Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.
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sábado, 29 de novembro de 2008

O que é a mente revolucionária: o contrário de ser conservador

PERSPECTIVA

A galeria revolucionária

A galeria revolucionária - os monstros do século XX




Segundo Olavo de Carvalho, a mente revolucionária tem 3 características essenciais:

A inversão da percepção do tempo

As pessoas normais consideram que o passado é algo imutável e que o futuro é algo de contingente ― “o passado está enterrado e o futuro a Deus pertence”, diz o senso-comum.

A mente revolucionária não raciocina desta forma: para ela, o futuro utópico é um objectivo que será inexoravelmente atingido ― o futuro utópico é uma certeza; não pode ser mudado.

Por outro lado, a mente revolucionária considera que o passado pode ser mudado (e ferozmente denunciado!) através da reinterpretação da História por via do desconstrucionismo ideológico (Nietzsche → Gramsci → Heidegger → Sartre → Foucault → Derrida → Habermas). Em suma: o futuro é uma certeza, e o passado uma contingência ― isto é, o reviralho total.

A inversão da moral

Em função da crença num futuro utópico dado como certo e determinado, em direcção ao qual a sociedade caminha sem qualquer possibilidade de desvio, a mente revolucionária acredita que esse futuro utópico inexorável é isento de “mal” ― esse futuro será perfeito, isento de erros humanos. Por isso, em função desse futuro utópico certo e dado como adquirido, todos os meios utilizados para atingir a inexorabilidade desse futuro estão, à partida, justificados. Trata-se de uma moral teleológica: os fins justificam todos os meios possíveis.

Inversão do sujeito - objecto

A culpa dos actos de horror causados pela mente revolucionária é sempre das vítimas, porque estas não compreenderam as noções revolucionárias que levariam ao inexorável futuro perfeito e destituído de qualquer “mal”. As vítimas da mente revolucionária não foram assassinadas: antes suicidaram-se, e a acção da mente revolucionária é a que obedece sem remissão a uma verdade dialéctica imbuída de uma certeza científica que clama pela necessidade desse futuro sem “mal” ― portanto, a acção da mente revolucionária é impessoal, isenta de culpa ou de quaisquer responsabilidades morais ou legais nos actos criminosos que comete.

Segundo a mente revolucionária, as pessoas assassinadas por Che Guevara ou por Hitler, foram elas próprias as culpadas da sua morte (suicidaram-se), por se terem recusado a compreender a inexorabilidade do futuro sem “mal” de que os revolucionários seriam simples executores providenciais.

Ser “conservador” resume-se à antítese destas características da mente revolucionária. Quando me perguntarem o que é o “conservadorismo”, farei um link para este postal com a seguinte nota: é a antítese disto.

sábado, 4 de outubro de 2008

Há algo de trágico na história de Portugal

Do portal do OLAVO DE CARVALHO


Bruno Garschagen entrevista Olavo de Carvalho
Revista Atlântico, janeiro de 2008

 

Nos anos 90 do fim do século passado, o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho inaugurou uma nova fase na filosofia e no debate intelectual do Brasil. Ao lançar obras filosóficas como Aristóteles em Nova Perspectiva e O Jardim das Aflições: De Epicuro à Ressurreição de César, entre outras, imprimiu no pensamento filosófico brasileiro um rumo completamente diverso da dominação doutrinária impingida pelos autoproclamados pensadores que eram (e são), apenas, professores universitários de esquerda. Na esfera pública, Olavo seguia (e segue), como já declarou, na tentativa de formar uma elite intelectual mediante aulas, cursos e divulgação de ideias pelos jornais, revistas e sites (www.olavodecarvalho.org www.midiasemmascara.org). Aos 60 anos, o filósofo mora com a família desde 2005 em Richmond, Estados Unidos, onde desenvolve os seus estudos, principalmente, sobre a mente revolucionária e a paralaxe cognitiva. 

O que é e há quanto tempo desenvolve os estudos sobre a mente revolucionária? 
É uma longa história. Esse estudo surgiu da confluência mais ou menos acidental de duas investigações independentes que eu vinha desenvolvendo desde os anos 80. A primeira diz respeito às definições de direita e esquerda. Por um lado, havia uma tendência, na mídia e nos debates públicos em geral, de minimizar ou até negar explicitamente a diferença entre direita e esquerda. Essa tendência tornou-se ainda mais forte depois da queda da URSS. Por outro lado, a esquerda assumia cada vez mais orgulhosamente sua identidade, ao mesmo tempo em que a sua influência política se tornava cada vez mais dominante. A direita, por seu lado, se encolhia numa timidez abjecta, negando sua própria existência, escondendo-se sob o rótulo de “centro” e copiando cada vez mais o vocabulário e a forma mentis da esquerda. Era claro que aí havia um problema, principalmente porque os mais obstinados negadores da diferença entre esquerda e direita eram provenientes da direita. O problema colocava-se, portanto, em dois níveis. Primeiro: o empenho de dissolver as diferenças entre dois discursos ideológicos não impedia que pelo menos uma das forças políticas correspondentes continuasse existindo historicamente como força actuante e perfeitamente identificável. Segundo: se a negação da diferença tencionava esvaziar a esquerda, diluindo a força atractiva do comunismo num vago e inofensivo “progressismo”, foi a própria direita que por meio desse artifício acabou se tornando vaga e inofensiva. Se era assim, ficava claro um desnível entre a discussão pública e as reais forças políticas subjacentes. A pergunta que surgia era: em que consistem a direita e a esquerda como forças históricas objectivas, para além de seus respectivos discursos de autodefinição ideológica? Logo, tornou-se impossível definir direita e esquerda em função de seus objectivos proclamados, que não só eram mutáveis, mas intercambiáveis. 

