as taxas salariais novamente. Os salários não podem cair abaixo deste ponto porque haveria uma escassez de trabalho. Esta lei considera que o trabalhador é algum tipo de micróbio ou roedor sem livre escolha ou livre arbítrio.
Se você pensa que é absolutamente impossível, sob o sistema capitalista, para os salários divergirem desta taxa, como você ainda pode falar, como fez Marx, sobre o empobrecimento progressivo dos trabalhadores como sendo inevitável? Existe uma contradição insolúvel entre a idéia marxista da lei férrea das taxas salariais, segundo a qual os salários permanecerão num ponto em que eles são suficientes para sustentar os descendentes dos trabalhadores até que eles possam se tornar trabalhadores, e sua filosofia da história, que sustenta que os trabalhadores serão empobrecidos cada vez mais até serem conduzidos à insurreição aberta, provocando assim o socialismo. Evidentemente, ambas as doutrinas são insustentáveis. Mesmo 50 anos atrás, os principais escritores socialistas foram obrigados a recorrer a outros esquemas elaborados na tentativa de sustentar suas teorias. O que é surpreendente é que, durante o século desde as obras de Marx, ninguém mostrou esta contradição. E esta contradição não é a única em Marx.
O que realmente destruiu Marx foi sua idéia do progressivo empobrecimento dos trabalhadores. Marx não viu que a característica mais importante do capitalismo era a produção em grande escala para as necessidades das massas; o principal objetivo dos capitalistas é produzir para as grandes massas. Nem Marx viu que sob o capitalismo o cliente sempre tem razão. Na sua condição de assalariado, o trabalhador não pode determinar o que será feito. Mas na condição de cliente, ele é realmente o chefe e fala para o chefe dele, o empresário, o que fazer. O chefe dele deve obedecer às ordens dos trabalhadores como membros do público consumidor. A Srta. Webb [3] era a filha de um próspero homem de negócios. Como outros socialistas, pensou que o pai dela era um autocrata que dava ordens para todo mundo. Ela não viu que ele estava sujeito à soberania das ordens dos clientes no mercado. A “grande” Srta. Webb não era mais inteligente que o menino mensageiro mais bobo, que só vê que o chefe dele dá ordens.
Marx não tinha nenhuma dúvida sobre quais objetivos os homens visavam. Ele também não teve quaisquer dúvidas sobre a melhor maneira de atingir estes objetivos. Como é que um homem que leu tanto e interrompe sua leitura apenas para escrever, não percebe as discrepâncias em suas idéias?
Para responder a esta pergunta, temos que voltar para o pensamento do seu tempo. Aquele foi o tempo da Origem das Espécies [1859] de Charles Darwin. Era a moda intelectual daquela época enxergar os homens apenas do ponto de vista da sua filiação na classe zoológica dos mamíferos, que agiam com base nos instintos. Marx não levou em conta a evolução da humanidade para um o nível superior ao dos homens muito primitivos. Ele considerou o trabalho não especializado como tipo normal de trabalho e o trabalho especializado como a exceção. Num dos seus livros, ele escreveu que o progresso tecnológico na melhoria das máquinas provoca o desaparecimento dos especialistas porque a máquina pode ser operada por qualquer pessoa; não há necessidade de nenhuma habilidade especial para operar uma máquina. Portanto, o tipo normal de homem no futuro será o não especialista.
No que diz respeito a muitas de suas idéias, Marx pertenceu a eras muito antigas, especialmente na construção de sua filosofia da história. Marx substituiu a evolução Hegeliana do Geist pela evolução dos fatores materiais de produção. Ele não percebeu que os fatores materiais de produção, i.e., as ferramentas e máquinas, são, de fato, produtos da mente humana. Ele afirmou que estas ferramentas e máquinas, as forças produtivas materiais, inevitavelmente provocariam a vinda do socialismo. Sua teoria foi denominada "materialismo dialético" (dialectical materialism), abreviada pelos socialistas para "diamat" (diamet em inglês).
[Num aparte, o Dr. Mises contou sobre uma visita a uma escola no México, uma "escuela socialista”, uma "escola socialista”. Mises perguntou para o reitor da escola o que "escola socialista” significava. O reitor explicou que a legislação mexicana exigia das escolas o ensino da doutrina Darwinista da evolução e do materialismo dialético. Em seguida, ele fez um comentário sobre a provisão na lei que fazia esta exigência e sobre próprio sistema escolar: “Há uma grande diferença entre a letra da lei e a prática. Noventa por cento dos professores em nossas escolas são mulheres e a maioria delas são Católicas praticantes.”]
