Não demonstre medo diante de seus inimigos. Seja bravo e justo e Deus o amará. Diga sempre a verdade, mesmo que isso o leve à morte. Proteja os mais fracos e seja correto. Assim, você estará em paz com Deus e contigo.
sábado, 27 de setembro de 2008
Diogo Mainardi, muito bom, metendo o pau na petralhada!
Lênin e a PaTota
Desmoralização. No sentido de minar a "moral". A idéia é que ao criar confusão sobre o que é certo e o que é errado as pessoas aceitarão quaisquer ações imorais como corretas - e, muitas vezes, tomarão ações morais como o oposto. Esse é um processo demorado, toma de 15 a 20 anos para ser implementado. Não é interessante notar que dos anos 60 para cá é exatamente isso que vêm acontecendo em nosso país? Especialmente nos últimos 20 anos há inversões de valores intrínsecos, perpetrados essencialmente pelos intelectuais e a mídia. Na semana passada mesmo vi a notícia de que os 9 integrandes do "braço armado" do PCC tinham sido liberados pelo STJ. Ora, uma organização criminosa, cujos chefes os comandam das prisões, é - por definição - armada! Não há "braço armado". É a típica inversão: Se há um "braço armado" então o outro "braço" está apenas fazendo uma reinvidicação "justa". Entendeu?
A demoralização acontece através da educação. Também pela educação formal (vide notícias sobre cartilhas do MEC exaltando o comunismo e o socialismo, no ano passado), onde crianças e jovens são doutrinados. Conheço alguns cabeças-ocas que acreditam mesmo que Che Guevara foi um "herói" da revolução cubana. Que acreditam que Cuba é o equivalente ao Éden. Não surpreende então que a popularidade de Lula chegue aos 63%, como anunciado recentemente (apesar disso... notem que isso foi um anúncio da Data Folha para o jornal Folha de São Paulo. Ninguém me convence que essas alegações não sejam falsas!).
Recentemetne tivemos o episódio do "Plenarinho", onde um site supostamente dedicado às crianças publicou um artigo - com a pretensão de ser uma "reportagem" - dizendo claramente que o não há nada errado com o comunismo e com ditaduras e ideologias socialistas. Alguém ai se lembra de Hitler e o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães?
Desestabilização - É a fase 2. Por desestabilização devemos entender, principalmente, a econômica e da defesa nacionais. Os menos atentos poderiam apontar diretamente para o governo militar, a partir do início dos anos 60. De fato tivemos inflação alta e um bocado de problemas econômicos no passado, mas não se esqueçam do contexto histórico: No final dos anos 30 uma grande depressão econômica caiu sob o mundo - não apenas nos EUA e a incompetência administrativa dos militares contribuiu um bocado. Militares são bons em defesa, administrar um país não é a praia deles. Mesmo assim, fizeram um grande trabalho. Não é sarcasmo: Eles deram a oportunidade do pais crescer, industrialmente. A CVRD, as siderúrgicas, as usinas hidro-elétricas e boa parte das estradas foram investimentos durante o governo militar.
A desestabilização ainda está por vir... Afinal, onde estão os investimentos? As nossas estradas encontram-se jogadas às moscas, os portos também (e o governo diz que vai investir 3 bilhões - mesmo que isso não chegue nem perto de ser um investimento, como afirmam os especialistas, segundo notícias dos telejornais). Há muita propaganda sobre o tesouro agrícola, que supostamente está sendo explorado a contento, mas o que não se divulga é que o menos beneficiado é o produtor - que é refém da política de empréstimos cedidos pelo governo nas entre-safras). Ok, os empréstimos são boa idéia, desde que acompanhada de uma margem de lucro mais decente para esses mesmos produtores (que ultrapassa pouco mais de 2%. Pense bem: A cada R$ 100,00 o produtor ganha R$ 2,00. Qual é o incentivo para manter a produção ou aumentá-la?).
Crise - O que nos leva a crise... Em poucos anos teremos uma crise, tanto econômica, educacional e política nas mãos. A crise educacional já começou. Parafraseando o atual presidente, "Nunca, na história desse país, a desinformação, as opiniões de segunda mão baseadas naquilo que a Fátima Bernardes diz no Jornal Nacional, em resumo, a idiotice, foi tão celebrada". A crise política também está ai, quem ainda não notou? Só nos falta a crise econômica e algumas outras. Infelizmente esse é o processo mais rápido do que os outros. Em algumas semanas tudo pode, de repente, desmoronar.
Normalização - O próprio termo da fase 4 é contraditório... Depois da crise bem a "normalização"... onde tudo volta ao "normal", pelo menos do ponto de vista do revolucionário de esquerda. O normal é uma ditaduta instaurada com base em que a um "salvador da pátria" é dado o poder supremo e que este abrirá mão com prazer depois que a crise passar (Lembra alguma coisa? O senador Palpatine (pros menos atentos à cultura popular: Senador Palpatine é o lord Sith que assumiu o controle da antiga república e a transformou no Império intergalático, em Guerra nas Estrelas. Tá certo, foi uma tentativa de brincadeira de minha parte!)? Ou talvez um certo chanceller alemão? Quem sabe outros "líderes" russos ou cubanos?).
Alguns podem achar que estou sendo um tanto radical. Outros, podem me chamar de maluco à vontade, mas as evidências estão a meu favor. Esse alerta sobre a maneira Lêninista-Marxista com que o governo do PT age não é novidade e nem mesmo causa mais alguma comoção. Como alguns acreditam (eu, inclusive!) o panorama sócio-político desse país não tem mais jeito. Mas isso não impede - AINDA - de que eu e outros esperneemos e nos contorçamos na tentativa de abrir os olhos de outros.
Quando a merda for lançada ao ventilador, só não nos digam que não avisamos....
AH, QUE SAUDADES EU TIVE.
Naquele tempo, no 2º ano, fazíamos duas ou três vezes por semana, um ditado, caligrafia, sem prejuízo dos outros ensinamentos essenciais, para quem começa ser alfabetizado. Ditado. Será que hoje, as crianças neste mesmo período escolar, já ouviram falar dele? Todas as informações sobre educação escolar, não nos dão notícias dessa prática. Será por que não é mais considerado um bom exercício, ou por que os alunos NÃO SABEM ainda escrever?
Em compensação, CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS, com certeza são PALAVRAS conhecidas e com respostas estereotipadas, porque são constantemente tratadas e exploradas com deformação de conteúdo. Hoje, a preocupação constante é despertar a CIDADANIA. Uma criança nesse estágio escolar tem condições de ENTENDER o que seja CIDADANIA? Com as explicações que recebe sobre o assunto, apenas aprende a despertar expectativas, que JAMAIS terão base para CONQUISTAR PLENAMENTE, o título de CIDADÃO.
As escolas primárias de hoje, pelo menos no Brasil “federativo” só preocupado em despertar o ressentimento de classes sociais, ao em vez de preparar a criança, para por si própria, escalar os degraus da “escada social”, são estimuladas para protestar contra o que nem sabem bem O QUE, para aos interessados em tal estado de coisas, terem pretexto de “BRINCAR DE BOM MOÇOS”.
Não LHES É ENSINADO, que a pretensa educação que recebem, NÃO AS PREPARA PARA ASPIRAR MAIS. Não convém ao desgoverno, e às autoridades encarregadas de preparar a infância e juventude, COMO se ESCALA a ESCADA SOCIAL. Têm receio que se isso acontecer, JAMAIS SERÁ A SEU FAVOR.
E como justificar um ministério, com uma imensa estrutura, que deveria trabalhar A FAVOR do aprimoramento de tal potencial, gastar um dinheirão com pretensos cursos educativos, onde as crianças só são estimuladas a ser bailarinas, modelos, lutadores de judô e outras “práticas”, que de praticidade NADA têm.
As “excelências” do começo da “estória” tinham outras preocupações. Seus objetivos eram preparar um POVO, para justificar os adágios muito populares na época: DEUS É BRASILEIRO; BRASIL, PAÍS DO FUTURO. Hoje, o POVO brasileiro é APÁTRIDA. Nosso atual país, há mais de duas décadas é (dês)governado por PETRALHAS, a serviço de filosofias políticas criminosas e covardes.
AH, QUE SAUDADES EU TIVE.
Fort. 27/ 09/ 2008.
Local de Informações Variadas Reutilizáveis e Ordenadas
L.I.V.R.O. representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!
Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e são capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantém automaticamente em sua seqüência correta.
Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade! Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. E que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso porém os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.
Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário. Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo a próxima página.
O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo. O comando "browse" permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos a venda já vêm com o equipamento "índice instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.
Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração. Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo, a capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.
Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O., através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar de um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro.
Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O.
Fuma, zé!
Alguns estudiosos (médicos) alertam para o fato de que a diminuição abrupta do hábito de fumar é o maior causador de cânceres (é esse o plural?). Mais gente morre de câncer porque parou de fumar repentinamente do que os fumantes inveterados.
De fato não existem quaisquer relações entre o hábito de fumar e doenças cardio vasculares ou pulmonares. Se você sabe ler inglês, vá até o site www.forces.org e clique no link scientific evidences. Procure também no Google.