E o que fez para avançar na investigação? 
A ideia que me ocorreu então foi atacar o problema num nível mais profundo, buscando diferenças estruturais de percepção da realidade, das quais os sucessivos discursos historicamente registrados como de direita e esquerda pudessem desenvolver-se com toda a sua variedade interna alucinante, sem prejuízo das estruturas básicas. Se eu conseguisse descobrir essas duas estruturas permanentes, a direita e a esquerda estariam delineadas por diferenças objectivas muito além do horizonte de consciência dos indivíduos e organizações que personificavam essas correntes. Descobri várias dessas diferenças. A principal é a diferença na percepção do tempo histórico. A esquerda – toda a esquerda, sem excepção – enxerga o tempo histórico às avessas: supõe um futuro hipotético e o toma como premissa fundante da compreensão do passado. Em seguida, usa essa inversão como princípio legitimador das suas acções no presente. Como o futuro hipotético permanece sempre futuro, e por isso mesmo sempre hipotético, toda certeza alegada pelo movimento esquerdista num dado momento pode ser mudada ou invertida no momento seguinte, sem prejuízo, seja da continuidade do movimento, seja do sentimento de coerência por baixo das mais alucinantes incoerências. Somando a isso a descoberta de Jules Monnerot de que a cada geração é a esquerda quem aponta e delimita a direita, nomeando como tal aqueles que lhe resistem, a direita aparecia, portanto, como o conjunto daqueles que, por mil motivos variados, resistem à inversão da razão histórica. Podem fazê-lo, por exemplo, por ser cristãos e acreditar que o “fim da história” é uma passagem para a eternidade e não um capítulo da história profana. Mas podem fazê-lo também por ser ateus de mentalidade científica que preferem moldar as hipóteses segundo os factos e não alterar os factos conforme as hipóteses. A segunda investigação foi da “paralaxe cognitiva”.

E a paralaxe cognitiva? 
Denomino paralaxe cognitiva o deslocamento, às vezes radical, entre o eixo da construção teórica de um pensador e o eixo da sua experiência humana real, tal como ele mesmo a relata ou tal como a conhecemos por outras fontes fidedignas. Raro e excepcional na Antiguidade e na Idade Média, esse deslocamento começa a aparecer com frequência cada vez mais notável a partir do século XVI, dando a algumas das filosofias modernas a aparência cómica de gesticulações sonambúlicas totalmente alheias ao ambiente real em que se desenvolvem. Um exemplo claro é a teoria de Kant sobre a incognoscibilidade da “coisa em si”. Se não conhecemos a substância das coisas materiais, mas somente a sua aparência fenoménica, que esperança podemos ter de atingir um dia, a partir de indícios materiais, isto é, letras impressas numa folha de papel, a substância da filosofia de Immanuel Kant? Certamente o filósofo de Koenigsberg não se contentaria se apreendêssemos somente a aparência fenoménica da sua filosofia, a qual filosofia, nesse sentido, é radicalmente incompatível com o acto de escrever livros – e olhem que Kant os escreveu em profusão. Por mais coerente que seja consigo mesma, a filosofia de Kant é incoerente com a sua própria existência de obra publicada. Outro exemplo: Karl Marx diz que só o proletariado pode apreender o movimento real da história, porque as classes que o precedem vivem aprisionadas na fantasia subjectiva das suas respectivas ideologias de classe. Mas, se é assim, por que o primeiro a perceber isso e a apreender o movimento alegadamente real da história foi o próprio Karl Marx, que não era proletário, não tinha nenhuma experiência da vida proletária e até a idade madura só conhecia os proletários por meio de leituras? Ou a ideologia de classe é inerente à posição social real do sujeito, ou é de livre escolha independentemente da posição social, mas neste último caso não é ideologia de classe de maneira alguma e sim apenas ideologia pessoal projetada ex post facto sobre uma classe, também de livre escolha. Os exemplos desse tipo são tantos, mas tantos, que não espero senão recensear uma ínfima amostragem deles. Inevitavelmente, a semelhança estrutural entre a paralaxe cognitiva e a inversão do tempo tinha de se tornar clara um dia, por mais obtusa que fosse a minha cabeça.