Marx argumentou da tese à negação da tese para a negação da negação. A propriedade privada dos meios de produção por cada trabalhador individual foi o início, a tese. Este era o estado de coisas numa sociedade em que cada trabalhador ou era um agricultor independente ou um artesão que possuía as ferramentas com as quais ele estava trabalhando. Negação da tese – propriedade sob o capitalismo – quando as ferramentas já não são propriedades dos trabalhadores, mas dos capitalistas. A negação da negação foi a propriedade dos meios de produção pela sociedade inteira. Raciocinando desta forma, Marx afirmou que tinha descoberto a lei da evolução histórica. E é por isso que ele chamou isto de "socialismo científico”.
Marx rotulou todos os socialistas do passado de "socialistas utópicos” porque eles tentaram mostrar por que socialismo era melhor. Eles queriam persuadir seus concidadãos porque tinham a esperança de que as pessoas adotariam o sistema social socialista se estivessem convencidos de que era melhor. Eles eram "utópicos”, Marx afirmou, porque eles tentaram descrever o futuro paraíso terrestre. Entre os precursores de Marx, a quem ele considerou "utópicos”, estavam Saint-Simon, um aristocrata Francês; Robert Owen [1757-1858], um fabricante britânico; e Charles Fourier [1772-1837], um Francês que era, sem dúvida, um lunático. (Fourier era chamado de "tolo do Palais-Royal [4]". Ele costumava fazer declarações como “Na era do socialismo, o oceano já não será salgado, mas limonada”). Marx considerou estes três como grandes precursores. Mas, ele afirmou, eles não perceberam que o que estavam dizendo era somente “utópico". Eles esperavam a vinda do socialismo por uma mudança nas opiniões das pessoas. Mas para Marx, a vinda do socialismo era inevitável; viria com a inevitabilidade da natureza.
Por um lado, Karl Marx escreveu da inevitabilidade do socialismo. Mas por outro lado, ele organizou um movimento socialista, um partido socialista, declarou várias vezes que o seu socialismo era revolucionário, e que a subversão violenta do governo era necessária para o aparecimento do socialismo.
Marx adotou suas metáforas do campo da ginecologia. O partido socialista é como a obstetrícia, disse Marx; ele torna a vinda do socialismo possível. Quando questionados: “se vocês consideram todo processo inevitável, por que vocês não favorecem a evolução em vez da revolução”, os marxistas respondem, “Não existem evoluções na vida. O nascimento não é em si uma revolução?".
Segundo Marx, a meta do partido socialista não era influenciar, mas só ajudar o inevitável. Mas a obstetrícia influencia e muda condições. A obstetrícia realmente tem trazido progresso neste ramo da medicina, e até mesmo salvou vidas. E por salvar vidas, poderia ser dito que a obstetrícia mudou de fato o curso da história.
O termo "científico" adquiriu prestígio no decurso do século XIX. O livro Anti-Dühring (1878) de Engels se tornou um dos livros mais bem-sucedidos entre as obras filosóficas marxistas. Um capítulo deste livro foi reimpresso como um panfleto com o título "O Desenvolvimento do Socialismo da Utopia à Ciência", e teve sucesso enorme. Karl Radek [1885-1939], um comunista soviético, mais tarde escreveu um panfleto chamado "O Desenvolvimento do Socialismo, da Ciência à Ação".
A teoria da ideologia de Marx foi preparada para desacreditar as obras da burguesia. [Tomás] Masaryk [1850-1937], da Tchecoslováquia, nasceu de pessoas pobres, agricultores e trabalhadores, e ele escreveu sobre Marxismo. No entanto, os marxistas o chamam de burguês. Como ele poderia ser considerado "burguês" se Marx e Engels denominavam a si próprios de "proletários"?
Se os proletários devem pensar de acordo com os "interesses" da sua classe, o que significa então a existência de discordâncias e dissensões entre eles? A confusão torna a situação muito difícil de explicar. Quando há dissensão entre proletários, eles chamam o opositor de "traidor social”. Depois de Marx e Engels, o mais eminente homem dos comunistas foi um Alemão, Karl Kautsky [1854-1938]. Em 1917, quando Lênin tentou revolucionar o mundo inteiro, Karl Kautsky opôs-se à idéia. E por causa desta discordância, o ex-todo-poderoso homem do partido se tornou, de repente, um "traidor social". Ele foi chamado disto e de muitos outros nomes.
Esta idéia é como a dos racistas [5]. Os racistas Alemães declararam que um grupo definido de idéias políticas eram Alemãs e que todos os verdadeiros Alemães devem necessariamente pensar de acordo com este grupo particular de idéias. Esta era a idéia Nazista. Segundo os Nazistas, a melhor situação era estar num estado de guerra. Mas alguns Alemães – Kant, Goethe, e Beethoven, por exemplo – tiveram diferentes idéias “não-Alemãs". Se nem todos Alemães pensam de uma determinada maneira, quem é que vai decidir quais idéias são Alemãs e quais não são? A resposta só pode ser que uma "voz interior” é o melhor padrão, o critério definitivo. Esta postura necessariamente conduz a conflitos que devem resultar em guerra civil, ou até mesmo guerra internacional.