Dois exemplos: Um estudo feito pelo departamento de saúde (o ministério da saúde norte-americano) em 1979 afirma, categoricamente que o tempo médio de vida entre fumantes e não-fumantes favorece ao grupo de fumantes. Ou seja, esses, morrem mais tarde. A evidência ai não é de que fumar pode te tornar um imortal, mas que exatamente não existe relação direta entre o hábito e a mortalidade.
Outro exemplo: Na Russia a quantidade de casos de doenças pulmonares, em um determinado período (procure o artigo - não me lembro agora!) caiu drásticamente, porém a pesquisa ressalta que, na época, 63% dos homens russos fumavam e 39% das mulheres.
Seria interessante ler nos maços de cigarros algo assim: "Ministério da Saúde adverte: Fumar causa câncer coisa nenhuma, seu trouxa!"
Aos idiotas de plantão: Não estou incentivando ninguém a fumar nem a parar de fumar.... A intenção aqui é que prestem atenção às informações de segunda mão que recebem, especialmente da mídia e do Estado. Antes de aderirem a uma campanha, entendam do que se trata. Procurem informações científicas que possam corroborar suas opiniões antes de dizer que são fatos.
A crise da economia americana: fácil de entender...
Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000 dólares financiado em 30 anos. Em 2006 o apartamento do Paul passou a valer 1,1 milhão de dólares. Aí, um banco perguntou pro Paul se ele não queria uma grana emprestada, algo como 800.000 dólares, dando seu apartamento como garantia. Ele aceitou o empréstimo, fez uma nova hipoteca e pegou os 800.000 dólares.
Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de valorizar, comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como 400.000 dólares. A diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do banco, ele se comprometeu: comprou carro novo (alemão) pra ele, deu um carro (japonês) para cada filho e com o resto do dinheiro comprou tv de plasma de 63 polegadas, 43 notebooks, 1634 cuecas. Tudo financiado, tudo a crédito. A esposa do Paul, sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão de crédito.
Em agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis estavam caindo. As casas que o Paul tinha dado entrada e estavam em construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais liquidez...
O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar outras casas e revender com lucro. Fácil....parecia fácil. Só que todo mundo teve a mesma idéia ao mesmo tempo. As taxas que o Paul pagava começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que seu investimento em imóveis se transformara num desastre.
Milhões tiveram a mesma idéia do Paul. Tinha casa pra vender como nunca.
Paul foi agüentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das 3 casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para revender, mais as prestações dos carros, as das cuecas, dos notebooks, da tv de plasma e do cartão de crédito.
Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele tinha que pagar uma grande parcela. Só que neste momento Paul achava que já teria revendido as 3 casas mas, ou não havia compradores ou os que havia só pagariam um preço muito menor que o Paul havia pago. Paul se danou. Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa que ele morava e das 3 casas que ele havia comprado como investimento. Os bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais a Paul.
Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os bancos que não quiseram acordo. Paul entregou aos bancos as 3 casas que comprou como investimento perdendo tudo que tinha investido. Paul quebrou. Ele e sua família pararam de consumir...
Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam feito baseado nos preços dos imóveis. Os bancos haviam transformado os empréstimos de milhões de Pauls em títulos negociáveis. Esses títulos passaram a ser negociados com valor de face. Com a inadimplência dos Pauls esses títulos começaram a valer pó.
Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos, mas também em bancos europeus e asiáticos.
Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram feitos baseados num preço de mercado desse imóvel... Preço que despencou. Um empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em 500.000 dólares e de repente passou a valer 300.000 dólares e mesmo pelos 300.000 não havia compradores.
Os preços dos imóveis eram uma bolha, um ciclo que não se sustentava, como os esquemas de pirâmide, especulação pura. A inadimplência dos milhões de Pauls atingiu fortemente os bancos americanos que perderam centenas de bilhões de dólares. A farra do crédito fácil um dia acaba. Acabou.
Com a inadimplência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de emprestar por medo de não receber. Os Pauls pararam de consumir porque não tinham crédito. Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos e quem tinha crédito não queria dinheiro emprestado.
O medo de perder o emprego fez a economia travar. Recessão é sentimento, é medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.
O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas de juros e as taxas de empréstimo interbancários. O FED também começou a injetar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez. O governo Bush lançou um plano de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do imposto de renda pago, visando incrementar o consumo porém essas ações levam meses para surtir efeitos práticos. Essas ações foram corretas e, até agora não é possível afirmar que os EUA estão tecnicamente em recessão.
O FED trabalhava. O mercado ficava atento e as famílias esperançosas. Até que na semana passada o impensável aconteceu. O pior pesadelo para uma economia aconteceu: a crise bancária, correntistas correndo para sacar suas economias, boataria geral, pânico. Um dos grandes bancos da América, o Bear Stearns, amanheceu, na segunda feira última, quebrado, insolvente.
No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado pelo JP Morgan Chase, para que o banco não quebrasse. Depois disso o Bear foi vendido para o JP Morgan por 2 dólares por ação. Há um ano elas valiam 160 dólares. Durante esta semana dezenas de boatos voltaram a acontecer sobre quebra de bancos. A bola da vez seria o Lehman Brothers, um bancão. O mercado e as pessoas seguem sem saber o que nos espera na próxima segunda-feira.
O que começou com o Paul hoje afeta o mundo inteiro. A coisa pode estar apenas começando. Só o tempo dirá.
Fonte: Castilho (Finabank)
CNBB defende punição de torturadores
Por Christiane Samarco (*) A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) quer a abertura dos arquivos do regime militar e a punição dos torturadores que atuaram a serviço da ditadura. Foi o que defendeu ontem o presidente da CNBB, d. Geraldo Lyrio Rocha, com o alerta de que "perdão não é sinônimo de impunidade", e a defesa da tese de que "a abertura dos arquivos poderá elucidar e trazer a lume uma página dolorosa da história". NA JUSTIÇA (*) Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080927/not_imp249015,0.php |
O hino do Partido Abortista (PT é claro)!
Estes são Chávez, Lula, Evo, Correa e toda a corja maldita da América Latina do Foro de São Paulo
El Gobierno colombiano expresó hoy a Venezuela “indignación” por el “ofensivo homenaje” rendido en Caracas a Manuel Marulanda Vélez, alias “Tirofijo”, máximo líder de las FARC, muerto hace seis meses.
El Ministerio de Relaciones Exteriores de Colombia manifestó al Ministerio del Poder Popular para las Relaciones Exteriores de Venezuela “el sentimiento de indignación de la Nación y el Gobierno con ocasión del ofensivo homenaje que se realiza en Caracas al terrorista ‘Manuel Marulanda Vélez’, quien cometió múltiples delitos de lesa humanidad contra el pueblo colombiano y atacó continuamente la institucionalidad democrática del país”.
Se recuerda en la nota oficial que las FARC están involucradas con narcotráfico, homicidios, secuestros, reclutamiento de menores y la utilización de minas contra personas, entre otros muchos delitos.
Colombia menciona que ha condenado todo tipo de apoyo o respaldo a manifestaciones violentas, sin importar cuál sea su origen, tan y como lo expresó en la Cumbre Extraordinaria de la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur).
El documento indica que “en el entendido de que el homenaje a ‘Manuel Marulanda’ es una iniciativa de particulares, Colombia espera la misma posición de rechazo de la comunidad internacional, en especial en lo que respecta a la condena unánime contra la violencia armada de grupos como las FARC, cuyo accionar ha causado miles de víctimas”.
El jueves pasado, el embajador de Colombia en Caracas, Fernando Marín, pidió al Gobierno de Venezuela fijar su posición frente a un homenaje que se le preparaba en ese país al insurgente.
“Tirofijo”, cuyo nombre de pila era Pedro Antonio Marín, fundó las FARC en 1964 junto con otros campesinos despojados de tierras y animales en el Tolima (oeste) y murió el 26 de marzo pasado de un ataque cardiaco en un campamento guerrillero.
El homenaje a “Tirofijo” fue organizado por la llamada Coordinadora Continental Bolivariana (CCB), que reúne a asociaciones políticas y sociales de América Latina e incluye un busto en una plaza de un barrio caraqueño.
Vía Efe
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
A nova República Ruralista do MST
O aparelhamento do Incra, da Fundação Palmares (questões quilombolas) e da Funai (questões indígenas) gerou este processo de relativização da propriedade privada no campo, que agora é conduzido pelos próprios órgãos estatais.
A polícia militar do Rio Grande do Sul encontrou, em 17 de junho de 2008, quando do cumprimento de um mandato de desocupação da área denominada Acampamento Jandir, em Coqueiros do Sul, vários documentos lá abandonados quando da saída dos emessistas. Eles exibem uma radicalização do movimento, retomando, com outras palavras, mas com os mesmos conceitos, a experiência comunista do século XX. Nada aprenderam com a História, procurando repeti-la, seguindo, agora, os passos da "revolução bolivariana" de Chávez e Morales.
Em um deles, intitulado Estratégia e Tática. Movimento Social Popular, é colocado como Estratégia Política: caminho pelo qual deve ser canalizada a luta de classes em vista da transformação da sociedade. – Objetivo estratégico final: derrota da burguesia (controle do Estado) e implantação do socialismo.
Não se trata, nesta perspectiva, de melhorar a condição dos agricultores e trabalhadores, nem de distribuir terras, com títulos de propriedade, aos que não as tenham e queiram nelas trabalhar, mas de manipular e instrumentalizar essa massa de sem-terra no caminho de implantação do socialismo. As lutas emessistas têm, portanto, um objetivo de transformação da sociedade incompatível com uma economia de mercado e com as relações contratuais próprias do Estado de Direito.