Como conseguiu? 
Substituí, no meu estudo, os termos “esquerda” e “direita” pelos de “revolução” e “reacção”. Daí para diante, foi ficando cada vez mais evidente para mim a unidade histórica do movimento revolucionário desde as rebeliões messiânicas estudadas por Norman Cohn em The Pursuit of the Millennium. [Revolutionary messianism in medieval and Reformation Europe and its bearing on modern totalitarian movements (1957-61)] até o Fórum Social Mundial. E aí foi que se tornou também claro, mesmo para o meu cérebro cansado e obscurecido, o centro da confusão entre os termos “direita” e “esquerda” – porque muitos movimentos tidos popularmente como “de direita” operavam, de facto, na clave revolucionária e não reaccionária. De uma maneira ou de outra, esses movimentos acabavam jogando lenha na fogueira da revolução, e trabalhando, portanto, contra seus próprios ideais declarados. Captar e descrever a unidade do movimento revolucionário é desenhar claramente, perante os olhos dos homens “de direita”, a verdadeira natureza do seu inimigo permanente. É desfazer uma infinidade de confusões catastróficas, que determinaram, ao longo do tempo, outras tantas políticas suicidas. Se eu conseguir lançar nesse matagal toda a claridade que pretendo, creio que terei feito alguma coisa de útil, pelo menos para dar a Nosso Senhor Jesus Cristo um pretexto que ele possa alegar em minha defesa no Juízo Final.

Seus estudos mostram como operou a mentalidade revolucionária em Portugal? 
Para responder a essa pergunta seria preciso sondar mais cuidadosamente o antigo regime. O salazarismo foi uma estranha mistura de conservadorismo cristão com elementos extraídos do fascismo, o qual é, sem a menor sombra de dúvida, uma ideologia revolucionária. A característica das ideologias revolucionárias é ter um “projecto de sociedade”, em vez de respeitar a sociedade existente e tentar aperfeiçoá-la na medida modesta das possibilidades humanas e com a cautela que a prudência recomenda. 
Qualquer nação que se tenha infectado profundamente da mentalidade revolucionária e tenha dado aos seus valores conservadores uma formulação política revolucionária corre o risco de estar sempre à mercê de novos projectos revolucionários, pelo simples fato de que perdeu de vista a noção de “ordem espontânea”, que é a essência mesma da democracia e do conservadorismo. Que é ordem espontânea? É o conjunto de soluções aprendidas ao longo do tempo. É uma ordem espontânea porque não foi imposta por ninguém. É ordem porque tem um senso arraigado da própria integridade e rejeita instintivamente toda mudança radical. Mas é também aprendizado, isto é, absorção criativa das situações novas por um conjunto que permanece conscientemente idêntico a si mesmo ao longo dos tempos, por meio de símbolos tradicionais constantemente readaptados para abranger novos significados. Examinem bem e verão que ordem democrática é precisamente isso e nada mais. Se, ao contrário, um grupo imbuído do amor a valores tradicionais tenta deter a mudança, ele está introduzindo na ordem espontânea uma mudança tão radical quanto o grupo revolucionário que deseja virar tudo de pernas para o ar, pois o que esse alegado conservadorismo deseja é imortalizar no ar um momento estático de perfeição hipotética. Se esse momento, na imaginação dele, expressa os valores do passado, isso não vem ao caso, porque na prática política esse ideal será um “projecto de futuro” tanto quanto o ideal revolucionário. Uma sociedade só embarca no projecto revolucionário quando perdeu todo o respeito por si mesma. Um respeito que, entre outras coisas, implica o amor aos valores do passado como instrumentos de compreensão e acção no presente, não como símbolos estereotipados de uma perfeição ideal no céu das utopias.

E onde entra o salazarismo nessa história? 
Não tenho a menor dúvida de que António de Oliveira Salazar foi um homem honesto e um grande administrador. Mas o salazarismo foi infectado da mesma ambição de controlo burocrático total, que é característica do movimento revolucionário. Quatro décadas desse regime, e Portugal não tinha mais conservadores genuínos em número suficiente. Os poucos que havia fizeram um esforço heróico para dar à nação a verdadeira estabilidade democrática, mas a ânsia das soluções totais estava, por assim dizer, no ar — e, dissolvido o salazarismo, só quem podia tirar proveito dela era a esquerda. 
Não desejo dar palpites na política interna de um país que da minha parte só merece aquele amor cheio de reverência que a gente tem por um avô navegante e guerreiro. Não levem a mal essa minha análise, que é só um esboço sem pretensões. Espero um dia poder estudar mais profundamente a história de Portugal e tirar um pouco das minhas dúvidas.

Há alguma particularidade sobre o que aconteceu aqui? 
Há algo de trágico na história de Portugal, pois os filósofos escolásticos portugueses foram os primeiros a compreender a verdadeira natureza do capitalismo, séculos antes de Adam Smith, mas, quando se inaugurou a temporada de caça aos escolásticos, com o iluminismo, ela não trouxe consigo a modernização capitalista, e sim um burocratismo centralizador sufocante. Por uma triste ironia, os adversários do centralismo pombalino eram os jesuítas, eles também revolucionários, que sonhavam com uma república socialista de índios na América do Sul. Posso estar enganado, mas o drama de Portugal é o mesmo de A Montanha Mágica de Thomas Mann: um jovem bom e promissor aprisionado entre dois falsos gurus: um iluminista autoritário com discurso modernizador e um jesuíta comunista.