Havia dois grupos Russos, ambos consideravam-se proletários – os Bolcheviques e os Mencheviques. O único método para “resolver" as discordâncias entre eles era usar a força e a liquidação. Os Bolcheviques venceram. Em seguida, nas fileiras dos comunistas Bolcheviques surgiram outras diferenças de opinião – entre Trotsky [6] e Stalin – e a única maneira de resolver seus conflitos foi um expurgo. Trotsky foi forçado ao exílio, mudou-se para o México, e foi assassinado lá em 1940. Stalin não originou nada; ele voltou para o Marx revolucionário de 1859 – não para o Marx intervencionista de 1848.
Infelizmente, expurgos não acontecem somente porque os homens são imperfeitos. Expurgos são as conseqüências necessárias das bases filosóficas do socialismo marxista. Se você não puder discutir opiniões com diferenças filosóficas da mesma maneira que você discute outros problemas, você tem que achar uma outra solução – através da violência e do poder. Isto não se refere somente às divergências relativas a políticas, problemas econômicos, sociologia, lei, e assim por diante. Refere-se também aos problemas das ciências naturais. Os Webbs, senhor e senhora Passfield, ficaram chocados ao saber que as revistas e jornais Russos tratavam até mesmo dos problemas das ciências naturais partindo do ponto de vista da filosofia Marxista-leninista-estalinista. Por exemplo, se houver uma diferença de opinião em relação à ciência ou genética, isto deve ser decidido pelo "líder". Esta é a conseqüência inevitavelmente necessária do fato que, de acordo com doutrina Marxista, você não considera a possibilidade de dissensão entre pessoas honestas; ou você pensa como eu, ou você é um traidor e deve ser liquidado.
O Manifesto Comunista apareceu em 1848. Naquele documento, Marx pregou a revolução; ele acreditou que a revolução estava próxima. Ele acreditava que o socialismo seria então provocado por uma série de medidas intervencionistas e listou dez medidas intervencionistas – entre elas o imposto de renda progressivo, a abolição dos direitos de herança, reforma agrícola, etc. Estas medidas eram insustentáveis, ele disse, mas necessárias para a vinda do socialismo.
Assim, Karl Marx e Engels acreditaram em 1848, que o socialismo poderia ser atingido pelo intervencionismo. Em 1859, onze anos após o Manifesto Comunista, Marx e Engels abandonaram a defesa das intervenções; eles já não esperavam que o socialismo surgisse através de mudanças legislativas. Eles queriam provocar o socialismo por uma rápida mudança radical. Deste ponto de vista, os seguidores de Marx e Engels consideraram as medidas posteriores – o New Deal, o Fair Deal, etc... – como políticas “pequeno-burguesas”. Na década de 1840, Engels havia dito que as leis trabalhistas britânicas eram sinais do progresso e um sinal do colapso do capitalismo. Mais tarde, eles chamaram tais medidas ou políticas intervencionistas (Sozialpolitik) de muito ruins.
Em 1888 – 40 anos depois da publicação do Manifesto Comunista – uma tradução foi feita por um escritor inglês. Engels acrescentou alguns comentários a esta tradução. Referindo-se às dez medidas intervencionistas preconizadas no Manifesto, ele afirmou que estas medidas não eram apenas insustentáveis, como reivindicou o Manifesto, mas precisamente por serem insustentáveis é que eles necessariamente pressionariam cada vez mais em direção a ainda mais medidas deste tipo, até que finalmente estas medidas mais avançadas conduzissem ao socialismo. [7]
Notas:
[1] - [“The Unresolved Contradiction in the Economic Marxian System” in Shorter Classics of Eugen von Böhm-Bawerk, (South Holland, Ill.: Libertarian Press, 1962 [1896; Eng.Trans. 1898]), pp. 201–302. — Ed.]
[2] - [Marx também criticou Lassalle por usar o termo "Arbeiterstand" (estado de trabalho); Marx disse que Lassalle estava confuso, mas nunca explicou porque Lassalle estava confuso. - Ed.]
[3] - [Beatrice Webb (1858–1943), mulher de Sidney Webb (1859–1947), mais tarde senhor e senhora Passfield, British Fabians. — Ed.]
[4] - N. do T. - Fourier esperou pontualmente, durante dez longos anos, ao meio-dia, nos jardins do Palais-Royal, o benemérito que lhe financiaria a construção de Harmonia (Fourier descreveu detalhadamente, em Le Nouveau Monde Industriel et Sociétaire (1829), as ações que o benemérito deveria realizar: Fourier, 1973, pp.554-561).
