Um dos posts considerados mais incendiários deste blog foi aquele no qual narro a estratégia esquerdistaApologia e Tolerância ao Crime. Alguns disseram que eu exagerei (não tanto aqui no blog, mas em dois ou três emails mal educados). Um deles me disse que eu estava caminhando para ser uma versão do programa do Datena em formato de blog. Aqui, demonstro que não exagerei nem um pouco. Na verdade, fui até modesto.
Em 2004, a marxista Marilene Felinto escreveu o texto “A Morte da Menina Rica e o Ódio de Classe”, quando falou do caso da morte da jovem Liana Friedenbach, de 16 anos, e de seu namorado, Felipe Caffé, de 19. Ambos foram sequestrados por uma gangue de marginais, que incluía o meliante Champinha. Felipe foi morto com um tiro na nuca. Mas o pior estava por vir: por vários dias os marginais estupraram e agrediram Liana das maneiras mais torpes. Ao final de quase uma semana de sofrimento no cativeiro, ela foi morta a facadas.
Se na época, as pessoas normais ficaram indignadas com esse crime, Marilene, ao contrário, ficou indignada com a indignação em relação ao crime. Veja o texto dela abaixo:
A morte de uma menina rica, assassinada no município de Embu-Guaçu, Grande São Paulo, em novembro último, supostamente por uma quadrilha que inclui um adolescente de 16 anos, pobre e morador da periferia do Embu, deixou claro, mais uma vez (até a exaustão, vamos lá), que o Brasil tem dois tipos de cidadão: que o valor de cada coisa – de cada pessoa – é seu preço no mercado, como afirma Josep Ramoneda.
Está claro que o rabino H. Sobel, ao pedir a instituição da pena de morte no Brasil, só ousou fazê-lo porque a jovem morta, Liana Friedenbach, pertencia à comunidade judaica de São Paulo. A hipocrisia do rabino é flagrante: está claro que ele defende a pena de morte para brasileiros pobres. No seu delírio, o rabino deve ter achado que aqui é uma espécie de Israel – e que a esmagadora maioria dos brasileiros, da classe pobre, é uma espécie de Palestina a ser eliminada da face da terra! Ora, até que ponto se pode chegar?
Está claro que todo esse rebuliço em torno do assassinato da jovem de 16 anos e de seu namorado, Felipe Caffé, 19, não teria acontecido se a vítima tivesse sido apenas este último, filho da classe média baixa e sem nenhuma “comunidade” forte por trás. Somente por tabela o nome de Felipe foi lembrado em programas de televisão e na tal passeata “contra a violência”, que ocorreu em São Paulo em meados de novembro.
O negócio mesmo era Liana, cujo pai em desespero pôde mover até mesmo helicóptero para ir a seu encalço. E pôde, com apoio da tal comunidade, ter acesso a todo tipo de mídia, do mais rasteiro programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo e seus ares de xaveco fascista a entrevistas de página inteira à nata da imprensa que serve à elite.
Por acaso a classe alta saiu às ruas para pedir a pena de morte para outra menina rica paulista, Suzane Richthofen, acusada de planejar o assassinato dos próprios pais, junto com o namorado, em 2002? Por acaso a classe alta pediu pena de morte para o também jovem paulista Jorge Bouchabki, acusado (e depois inocentado) em 1988 do assassinato dos pais, no famoso “crime da rua Cuba”?
O caso de Liana Friedenbach reúne todos os elementos da hipocrisia da elite paulista – esta de nomes estrangeirados, pronta para impor-se, para humilhar e esmagar sob seus pés os espantados “silvas”, “sousas”, “costas” e outros nomezinhos portugueses e “afro-escravos”. O pai da moça, o advogado Ari Friedenbach, empenha-se agora em conseguir mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Disse a um jornal de São Paulo que a fotografia de R.A.A.C., 16 anos, acusado de matar sua filha, deveria aparecer nos jornais. Disse também que é “radicalmente a favor” da redução da maioridade penal e que “nossos legisladores se fazem de surdos quando a população clama por isso”. Que população? A que “população” se refere o senhor Friedenbach? Eu mesma não me incluo nessa “população”! Aposto que os jovens da periferia, seus pais ou a mãe de R.A.A.C. também não se incluem. A “população” a que ele se refere é a própria comunidade dele (ou grande parte dela), a classe rica, concentradora de renda num dos países mais desiguais do mundo – o Brasil onde um rico ganha trinta vezes mais do que um pobre!
