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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

ENTREVISTA COM ALEJANDRO PEÑA ESCLUSA - Democracias do Sul sob ameaça

Fonte: HEITOR DE PAOLA


Democracias do Sul sob ameaça


(Entrevista com Alejandro Peña Esclusa)


Víctor Alvarez R


“Eu não sou um bom analista porque não sou objetivo”, disse Peña Esclusa, e se definiu como um indivíduo que está decidido a enfrentar os que, assegura ele, são uma máfia política e estão no governo venezuelano. O fará com uma atitude frontal, comprometida, parcializada e subjetiva. É opositor declarado do governo de Chávez e acusa de cúmplices aos que, sem apoiá-lo, não se desvinculam dele. Alejandro é venezuelano, engenheiro mecânico com estudo superiores em Administração Financeira e em Segurança e Defesa. Escreveu cinco livros, alguns deles publicados em inglês e português. Foi assessor do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Venezuela (CONASEDE). Jornalista correspondente do diário argentino La Nueva Provincia. Hoje em dia preside a organização UnoAmérica.


O que é UnoAmérica?


- A União de Organizações Democráticas da América, UnoAmérica, é uma confederação de ONGs latino-americanas, criada em dezembro de 2008 na cidade de Bogotá.


Qual é o seu objetivo?


- Tal como explica sua declaração fundacional, a finalidade de UnoAmérica é proporcionar aos grupos democráticos da região um mecanismo de intercâmbio de informação e apoio mútuo, que lhes permita enfrentar juntos o avanço do comunismo, particularmente a versão mais radicalizada do mesmo, incrustada dentro do denominado Foro de São Paulo.


Qual é a sua trajetória na política antes de UnoAmérica?


- Até os trinta anos me dediquei à atividade empresarial, e devo dizer que com muito êxito porém, é certo que as condições econômicas permitiam ser exitoso, com o dólar a quatro bolívares. Fui proprietário de empresas, me fui bem. Porém, depois da primeira desvalorização compreendi que a Venezuela ia passar por uma crise muito profunda e pensei que de nada me serviria ganhar dinheiro se as bases mesmas do país eram frágeis como se desenvolve alguém pessoalmente se o país não permite? Então, decidi me dedicar à atividade política na qual encontrei minha verdadeira vocação.


Que papel tem o jornalismo nos movimentos políticos? Que opinião merece o exercício desse oficio nesses tempos?


- Eu tenho uma teoria: a América Latina está dividida artificialmente, e creio que nossos países são realmente Estados de uma mesma Nação, que poderiam ser os Estados Unidos do Sul, e nós não nos desenvolveremos como povo até que não consigamos algum tipo de confederação com os países de fala hispânica. Desde essa perspectiva, é impossível conhecer e entender a história e o acontecer das realidades nacionais sem ter uma visão continental. Por que? Porque os vasos comunicantes entre nossos países são muito amplos, e cada vez que ocorre um evento político em algum lugar, ele tende a se expandir e a se converter em correntes para o resto. Estou convencido de que para ser um bom político, um bom jornalista, você deve conhecer até o último detalhe do entorno que rodeia seu pais. É uma tendência muito positiva porque, com efeito, o jornalismo ibero-americano está se tornando mais internacional.


De onde surge essa inquietação pela internacionalidade da política?


- É por uma necessidade: a de enfrentar as ameaças à democracia e à liberdade e difundir esse problema para que busquemos soluções juntos. Essa ameaça é continental e temos como exemplos os projetos totalitários de Ortega, de Morales e de Chávez, os quais cooperam e têm a mesma fonte que é o Foro de São Paulo. Como a ameaça é continental, é necessária uma resposta com a mesma amplitude.


Ao ser interrogado pelos assuntos mais relevantes da política regional na atualidade, o ativista político assinalou o caso da Nicarágua. Referiu-se à interpretação que alguns membros da magistratura nicaragüense fizeram, desprezando o artigo constitucional que proíbe a reeleição presidencial contínua. No entender de Esclusa, o que os juízes sandinistas fizeram não é competência da Corte porque, se perguntou ele: com que justificativa legal, se obedecem ou se desprezam partes da Constituição? O entrevistado qualificou a ação como um golpe de Estado constitucional.


O que se está fazendo a respeito na Nicarágua?


- Muito. Ocorreu algo muito importante: setores da oposição que estavam separados se uniram. Inclusive a manchete do diário La Prensa da Nicarágua diz assim: “Unidade total contra a ditadura de Ortega”, e informa um acordo de quatro bancadas parlamentares, que inclui o “Movimento Renovador Sandinista”. A isso se somaram cúpulas muito importantes que seriam as patronais nicaragüenses. Além de tudo isso, decidiram linhas de ação, as quais centram-se na resistência parlamentar.


A UnoAmérica está atendendo esse conflito?


- Difundimos o atropelo e velamos para que se dê a importância que tem. O caso da Nicarágua se relaciona muito com o de Honduras. Toda a força da ALBA estava dirigida ao caso Zelaya, porém agora se lhes abriu uma segunda frente. Honduras está perdida para eles, porque inclusive há países que estão dispostos a reconhecer os resultados das eleições, assim que agora os amigos de Chávez reagiram em conseqüência disso.


Para Esclusa, o fato de que Daniel Ortega faça sua reinterpretação constitucional foi um ato de desespero por parte da ALBA, sob o pensamento de que se Zelaya não pôde, Ortega poderá sim. A ALBA está buscando esses mecanismos para criar precedentes porque temem que o cenário de Honduras se repita em outros países.“Os governos da ALBA têm uma janela de tempo que se lhes vai fechar, e necessitam de uma massa crítica continental para avançar em seus planos”, afirmou, e continuou dando certeza de que um Chávez forçado pelas circunstâncias e pelo tempo, e com o objetivo de assegurar apoios políticos, obrigou a Zelaya a cometer um grave erro.


Como você tem a certeza de que Chávez é o operador nestes assuntos?


- Isso pode-se englobar na minha hipótese: a cumplicidade de todos os membros do Foro de São Paulo para chegar a acordos e alcançar objetivos estratégicos para que seus membros mantenham o poder. O operador mais radical do Foro é Chávez Lula é o gestor, quem dirige planos mais viáveis. Em poucas palavras, e por dedução lógica, entendemos que esse grupo funciona dando-se apoios mútuos com a meta simples de acumular mais e mais poder, e isso resulta em um solapamento da democracia.


E, definitivamente, o que a região necessita para fazer frente a esta ameaça?


- Faz falta uma nova corrente política no continente que resolva nossa grande contradição: ser a região mais rica do planeta e ter cinqüenta por cento de pobres e, enquanto isto seja assim, estaremos frágeis ante tentativas ditatoriais.


Tradução: Graça Salgueiro

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".