[5] - Conferir o artigo “Polilogismo: Karl Marx e os Nazistas” em http://www.endireitar.org/content/view/192/1/content/view/84/75/ para mais detalhes; é uma tradução de um trecho do livro Omnipotent Government de Ludwig von Mises.
[6] - [Leon Trotsky (1879–1940)]
[7] - N. do T. – Em março 1850, dois anos após o Manifesto, Marx e Engels publicaram a Mensagem do Comitê Central à Liga dos Comunistas, um documento que era, segundo o próprio Marx, "no fundo, nada mais que um plano de guerra contra a democracia".
Este documento “continha as proposições fundamentais do programa e táticas Marxistas".
O historiador inglês Robert Payne (Marx, Londres, 1968, p.239) afirma que "embora pouco conhecido e raramente estudada”, a Mensagem de março é "um dos documentos mais importantes e seminais do século XIX", ela "agiu como uma bomba com um fusível atrasado, explodindo só no século XX".
Na Mensagem já encontramos a orientação expressa para “levar ao extremo as propostas dos democratas” e superar as propostas em cada demanda para a reforma social, propondo uma demanda mais extrema - “ditar tais circunstâncias” aos democratas que seu papel “leve desde o princípio o germe de sua queda”. (cf. Karl Marx and Critical Examination of his Works - part 2; Leslie R. Page; Sentinel Publishing; 2000 e http://www.marxists.org/portugues/marx/1850/03/ccaliga.htm).
Tradução: Wellington Moraes
Ludwig von Mises é um dos mais notáveis filósofos e economistas do nosso tempo. Inspirado no início de sua carreira pelo trabalho de seus professores - os grandes economistas austríacos Carl Menger e Böhm-Bawerk - Mises, por meio de uma série de pesquisas universitárias, analisou sistematicamente cada problema econômico importante, criticou erros inveterados e substituiu velhos sofismas por idéias sólidas e sadias.
Este é o segundo capítulo intitulado "Class Conflict and Revolutionary Socialism" do livro "Marxism Unmasked: From Delusion to Destruction" (http://www.fee.org/library/books/MarxismUnmasked.asp)
publicado pela Foundation for Economic Education. Faz parte de uma série de nove discursos formais de Ludwig Von Mises, (1881-1973), pronunciados entre 23 de junho e 3 de julho de 1952, na Biblioteca Pública de São Francisco, São Francisco, Califórnia, num seminário patrocinado pela revista The Freeman. (Download: ZIP/PDF)
Conflitos de Classe e Socialismo Revolucionário
MARX ASSUMIU que os "interesses" eram independentes das idéias e pensamentos humanos. Ele afirmou que o socialismo era o sistema ideal para o proletariado. Disse também que os interesses de classe determinam o pensamento dos indivíduos e que esta condição provoca conflitos irreconciliáveis entre as várias classes. Marx então voltou ao ponto inicial – isto é, o socialismo é o estado ideal.
Os conceitos de "classe" e "conflito de classe” eram fundamentais no Manifesto Comunista (1848). Mas Marx não disse o que era uma "classe". Marx morreu em 1883, 35 anos depois da publicação do Manifesto Comunista. Nesses 35 anos ele publicou muitos volumes, mas em nenhum deles ele disse o que ele queria dizer pelo termo "classe". Após a morte de Marx, Friedrich Engels publicou o manuscrito inacabado do terceiro volume de O Capital (Das Kapital). Engels disse que este manuscrito, no qual Marx tinha parado de trabalhar muitos anos antes de morrer, foi encontrado na escrivaninha de Marx depois de sua morte. Num capítulo de três páginas naquele volume, Marx nos conta o que não era uma "classe". Mas você pode procurar por todas suas obras para compreender o que era uma "classe", jamais irá encontrar. Na realidade, "classes" não existem na natureza. É o nosso pensamento – nossas classificações em categorias – que constrói classes em nossas mentes. A questão não é se as classes sociais existem no sentido de Karl Marx; a questão é se nós podemos utilizar o conceito de classes sociais na forma como Karl Marx o entendia. Nós não podemos.
Marx não viu que o problema do "interesse" de um indivíduo, ou de uma classe, não pode ser resolvido simplesmente fazendo referência ao fato que existe tal interesse e que os homens têm de agir de acordo com os seus interesses. Duas questões devem ser colocadas: (1) Para que objetivos estes "interesses" conduzem as pessoas? (2) Quais métodos elas querem aplicar para atingir estes objetivos?