Uma pesquisa do IPEA publicada em 2001 mostra a ganância e a concentração de renda perpetradas escandalosamente pela elite brasileira: mostra a razão entre a renda dos 20 por cento mais ricos e a dos 20 por cento mais pobres, ou seja, quanto um rico ganha mais do que um pobre em diversos países do mundo. “Platão dizia que esse número tinha que ser 4, ninguém sabe de onde ele tirou o 4, mas ele dizia que o rico tinha que ganhar quatro vezes mais do que os pobres. Na Holanda, um rico ganha 5,5 vezes mais do que um pobre. No Brasil, ganha 25, 30 vezes mais! Nos Estados Unidos, é 10; no Uruguai, também é 10. Então, vê-se aqui o alto nível de desigualdade e a estabilidade dessa desigualdade.”
Agora vem esse rabino pedir pena de morte no Brasil para crimes hediondos. Nos Estados Unidos, que tem pena de morte, os crimes são cada vez mais “hediondos” – conceito, aliás, sem sentido. O que torna um crime mais “hediondo” que outro? Só se for a classe social da vítima: quando é rica e loirinha, então, o crime é mais hediondo do que se a vítima for um “Pernambuco” qualquer, também de 16 anos, morador do Jardim Ângela ou do Capão Redondo, periferia de São Paulo, morto por outro “Pernambuco” de 16 anos, também sem sobrenome. Todo dia morrem às pencas jovens assassinados por outros jovens nas favelas e aglomerados pobres das periferias das grandes cidades – nem por isso há movimentos pela pena de morte ou pela redução da maioridade penal.
A elite brasileira vive mesmo fora da realidade. Não tem idéia do ódio que a diferença de classe insufla todo dia nas gerações de jovens pobres que povoam o país de ponta a ponta, que vagam pelas matas ou pelo asfalto das ruas sem nenhuma perspectiva. Esse R.A.A.C. mal tinha freqüentado a escola. Ele supostamente disse à polícia que, ao caminhar pela mata com outro acusado do crime, “avistaram o casal (Liana e Felipe), cuja aparência física destoava das pessoas que normalmente freqüentam o local”.
O ódio de classe – quem já conviveu com jovens pobres de favelas e periferias conhece esse sentimento. Tudo destoa, humilhando-os, provocando neles desprezo e raiva: a aparência física, a roupa, a escola, a comida, o carro, o jeito, o hospital, o tratamento policial, o enterro. Ora, a polícia de São Paulo jamais iria se bandear daqui para Pernambuco atrás do outro acusado de matar o casal de namorados (em poucos dias encontraram dentro de um ônibus no sertão pernambucano Paulo César da Silva Marques, 32 anos, vulgo “Pernambuco”) se o jovem morto fosse um pernambucanozinho qualquer sem eira nem beira.
Está clara a hipocrisia. A imprensa não trata da violência que essa desigualdade social imposta diuturnamente aos jovens pobres significa. Não trata desse veneno que a elite brasileira truculenta injeta todo santo dia na veia dos meninos. Jovens como R.A.A.C. sabem que não valem nada no mercado. Eles sabem que não passam de “Pernambucos” condenados ao preconceito de classe, à exclusão total, à humilhação. Eles sabem que nada têm a perder – por isso matam. A vida, para eles, dentro ou fora de uma unidade da Febem ou de uma cadeia não faz muita diferença.
Da apresentadora de televisão que se julga no direito de matar R.A.A. C. (Hebe Camargo) ao pai de Liana que quer ver o rosto do rapaz estampado nos jornais da elite, passando pelas declarações oportunistas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e sua política de segurança fascista (que propõe “endurecer” o ECA), o alvo de todos eles é o mesmo do rabino da pena de morte: o extermínio puro e simples dos jovens pobres. Para que eles continuem, em última instância, a embolsar todo mês trinta vezes mais que qualquer pai maltrapilho e desempregado da favela.