Neste sentido, melhorar a condição dos assentados por intermédio de venda de produtos no mercado, segundo a livre escolha desses, se torna algo que deve ser a todo custo evitado em nome de um objetivo maior: "a derrota da burguesia".
Observe-se que a derrota da burguesia deve se fazer mediante o controle do Estado, o que significa apoderar-se da máquina estatal para o cumprimento de seus objetivos. Isto se traduz pelo aparelhamento do INCRA – e também da Fundação Palmares (questões quilombolas) e da FUNAI (questões indígenas) –, que passa a responder a essa orientação por membros dos movimentos sociais lá colocados. Compreende-se melhor todo o processo de relativização da propriedade privada que tem sido conduzido por esses órgãos estatais.
A discussão sobre a revisão dos índices de produtividade se situa nesta perspectiva de relativização do direito de propriedade, empreendida por ministérios que passariam a responder a essa orientação "socialista" do MST, graças aos seus apoios partidários, em particular nas correntes mais à esquerda do PT.
O mesmo ocorre com a proliferação de terras indígenas em Roraima e Mato Grosso do Sul, que fragilizam os direitos individuais de propriedade, alguns de várias décadas, senão séculos. A finalidade consiste em amputar esses estados de partes consideráveis de seu território.
A questão quilombola se inscreve também neste caminho que está sendo trilhado graças a essas orientações estratégicas do MST.
Em seus próprios termos, segundo um outro documento intitulado A Reforma Agrária necessária: por um projeto popular para a agricultura brasileira: Demarcação de todas as terras indígenas, de remanescentes de quilombolas e as terras comuns de faxinais, pastos e serras de acordo com a tradição de cada região.
Em particular, esse último documento se caracteriza por um forte teor anticapitalista, apregoando uma política soviética, comunista, de planejamento estatal, com o Estado devendo se colocar a serviço do MST. Evidentemente, esse Estado assim controlado por essa organização – que repetiria o receituário leninista e stalinista – estabeleceria, num primeiro momento, o controle total do uso da terra para, depois, estabelecer as condições mesmas de funcionamento do Estado para outras áreas da economia e da sociedade.
A política "bolivariana" deveria nortear as ações do Estado brasileiro. Assim como Chávez e Evo Morales, o MST defende a limitação do "tamanho máximo da propriedade rural. E desapropriar todas as fazendas acima desse módulo, independente da produção". Note-se que foi abandonado o discurso do latifúndio improdutivo, doravante substituído pelo da luta contra a moderna propriedade rural, contra o agronegócio, independentemente de sua produtividade ou de sua repercussão econômica e social para o País. E aqui não se trata somente do produtor rural, mas da desapropriação de toda propriedade rural que pertença a "empresas estrangeiras, bancos, indústrias, construtoras e empresas que não dependem da agricultura para suas atividades.
O objetivo consiste em minar as bases mesmas do agronegócio, os fundamentos mesmos de uma economia de mercado, de tal maneira que o mundo rural passaria a ser controlado totalmente pela política anticapitalista, socialista, do MST ditando a conduta do Estado brasileiro. Vejam o planejamento soviético. Para nenhum leninista botar defeito. "Todos os recursos naturais e a madeira serão controlados pelos trabalhadores, em conjunto com o Estado, para que beneficie a todo povo brasileiro. Não poderá ser objeto de exploração lucrativa. É proibida a exportação de madeira e a prática da bio-pirataria na Amazônia".
Observe-se o controle que passaria a ser exercido sobre o meio ambiente, o que suporia, evidentemente, o aparelhamento emessista do IBAMA e das fundações estaduais do meio ambiente. E isto se faria mediante uma atuação conjunta dos "trabalhadores", isto é dos militantes do MST, e do Estado, isto é, das instâncias estatais a mando dessa organização.
Ou seja, haveria um planejamento total da atividade agrícola pelo Estado, que passaria a tudo regular, não exercendo o mercado mais nenhum papel. O lucro seria totalmente banido, o que significa dizer eliminar o motor mesmo que move uma economia de mercado. Mais especificamente, o setor de florestas plantadas (eucaliptos e pinus), papel e celulose deveria passar para o planejamento estatal, sendo, inclusive, proibida a exportação de madeira. Evidentemente, árvores transgênicas estariam terminantemente proibidas também.
A "nova" reforma agrária é um passo atrás na história!
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia da UFRGS
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
PANDO: INVESTIGAÇÃO SOBRE A MORTE DE CINCO VENEZUELANOS
Segundo o parlamentar Urenda, eles foram baleados em 19 de setembro em Porvenir.
O deputado do “Podemos”, Óscar Urenda, denunciou ontem que 5 cidadãos venezuelanos morreram durante o enfrentamento em 19 de setembro na localidade pandina de Porvenir, e que seus cadáveres foram levados de volta ao seu país natal, secretamente, em um avião de Transporte Aéreo Boliviano na cidade de Cochabamba.
O parlamentar fundamenta sua denúncia em um dado que lhe foi passado pela interior de Aasana desse departamento.
Segundo Urenda os restos mortais foram retirados durante a madrugada desta segunda-feira, em completo hermetismo, e isso o faz supor que se trata de cidadãos venezuelanos que caíram mortos no confronto armado de Pando, que segundo ele, foi promovido por estrangeiros que ajudam o governo de Evo Morales.
“Estamos buscando o plano de vôo e o manifesto sobre a carga. Temos informação de que, inclusive, a funerária Señor de Malta transportou os cadáveres até esse aeroporto, denunciou o deputado de Santa Cruz.
Urenda fará a denúncia a um organismo internacional para que iniciem uma investigação sobre o translado desses cadáveres à Venezuela, e pedirá informações oficiais sobre a identidade e a causa da morte deles. El Nuevo Dia
Farc: FBI apreendeu computador no resgate de Ingrid
O FBI (a polícia federal americana) tem em seu poder um computador portátil apreendido com um "carcereiro" das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no resgate da franco-colombiana Ingrid Betancourt e mais 14 reféns, informou a imprensa local.
O noticiário do canal RCN disse que o computador é mencionado no relatório em que o FBI fez para pedir a extradição de "César" e "Gafas", os rebeldes das Farc detidos na operação que soltou Betancourt. O documento diz que a máquina pertencia a "Gafas", cujo nome verdadeiro é Alexander Farfán, e que nela foram encontrados arquivos sobre as operações tráfico dos rebeldes.
"Por volta de 2003, (...) Farfán Suárez também viajou ao Brasil para lá fazer a entrega de cocaína em troca de armas automáticas destinadas às Farc, as quais ele entregou (...) à 1ª Frente das Farc", diz o relatório de Andino, segundo a RCN.
A emissora também noticiou que o documento do FBI faz referências aos telefonemas que "César" fez a uma empresa de telecomunicações "para aprender a usar os telefones por satélite que o narcotraficante José María Corredor Ibagué entregou-lhe por cocaína".
Com os aparelhos, "o Secretariado (comando central) das Farc era informado" sobre Betancourt e outros reféns.
A notícia foi difundida horas depois de o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, ter negado à imprensa a apreensão de um computador que estaria com os rebeldes. EFE via Portal Terra
MENTIRA ECONÔMICA
08/09/2008
Os jornais de hoje anunciaram que o Tesouro norte-americano vai injetar US$ 200 bilhões para garantir hipotecas de bancos quebrados, a pretexto de proteger a economia. É sempre assim, a cada instante de perigo trazido pela existência o Estado, arvorando-se uma suposta razão científica em Economia, estende suas garras ameaçadoras, a pretexto de eliminar os perigos sistêmicos. O único perigo sistêmico é próprio Estado, que no momento representa o máximo perigo para humanidade, em escala global. Devora o mais precioso dos bens: a liberdade.
Essa decisão coroa um processo de agigantamento estatal nos EUA que se prolonga desde o início do século XX – sempre para sua proteção (do pagador de impostos de lá) – e episodicamente interrompido pelo governo Reagan que, no entanto, não logrou revertê-lo. Mesmo as administrações dos Bush pai e filho o processo de alargou. O fato é que a economia norte-americana vive a falsa prosperidade financiada pela inflação e a crise das hipotecas é apenas o início de um ajuste necessário. Ao intervir diretamente, impedindo a quebra das instituições o Tesouro legará como saldo desse processo tão somente o adiamento do ajuste. Entretanto, o ogro estatal resultará mais forte e mais ameaçador.
Veja, caro leitor, que nenhum instrumento político delegou tal poder de intervenção. Essa é uma ação voluntarista da burocracia estatal, obviamente apoiada pelo estamento político, interessado em realizar negócios e transferir grandes estoques de riquezas para suas esferas de influência. O processo é muito parecido com o que vimos por aqui, com o Proer. Bem sabemos o custo dessa engenharia financeira: alguns pontos percentuais de elevação da participação da carga tributária no PIB, em caráter permanente e dificilmente reversível. A liberdade desapareceu entre nós na mesma proporção, devendo acontecer o mesmo nas terras do Tio Sam.