A Primeira Internacional foi um pequeno grupo de pessoas, um comitê de alguns homens em Londres, amigos e inimigos de Karl Marx. Alguém sugeriu que eles cooperassem com o movimento trabalhista-sindicalista britânico. Em 1865, Karl Marx leu na reunião do Comitê Internacional um documento, Valor, Preço, e Lucro (Value, Price, and Profit), uma de suas poucas obras originalmente escritas em inglês. Neste documento, ele destacou que os métodos do movimento sindical eram muito ruins e deveriam ser modificados. Parafraseando: "Os sindicatos querem melhorar o destino dos trabalhadores no âmbito do sistema capitalista - isto é inútil e desesperado. No âmbito do sistema capitalista não há nenhuma possibilidade de melhorar o estado dos trabalhadores. O melhor que o sindicato poderia alcançar deste modo seria algum sucesso de curto prazo. Os sindicatos devem abandonar esta política 'conservadora’; eles devem adotar a política revolucionária. Eles têm que lutar pela abolição da sociedade salarial e devem trabalhar para a vinda do socialismo". Marx não teve coragem para publicar este documento enquanto estava vivo; só foi publicado depois de sua morte por uma de suas filhas. Ele não quis fazer oposição aos sindicatos; ele ainda tinha esperanças que eles abandonariam suas teorias.
Aqui está um conflito evidente de opiniões entre os proletários, relativo a que meios utilizar. Os sindicatos proletários e Marx discordaram sobre o que era o "interesse" dos proletários. Marx afirmou que o "interesse" de uma classe era óbvio – não poderia haver nenhuma dúvida quanto a isto – todos conheciam este “interesse”. Então aqui surge um homem que não pertence a esta classe proletária, um escritor e advogado que informa aos sindicatos que eles estavam errados. “Esta é uma política ruim”, ele afirmou. “Vocês precisam mudar radicalmente sua política". Aqui toda a idéia de classe é destruída, a idéia de que um indivíduo, às vezes, pode errar, mas que uma classe como um todo nunca pode errar.
Críticas às doutrinas marxistas sempre foram superficiais. Eles não mostraram como Marx se contradisse e como ele não conseguiu explicar as suas idéias. A crítica de Böhm-Bawerk [1] era boa, mas ele não cobriu o sistema inteiro. Os críticos de Marx nem mesmo descobriram as contradições mais patentes de Karl Marx.
Marx acreditou na "lei férrea dos salários". Ele aceitou isso como a base fundamental da sua doutrina econômica. Ele não gostou do termo Alemão para esta lei, a "lei de bronze" dos salários, sobre o qual Ferdinand Lassalle [1825-1864] tinha publicado um panfleto. Karl Marx e Ferdinand Lassalle não eram amigos; eles eram concorrentes, competidores muito sérios. Marx disse que a única contribuição de Lassalle foi o próprio termo, a "lei de bronze" dos salários. E que, no mais, o termo, foi emprestado, emprestado do dicionário e de Goethe [2].
A "lei férrea dos salários" ainda sobrevive em muitos livros didáticos, na mente dos políticos e, conseqüentemente, em muitas das nossas leis. De acordo com a "lei férrea dos salários", a taxa salarial é determinada pela quantidade de alimentos e outras necessidades requeridas para a preservação e reprodução da vida, para sustentar os filhos dos trabalhadores até que eles próprios possam trabalhar nas fábricas. Se as taxas salariais ficarem acima disto, o número de trabalhadores aumentaria e o aumento do número de trabalhadores derrubaria as taxas salariais novamente. Os salários não podem cair abaixo deste ponto porque haveria uma escassez de trabalho. Esta lei considera que o trabalhador é algum tipo de micróbio ou roedor sem livre escolha ou livre arbítrio.
Se você pensa que é absolutamente impossível, sob o sistema capitalista, para os salários divergirem desta taxa, como você ainda pode falar, como fez Marx, sobre o empobrecimento progressivo dos trabalhadores como sendo inevitável? Existe uma contradição insolúvel entre a idéia marxista da lei férrea das taxas salariais, segundo a qual os salários permanecerão num ponto em que eles são suficientes para sustentar os descendentes dos trabalhadores até que eles possam se tornar trabalhadores, e sua filosofia da história, que sustenta que os trabalhadores serão empobrecidos cada vez mais até serem conduzidos à insurreição aberta, provocando assim o socialismo. Evidentemente, ambas as doutrinas são insustentáveis. Mesmo 50 anos atrás, os principais escritores socialistas foram obrigados a recorrer a outros esquemas elaborados na tentativa de sustentar suas teorias. O que é surpreendente é que, durante o século desde as obras de Marx, ninguém mostrou esta contradição. E esta contradição não é a única em Marx.