Você tem sido um crítico do liberalismo e, concomitantemente, um defensor do conservadorismo. Esse conservadorismo que você defende é herança do moderno modelo inglês inaugurado por Edmund Burke? 
Eu não diria só inglês, mas anglo-americano. A Inglaterra e os EUA foram os países do Ocidente que mais profundamente se impregnaram do sentimento de respeito pelas tradições, o qual no fim das contas é respeito pelo povo. É verdade que mesmo nesses dois países os planeadores alucinados de sociedades perfeitas estão tentando, e com frequência conseguindo, destruir esse sentimento. Não sei em que medida os ingleses percebem o mal revolucionário que os vem acometendo nos últimos anos, mas os americanos estão acordadíssimos. Ainda que sem uma clareza suficiente quanto à unidade histórica do movimento revolucionário, os conservadores americanos sabem mais ou menos onde está o mal. E, o que é melhor ainda, pouquíssimos entre eles se deixam levar pela tentação do que poderíamos chamar de “conservadorismo revolucionário”. Eles nunca leram o brasileiro Jackson de Figueiredo, mas se o lessem endossariam com entusiasmo esta fórmula dele: “O de que precisamos não é uma contra-revolução. É o contrário de uma revolução”.

Lembro você ter escrito que, ao dialogar com alguns liberais, ao final da conversa constata que o sujeito é conservador com ideias liberais. Qual o problema essencial do liberalismo? 
Isso nasce de um vício de linguagem. Como a mídia brasileira chama de “conservadores” os grupos de interesses sem nenhuma ideologia própria, o que é totalmente errado, a direita corrigiu um erro com outro erro, dizendo-se “liberal” em vez de conservadora. Da minha parte, uso sempre o termo “liberalismo” no seu sentido histórico de um capítulo do movimento revolucionário. Às vezes, quando critico o liberalismo nesse sentido, alguns conservadores brasileiros acham que estou falando mal deles. O liberalismo, no sentido em que uso o termo, acredita que a liberdade é um princípio fundante da política, mas a liberdade é apenas uma regra formal, que, elevada à condição de princípio, resulta no esvaziamento relativista de todos os valores, fomentando a mutação revolucionária e a extinção da própria liberdade. A diferença entre princípio substantivo e regra formal é que o primeiro pode ter sua aplicação estendida indefinidamente sem levar a contradições, ao passo que a regra formal, se aplicada além de um certo limite, acaba por se negar a si mesma. A liberdade é uma regra formal, porque ela sempre necessita de outras que a definam e não funciona fora delas. Os liberais – no sentido em que uso o termo – não entendem isso.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Olavo de Carvalho’s lecture: The structure of the revolutionary mind

Do portal do OLAVO DE CARVALHO


Laigle's Forum, August 28, 2008

By Donald Hank

Even the best of observers have trouble figuring out what the Left is, or what the difference between left and right is, or what these concepts even mean any more.

Great strides have been made recently, however, with the recognition, among the most astute observers, that Hitler’s Third Reich is by no means an example of rightwing ideology and policies in action, contrary to current political doctrine.

Many conservative writers have already concluded that Hitler was not a rightwinger, based mostly on his National Socialism.

Indeed Mr. de Carvalho’s (as yet unpublished) lecture “The structure of the revolutionary mind,” cites the recent book “The Dictators: Hitler’s Germany and Stalin’s Russia” by Richard Overy, which demonstrates the parallels between Hitler and Stalin.

I had noticed that the compatibility of Hitler’s ideology with today’s European relativism was brilliantly highlighted in Ben Stein’s movie Expelled, and most poignantly in the scene in a former Third Reich mental “hospital” where patients deemed to be of no value to society were gassed (I couldn’t help but think of Terri Schiavo). When Stein asked the tour guide at the museum what she would say if she could talk to the perpetrators of that horror, she simply said that was another era and they had their reasons for doing what they did. Thus she clearly would not feel justified in judging these criminals by her standards (assuming she had any). Here was a woman who had certainly been educated in Germany, either the communist East Germany or the socialistic West Germany. Neither system prepared her to condemn Hitler’s actions because these actions were based on the same world view that Germany embraces today, atheistic humanism based on a tenacious belief in Darwinist principles of natural selection, and the correlative notion that man has a moral right and even obligation to support natural selection with his laws under which a race can be culled of inferior elements. Neither socialism nor “national” socialism reject this out of hand. Only Christianity does, and that religion is fading fast in Europe (while here Christianity is being absorbed by the Left. See here, here and here).

All this helps clarify the compatibility between two world views that our education system and mainstream press insist are opposites.

But surprisingly, despite a lot of keen observation, before Olavo de Carvalho’s lecture, no one had yet managed to credibly characterize the Left in all of its main facets.