Essa é a grande mentira, a de que o Estado pode ser capaz de eliminar os riscos inerentes à existência. Quer sanar todos, dos riscos do tabaco aos do porte de arma de defesa pessoal e acaba por ser ele, o Estado, o grande risco. Nos EUA a chance de um homem negro, por exemplo, tornar-se um prisioneiro das masmorras estatais é altíssimo. Na verdade, de qualquer homem. Para proteger os homens dos riscos da existência o sistema legal está se tornando uma gigantesca prisão, que se torna literal para um número cada vez maior de pessoas.
Nenhuma proteção pode ser dada pelo Estado que não seja temporária e artificial. Toda proteção estatal é privilégio moralmente insustentável. Manter bancos falidos como se estivessem em boa situação financeira é um erro. Manter valorizadas hipotecas insolventes também. Investir é antes de tudo um ato de assumir riscos e toda gente sabe disso. E o risco torna-se sempre fatalidade para alguns. O Estado não pode eliminar essa realidade imediata.
A conclusão é que mesmo o país que tem sido referência mundial em matéria de práticas liberais nega essa condição, a cada dia que passa. Tornou-e o paraíso do politicamente correto, uma nação policialesca que nega aos seus próprios cidadãos a espontaneidade tão vital como a alegria de viver. É um fenômeno universal, a Europa já está assim de há muito e o Brasil também.
O Estado não tem os meios para eliminar os riscos vitais, sejam eles de que ordem forem, desde um esquadrão suicida islâmico até um crise econômica conjuntural. Viver é correr perigo, viver é muito perigoso. Acreditar que essa realidade imediata possa ser modificada pelos burocratas estatais é completa loucura. Está sendo dado mais um passo na direção do coletivismo no país que deveria dar o exemplo na direção contrária. Algo a se lamentar profundamente.
Uma Singela referência aos “Ustra”
Não tivemos maiores nem menores contatos com o Coronel Ustra, durante a nossa carreira militar. Fomos conhecê – lo, ambos na Reserva, contudo, bastaram alguns convívios fortuitos, para que pudéssemos traçar um perfil do cidadão e militar Carlos Alberto Brilhante Ustra.
O ditado diz, “que pelo dedo se conhece o gigante”. Não vimos o gigante, porém estivemos diante da sua força, da sua grandeza e da sua fortaleza, e aprendemos a respeitar e admira – lo.
Não foi difícil descortinar, ao falar com o lídimo Coronel, que estávamos diante de um homem de caráter. Sua capacidade de defender - se, de manter o ânimo na infame adversidade, de andar de cabeça erguida, de enfrentar com honra e com dignidade a detração e as perseguições, julgamos, podem servir de exemplo a tantos quantos forem inocentes vítimas de um “establishment” de esquerda, maldoso e canalha como o que ocupa, atualmente, os diversos nichos do poder nacional.
A tenacidade, a fibra e a determinação dos “Ustra” servem como um precioso modelo, que pode e deve ser apontado para os militares e para os civis, como uma família que tem arrostado coesa as mais tenebrosas tempestades. Poderia servir de exemplo para os jovens militares de sua instituição militar de origem. Não pode. Para a Instituição, o Coronel Ustra não existe.
A Instituição Militar que com o seu peso poderia ter aliviado, pelo menos, uma parte da pesada carga que os “Ustra” carregam, virou – lhes as costas. Uma pena.
O HOMEM – ALVO tem sido um herói da resistência.
A irrepreensível carreira do Coronel Ustra foi ceifada no Uruguai. A partir de então, o valoroso militar tornou – se um pestilento, um lazarento, o qual, chefes sem pundonor ou a menor magnanimidade queriam longe da caserna, para não perturbar – lhes o insípido comando. O mesmo “esquecimento” ocorreu com outros companheiros, menos expostos, mas nem por isso, menos prejudicados.
Ao tomarmos conhecimento de que a última, espera - se, perseguição jurídica contra o Coronel, será arquivada, e um uníssono regozijo pela boa - nova ecoa entre seus incontáveis amigos, por oportuno, louvamos ao bravo militar e sua magnífica família, sublinhando que estamos todos ao seu lado.
Com respeitosa admiração, imaginamos onde buscam tantas energias. Como permanecem de pé, onde, certamente, muitos teriam sucumbido. Quantas angústias e mágoas, quantas tristezas, e quantas revoltas pelas injustas e torpes acusações.
Ao apontá – los como um exemplo de rara coragem moral, cumprimos um dever de justiça, pois os “Ustra” transpiram os Valores e as Virtudes que enobrecem qualquer Família, traços que, na quadra atual, adquirem uma magnitude impar, onde se destacam a fé e o respeito mútuo que os revigoram, continuamente, para defender com a tenacidade peculiar dos nobres de espírito, um de seus membros contra a difamação e contra a injustiça.
Aos prezados amigos Ustra e Família, parabéns!
Brasília, DF, 24 de setembro de 2008
Gen. Bda RI Valmir Fonseca Azevedo Pereira.
Sobre os processos com que o agridem, falou com dignidade tranquila, sem que eu pudesse notar a mais mínima nota de auto-piedade ou revolta, mas como exemplos das atuais condições do revanchismo comunista e de desrespeito às leis.
Alguns militares presentes que o conheceram como subordinados hieráquicos confirmaram esta impressão com espontâneas e tocantes manifestações de agradecimento, admiração, respeito e carinho.
Este homem é um Homem, e a esta altura me é tranquilo que as acusações que lhe fazem são calúnias oriundas da conhecida canalhice esquerdopata, visando fazer dele um precedente jurídico.
Não estou inteiramente certo quanto a particular e preocupante impressão: sua honestidade e bondade essenciais pareceram-me eivadas de uma ingenuidade tocante, não apenas incapaz de malícia, mas de sequer supor a malícia alheia. Se real, é fator de risco que pode torná-lo vítima fácil da insídia venenosa que irá enfrentar.
É um indivíduo que me honraria ter como amigo."
A este Soldado, exemplar sob todos os aspectos, a "Instituição Militar virou as costas".
Não foi apenas abandonado - só, idoso e sem recursos - à sanha da atual canalha comunista; bem antes, logo depois da neutralização do terrorismo, já fora também cuidadosamente "esquecido" na linha de promoções.
Como ele, todos os oficiais - não mais que 0,5% do efetivo à época, selecionados pela dedicação, competência e liderança - que deram combate aos comuno-terroristas, tiveram suas carreiras truncadas. Apenas um ascendeu além da patente de coronel.
A pergunta inevitável: um tal comportamento pelos superiores hierárquicos implica em que classe de caráter?
...
As ilações são automáticas.
E deprimentes.
Entre outras, para nós, a imposição de enterrar definitivamente qualquer esperança de que a "Instituição" venha a cumprir seu dever constitucional intervindo para sustar o 'golpe branco' em andamento.
E a necessidade de considerar - com particular cuidado - a previsão de Olavo de Carvalho:
"O Comando Maior das Forças Armadas apenas aguarda um pretexto que se aparente patriótico para aderir de corpo e alma aos comunistas no Poder."
...
Aos Soldados que em décadas passadas se empenharam em nos livrar da imundície comunista, meu preito de gratidão.
A mesquinhez de medíocres, as calúnias e perseguições pela canalha hegemônica, não pode apagar-lhes o fato de que foram e são uma elite ética, exemplos modelares da única autêntica aristocracia - esta que se constrói com os melhores valores humanos.
Muito acima desta nossa desmemoriada gente brasileira, manipulada até a condição de rebanho, hão de brilhar suas vidas, pautadas por Honra, Dever e Sacrifício.
E, amigos, o Criador jamais esquece...
O problema da verdade e a verdade do problema
Seminário de Filosofia, 20 de maio de 1999
Olavo de Carvalho
I. O QUESTIONAMENTO RADICAL
§ 1. DA FRIVOLIDADE SATISFEITA
Quid est veritas? Esta é a mais séria e a mais frívola das questões. Depende, evidentemente, da intenção de quem pergunta. Uns admitem que o sentido e o valor da vida humana dependem da existência de alguma verdade eminentemente certa e confiável, que possa servir de medida de aferição da validade de nossos pensamentos. Outros acham que a vida pode perfeitamente ir em frente sem verdade nenhuma e sem fundamento nenhum. Entre estes estava, decerto, o velho Pilatos. Ao exclamar — "Que é a verdade?" —, ele não estava fazendo propriamente uma pergunta, mas expressando, com um dar de ombros, sua pouca disposição de fazer a sério essa pergunta. A perspectiva de não existir nenhuma verdade, que levaria ao desespero aqueles que julgam que a vida precisa dela para se justificar, era para Pilatos um alívio e um consolo — a garantia de poder continuar vivendo sem preocupações. Alguns apostam na existência da verdade e cherchent en gémissant. Outros voltam-lhe as costas e lavam as mãos1. A fórmula verbal com que se exprimem é a mesma: Quid est veritas? Mas na diferença de suas nuanças reside toda a distância do trágico ao cômico.
A escola frívola, ou cômica, é amplamente dominante hoje em dia, seja nas universidades, seja na cultura em geral. Mesmo aqueles que procuram crer numa verdade efetiva cercam-na de toda sorte de limites e obstáculos, por exemplo reduzindo-a ao tipo de verdade parcial e provisória que nos é dado por algumas ciências experimentais. Outros apegam-se à fé, dizendo que a verdade existe, mas está acima de nossa compreensão.
