O APAGÃO NO PAÍS DO JEGUE PÓS-MODERNO
quarta-feira, 11 de novembro de 2009 | 5:15
Nunca antes na história deste país houve um apagão tão, assim, convincente, não é? Lula chama para si a responsabilidade por tanta coisa positiva que nada teve ou tem a ver com ele, que talvez seja chegada a hora de responsabilizá-lo pelas coisas ruins também. Espinhela caída, unha encravada, a refugada de Baloubet du Rouet… Ora, você já sabe: “Querida, Baloubet nunca me deixou antes da mão. Mas o Lula, você sabe…”
É claro que eu não sei o que aconteceu. Mas o Edison Lobão também não sabe. Só que ele é ministro das Minas e Energia, e eu não sou. Quando nomeado, afirmei que ele não sabia a diferença entre uma tomada e um focinho de porco. Passará a saber agora, quando o Brasil adotar tomadas que são como porcos com três buracos no focinho dispostos de um modo que torna a estrovenga uma tomada tão nativa quanto a jabuticaba.
E não é que Lobão saiba pouco, não! Ele não tem a menor idéia do que parou metade do Brasil - uns 80% caso se considere o PIB… Só sabe informar que houve o desligamento total - nada menos - de Itaipu. Quando ela voltou a funcionar, deu pane na distribuição. Sim, petralhas que me amam, eu não entendo nada de energia elétrica. Suponho que o sistema seja interligado para que, em caso de problema numa área, estação ou como se chame, a outra dê suporte. Mas eu entendia que o contrário não acontecia, mesmo com Itaipu parada: isto é, em vez de a parte boa ajudar a ruim, a ruim é que pára a boa.
Seja lá o que tenha provocado esse desastre, o sistema de energia do país evidencia uma fragilidade impressionante. Lá vai Lula assegurar que, até 2016, tudo estará resolvido. Mais um um pouco de graça? Tucano não sabe fazer apagão direito. Quem é bom nisso é petista. Se é para apagar, que seja breu. E, bem, antes que vocês lembrem que Dilma, antes de empacar o PAC, respondia pelo setor de energia, lembro eu mesmo. Ela migrou do ministério das Minas e Energia para a Casa Civil.
Acabo de entrar [era 1h45] em três sites: do Ministério das Minas e Energia, da Agência Nacional de Energia Elétrica e do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Não há uma miserável linha a respeito de um dos maiores apagões elétricos do país - se não for o maior caso se considere a abrangência e a duração. Essa gente que sempre é tão rápida em lançar mão da rede quando é para cantar as próprias glórias não tem nada a informar.
Uma das minhas filhotas estava no palco do teatro do colégio. Lá se foi a energia, entraram as luzes de emergência, e o espetáculo foi encurtado, com a eliminação de algumas passagens. A meninada mandou bem, e a peça terminou na maior dignidade. É assim que se vai adquirindo experiência sobre estepaiz, não é mesmo?
Seja lá o que tenha feito Itaipu parar totalmente - que eu saiba, é a primeira vez na história que isto acontece -, o fato é que o país está obviamente correndo riscos. Algo me diz que os culpados são o antecessor de Lula e daquele padreco prolífico que governa o Paraguai, não é mesmo? Vai ver eles só não souberam resolver…
Ironias à parte, um país que pode ficar no escuro por horas a fio sem saber por quê, com autoridades incapazes de dar explicações e que ignoram os meios eletrônicos existentes para informar o que se passa, está com um grande problema.
Um problema como nunca antes houve nestepaiz…
PS: Estou [estava quando escrevi o texto] usando a bateria do laptop, escrevendo à luz de velas. Um horror… Cadê a exclamação? Achei!!! É como usar o GPS no lombo de um jegue. É isto: inventamos o jegue pós-moderno.
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Apagão leva caos a mais de 60 milhões de brasileiros
O blecaute atingiu dez estados (800 cidades) e até o Paraguai. Com os sinais em pane, o trânsito ficou caótico.
O apagão que começou às 22h de ontem assustou o Brasil. Deixou várias metrópoles totalmente paralisadas, às escuras. Com os sinais em pane, o trânsito ficou caótico. Muita gente acabou presa nos elevadores. Hospitais tiveram que transferir pacientes às pressas.
Por toda a capital paulista, os moradores enfrentaram problemas. A falta de energia deixou a cidade totalmente no escuro, provocou acidentes de trânsito e colocou serviços de emergência a postos nas ruas.
A maior cidade do país sumiu. Do alto, só era possível medir a extensão das pistas nas principais vias pelos faróis dos carros. Ruas e avenidas ficaram lotadas de motoristas e pedestres confusos.
“Fiquei um tempão para atravessar, quase dez minutos”, diz uma jovem.
Bares e restaurantes improvisaram luz de velas. Mas o medo de ser vítima de algum tipo de crime fez alguns comerciantes fecharem as portas mais cedo: “O pessoal da polícia passou dizendo que tem arrastão do Centro para cá. Vou fechar senão roubam tudo e é pior”, aponta o dono de um bar.
No Centro da cidade, os prédios pareciam abandonados. Na janela, moradores ansiosos esperavam a volta da energia. Até abastecer o carro ficou difícil: “As bombas não funcionam, só com energia, caso contrário não sai gasolina”, explica o frentista.
O Serviço de Atendimento de Urgência (Samu) foi chamado para socorrer um homem que sofre de problemas respiratórios. A bateria do aparelho que o ajudava a respirar acabou e não havia energia para recarregar o equipamento. Ele foi levado para um hospital que tem gerador.
“A pessoa dependia do aparelho, o aparelho acabou descarregando a bateria, e a gente veio apoiar. Parece que levaram até o nosso oxigênio portátil”, diz o atendente do Samu.
Às quase 2h, em um ponto dos Jardins, um bairro nobre de São Paulo, funcionários da Companhia de Engenharia de Tráfego trabalham para controlar o trânsito. No cruzamento de duas avenidas importantes da cidade, sete semáforos apagados, um perigo tanto para os motoristas como para os pedestres.
“Tem que tomar cuidado porque os carros viram se avisar. Acham que não tem ninguém na rua”, comenta o estudante Jean de Souza
Alguns acidentes de trânsito aconteceram na cidade durante a madrugada. Em um, o carro que subia a avenida não viu o veículo preto estacionado e acabou batendo. Ninguém saiu ferido.
Aos poucos, a iluminação foi voltando, em alguns pontos da capital paulista, para o alívio da população.
Durante o apagão, muita gente ficou presa em elevadores. Acompanhe, em vídeo, o flagrante de um salvamento em São Vicente, no litoral paulista.
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