I have personally grappled with this for many years and had all but despaired of finding an adequate definition. And yet, how can a good American be a good American if he can’t identify the enemy of his way of life? How can he stand athwart history and shout stop if he doesn’t know what it is he must stop?

At the top of the first page of each issue of Izvestia was the slogan “Workers of the world unite!” Thus to people of my era, the Left portrayed itself as a system of social justice that aimed at creating a level playing field between workers and their bosses and attempted to share the wealth equally with a view to building a world free of poverty.

Yet today, we see the Left working hard to make fuel more expensive for the poor, not in any attempt at social justice but rather to “save the planet.” The main area where social “justice” is sought is between heterosexuals and homosexuals, and the current thrust is toward legalizing same-sex “marriage” which, if it triumphs, will trivialize traditional marriage, ultimately prompting fewer to marry and bear children, since part of the attractiveness of marriage has been a sacred religious ceremony affirming one’s faith, encouraging people to wait until marriage to enjoy sex, and therefore fostering heterosexual purity based on a biblical world view. None of this is apparent in the “gay” community with its emphasis on promiscuity (broad daylight naked orgies) and its rejection of the biblical view of homosexuality. This focus on discouraging child birth is mightily supported by Planned Parenthood. Thus, ultimately, the leftist vision seems to be a world with more poverty and fewer children born to shoulder the burden of caring for the elderly, for example, by paying into the social services system. The once-proud vision of a world of strong healthy workers receiving equal pay for a better, more prosperous life, is quickly giving way to a vision of a world impoverished for the sake of an impersonal planet to whose riches mankind must increasingly forfeit its claims. We are taught that to consider humanity’s needs is to be selfish, that we must sacrifice our children’s future for the sake of a planet. And yet we are being asked to sever ties to that planet as if our destiny were separate from its.

Thus, obviously, the old left and the new left are different ideologically and many ordinary people are confused (particularly since an astounding percentage of Republican politicians embrace the Left’s policies). Some are confused into thinking that the new Left is more benign. These are the ones who believe the myth that communism is dead.

In fact, communism never died, it merely metamorphosed.

How to explain that the Left can completely substitute its original ideology and still be the Left?

Olavo de Carvalho had wondered the same thing. But he was born into a South American environment where leftism was the air they breathed. It was the worldview in academe and on the street and there was no other box to think outside of. Therefore, as a philosophy student, he was steeped in the literature of the Left, not just Marx and Hegel but the entire pantheon of leftist gods writing the blueprints for society. Thus he had read an enormous amount of this literature and is today one of the few living conservatives-having had his epiphany-who now truly understands the Left, something like David Horowitz, except that de Carvalho had the additional benefit of seeing a much more virulent leftism in action and up close.

Even so, Mr. Carvalho had to read and reread the old (and new) revolutionary literature to find a common thread, and what he found is surprising:

The Left (which he calls the “revolution”) is not a unified ideology or agenda at all, but rather a way of seeing the world, and specifically it is an inversion of what normal people call common sense. And this inversion is the sole unifying factor, the one common thread running through the revolution since the 13th and 14th centuries

According to de Carvalho, revolutionary thought as we know it did not exist before about the 13th century; nor is it a function of chronological age. The myth that the young tend to be revolutionaries arises from the Left itself and serves the purpose of making the Revolution appear to be a natural phenomenon.

Instead, this revolutionary inversion has its origins in an early Christian heresy (arrogating to itself the role of Christ the avenger) and has at least three aspects:

1-Inversion of the perception of time

Normal individuals, based on common sense, see the past as something immutable and the future as something that can be changed (it is contingent, as de Carvalho puts it).

Not so the leftist revolutionary, who sees the utopian future as a goal that eventually will be reached no matter what and the past as something that can be changed, through reinterpretation (what we call “rewriting history”), to accommodate it.

One example the author gives of this is how Soviet propagandists reinterpreted Dostoevsky, an anti-revolutionary of the first order. In his novel “Crime and Punishment,” young revolutionary Raskolnikov kills his wealthy elderly landlady as an act of solidarity with the poor class, in keeping with his world view that ownership of private property is immoral and that the revolutionary is entitled to take possession of it by any means at his disposal. But Raskolnikov is caught and goes to jail where the only book available to the prisoners is a Bible, which he reads, and is converted to Christianity, abandoning his revolutionary ideology, which he now understands as immoral.

While fully aware of Dostoevsky’s anti-revolutionary mindset, the early communists liked his novels and considered them too thoroughly Russian to ban, so they simply reinterpreted him posthumously and declared that his novels were written to highlight the need for more social justice. Thus the Left reached back into time and manipulated the thoughts of a man who would have been their adversary, making him posthumously a fellow communist.

2-The inversion of morality

De Carvalho points out that because the revolutionary (leftist) believes implicitly in a future utopia where there will be no evil, this same revolutionary believes that no holds should be barred in achieving that utopia. Thus, his own criminal activities in achieving that goal are above reproach.

The author cites Che Guevara, who said that the revolutionary is the “highest rank of mankind.” Thus, armed with such moral superiority, Che was able to cold-bloodedly murder his political enemies wholesale.