Eles fazem ouvidos moucos para a mensagem que vem da miséria. O que a “violência” diz hoje no Brasil é que ou seremos todos cidadãos ou ninguém será, ou ninguém viverá a “segurança” almejada pelos ricos. Ou serão todos cidadãos ou ninguém será. As democracias evitam sistematicamente pensar a violência e se limitam a contrapor os bons sentimentos gerais em favor da não-violência, diz Josep Ramoneda. “Se aceitarmos como critério a autonomia do sujeito, o ideal kantiano da emancipação individual, o cidadão é a figura política que corresponde a essa idéia de plenitude da pessoa humana”, afirma o estudioso espanhol. Foi a própria elite brasileira que transformou R.A.A.C. em pessoa-animal. É preciso ser intransigente com essa elite brasileira surda e cega ao ódio de classe que ela insufla. É preciso ser intransigente na defesa dos direitos humanos de R.A.A.C. Direitos humanos, sim, para a pessoa que a elite voraz e devoradora quer transformar em animal a ser caçado a laço e exposto à execração pública e à morte pela justiça popular. Mal sabe ela que R.A.A.C. passava por isso todos os dias – pela execração pública. Mal sabe a elite que exclusão social, tal qual ocorre no Brasil, é igual, sempre foi igual, sinônimo mesmo de “execração pública” e de “pena de morte”.
Eis então que a cidade de São Paulo vive uma onda de arrastões, muitos deles ocorridos em restaurantes de luxo. Guardadas as devidas proporções (pois o crime envolvendo Felipe e Liana foi o cúmulo da barbárie), Sakamoto incorporou totalmente o espírito de Marilene Felinto ao criticar as vítimas (e a sociedade), mas jamais os marginais. O texto publicado no blog dele, tem o título: “Ostentação diante da pobreza devia ser crime previsto no código penal”. Veja abaixo:
Os arrastões em restaurantes chiques na capital paulista já tiveram uma consequência, além de aumentar o número de seguranças privados: estão aflorando o que há de pior na elite bandeirante. Já estava ouvindo aqui e ali mais bobagens e preconceitos que o de costume, mas Mônica Bergamo e equipe, em sua coluna na Folha de S. Paulo desde domingo (17), reuniram vários deles em um pacotão – pelo qual sou imensamente grato.
Se o planeta não for gratinado por nossa ignorância no meio do caminho, tenho certeza que uma sociedade mais avançada vai utilizar esse texto para entender o que deu errado em uma cidade como São Paulo. E não estou falando dos arrastões, mas do discurso bisonho de nossa elite.
Não tenho medo de ser assaltado em meu carro porque não tenho carro. Não receio que levem minhas jóias ou meu relógio caro porque não tenho relógio. Não fico com pavor de entrarem na minha casa e levarem tudo porque meu bem mais precioso é um ornitorrinco de pelúcia. Não me apavoro em andar na rua à noite a não ser por conta do risco de chuva. E por mais que vá a bons restaurantes de vez em quando, devo ressaltar que nunca fui assaltado em nenhuma barraca de cachorro-quente… Acho que já deu para entender o recado. Não tenho medo da minha cidade porque, tenho certeza, ela não precisa ter medo de mim.
Ostentação em um país desigual como o nosso deveria ser considerado crime pela comissão de juristas que está reformando o Código Penal. Eles não estão propondo que bulling seja crime? Ostentação é mais do que um bulling entre classes sociais. É agressão, um tapa na cara.
Mais do que uma escolha pelo crime, a opção de muitos jovens pelo roubo é uma escolha pelo reconhecimento social. Um trabalho ilegal e de extremo risco, mas em que o dinheiro entra de forma rápida. Não defendo essa opcão, mas sabemos que, dessa forma, o jovem pode ajudar a família, melhorar de vida, dar vazão às suas aspirações de consumo – pois não são apenas os jovens de classe média alta que são influenciados pelo comercial de TV que diz que quem não tem aquele tênis novo é um zero à esquerda. Ganhar respeito de um grupo, se impor contra a violência da polícia. Uma batalha que respinga em nós, que temos responsabilidade pelo o que está acontecendo, seja por nossa apatia, conivência, desinteresse, medo ou incompetência. A polícia e os chefes de quadrilhas puxam os gatilhos, mas nós é que colocamos as balas na agulha que matam os corpos e o futuro dessa molecada.