Em qualquer debate sobre o problema da verdade, em nossos dias, o programa consiste quase que invariavelmente em desfiar de novo e de novo as observações que os filósofos, de Pirro a Richard Rorty, fizeram sobre os limites do conhecimento humano. Esses limites, vistos em conjunto, armam uma formidável montanha de obstáculos a qualquer pretensão de conhecer a verdade. E essa montanha é crescente, com um pico que se afasta mais e mais à medida que a escalamos. Por exemplo, desde as objeções simplórias da escola pirrônica contra a validade do conhecimento pelos sentidos até as construções enormemente complexas com que a psicanálise nega a prioridade da consciência ou Gramsci reduz toda verdade à expressão das ideologias que se sucedem através da História, muito evoluiu a máquina de injetar desânimo no buscador da verdade. Não é de espantar que muitos dos construtores dessa máquina, quando lhe acrescentam uma nova peça, em vez de lamentar o acréscimo da impotência humana tragam nos lábios um sorriso semelhante ao de Pilatos. A inexistência da verdade, ou a impossibilidade de conhecê-la, é para eles um reconforto. Veremos adiante quais são as razões mais profundas dessa estranha satisfação.
§ 2. DEFINIÇÃO PROVISÓRIA DA VERDADE
Por enquanto, vamos deixar essas criaturas de lado e colocar, por nossa conta, a questão da verdade. Como não sabemos ainda se a verdade existe nem o que ela afirma, temos de apelar a uma definição formal provisória, que possibilite dar início à investigação sem nada prejulgar quanto ao seu desenlace. Essa definição provisória, para atender a esse requisito, tem de expressar o mero significado intencional do termo, tal como aparece mesmo na boca daqueles que negam a existência de qualquer verdade, de vez que para negar a existência de algo é preciso compreender o significado do termo que o designa.
Digo, pois, que a verdade, aquela verdade que ainda não sabemos se existe ou não, aquela verdade cuja existência e consistência serão o objeto da nossa investigação como o foram de tantas investigações que nos precederam, é o fundamento cognitivo permanente e universal da validade dos juízos. Se dizemos, por exemplo, que o único fundamento da validade dos nossos juízos é sua utilidade, negamos a existência de um fundamento cognitivo, ou seja, negamos a existência da verdade mediante a negação de um dos elementos que compõem a sua definição. O mesmo acontece de dizemos que todos os juízos válidos têm fundamento na fé. Se afirmamos, porém, que não há juízos válidos de espécie alguma, então negamos a existência de qualquer fundamento, cognitivo ou não. Se afirmamos que os juízos só são válidos para determinado tempo e lugar, negamos que o fundamento seja permanente. Se afirmamos que os juízos só são válidos subjetivamente para aquele que os profere, negamos que o fundamento seja universal. Se dizemos que o fundamento da validade dos juízos é apenas lógico-formal, sem qualquer alcance sobre os objetos reais mencionados no juízo, negamos que esse fundamento tenha significado cognitivo. Todas essas negações da verdade pressupõem a definição da verdade como fundamento cognitivo permanente e universal da validade dos juízos. Do mesmo modo, se dissermos que existe a verdade, que ela é conhecível, que com base nela podemos construir um conjunto de conhecimentos válidos, nada teremos acrescentado ou retirado dessa definição, mas teremos apenas afirmado que o objeto nela definido existe. Nossa definição provisória, sendo portanto compatível com as duas correntes de opinião maximamente opostas que disputam em torno da questão, é um terreno superior e neutro desde o qual a investigação pode ser iniciada sem preconceitos e com toda a honestidade e rigor.
§ 3. É POSSÍVEL O QUESTIONAMENTO RADICAL DA VERDADE?
Partimos, assim, de um consenso. O passo seguinte da investigação consiste em perguntar se a verdade, assim definida, pode ou não ser objeto de questionamento radical. Com a expressão questionamento radical quero dizer aquele tipo de questionamento que, admitindo ex hypothesi a inexistência do seu objeto, — como por exemplo tantas vezes se fez com a existência de Deus, das idéias inatas ou do mundo exterior — termina por concluir, seja em favor dessa mesma inexistência, seja da existência.
O questionador radical de Deus, das idéias inatas ou do mundo exterior pode questioná-los porque se coloca, desde o início, fora do terreno divino, inatista ou mundano, ou seja, ele raciocina como se Deus ou as idéias inatas ou o mundo não existissem. Conforme o desenrolar de sua investigação, ele chegará ou à conclusão de que sua premissa é absurda, o que o levará portanto a admitir a existência daquilo cuja inexistência havia postulado, ou, inversamente, à conclusão de que a premissa se sustenta perfeitamente bem e de que aquilo que foi suposto inexistente realmente inexiste.
O mais clássico exemplo de emprego desse método é o de Descartes. Ele pressupõe a inexistência do mundo exterior, dos dados dos sentidos, do seu próprio corpo, etc., etc., e continua raciocinando nessa linha até encontrar um limite — o cogito ergo sum — que o obriga a recuar e a admitir a existência de tudo quando havia inicialmente negado.
O questionamento radical é o mais duro teste a que a filosofia pode submeter qualquer idéia ou ente que se pretenda existente.
O que devemos perguntar, portanto, logo após termos obtido a definição formal da verdade, é se a verdade assim definida pode ser objeto de questionamento radical. A resposta, que a muitos talvez pareça surpreendente, é um taxativo não. A verdade não pode ser objeto de questionamento radical.
Nenhuma investigação sobre a verdade, por mais radical que se pretenda, pode dar por pressuposta a inexistência de qualquer fundamento cognitivo permanente e universal da validade dos juízos e continuar a raciocinar de maneira consistente com essa premissa até chegar a algum resultado, positivo ou negativo. E não pode por uma razão muito simples: a afirmação da inexistência absoluta de qualquer fundamento cognitivo permanente e universal da validade dos juízos constituiria, ela própria, o fundamento cognitivo permanente e universal dos juízos subseqüentes feitos na mesma linha de investigação. A investigação estaria paralisada tão logo formulada.
Examinemos brevemente algumas das estratégias clássicas de negação da verdade a que o questionador pudesse recorrer para escapar desse cul-de-sac.
Tentemos, por exemplo, a estratégia pragmatista. Ela afirma que a validade dos juízos repousa na sua utilidade prática, que portanto o fundamento dessa validade não é cognitivo. Se disséssemos que a inexistência de um fundamento cognitivo universal e permanente da validade dos juízos não é ela própria um fundamento cognitivo universal e permanente, mas apenas um fundamento prático, das duas uma: ou esse fundamento prático teria de ser por sua vez universal e permanente, ou seria apenas parcial e provisório.
Na primeira hipótese, teríamos dois problemas: de um lado, cairíamos no paradoxo de uma utilidade universal, ou seja, de algo que poderia utilmente servir a todos os fins práticos, mesmo os mais contraditórios. Seria o meio universal de todos os fins ou, mais claramente ainda, a panacéia universal. De outro lado, teríamos de perguntar se a crença nesta panacéia teria por sua vez um fundamento cognitivo ou se ela seria apenas uma utilidade prática, e assim por diante infinitamente.
Na segunda hipótese — isto é, na hipótese de o questionador admitir que a afirmação da inexistência da verdade é apenas um fundamento parcial e provisório para a validade dos juízos subseqüentes —, então, evidentemente, restaria sempre, inabalável, a possibilidade de que fora do terreno assim delimitado pudessem subsistir outros fundamentos cognitivos universais e permanentes para validar uma infinidade de outros juízos, e a investigação poderia prosseguir indefinidamente, saltando de fundamento provisório a fundamento provisório, sem jamais poder chegar a fundamentar-se no seu próprio pressuposto, isto é, na radical inexistência da verdade.
Tentemos uma segunda estratégia, a do relativismo subjetivista. Este proclama, com Protágoras, que "o homem é a medida de todas as coisas", o que se interpreta correntemente no sentido de que "cada cabeça, uma sentença", ou seja, de que o que é verdade é verdade apenas desde o ponto de vista daquele que a pensa, podendo ser falsidade desde o ponto de vista de todos os demais. Pode essa afirmação constituir a base de um questionamento radical da verdade, de tal modo que a negação da existência de qualquer fundamento cognitivo universal e permanente da validade dos juízos não se torne ela mesma o fundamento cognitivo universal e permanente em que se apóia a validade dos juízos subseqüentes na mesma linha de investigação? Dito de outro modo, e mais simples: pode o relativismo negar a existência de juízos válidos para todos os homens sem que essa negação se torne ela mesma um juízo válido para todos os homens? Para fazê-lo, ele teria de negar a universalidade dessa negação, o que resultaria em admitir a existência de algum ou de alguns ou de uma infinidade de juízos válidos para todos os homens. Assim o relativismo estaria ele próprio relativizado e acabaria se resumindo numa platitude sem qualquer significado filosófico, isto é, na afirmação de que alguns juízos não são válidos para todos os homens, o que implica a possibilidade de que outros juízos talvez o sejam. Não, o relativismo subjetivista não pode realizar um questionamento radical da verdade, tanto quanto não o podia o pragmatismo.