Another example cited in the lecture is Karl Marx, who had an illicit liaison with his maid and then, to keep bourgeois appearances, made his son, the offspring of that liaison, live in the basement of his home, never even introducing the boy to his brothers in wedlock. The boy was never mentioned in the family and went into historical oblivion.

De Carvalho compares this despicable behavior with the more noble conduct of Brazilian landowners who had illegitimate children but made them heirs, yet made no claims of moral superiority!

To the revolutionary mind, it is normal that the revolutionary should pay no mind to the bourgeois morality, because after all, nothing he does can be construed as immoral, since the sum total of his actions hasten the revolution when justice will prevail. This is why conservatives frequently refer to the Left’s hypocrisy (for example, environmental champion Al Gore’s 20-fold electricity consumption compared to yours and mine).

By contrast, the author shows that by the Left’s own definition of “revolution,” the American revolution is not a revolution at all because our founders were men who held themselves (not just others) to high moral standards, and in no way tried to usher in a novel experimental utopian system, basing their actions and policies on older English traditions and common law, and modeling our Republic on these tried and true common-sense precepts.

3-Inversion of subject and object

When revolutionaries like Che, and Hitler’s operatives, for example, killed innocent people, they would blame the people they killed for “making” them do it by refusing to go along with their revolutionary notions. This is one example the author gives of the inversion of subject and object.

De Carvalho also points out a number of other inversions and makes many fascinating points, but my purpose here is simply to clarify what the Left really is, to stimulate thought and to predispose the reader to buy his book when it comes out.

You will be a better American for having read the writings of - a great American.

Olavo de Carvalho is a well-known Brazilian philosopher and writer, many of whose articles have graced the pages of Laigle’s Forum.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A mentalidade revolucionária

Do portal MOVIMENTO ENDIREITAR
Por Olavo de Carvalho

Desde que se espalhou por aí que estou escrevendo um livro chamado “A Mente Revolucionária”, tenho recebido muitos pedidos de uma explicação prévia quanto ao fenômeno designado nesse título.

A mente revolucionária é um fenômeno histórico perfeitamente identificável e contínuo, cujos desenvolvimentos ao longo de cinco séculos podem ser rastreados numa infinidade de documentos. Esse é o assunto da investigação que me ocupa desde há alguns anos. “Livro” não é talvez a expressão certa, porque tenho apresentado alguns resultados desse estudo em aulas, conferências e artigos e já nem sei se algum dia terei forças para reduzir esse material enorme a um formato impresso identificável. “A mente revolucionária” é o nome do assunto e não necessariamente de um livro, ou dois, ou três. Nunca me preocupei muito com a formatação editorial daquilo que tenho a dizer. Investigo os assuntos que me interessam e, quando chego a algumas conclusões que me parecem razoáveis, transmito-as oralmente ou por escrito conforme as oportunidades se apresentam. Transformar isso em “livros” é uma chatice que, se eu pudesse, deixaria por conta de um assistente. Como não tenho nenhum assistente, vou adiando esse trabalho enquanto posso.

A mente revolucionária não é um fenômeno essencialmente político, mas espiritual e psicológico, se bem que seu campo de expressão mais visível e seu instrumento fundamental seja a ação política.

Para facilitar as coisas, uso as expressões “mente revolucionária” e “mentalidade revolucionária” para distinguir entre o fenômeno histórico concreto, com toda a variedade das suas manifestações, e a característica essencial e permanente que permite apreender a sua unidade ao longo do tempo.

“Mentalidade revolucionária” é o estado de espírito, permanente ou transitório, no qual um indivíduo ou grupo se crê habilitado a remoldar o conjunto da sociedade – senão a natureza humana em geral – por meio da ação política; e acredita que, como agente ou portador de um futuro melhor, está acima de todo julgamento pela humanidade presente ou passada, só tendo satisfações a prestar ao “tribunal da História”. Mas o tribunal da História é, por definição, a própria sociedade futura que esse indivíduo ou grupo diz representar no presente; e, como essa sociedade não pode testemunhar ou julgar senão através desse seu mesmo representante, é claro que este se torna assim não apenas o único juiz soberano de seus próprios atos, mas o juiz de toda a humanidade, passada, presente ou futura. Habilitado a acusar e condenar todas as leis, instituições, crenças, valores, costumes, ações e obras de todas as épocas sem poder ser por sua vez julgado por nenhuma delas, ele está tão acima da humanidade histórica que não é inexato chamá-lo de Super-Homem.

Autoglorificação do Super-Homem, a mentalidade revolucionária é totalitária e genocida em si, independentemente dos conteúdos ideológicos de que se preencha em diferentes circunstâncias e ocasiões.

Recusando-se a prestar satisfações senão a um futuro hipotético de sua própria invenção e firmemente disposto a destruir pela astúcia ou pela força todo obstáculo que se oponha à remoldagem do mundo à sua própria imagem e semelhança, o revolucionário é o inimigo máximo da espécie humana, perto do qual os tiranos e conquistadores da antigüidade impressionam pela modéstia das suas pretensões e por uma notável circunspecção no emprego dos meios.