Os carros blindados levam para as ruas da cidade a sensação de encastelamento dos condomínios fechados, das mansões muradas, dos shopping centers ou restaurantes caros. Sentimento falso, pois não são muros e chapas de aço que irão garantir segurança aos moradores de uma metrópole como São Paulo. É bom como efeito placebo, para se enganar, mas, mais dia ou menos dia, as “hordas bárbaras” vão engolir a “civilização”. “Hordas” que estão chegando cada vez mais perto, como reclamam os mais ricos.
São Paulo tem mais de 11 milhões de habitantes, mas apenas uns poucos são efetivamente cidadãos, com acesso a todos os seus direitos previsto em lei. Lembra a antiga Atenas, com uma democracia para uns poucos iluminados e o trabalho pesado para o grosso da sociedade, composta de escravos. Enquanto uns aproveitam uma vidinha “segura” dentro de clubes, restaurantes, boates, lojas, residenciais e carros, outros penam para sobreviver e ser reconhecidos como gente. Para cada assassinato em Moema, mais de 100 são mortos no Grajaú. Só que a morte de uma jovem em Moema causa mais impacto na mídia do que a de 100 no Grajaú. Ou no Campo Limpo, bairro em que cresci. A gente fica sabendo por lá que tem vida que vale mais que outras, por causa do dinheiro.
Qual a causa da violência? A resposta não é tão simples para ser dada em um post de blog, mas com certeza a desigualdade social e a sensação de desigualdade social está entre elas. Muito do preconceito presente nos comentários trazidos pela coluna da Folha abaixo vai no sentido contrário a uma solução, isolando os ricos ainda mais, deixando-os alheios ao resto da cidade (por ignorância ou má fé). Corta-se com isso a dimensão de reconhecer no outro um semelhante, com necessidades, e procurar um diálogo que construa algo e não destrua pontes. Há riscos de assaltos? Sempre há e eles vão acontecer, ainda mais em um território que muitos têm e outros minguam. Mas deve se ter em mente que há atitudes que pioram o quadro.
Temos que garantir liberdades individuais e a segurança de usufruí-las. Combater a violência, garantir o direito de sair sem ser molestado. Mas isso só será possível com uma sociedade menos desigual e idiota. Ou a cidade será boa para todos ou a aristocracia que sobrar após o caos não conseguirá aproveitar sua pax paulistana.
Notem, logo de cara, a inversão de valores. Quando ele diz que o que “deu errado” em São Paulo não foi o crime, mas a elite que ostenta, isso significa de maneira explícita dizer que a culpa do crime é da vítima. É preciso de uma demência esquerdista sem igual para defender tal acinte. Não é diferente de dizer que a culpa do estupro é da mulher que ostenta uma minissaia, mas não do estuprador. Mas, a título de argumento, consideremos que “ter algo” é algo criminoso. Como ficam as vítimas pobres de bandidos? Por exemplo, aqueles que moram em bairros pobres e são assaltados a sair do ônibus, voltando do trabalho? (Que eu saiba, a “elite” não pega ônibus…)
Enfim, o argumento de Sakamoto é tão ruim que não merece comentários.
O melhor, no entanto, fica por conta de um leitor que escreveu o seguinte: “Você, que se diz tão “defensor dos direitos humanos” a ponto de colocar isso até no título do seu blog, conseguiu, em um único post, CONTRADIZER AO MENOS 5 ARTIGOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Será que você já a leu??? Se leu, tudo indica que você não entendeu nada. Ou só leu os artigos que te interessaram? Vamos ajudar você a perceber como você é hipócrita? Artigo 3- Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou SOCIAL, RIQUEZA, nascimento, ou qualquer outra condição ( olha só que interessante, os ricos também estão incluídos nos direitos humanos!!) Artigo 4- Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. ( mesmo os ricos, olha só que coisa incrível, mesmo que queiram usar jóias e carros importados e jantar fora!) Artigo 7- Todos são iguais perante a lei e têm direito, SEM QUALQUER DISTINÇÃO, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e CONTRA QUALQUER INCITAMENTO À DISCRIMINAÇÃO. ( o que você fez neste além de um super incitamento à discriminação contra quem tem dinheiro?- você morre de raiva de quem é rico e quer que todo mundo também sinta essa raiva?). Artigo 17- 1. Toda pessoa TEM DIREITO A PROPRIEDADE, só ou em sociedade com outros. 2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. ( qualquer coisa que a pessoa tenha por bem adquirido). Artigo 22- Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. QUERIA VER VOCÊ EXPLICAR ISSO…”HUMANISTA”! Hipócrita…..”