O que realmente destruiu Marx foi sua idéia do progressivo empobrecimento dos trabalhadores. Marx não viu que a característica mais importante do capitalismo era a produção em grande escala para as necessidades das massas; o principal objetivo dos capitalistas é produzir para as grandes massas. Nem Marx viu que sob o capitalismo o cliente sempre tem razão. Na sua condição de assalariado, o trabalhador não pode determinar o que será feito. Mas na condição de cliente, ele é realmente o chefe e fala para o chefe dele, o empresário, o que fazer. O chefe dele deve obedecer às ordens dos trabalhadores como membros do público consumidor. A Srta. Webb [3] era a filha de um próspero homem de negócios. Como outros socialistas, pensou que o pai dela era um autocrata que dava ordens para todo mundo. Ela não viu que ele estava sujeito à soberania das ordens dos clientes no mercado. A “grande” Srta. Webb não era mais inteligente que o menino mensageiro mais bobo, que só vê que o chefe dele dá ordens.
Marx não tinha nenhuma dúvida sobre quais objetivos os homens visavam. Ele também não teve quaisquer dúvidas sobre a melhor maneira de atingir estes objetivos. Como é que um homem que leu tanto e interrompe sua leitura apenas para escrever, não percebe as discrepâncias em suas idéias?
Para responder a esta pergunta, temos que voltar para o pensamento do seu tempo. Aquele foi o tempo da Origem das Espécies [1859] de Charles Darwin. Era a moda intelectual daquela época enxergar os homens apenas do ponto de vista da sua filiação na classe zoológica dos mamíferos, que agiam com base nos instintos. Marx não levou em conta a evolução da humanidade para um o nível superior ao dos homens muito primitivos. Ele considerou o trabalho não especializado como tipo normal de trabalho e o trabalho especializado como a exceção. Num dos seus livros, ele escreveu que o progresso tecnológico na melhoria das máquinas provoca o desaparecimento dos especialistas porque a máquina pode ser operada por qualquer pessoa; não há necessidade de nenhuma habilidade especial para operar uma máquina. Portanto, o tipo normal de homem no futuro será o não especialista.
No que diz respeito a muitas de suas idéias, Marx pertenceu a eras muito antigas, especialmente na construção de sua filosofia da história. Marx substituiu a evolução Hegeliana do Geist pela evolução dos fatores materiais de produção. Ele não percebeu que os fatores materiais de produção, i.e., as ferramentas e máquinas, são, de fato, produtos da mente humana. Ele afirmou que estas ferramentas e máquinas, as forças produtivas materiais, inevitavelmente provocariam a vinda do socialismo. Sua teoria foi denominada "materialismo dialético" (dialectical materialism), abreviada pelos socialistas para "diamat" (diamet em inglês).
[Num aparte, o Dr. Mises contou sobre uma visita a uma escola no México, uma "escuela socialista”, uma "escola socialista”. Mises perguntou para o reitor da escola o que "escola socialista” significava. O reitor explicou que a legislação mexicana exigia das escolas o ensino da doutrina Darwinista da evolução e do materialismo dialético. Em seguida, ele fez um comentário sobre a provisão na lei que fazia esta exigência e sobre próprio sistema escolar: “Há uma grande diferença entre a letra da lei e a prática. Noventa por cento dos professores em nossas escolas são mulheres e a maioria delas são Católicas praticantes.”]
Marx argumentou da tese à negação da tese para a negação da negação. A propriedade privada dos meios de produção por cada trabalhador individual foi o início, a tese. Este era o estado de coisas numa sociedade em que cada trabalhador ou era um agricultor independente ou um artesão que possuía as ferramentas com as quais ele estava trabalhando. Negação da tese – propriedade sob o capitalismo – quando as ferramentas já não são propriedades dos trabalhadores, mas dos capitalistas. A negação da negação foi a propriedade dos meios de produção pela sociedade inteira. Raciocinando desta forma, Marx afirmou que tinha descoberto a lei da evolução histórica. E é por isso que ele chamou isto de "socialismo científico”.
Marx rotulou todos os socialistas do passado de "socialistas utópicos” porque eles tentaram mostrar por que socialismo era melhor. Eles queriam persuadir seus concidadãos porque tinham a esperança de que as pessoas adotariam o sistema social socialista se estivessem convencidos de que era melhor. Eles eram "utópicos”, Marx afirmou, porque eles tentaram descrever o futuro paraíso terrestre. Entre os precursores de Marx, a quem ele considerou "utópicos”, estavam Saint-Simon, um aristocrata Francês; Robert Owen [1757-1858], um fabricante britânico; e Charles Fourier [1772-1837], um Francês que era, sem dúvida, um lunático. (Fourier era chamado de "tolo do Palais-Royal [4]". Ele costumava fazer declarações como “Na era do socialismo, o oceano já não será salgado, mas limonada”). Marx considerou estes três como grandes precursores. Mas, ele afirmou, eles não perceberam que o que estavam dizendo era somente “utópico". Eles esperavam a vinda do socialismo por uma mudança nas opiniões das pessoas. Mas para Marx, a vinda do socialismo era inevitável; viria com a inevitabilidade da natureza.
