Sábado, Dezembro 19, 2009
Cavaleiro do Templo: não me admira que a Igreja esteja ficando cada vez mais vazia. Veja o tipo de padre que está lá dentro. Abaixo do post alguns comentários do tal padre com resposta do autor do artigo (Blog do Angueth).
Vou explicar o sentido do termo TEMOR, embora teu pedido esteja carregado de ironia. O que você fez foi um reducionismo, considerando apenas o sentido de RESPEITO para a palavra TEMOR, ou seja, você fala em respeito filial e respeito servil. Estou de acordo que devemos todos estar imbuídos deste respeito em relação a Deus. O que Frei Beto disse foi:"do que é invisível só não temo Deus" (ele não disse "não temo a Deus") Isso significa: "não tenho medo de Deus". Eu também não tenho medo de Deus. Nem ameaço meus paroquianos com a imagem de Deus juiz e castigador como aconteceu na Idade Média e como acontece ainda hoje com teu grupo com fins claros de manter as pessoas subjugadas enquanto as elites econômicas, políticas e também religiosas gozam de privilégios sem fim. Perdoo tua confusão hermenêutica, mesmo em relação a uma sentença tão simples. O que não posso aceitar calado é a públicação de afrontas que tentam macular a biografia de um grande profeta como frei Beto a partir de um erro de interpretação.
Grato! padre Gelson
Divido a resposta em duas partes por limiitação do Blogger
1a. Parte
Padre, obrigado por sua resposta.
De novo, padre, o senhor mantém sua fúria. O senhor diz que tenho um grupo que tenta manter as pessoas subjugadas “enquanto as elites econômicas, políticas e religiosas ...”. Padre, não precisou de muito para o senhor se revelar. O senhor é um marxistazinho de meia tigela, tentando vender sua ideologia na forma de religião. Meu grupo, padre, é um antigo grupo. Ele foi fundado, há uns dois mil anos, por Nosso Senhor Jesus Cristo e se chama Igreja Católica. Hoje este grupo é liderado por um representante de Cristo na Terra, que se chama Papa Bento XVI.
O senhor fala não acreditar que Deus seja juiz e castigador. Padre, o senhor acredita no Juízo Final? Vamos ver se o senhor acredita nesta passagem: “Quando pois vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se sentará sobre o trono da sua majestade. Serão todas as gentes congregadas diante dele, o qual separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à esquerda. Então, o rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome (...) Então também dirá aos que estiverem à esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado para o demônio e para aos seus anjos (...) Esses irão para o suplício eterno, os justos para a vida eterna.” (Mt 25, 31-46.) Que tal padre? Use sua hermenêutica para me explicar esta passagem de um Deus que, segundo sua interpretação completamente contrária à Doutrina da Igreja, não é juiz.
Esta passagem também revela as duas dimensões da palavra temor. O senhor novamente se engana com o que seja temor e com o que o “frei” Betto disse. Aliás, eu elogiei o senhor por ter escrito certo o apelido de seu profeta e agora o senhor escreve Beto apenas. Terá sido porque o senhor quis fazer seu profeta um pouco mais humilde, um pouco menos sofisticado? Mas sigamos. Se o senhor fosse a um dicionário antes de me responder, talvez tivesse compreendido o que eu e o seu profeta dissemos. Um significado da palavra temor é o temor filial, ou seja, respeito, receio de ofender a um ser tão bom. O outro é o temor servil, ou seja, medo do castigo. Não há mais nada. Esses dois temores são os que temos de ter de Deus: o respeito de filhos, por merecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, e o temor de Sua justiça, como juiz. Este último temor só tem os humildes, que se sabem pecadores, que se sabem merecedores do inferno, não fosse pelo Santo Sacrifício da Cruz. O medo do inferno é o medo que fabrica os santos. O verdadeiro católico reza permanentemente para não ser contado entre os cabritos, mas entre as ovelhas. É esse temor que fez Santo Agostinho, Santo Agostinho, padre, pedir incessantemente aos seus amigos e conhecidos que rezassem por ele depois de sua morte, para que sua alma se salvasse. Ou seja, Santo Agostinho tinha temor de ser contado entre os cabritos!
Antônio Emílio Angueth de Araújo.
2a. Parte
Há ainda, em sua resposta, padre, a alusão à Idade Média. Parece que o senhor pensa que a imagem de Deus “juiz e castigador” foi forjada na Idade Média. Ora, a passagem do Evangelho, sobre os cabritos e as ovelhas, mostra que isso não é verdade. Mas a idéia que o senhor tem da Idade Média é mesmo coerente com o fato de o senhor considerar “frei” Betto um profeta. Um profeta comunista, abortista, ecumênico, etc. Um profeta admirador de Fidel Castro ... Sem comentários, padre!