Mas exigir coerência de esquerdista é uma ilusão. E, como a estratégia executada por Sakamoto é APOLOGIA e tolerância ao crime, vários leitores marxistas estão, é claro, fazendo odes aos criminosos. Exemplos abaixo:
- “Compreendi o que escreveste e concordo com tudo, pelo menos esses crimes servem para a elite saber que não são intocáveis e que no mundo real as coisas são muito piores que ser furtado, não adianta viver em uma retoma, uma hora o “sistema” vai explodir de uma vez e o seu segurança ou carro blindado não vai adiantar.”
- “HAHAHAHA a elite branca treme. Que morram ostentando.”
- “Em um mundo que se declara mais preocupado com sustentabilidade, ostentação é definitivamente uma prática criminosa. Você ter mais que o necessário, consumir mais recursos que o necessário, é um atentado ambiental. Se considerar que a Elite só tem o que tem hoje por ter extraído a “mais valia” das classes mais baixas, fica óbvio que por mais que você tenha batalhado pra ter as suas tranqueiras, ainda existe uma parcela roubada do proletariado. Uma pessoa receber 3 ou 4 vezes mais do que outra, beleza. Agora 20, 500? Alguém receber mais do que você vai ajuntar numa vida é justo? Como faz? O dia da pessoa tem 72 horas? Fora isso, foi comentado ali em baixo que a desigualdade e ostentação é inerente ao capitalismo. Ok, concordo. Mas se o capitalismo tem tantos subprodutos negativos, por que continuar com ele? E não, não estou falando de socialismo ou anarquismo. Existem DIVERSAS alternativas. Anos atrás, eu ficaria relutante em apoiar esse tipo de artigo justamente por não querer abrir mão das “minhas coisas”. Em geral, não buscamos respostas, buscamos justificativas pro nosso próprio estilo de vida. E pra muitos aqui, concordar com o artigo é assumir que sustenta (parcialmente ou inteiramente) um estilo de vida decadente. Enfim, a única coisa que não concordo, é a proposição do título mesmo. Sabemos que política proibicionista, e que protege setores específicos da sociedade, não funcionam e dão espaço para abuso. Precisaríamos mudar a CULTURA, de maneira que ostentação precisaria ser proibido, mas socialmente tão mal visto quanto defecar em público. O único problema, é que pra isso vamos ter que brigar com dois gigantes. As corporações e a Grande mídia.”
- “Texto simplesmente genial !!!”
- “Sakamoto, Tenho o maior respeito pelo seu trabalho, até porque o seu currículo é inquestionável, isto justifica a ira nos comentários dos riquinhos sem causa, esnobar do que tem e não ser molestado, que o que?”
Enfim, Sakamoto e a parte marxista de seus leitores (não são todos, pois alguns dos comentaristas lá estão indignados com o post) não dão a minima para a vítima dos bandidos, mas endeusa o criminoso. É fácil neste momento entender por que mentes assim odeiam uma jornalista que ri do erro de português de um criminoso, mas não pensam em momento algum na vítima do assalto cometido por ele.
Na mente de gente como Marilena Felinto e Sakamoto, não há uma reação emocional empática de qualquer tipo quando alguém é vítima de sequestro ou estupro. Mas há uma indignação brutal quando o criminoso é preso. Fazer esquerdistas internalizarem esse tipo de sensação é a essência da estratégia de Apologia e Tolerância ao Crime.
Portanto, quando você vir um professor marxista simular dizer que “defende Direitos Humanos” (e como já mostrei várias vezes, isso é apenas uma rotina de controle de frame, pois nem de longe há uma prioridade aos criminosos quando se fala em Direitos Humanos), saiba que ele é tão inimigo seu quanto aquele sequestrador que pode lhe espreitar em um estacionamento escuro ou em um sinaleiro.
Sakamoto adora apontar o dedo para a “sociedade”, ao acusá-la de culpada pelos crimes. Quanto a isso, o argumento dele é ruim demais. Mas seu texto é uma confissão de que ele, dentre o restante da “sociedade”, é muito mais culpado pelos crimes violentos. Afinal, ele está do lado dos criminosos. E totalmente contra as vítimas.