Poderá fazê-lo, então, o historicismo? Este declara que toda verdade é apenas a expressão de uma cosmovisão temporalmente localizada e limitada. Os homens pensam isto ou aquilo não porque aquilo ou isto se imponha como verdade universalmente e permanentemente obrigatória, mas apenas porque se impõe num lugar e por um período limitados. Ao proclamar esses limites, pode o historicismo impedir que a afirmação desses limites se torne ela própria o fundamento cognitivo universal e permanente da validade dos juízos? Para tanto, seria necessário admitir que pode haver algum fundamento que negue essa afirmação; mas, se esse fundamento existe, então existe alguma verdade cuja validade é ilimitada no tempo e no espaço, alguma verdade cuja validade escapa ao condicionamento histórico — e o historicismo estaria reduzido à miserável constatação de que alguns fundamentos de validade são condicionados historicamente, outros não, sem poder sequer aplicar esta distinção aos casos concretos sem afirmar no mesmo ato a invalidade do princípio historicista tomado como regra universal2.
Pouparei ao leitor a enumeração de todos os subterfúgios possíveis e sua detalhada impugnação. Ele mesmo pode realizá-los, a título de exercício, se assim o desejar. Sugiro mesmo que o faça. E tantas vezes quantas venha a fazê-lo terminará sempre voltando ao mesmo ponto: não é possível negar a existência de um fundamento cognitivo universal e permanente da validade dos juízos, sob qualquer pretexto que seja, sem que essa negação, junto com o seu respectivo pretexto, tenha de se afirmar ela própria como o fundamento cognitivo universal e permanente da validade dos juízos, paralisando assim a negação seguinte pela qual deveria prosseguir, se pudesse, a investigação. A verdade tal como a definimos não pode, em suma, ser objeto de questionamento radical. Nem o pode a possibilidade de conhecê-la. Negado que seja possível conhecer qualquer fundamento cognitivo universal e permanente da validade dos juízos, ou esta impossibilidade mesma se tornaria tal fundamento, afirmando no mesmo ato sua própria falta de qualquer fundamento, ou então, para não assumir esse papel vexaminoso, teria de se limitar a afirmar que alguns juízos não têm fundamento e outros provavelmente têm, afirmação que está ao alcance de qualquer garoto de escola.
Não podendo atingir o alvo colimado, o inimigo da verdade está portanto condenado a roê-la pelas beiradas, eternamente, sem jamais chegar ao centro vital daquilo que desejaria destruir. Ele ora negará uma verdade, ora outra, ora sob um pretexto, ora sob outro, variando as estratégias e as direções do ataque, mas não poderá nunca se livrar do seu destino: cada negação de uma verdade será a afirmação de outra, e tanto aquela negação quanto esta afirmação resultarão sempre na afirmação da verdade como tal, isto é, da existência efetiva de algum fundamento cognitivo universal e permanente da validade dos juízos.
Isso explica, ao mesmo tempo, a proliferação contínua, ilimitada e irrefreável das negações da verdade, e a sua completa impossibilidade de varrer da face da Terra a crença na existência da verdade, a crença na possibilidade de conhecer a verdade, a crença na posse atual e plena de alguma verdade capaz de dar fundamento universal e permanente à validade dos juízos.
Por isso o número e a variedade dos ataques à verdade, de Pirro a Richard Rorty, superam amplamente o número e variedade das defesas que se apresentam formalmente como tais: é que eles próprios, ainda que a contragosto de seus autores, acabam sempre constituindo defesas e louvores da verdade, não só poupando trabalho ao apologista, mas vivificando eles próprios aquilo que desejariam sepultar e honrando aquilo que desejariam humilhar.
Essa é também a razão por que o principiante, impressionado pela variedade e contínua retomada dos ataques à verdade que se observa na história da filosofia — em velocidade notavelmente crescente nos dias de hoje —, adere logo ao ceticismo para não se sentir membro de uma minoria isolada e enfraquecida, mas, prosseguindo seus estudos e superando a primeira impressão fundada apenas na quantidade aparente, não consegue manter essa posição e acaba percebendo que a força não reside no número dos que negam, por mais impressionante que pareça, e sim na qualidade dos happy few que serenamente afirmam a verdade.
II. A VERDADE NÃO É UMA PROPRIEDADE DOS JUÍZOS
§ 1. VERDADE E VERIDICIDADE
A impossibilidade do questionamento radical, que constatamos no capítulo anterior, leva à conclusão de que a verdade só pode ser atacada em partes, mas que cada negação da parte reafirma a validade do todo. Dito de outro modo: o que se pode questionar são verdades. "A" verdade não pode ser questionada e de fato nunca o foi, exceto em palavras, isto é, mediante um fingimento de negação que resulta em última instância ser uma afirmação.
Mas isso leva-nos um passo adiante na investigação. Uma tradição venerável, iniciada por Aristóteles, afirma que a verdade está nos juízos, que ela é uma propriedade dos juízos. Alguns juízos "possuem" a verdade, outros não. Chamamos, aos primeiros, juízos verdadeiros, aos segundos, juízos falsos. O conjunto dos juízos verdadeiros é portanto um subconjunto do conjunto dos juízos possíveis. Os juízos possíveis, por sua vez, são um subconjunto do conjunto dos atos cognitivos humanos, estes são um subconjunto do conjunto dos atos mentais, estes um subconjunto do conjunto dos atos humanos, e assim por diante. O território da verdade é, assim, uma pequena área recortada dentro do vasto mundo de pensamentos, atos e seres.
Será isso realmente possível? Como poderia a verdade ser ao mesmo tempo o fundamento da validade de todos os juízos e uma propriedade de alguns deles em particular? Não há nisto uma gritante contradição ou, ao menos, um problema?
Para equacioná-lo e resolvê-lo é preciso convencionar aqui uma distinção entre verdade e veridicidade. Verdade é o fundamento cognitivo universal e permanente da validade dos juízos. Veridicidade é uma qualidade que se observa em alguns juízos, segundo a qual sua validade tem um fundamento cognitivo universal e permanente.
Uma vez compreendido isto, salta aos olhos que a verdade é uma condição fundante da veridicidade, e não ao contrário. Se não existisse um fundamento cognitivo universal e permanente da validade dos juízos, nenhum juízo poderia ter um fundamento cognitivo universal e permanente. Se, porém, um juízo em particular possui esse fundamento, nada no mundo pode determinar que somente ele o possua, isto é, que a existência do fundamento dependa da existência desse juízo em particular. Já esse juízo em particular não poderia existir e ser verídico se não existisse verdade alguma. A verdade é, pois, anterior, logicamente, à veridicidade e constitui o seu fundamento.
Mas, sendo fundamento da veridicidade, a verdade é também fundamento da inveridicidade, porque os juízos falsos só são falsos na medida em que possam ser impugnados veridicamente, seja pela sua simples negação — verídica ela própria —, seja pela afirmação do juízo verídico contrário.
Sendo o fundamento não só da veridicidade dos juízos verdadeiros, mas também da inveridicidade dos juízos falsos, se a veridicidade só está presente nos juízos verdadeiros, e não pode estar presente nos juízos falsos, a verdade, por sua vez, tem de estar presente em ambos, como fundamento da veracidade dos primeiros e da inveridicidade dos segundos. O território da verdade, pois, não é idêntico ao conjunto dos juízos verdadeiros possíveis, mas abrange este e o dos possíveis juízos falsos.
§ 2. O FUNDAMENTO DE TODOS OS JUÍZOS É UM JUÍZO?
A verdade, fundamento de todos os juízos, tem de ser necessariamente um juízo? Somente um juízo pode ser fundamento de um juízo? A resposta é sim e não. Sim, se por fundamento entendemos, restritiva e convencionalmente, a premissa em que se funda a prova do juízo. Mas a premissa afirma algo a respeito de algo, e este algo, por sua vez, não é juízo e sim objeto dele. Digo, por exemplo, que as tartarugas têm cascas. Fundamento esse juízo nas definições de tartaruga e de casca, que são juízos, mas fundamento estas definições na observação — que não é juízo — de tartarugas e cascas, que também não são juízos. Não deve esta observação ser também verdadeira, captando traços verdadeiramente presentes em objetos verdadeiros? Ou apelarei ao subterfúgio de que a observação tem de ser somente exata, não se aplicando a ela o conceito de "verdadeiro"? Mas quê quer dizer "exato", no caso, senão aquilo que nada me informa além ou aquém do que foi verdadeiramente observado naquilo que um objeto verdadeiramente mostrava? E, ademais, trata-se de uma exatidão autêntica ou apenas de um simulacro dela? Não há escapatória: ou há verdade na observação mesma, ou ela não pode ser exata, nem correta, nem adequada, nem suficiente, nem ter qualquer outra qualidade que a recomende exceto se essa qualidade for, por seu lado, verdadeira.
Assim, o fundamento da veridicidade de um juízo não está somente na veridicidade dos juízos que lhe servem de premissas, mas também — no caso dos juízos concernentes a objetos de experiência — na verdade dos dados de onde extraí essas premissas e na verdade do que deles sei por experiência.