Por um lado, Karl Marx escreveu da inevitabilidade do socialismo. Mas por outro lado, ele organizou um movimento socialista, um partido socialista, declarou várias vezes que o seu socialismo era revolucionário, e que a subversão violenta do governo era necessária para o aparecimento do socialismo.
Marx adotou suas metáforas do campo da ginecologia. O partido socialista é como a obstetrícia, disse Marx; ele torna a vinda do socialismo possível. Quando questionados: “se vocês consideram todo processo inevitável, por que vocês não favorecem a evolução em vez da revolução”, os marxistas respondem, “Não existem evoluções na vida. O nascimento não é em si uma revolução?".
Segundo Marx, a meta do partido socialista não era influenciar, mas só ajudar o inevitável. Mas a obstetrícia influencia e muda condições. A obstetrícia realmente tem trazido progresso neste ramo da medicina, e até mesmo salvou vidas. E por salvar vidas, poderia ser dito que a obstetrícia mudou de fato o curso da história.
O termo "científico" adquiriu prestígio no decurso do século XIX. O livro Anti-Dühring (1878) de Engels se tornou um dos livros mais bem-sucedidos entre as obras filosóficas marxistas. Um capítulo deste livro foi reimpresso como um panfleto com o título "O Desenvolvimento do Socialismo da Utopia à Ciência", e teve sucesso enorme. Karl Radek [1885-1939], um comunista soviético, mais tarde escreveu um panfleto chamado "O Desenvolvimento do Socialismo, da Ciência à Ação".
A teoria da ideologia de Marx foi preparada para desacreditar as obras da burguesia. [Tomás] Masaryk [1850-1937], da Tchecoslováquia, nasceu de pessoas pobres, agricultores e trabalhadores, e ele escreveu sobre Marxismo. No entanto, os marxistas o chamam de burguês. Como ele poderia ser considerado "burguês" se Marx e Engels denominavam a si próprios de "proletários"?
Se os proletários devem pensar de acordo com os "interesses" da sua classe, o que significa então a existência de discordâncias e dissensões entre eles? A confusão torna a situação muito difícil de explicar. Quando há dissensão entre proletários, eles chamam o opositor de "traidor social”. Depois de Marx e Engels, o mais eminente homem dos comunistas foi um Alemão, Karl Kautsky [1854-1938]. Em 1917, quando Lênin tentou revolucionar o mundo inteiro, Karl Kautsky opôs-se à idéia. E por causa desta discordância, o ex-todo-poderoso homem do partido se tornou, de repente, um "traidor social". Ele foi chamado disto e de muitos outros nomes.
Esta idéia é como a dos racistas [5]. Os racistas Alemães declararam que um grupo definido de idéias políticas eram Alemãs e que todos os verdadeiros Alemães devem necessariamente pensar de acordo com este grupo particular de idéias. Esta era a idéia Nazista. Segundo os Nazistas, a melhor situação era estar num estado de guerra. Mas alguns Alemães – Kant, Goethe, e Beethoven, por exemplo – tiveram diferentes idéias “não-Alemãs". Se nem todos Alemães pensam de uma determinada maneira, quem é que vai decidir quais idéias são Alemãs e quais não são? A resposta só pode ser que uma "voz interior” é o melhor padrão, o critério definitivo. Esta postura necessariamente conduz a conflitos que devem resultar em guerra civil, ou até mesmo guerra internacional.
Havia dois grupos Russos, ambos consideravam-se proletários – os Bolcheviques e os Mencheviques. O único método para “resolver" as discordâncias entre eles era usar a força e a liquidação. Os Bolcheviques venceram. Em seguida, nas fileiras dos comunistas Bolcheviques surgiram outras diferenças de opinião – entre Trotsky [6] e Stalin – e a única maneira de resolver seus conflitos foi um expurgo. Trotsky foi forçado ao exílio, mudou-se para o México, e foi assassinado lá em 1940. Stalin não originou nada; ele voltou para o Marx revolucionário de 1859 – não para o Marx intervencionista de 1848.
Infelizmente, expurgos não acontecem somente porque os homens são imperfeitos. Expurgos são as conseqüências necessárias das bases filosóficas do socialismo marxista. Se você não puder discutir opiniões com diferenças filosóficas da mesma maneira que você discute outros problemas, você tem que achar uma outra solução – através da violência e do poder. Isto não se refere somente às divergências relativas a políticas, problemas econômicos, sociologia, lei, e assim por diante. Refere-se também aos problemas das ciências naturais. Os Webbs, senhor e senhora Passfield, ficaram chocados ao saber que as revistas e jornais Russos tratavam até mesmo dos problemas das ciências naturais partindo do ponto de vista da filosofia Marxista-leninista-estalinista. Por exemplo, se houver uma diferença de opinião em relação à ciência ou genética, isto deve ser decidido pelo "líder". Esta é a conseqüência inevitavelmente necessária do fato que, de acordo com doutrina Marxista, você não considera a possibilidade de dissensão entre pessoas honestas; ou você pensa como eu, ou você é um traidor e deve ser liquidado.