Padre, de novo, o senhor comete outro equívoco dizendo que perdoa minha confusão hermenêutica. Não, padre, o senhor pode perdoar meus pecados no confessionário, In Persona Christi. Falo em confessionário e já duvido que o senhor confesse seus paroquianos em confessionário. Confessionário deve ser outra invenção medieval. O senhor é muito moderno para confessionários. Mas, o senhor não precisa me perdoar a aludida confusão hermenêutica. Primeiro porque, tendo o hábito de ler dicionários, eu sei muito bem qual é o significado da palavra temor. Em segundo lugar, tendo o hábito de ler a Bíblia e a patrologia latina e grega, como também os santos, eu sei muito bem o que é o temor a Deus, ou temor de Deus. Seu profeta também sabe e ele disse que não teme Deus, ou seja, não lhe tem respeito e/ou teme sua justiça. Não há outra opção. Sua tentativa de distinção entre “temer Deus” e “temer a Deus” é falsa. Basta ler o “Aurélio” para se certificar disso.
Rezo para seus paroquianos, para que eles tenham o Santo Temor de Deus, que é o fundamento do catolicismo, que é a ÚNICA religião que salva. Rezo também pelo senhor, padre, para que o Espírito Santo ilumine seu ministério.
Antônio Emílio Angueth de Araújo.
Este é meu último comentário aqui: primeiramente porque não passarei os próximos dias num escritório e sim com o povo pobre e excluído, que celebra o Natal sem hipocrisias; segundo, porque discutir com você é como discutir cores com cegos. Para concluir, garanto que conheço muito bem a passagem de Mt 25. Pratico a caridade, mas não fico só nela. Praticar a caridade não é atestado de bom católico. Também os maçons, os espíritas e os ateus praticam a caridade. Ser católico verdadeiro exige praticar a caridade e lutar pela justiça. Jesus não seria morto se apenas ensinasse a caridade. Mas ele propos a prática da justiça como condição para a chegada do Reino. Por isso foi perseguido, caluniado e morto. Não por ateus, mas pelos mais fervorosos judeus. O mesmo excesso de fervor levou às cruzadas e às fogueiras da inquisição. A inquisição moderna quer levar a fogueira frei Betto ou Beto(não vem ao caso aqui)e certamente com ele Pe José Comblin,D. Pedro Casaldáliga e ainda postumamente D Helder entre outros. A Igreja que pediu perdão por condenações passadas precisa urgentemente aprender a dialogar internamente e externamente, ao invés de punir sem direito a defesa, àqueles que porventura ousam criticá-la sem deixar de amá-la!
Pe Gelson
Pe. Gelson, é uma pena que o senhor não tenha mais tempo para discutir comigo. Tinha ainda algumas coisas para perguntar ao senhor.
Por exemplo, o senhor não respondeu sobre sua interpretação de Mt 25. Eu nunca duvidei que o senhor conhecesse o Evangelho. Gostaria de saber seu entendimento, sua hermenêutica. Depois de dizer que Deus não é castigador, seria interessante saber como interpretar Mt 25.
Seu último comentário também deixa algumas perguntas. O senhor diz “Jesus não seria morto se apenas ensinasse a caridade.” Puxa! padre, o senhor não para de me surpreender. Este “apenas” é demais! Lembra-me de outra passagem do Novo Testamento, que o senhor certamente conhece: 1 Cor 13.
Padre, quem esperava em Jesus um justiceiro foi Judas Iscariotes. Jesus não propôs esta justiça da qual o senhor fala, coisíssima nenhuma. A justiça que ele veio anunciar é a de Mt 25, não esta justiça vermelhinha de Casaldáligas, de Helderes e de Bettos. É fácil se esquecer de 1 Cor 13, quando se tem o Capital de Marx como Bíblia.
O senhor diz: “pratico a caridade, mas não fico só nela”. Sei. O senhor também pratica o comunismo, claro. O senhor sabe, claro, que a Igreja condena o comunismo. Mas isso é coisa da Idade Média. O que vale uma condenação da Igreja? Afinal, vocês, padres de passeata, como dizia Nelson Rodrigues, não se preocupam com condenações da Igreja.
Vejo que o senhor se preocupou muito em se dizer caridoso. Graças a Deus, padre, o senhor pratica a caridade. Queira Deus que o senhor continue assim.
Mas vejo também que o senhor pratica a maledicência, pois sutilmente o senhor quis dizer que quem fica num escritório não praticaria a caridade. Ora, sendo eu um professor que fico a maior parte do tempo entre quatro paredes, o comentário tem endereço claro. Mas, veja padre, o senhor não está errado não. Eu pratico muito pouco a caridade. Devia praticá-la muito mais. Penitencio-me por isso.
Padre, o senhor também fala das Cruzadas e da Inquisição. Que pena, padre que o senhor não fará mais comentários. Tanta coisa eu teria para lhe perguntar! Por exemplo, se o senhor sabe que São Francisco de Assis, São Luis e Santa Catarina de Sena apoiaram vivamente as cruzadas. O senhor já leu as cartas de Santa Catarina de Sena que falam sobre as Cruzadas? O senhor sabia que muitos santos apoiaram e até participaram dos tribunais da Inquisição?
Pois é, padre, tantas perguntas que agora ficarão sem respostas! É uma pena.
Mas, padre, uma coisa ficou clara: para o senhor sou um analfabeto cego! Como tal, me calo, fico também mudo.
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