Ademais, se o fundamento dos juízos tivesse de ser ele próprio sempre um juízo, o fundamento primeiro de todos os juízos seria ele próprio um juízo destituído de qualquer fundamento. Aristóteles, levado a este beco sem saída, afirmou que o conhecimento dos primeiros princípios é imediato e intuitivo. Mas com isto quis dizer apenas que esses princípios não tinham prova, não que fossem desprovidos de fundamentos. O princípio de identidade, por exemplo, assim expresso no juízo A = A, não tem atrás de si nenhum juízo que possa servir de premissa à sua demonstração, mas tem um fundamento objetivo na identidade ontológica de cada ser consigo próprio, a qual não é juízo. Ora, o que pode ser conhecido intuitivamente é esta identidade ontológica, e não o juízo A = A que apenas o manifesta. A intuição do primeiro princípio lógico não se dá sob a forma de um juízo, mas de uma evidência imediata que, por si, não é juízo. Não pode haver juízo sem signos que transformem essa evidência imediata num verbum mentis, num assentimento consciente, que, sem ser ainda uma proposição, uma afirmação em palavras, já não é mais a pura e simples intuição e sim um reflexo mental dela e, portanto, um ato cognitivo derivado e segundo, não primeiro.
Desse modo, se o território das premissas lógicas tem início nos juízos que afirmam os primeiros princípios, esse território nem de longe abrange todo o campo dos fundamentos cognitivos, que se estende, ao contrário, para dentro do domínio da percepção intuitiva, seja dos objetos de experiência, seja dos primeiros princípios.
Com isso, fica evidente a falsidade da imagem na qual a verdade é uma pequena zona recortada na vastidão do território dos juízos possíveis. Os juízos todos, verdadeiros e falsos, é que são um modesto recorte no imenso território da verdade.
III. ONDE ESTÁ A VERDADE?
§ 1. A VERDADE COMO DOMÍNIO
Com isso, somos levados a compreender que a verdade, sendo o critério de validade dos juízos, não pode nem ser uma propriedade imanente dos próprios juízos, nem ser algo de totalmente externo aos juízos que, de fora, os julgasse; pois este julgamento seria por sua vez juízo. Se digo que a galinha botou um ovo, onde pode estar a verdade deste juízo? No próprio juízo, independentemente da galinha, ou na galinha, independentemente do juízo? A absurdidade da primeira hipótese levou Spinoza a proclamar a inanidade dos juízos de experiência, que nunca são válidos ou inválidos em si mesmos e sempre dependem de algo externo: um juízo verdadeiro, para ele, teria de ser verdadeiro em si, independentemente do que quer que fosse, como por exemplo a = a independe do que seja a e de qualquer outra verificação externa. Mas a identidade de a com a também não está só no juízo que a afirma, e sim na consistência de a, seja ele o que for. Não há juízo puramente lógico, que possa ser verdadeiro ou falso em si e sem referência a algo que é aquilo do qual o juízo fala. Mesmo um juízo que falasse apenas de si mesmo desdobra-se no juízo que afirma e no juízo do qual algo se afirma, e este certamente não é aquele. Dizer que um juízo é verdadeiro em si mesmo não pode significar total alheamento do mundo, que está suposto na possibilidade mesma de se enunciar um juízo. A fuga para o domínio da identidade formal não resolve absolutamente o problema. Diremos então, com uma velha tradição, que a verdade está na relação entre juízo e coisa? Ora, esta relação é por sua vez afirmada num juízo, que por sua vez deve ter uma relação com seu objeto (a relação afirmada), e assim por diante infinitamente.
A outra hipótese, de que a verdade do juízo a galinha botou um ovo está na galinha independentemente do juízo, nos levaria a dificuldades igualmente intransponíveis. Resultaria em dizer que a verdade do juízo independe de que esse juízo seja emitido, ou seja, que uma vez que a galinha tenha botado um ovo o juízo que o afirma é verdadeiro ainda que, como juízo, não exista. Edmund Husserl subscreveria isso sem pestanejar: a verdade do juízo é uma questão de lógica pura, que nada tem a ver com a questão meramente empírica de um determinado juízo ser afirmado um dia por alguém. A confusão entre a esfera da verdade dos juízos e a esfera da produção psicológica deles fez de fato muito mal à filosofia, e Husserl desfez essa confusão definitivamente. Mas se a galinha botou um ovo e ninguém afirmou nada a respeito, a verdade no caso não está no juízo e sim no fato. O juízo que não foi emitido ainda não pode ser verdadeiro ou falso, pode apenas ter as condições para sê-lo; se é verdade que a galinha botou um ovo, o juízo que o afirma será verdadeiro se formulado, ao passo que a verdade do fato já está dada com o aparecimento do ovo.
Mas, se a verdade do juízo a galinha botou um ovo não está nem no juízo independentemente da galinha, nem na galinha independentemente do juízo, nem na relação entre galinha e juízo, onde raios pode ela estar?
Ora, acabamos de ver que, independentemente dos juízos que os afirmam, os objetos intencionados nos juízos também podem ser verdadeiros ou falsos, independentemente dos juízos que venham a ser emitidos a respeito. A galinha botou um ovo opõe-se a a galinha não botou um ovo, independentemente de que alguém o diga ou não diga. Existe contradição e identidade no real, independentemente e antes de que um juízo afirme ou negue o que quer que seja a respeito dele. Ou, o que dá na mesma: a verdade existe na realidade e não só nos juízos, ou então não poderia existir nos juízos de maneira alguma. Há verdade no fato de que a galinha botou um ovo, há verdade no juízo que o afirma e há verdade, ainda, na relação entre juízo e fato bem como no juízo que afirma a relação entre juízo e fato: a verdade não pode então estar no fato, nem no juízo nem na relação, mas tem de estar nos três.
Mais ainda, se está nos três, tem de estar também em algo mais, a não ser que admitamos que um único fato, o juízo que o afirma e a relação que os une possam, juntos, ser verdadeiros na hipótese de tudo o mais ser falso. Mas este "tudo o mais", que não está contido nem no fato nem no juízo nem na relação, inclui necessariamente a própria existência de fatos, bem como os princípios lógicos subentendidos no juízo e na relação. Se não há fatos nem princípios lógicos, inutilmente as galinhas botarão ovos no domínio do não-fato e inutilmente se buscará uma relação entre fato e juízo no domínio do ilogismo. Logo, a verdade de um só fato, de um só juízo e de sua relação subentende a existência da verdade como domínio que transcende e abrange a um tempo fatos, juízos e relações.
Procurar a verdade no fato, no juízo ou na relação é como procurar o espaço nos corpos, nas suas medidas e na distância de um a outro; assim como o espaço não está nos corpos, nem nas medidas nem nas distâncias, mas corpos, medidas e distâncias estão no espaço, assim também a verdade não está no fato, nem no juízo, nem na relação, mas todos estão na verdade ou não estão em parte alguma, e mesmo este "não estar", se algo significa e não é apenas um flatus vocis, tem de estar na verdade.
A verdade não é uma propriedade dos fatos, dos juízos ou das relações: ela é o domínio dentro do qual se dão fatos, juízos e relações.
§ 2. A VERDADE É UMA FORMA "A PRIORI" DO CONHECIMENTO?
A tentação kantiana é aqui praticamente incontornável. Condição de possibilidade de fatos, juízos e relações, a verdade é efetivamente uma condição a priori. Mas condição a priori da existência dessas três coisas ou apenas do seu conhecimento?
Resolve-se este problema de maneira simples e brutal: se dizemos que a verdade é uma forma a priori do conhecimento e pretendemos que isto seja verdadeiro, então o conhecimento tem de estar na verdade e não a verdade no conhecimento, pois o a priori não poderia ser imanente àquilo que ele próprio determina. Para ser condição a priori do conhecimento, a verdade tem de ser necessariamente condição a priori de algo mais, que por sua vez não é conhecimento e sim objeto dele. O conhecimento, como os fatos, juízos e relações, está dentro do domínio da verdade, e isto independentemente de considerarmos o conhecimento tão-somente no seu conteúdo eidético ou como fato: a verdade do conhecido, a verdade do cognoscente e a verdade do conhecer são aspectos da verdade, e não a verdade aspecto de um deles. Não há enfim escapatória kantiana. Ou o conhecimento está na verdade ou não está em parte alguma.
NOTAS
- Há também aqueles que crêem na existência da verdade e estão seguros de possui-la sem qualquer esforço investigativo. Mas estes estão fora do debate filosófico e não nos interessam. Voltar
- Ainda sobre o historicismo: "[...] A nossa civilização é a primeira que tem acesso a documentos da história de todas as outras civilizações e todos os outros tempos. Desde que começa a se constituir a ciência histórica, a partir do século XVIII, e a moderna filologia que já vinha desde o Renascimento, vamos conseguindo reunir uma documentação cada vez melhor, cada vez mais extensa, cada vez mais depurada a respeito de todas as épocas, lugares e civilizações. A partir do começo deste progresso da ciência histórica é grande a tentação de forjar imaginativamente uma espécie de esquema da unidade do desenvolvimento da história humana, com base nesta documentação reunida. À medida que começa a progredir a ciência histórica, também começa a progredir a filosofia da história (séculos XVIII e XIX), que propõe uma visão global do desenvolvimento humano, no sentido, por exemplo, de um progresso em uma determinada direção. É aí que o progresso da ciência histórica é compensado também por um progresso do erro. Porque as primeiras grandes generalizações que a história da filosofia faz são evidentemente erradas, já que sua documentação é insuficiente e não há métodos ou critérios maduros. E à medida que a documentação nos séculos seguintes (XIX e XX) progride, tendemos a receber esses documentos já com uma perspectiva viciada pelas primeiras filosofias da história que surgiram. De modo que, por exemplo, a idéia de um progresso linear do conhecimento está tão arraigada na nossa mente hoje, que dificilmente conseguimos ver uma filosofia antiga, exceto como algo que está situado no seu tempo e que já não nos diz nada exceto como documento histórico; como se Aristóteles ou Platão tivessem falado apenas para os gregos, na situação grega, e não para nós. Esta perspectiva é denominada historicista, situa cada idéia no seu contexto histórico, cultural, social, e fazendo isto, ao mesmo tempo ela nos ajuda a compreender essas idéias em função dos seus motivos, mas por outro lado, ela distancia de nós estes textos, na medida em que os refere às preocupações imediatas das quais brotaram, e distingue radicalmente estas preocupações das nossas: os antigos ficam presos no seu tempo e nós no nosso tempo, como se os seccionamentos do tempo, na verdade invenções artificiais dos historiadores, fossem distinções reais e como se não houvesse, por trás da irreversibilidade do calendário, sutis intercâmbios de afinidade entre tempos distantes entre si.