O Manifesto Comunista apareceu em 1848. Naquele documento, Marx pregou a revolução; ele acreditou que a revolução estava próxima. Ele acreditava que o socialismo seria então provocado por uma série de medidas intervencionistas e listou dez medidas intervencionistas – entre elas o imposto de renda progressivo, a abolição dos direitos de herança, reforma agrícola, etc. Estas medidas eram insustentáveis, ele disse, mas necessárias para a vinda do socialismo.
Assim, Karl Marx e Engels acreditaram em 1848, que o socialismo poderia ser atingido pelo intervencionismo. Em 1859, onze anos após o Manifesto Comunista, Marx e Engels abandonaram a defesa das intervenções; eles já não esperavam que o socialismo surgisse através de mudanças legislativas. Eles queriam provocar o socialismo por uma rápida mudança radical. Deste ponto de vista, os seguidores de Marx e Engels consideraram as medidas posteriores – o New Deal, o Fair Deal, etc... – como políticas “pequeno-burguesas”. Na década de 1840, Engels havia dito que as leis trabalhistas britânicas eram sinais do progresso e um sinal do colapso do capitalismo. Mais tarde, eles chamaram tais medidas ou políticas intervencionistas (Sozialpolitik) de muito ruins.
Em 1888 – 40 anos depois da publicação do Manifesto Comunista – uma tradução foi feita por um escritor inglês. Engels acrescentou alguns comentários a esta tradução. Referindo-se às dez medidas intervencionistas preconizadas no Manifesto, ele afirmou que estas medidas não eram apenas insustentáveis, como reivindicou o Manifesto, mas precisamente por serem insustentáveis é que eles necessariamente pressionariam cada vez mais em direção a ainda mais medidas deste tipo, até que finalmente estas medidas mais avançadas conduzissem ao socialismo. [7]
Notas:
[1] - [“The Unresolved Contradiction in the Economic Marxian System” in Shorter Classics of Eugen von Böhm-Bawerk, (South Holland, Ill.: Libertarian Press, 1962 [1896; Eng.Trans. 1898]), pp. 201–302. — Ed.]
[2] - [Marx também criticou Lassalle por usar o termo "Arbeiterstand" (estado de trabalho); Marx disse que Lassalle estava confuso, mas nunca explicou porque Lassalle estava confuso. - Ed.]
[3] - [Beatrice Webb (1858–1943), mulher de Sidney Webb (1859–1947), mais tarde senhor e senhora Passfield, British Fabians. — Ed.]
[4] - N. do T. - Fourier esperou pontualmente, durante dez longos anos, ao meio-dia, nos jardins do Palais-Royal, o benemérito que lhe financiaria a construção de Harmonia (Fourier descreveu detalhadamente, em Le Nouveau Monde Industriel et Sociétaire (1829), as ações que o benemérito deveria realizar: Fourier, 1973, pp.554-561).
[5] - Conferir o artigo “Polilogismo: Karl Marx e os Nazistas” em http://www.endireitar.org/content/view/192/1/content/view/84/75/ para mais detalhes; é uma tradução de um trecho do livro Omnipotent Government de Ludwig von Mises.
[6] - [Leon Trotsky (1879–1940)]
[7] - N. do T. – Em março 1850, dois anos após o Manifesto, Marx e Engels publicaram a Mensagem do Comitê Central à Liga dos Comunistas, um documento que era, segundo o próprio Marx, "no fundo, nada mais que um plano de guerra contra a democracia".
Este documento “continha as proposições fundamentais do programa e táticas Marxistas".
O historiador inglês Robert Payne (Marx, Londres, 1968, p.239) afirma que "embora pouco conhecido e raramente estudada”, a Mensagem de março é "um dos documentos mais importantes e seminais do século XIX", ela "agiu como uma bomba com um fusível atrasado, explodindo só no século XX".
Na Mensagem já encontramos a orientação expressa para “levar ao extremo as propostas dos democratas” e superar as propostas em cada demanda para a reforma social, propondo uma demanda mais extrema - “ditar tais circunstâncias” aos democratas que seu papel “leve desde o princípio o germe de sua queda”. (cf. Karl Marx and Critical Examination of his Works - part 2; Leslie R. Page; Sentinel Publishing; 2000 e http://www.marxists.org/portugues/marx/1850/03/ccaliga.htm).
Tradução: Wellington Moraes
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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".