O advento do revolucionário ao primeiro plano do cenário histórico – fenômeno que começa a perfilar-se por volta do século XV e se manifesta com toda a clareza no fim do século XVIII – inaugura a era do totalitarismo, das guerras mundiais e do genocídio permanente. Ao longo de dois séculos, os movimentos revolucionários, as guerras empreendidas por eles e o morticínio de populações civis necessário à consolidação do seu poder mataram muito mais gente do que a totalidade dos conflitos bélicos, epidemias terremotos e catástrofes naturais de qualquer espécie desde o início da história do mundo.

O movimento revolucionário é o flagelo maior que já se abateu sobre a espécie humana desde o seu advento sobre a Terra.

A expansão da violência genocida e a imposição de restrições cada vez mais sufocantes à liberdade humana acompanham pari passu a disseminação da mentalidade revolucionária entre faixas cada vez mais amplas da população, pela qual massas inteiras se imbuem do papel de juízes vingadores nomeados pelo tribunal do futuro e concedem a si próprios o direito à prática de crimes imensuravelmente maiores do que todos aqueles que a promessa revolucionária alega extirpar.

Mesmo se não levarmos em conta as matanças deliberadas e considerarmos apenas a performance revolucionária desde o ponto de vista econômico, nenhuma outra causa social ou natural criou jamais tanta miséria e provocou tantas mortes por desnutrição quanto os regimes revolucionários da Rússia, da China e de vários países africanos.

Qualquer que venha a ser o futuro da espécie humana e quaisquer que sejam as nossas concepções pessoais a respeito, a mentalidade revolucionária tem de ser extirpada radicalmente do repertório das possibilidades sociais e culturais admissíveis antes que, de tanto forçar o nascimento de um mundo supostamente melhor, ela venha a fazer dele um gigantesco aborto e do trajeto milenar da espécie humana sobre a Terra uma história sem sentido coroada por um final sangrento.

Embora as distintas ideologias revolucionárias sejam todas, em maior ou menor medida, ameaçadoras e daninhas, o mal delas não reside tanto no seu conteúdo específico ou nas estratégias de que se servem para realizá-lo, quanto no fato mesmo de serem revolucionárias no sentido aqui definido.

O socialismo e o nazismo são revolucionários não porque propõem respectivamente o predomínio de uma classe ou de uma raça, mas porque fazem dessas bandeiras os princípios de uma remodelagem radical não só da ordem política, mas de toda a vida humana. Os malefícios que prenunciam se tornam universalmente ameaçadores porque não se apresentam como respostas locais a situações momentâneas, mas como mandamentos universais imbuídos da autoridade de refazer o mundo segundo o molde de uma hipotética perfeição futura. A Ku-Klux-Klan é tão racista quanto o nazismo, mas não é revolucionária porque não tem nenhum projeto de alcance mundial. Por essa razão seria ridículo compará-la, em periculosidade, ao movimento nazista. Ela é um problema policial puro e simples.

Por isso mesmo é preciso enfatizar que o sentido aqui atribuído ao termo “revolução” é ao mesmo tempo mais amplo e mais preciso do que a palavra tem em geral na historiografia e nas ciências sociais presentemente existentes. Muitos processos sócio-políticos usualmente denominados “revoluções” não são “revolucionários” de fato, porque não participam da mentalidade revolucionária, não visam à remodelagem integral da sociedade, da cultura e da espécie humana, mas se destinam unicamente à modificação de situações locais e momentâneas, idealmente para melhor. Não é necessariamente revolucionária, por exemplo, a rebelião política destinada apenas a romper os laços entre um país e outro. Nem é revolucionária a simples derrubada de um regime tirânico com o objetivo de nivelar uma nação às liberdades já desfrutadas pelos povos em torno. Mesmo que esses empreendimentos empreguem recursos bélicos de larga escala e provoquem modificações espetaculares, não são revoluções, porque nada ambicionam senão à correção de males imediatos ou mesmo o retorno a uma situação anterior perdida.

O que caracteriza inconfundivelmente o movimento revolucionário é que sobrepõe a autoridade de um futuro hipotético ao julgamento de toda a espécie humana, presente ou passada. A revolução é, por sua própria natureza, totalitária e universalmente expansiva: não há aspecto da vida humana que ela não pretenda submeter ao seu poder, não há região do globo a que ela não pretenda estender os tentáculos da sua influência.

Se, nesse sentido, vários movimentos político-militares de vastas proporções devem ser excluídos do conceito de “revolução”, devem ser incluídos nele, em contrapartida, vários movimentos aparentemente pacíficos e de natureza puramente intelectual e cultural, cuja evolução no tempo os leve a constituir-se em poderes políticos com pretensões de impor universalmente novos padrões de pensamento e conduta por meios burocráticos, judiciais e policiais. A rebelião húngara de 1956 ou a derrubada do presidente brasileiro João Goulart, nesse sentido, não foram revoluções de maneira alguma. Nem o foi a independência americana, um caso especial que terei de explicar num outro artigo. Mas sem dúvida são movimentos revolucionários o darwinismo e o conjunto de fenômenos pseudo-religiosos conhecido como Nova Era. Todas essas distinções terão de ser explicadas depois em separado e estão sendo citadas aqui só a título de amostra.