"A perspectiva historicista, que surge no século XVIII e vai-se afirmando ao longo de todo o século XIX e que está profundamente embutida na nossa mente - como uma espécie de dogma no qual acreditamos sem exame - acredita que situar as coisas na sua devida perspectiva temporal é a melhor ou única maneira de compreendê-las. Ora, na medida em que situamos os fatos e as idéias num tempo histórico, também os relativizamos, os tornamos relativos a esse tempo, e atenuamos ou diminuimos a importância, a significação, o valor e a eficácia que possam ter para nós hoje. A compreensão historicista torna-se, por isto, uma verdadeira descompreensão, um afastamento artificial do sentido das mensagens. Ao invés de reviver os valores do passado, ela os enterra no "seu tempo", deixando-nos fechados na atualidade do presente como numa redoma de sombras.
"Este é um problema de método da maior importância [...]. Façamos, por exemplo, um modelo em miniatura e imaginemos que todas as idéias e sentimentos que tivemos ao longo de nossa vida, nos referíssemos exclusivamente e absolutamente à etapa da nossa vida onde essas idéias e sentimentos surgiram, negando-lhes qualquer eficácia ou importância na nossa vida presente. Por exemplo, se certas crenças ou sentimentos que surgem na infância, nós os referíssemos inteiramente à situação de infância, e os explicássemos exclusivamente em função daquele momento, como se a criança que fomos estivesse morta e enterrada. Isto quer dizer que cada idéia que temos só seria válida para aquele momento, não conservaria nenhuma importância para os momentos seguintes. Por exemplo, na infância ou na adolescência, todos temos certas idéias e valores. A infância cultiva mitos, lendas, heróis, amores. Na adolescência temos grandes ambições e planos. Se depois, aos cinqüenta anos, digamos, fazendo nossa autobiografia, estudando-a cientificamente, referimos estas idéias exclusivamente às etapas em que surgiram, tiramos a validade atual que elas possam ter, julgamos a nossa infância com olhos do homem maduro, considerando-o um juiz absoluto de uma infância que já não não pode falar, e que será condenada sem ter sido ouvida, assim como mais tarde olharemos a idéia do homem maduro com a perspectiva do velho que seremos, e esse homem maduro, já não tendo nada o que dizer ao velho, será condenado por este num tribunal onde o réu está sempre ausente. Se, das épocas que vão passando, nada conserva a validade sempre atual de uma primavera que não passa, nossa vida não passa de uma coleção de cadáveres - ou, pior ainda, de uma sucessão de traições e abandonos. Isto significa que situar as idéias na sua perspectiva histórica, por um lado, é compreendê-las em função do momento, mas por outro lado é chutá-las para aquele momento, e tirar delas a vitalidade que possam ter neste momento. O historicismo, por um lado, nos dá a compreensão da história, mas se ele eleva a história, isto é, o desenvolvimento temporal, a supremo ou único critério do entendimento, ele situa cada idéia no seu tempo e cada idéia só é válida no seu tempo. Ora, se as idéias só fossem válidas no seu tempo, na realidade não seriam válidas para tempo nenhum, porque representariam apenas imagens que passaram pela mente humana e que somente expressam aquele momento, cuja duração pode ser de um século como pode ser de um dia. Ora, se fosse assim, se as idéias expressassem exclusivamente aquele momento, sem nenhuma validade para os momentos seguintes, não poderíamos nem sequer compreendê-las. De modo que o historicismo que cria este afunilamento e refere as idéias aos momentos e situações históricas tem de ser compensado por uma operação inversa, uma espécie de desistoricismo, que julgue estas idéias não pelo momento onde surgiram, mas pelo que elas exigem e cobram de nós hoje. Isto é válido para a história do mundo como para a nossa história pessoal. Lembro-me de uma sentença de Alfred de Vigny, grande poeta do Romantismo francês, segundo a qual 'uma grande vida é um sonho de infância realizado na idade madura'. Sim, se o homem maduro já não recorda os seus sonhos de infância, ou se, recordando-os, já não sente o apelo da sua mensagem, então como ele irá julgar e compreender a trajetória da sua vida, exceto como uma sucessão de imagens que, não tendo sentido umas para as outras, não formam, juntas, sentido nenhum? Um outro grande escritor, Georges Bernanos, quando lhe perguntaram para quem escrevia, respondeu: 'Para o menino que fui'. O menino é o juiz do homem, porque aquilo que vem depois é a realização, ou o fracasso, das expectativas e sonhos de antes.
"Ora, se julgarmos a nossa personalidade de hoje à luz das nossas aspirações de infância ou de juventude, freqüentemente o resultado deste julgamento será negativo. Neste sentido, o historicismo é uma espécie de analgésico da consciência, porque ele nos dispensa de prestar satisfações às nossas idéias e projetos antigos, ele secciona a vida de tal modo que ela perde a unidade. Ora, o sentido dos meus atos e da minha vida agora só existe se eu os confrontar com os meus sonhos e projetos do passado. Porque você só pode entender aonde chegou se comparar com aonde queria ir.
"Na sua maneira de compreender o pensamento antigo, a maior parte das pessoas ainda está hoje sob o domínio do historicismo. Ou seja, hoje compreendemos muitíssimo bem as idéias de Aristóteles ou de Platão, em função de seu momento e lugar de origem. Mas ainda não realizamos a operação desistoricista, que nos levaria a compreendê-los em função daquilo que eles têm a dizer, não para os gregos, mas para todos os homens, inclusive nós. Conseguimos julgar as suas idéias em função do ponto onde viemos parar, mas ainda não fizemos a operação contrária que é a de julgar a nós mesmos em função de Platão e Aristóteles, ou da antiguidade em geral. Fazemos do nosso tempo o juiz da Antiguidade e jamais convocamos a Antiguidade a depor sobre o nosso tempo. Julgamos, como dizia Karl Kraus, para não sermos julgados. Para corrigir isso, devemos desligar-nos da perspectiva unilateramente temporal e evolutiva, e, invertendo o historicismo, julgar o presente com os critérios do passado.
"Esta operação de vai-e-volta foi realizada, por exemplo, em outro sentido - não temporal, mas espacial -, na ciência da antropologia. A antropologia começa a surgir no século passado com os viajantes, sobretudo ingleses. Inglês tem esta mania de viajar e se instalar em todos os lugares exóticos do mundo; e eles vão desenvolvendo a antropologia na medida em que mandam para a Sociedade Científica de Londres informações sobre os hábitos, costumes, valores de todas as sociedades do mundo. Graças a este imenso acúmulo de informações sobre as outras sociedades foi possível de surgir no campo da antropologia o relativismo antropológico. Isto significa que não devemos olhar as outras culturas somente com os olhos da nossa, mas tentar fazer o contrário: olhar-nos também com os olhos da outra cultura. Se o antropólogo inglês está entre os pigmeus da Nova Guiné, não interessa só o que o inglês pensa sobre eles, mas o que eles pensam do inglês. Isto se chamou relativismo antropológico. Também não deve ser absolutizado, transformado num dogma da equivalência de todos os valores, mas é um método útil, porque ajuda a compreender os outros povos nos seus próprios termos.
"O nosso historicismo precisa ser compensado por uma espécie de relativismo, não no sentido geográfico, como fizeram os antropólogos, mas no sentido temporal, de olhar o nosso tempo com os olhos de outros tempos. Se existe um relativismo cultural, tem de existir um relativismo histórico também. O próprio historicismo realiza uma relativização, mas no sentido de encaixar cada idéia no seu tempo e fazer uma coleção de idéias-tempo, cada qual no seu vidrinho cronológico, bem fechadinha e sem contaminação de outros tempos, isto é, todas igualmente neutralizadas e relativizadas. Mas, como este tipo de relativismo neutralizante é próprio do nosso tempo e resulta de uma ideologia cientificista que é bem da modernidade, praticá-lo é impor uma perspectiva moderna aos outros tempos, fingindo respeitá-los nas suas respectivas especificidades estanques. Não é isto o que proponho. Proponho julgar o nosso tempo com os olhos de outras épocas, não a título de diletantismo relativista, mas como um meio de autoconhecimento e uma exigência prévia do método científico em história. Neste sentido, a antropologia, que muitas vezes, com base em valores de outras culturas, fez críticas profundas à nossa cultura presente, tem sido mais sensata do que a História, ou pelo menos do que a História do pensamento, onde os valores do presente continuam a medida de todas as coisas. [...]". (Ibidem, p. 22-23).
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