Entre outras confusões que este estudo desfaz está aquela que reina nos conceitos de “esquerda”e “direita”. Essa confusão nasce do fato de que essa dupla de vocábulos é usada por sua vez para designar duas ordens de fenômenos totalmente distintos. De um lado, a esquerda é a revolução em geral, e a direita a contra-revolução. Não parecia haver dúvida quanto a isso no tempo em que os termos eram usados para designar as duas alas dos Estados Gerais. A evolução dos acontecimentos, porém, fez com que o próprio movimento revolucionário se apropriasse dos dois termos, passando a usá-los para designar suas subdivisões internas. Os girondinos, que estavam à esquerda do rei, tornaram-se a “direita” da revolução, na mesma medida em que, decapitado o rei, os adeptos do antigo regime foram excluídos da vida pública e já não tinham direito a uma denominação política própria. Esta retração do “direitismo” admissível, mediante a atribuição do rótulo de “direita” a uma das alas da própria esquerda, tornou-se depois um mecanismo rotineiro do processo revolucionário. Ao mesmo tempo, remanescentes contra-revolucionários genuínos foram freqüentemente obrigados a aliar-se à “direita”revolucionária e a confundir-se com ela para poder conservar alguns meios de ação no quadro criado pela vitória da revolução. Para complicar mais as coisas, uma vez excluída a contra-revolução do repertório das idéias politicamente admissíveis, o ressentimento contra-revolucionário continuou existindo como fenômeno psico-social, e muitas vezes foi usado pela esquerda revolucionária como pretexto e apelo retórico para conquistar para a sua causa faixas de população arraigadamente conservadoras e tradicionalistas, revoltadas contra a “direita” revolucionária imperante no momento. O apelo do MST à nostalgia agrária ou a retórica pseudo-tradicionalista adotada aqui e ali pelo fascismo fazem esquecer a índole estritamente revolucionária desses movimentos. O próprio Mao Dzedong foi tomado, durante algum tempo, como um reformador agrário tradicionalista. Também não é preciso dizer que, nas disputas internas do movimento revolucionário, as facções em luta com freqüência se acusam mutuamente de “direitistas” (ou “reacionárias”). À retórica nazista que professava destruir ao mesmo tempo “a reação” e “o comunismo” correspondeu, no lado comunista, o duplo e sucessivo discurso que primeiro tratou os nazistas como revolucionários primitivos e anárquicos e depois como adeptos da “reação” empenhados em “salvar o capitalismo” contra a revolução proletária.

Os termos “esquerda” e “direita” só têm sentido objetivo quando usados na sua acepção originária de revolução e contra-revolução respectivamente. Todas as outras combinações e significados são arranjos ocasionais que não têm alcance descritivo mas apenas uma utilidade oportunística como símbolos da unidade de um movimento político e signos demonizadores de seus objetos de ódio.

Nos EUA, o termo “direita” é usado ao mesmo tempo para designar os conservadores em sentido estrito, contra-revolucionários até à medula, e os globalistas republicanos, “direita” da revolução mundial. Mas a confusão existente no Brasil é muito pior, onde a direita contra-revolucionária não tem nenhuma existência política e o nome que a designa é usado, pelo partido governante, para nomear qualquer oposição que lhe venha desde dentro mesmo dos partidos de esquerda, ao passo que a oposição de esquerda o emprega para rotular o próprio partido governante.

Para mim está claro que só se pode devolver a esses termos algum valor descritivo objetivo tomando como linha de demarcação o movimento revolucionário como um todo e opondo-lhe a direita contra-revolucionária, mesmo onde esta não tenha expressão política e seja apenas um fenômeno cultural.

A essência da mentalidade contra-revolucionária ou conservadora é a aversão a qualquer projeto de transformação abrangente, a recusa obstinada de intervir na sociedade como um todo, o respeito quase religioso pelos processos sociais regionais, espontâneos e de longo prazo, a negação de toda autoridade aos porta-vozes do futuro hipotético.

Nesse sentido, o autor destas linhas é estritamente conservador. Entre outros motivos, porque acredita que só o ponto de vista conservador pode fornecer uma visão realista do processo histórico, já que se baseia na experiência do passado e não em conjeturações de futuro. Toda historiografia revolucionária é fraudulenta na base, porque interpreta e distorce o passado segundo o molde de um futuro hipotético e aliás indefinível. Não é uma coincidência que os maiores historiadores de todas as épocas tenham sido sempre conservadores.

Se, considerada em si mesmo e nos valores que defende, a mentalidade contra-revolucionária deve ser chamada propriamente “conservadora”, é evidente que, do ponto de vista das suas relações com o inimigo, ela é estritamente “reacionária”. Ser reacionário é reagir da maneira mais intransigente e hostil à ambição diabólica de mandar no mundo.

Publicado no Diário do Comércio

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".