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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Não voltemos à Pátria boba

MÍDIA SEM MÁSCARA

Chávez é um presidente com imensos problemas. Está em dificuldades com seu próprio povo e encarcerando, por isso, os opositores políticos, como Alejandro Peña Esclusa. Essa ditadura ferida é mais perigosa do que nunca.
Quem pode acreditar que há, ou que havia, um "processo de recomposição" das relações entre o regime do presidente Hugo Chávez e a equipe do presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, tão-só pelo fato de que Caracas havia jogado em Bogotá o osso de uma hipotética "comissão de alto nível" que se reuniria não se sabe quando, nem em quê condições, e só depois da mudança de governo no próximo 7 de agosto, para "reabrir o dialogo" entre os dois países?
Aterrissemos: a natureza totalitária do regime de Hugo Chávez e seus planos para impor à Colômbia, mediante a violência e a astúcia, sua hegemonia anti-democrática, foi o que criou as tensões entre os dois países. Estas não se esfumarão pela magia de um "diálogo" confuso, nem pelo fato de que se permita que Hugo Chávez vá a Bogotá gesticular durante a posse de Juan Manuel Santos.
A hostilidade anti-colombiana do mandatário venezuelano é uma questão estrutural, obsessiva. É algo que tem a ver com as crenças mais íntimas do regime chavista. Enquanto exista esse detestável regime, a Colômbia e as outras democracias do continente estarão em perigo. Não nos equivoquemos: o ódio de Chávez não é a um ou dois líderes políticos colombianos, é contra o Estado colombiano todo, enquanto Estado de Direito, baseado nos princípios liberais-conservadores de governo.
Basta ver como explodiu de novo a ira do chefe "bolivariano" contra a Colômbia horas depois que Gabriel Silva, ministro colombiano da Defesa, mostrou a um grupo de diretores de jornais de Bogotá as fotos, os vídeos e as gravações que confirmam, uma vez mais, a presença "clara e concreta" dos cabeças das chamadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) na Venezuela, e sua localização geográfica precisa em 28 acampamentos.
Empenhado nestas últimas semanas em criar uma brecha entre o uribismo popular e o presidente eleito Santos, depois de haver insultado Uribe durante anos de maneira escandalosa, o ogro de Caracas ameaça Bogotá de novo, por intermédio do ministro Nicolas Maduro, com uma série de "medidas políticas e diplomáticas para rechaçar a agressão do Governo colombiano".
A linha do chavismo, o da Venezuela oficial e o dos exíguos círculos chavistas na Colômbia, é mentir no sentido de que o chamado "processo de recomposição" foi sabotado pelo presidente Álvaro Uribe, com suas denúncias sobre a cumplicidade do regime de Caracas na consolidação dos bastiões das FARC nesse território.
Quem pode acreditar em semelhante embuste? As tensões entre a Colômbia e a Venezuela existem desde muito antes da chegada do presidente Uribe ao poder. Alguém esqueceu por acaso do episódio de Fernando Serna, o de uma tentativa do chavismo, em setembro de 2001, para assassinar o presidente Andrés Pastrana em Bogotá, em represália por haver firmado com Washington o Plano Colômbia?
A responsabilidade pela deterioração das relações desde o começo foi de Hugo Chávez, que via com maus olhos as iniciativas da Colômbia para restabelecer a ordem e desbaratar a ação criminosa das FARC e dos para-militares.
Esse ódio contra a Colômbia não se reduziu um ápice. Nem nestes oito anos, nem nas últimas semanas. Enquanto Hugo Chávez continuar utilizando as FARC como um tentáculo a mais de sua política exterior para a Colômbia, enquanto continuar sabotando o comércio entre os dois países, enquanto continuar se armando até os dentes e ameaçando com seus aviões russos, e seguir tolerando o assassinato de civis colombianos na Venezuela, a bronca do povo colombiano contra ele continuará crescendo. E a culpa do que possa ocorrer será única e exclusivamente de Hugo Chávez.
Quem pode acreditar que esconder do país a grave ameaça militar, econômica e diplomática que o regime chavista representa, é melhor do que revelar a verdade aos colombianos e ao mundo?
Quem pode acreditar que a solução para o problema dos acampamentos das FARC na Venezuela virá de um "diálogo" com a ditadura venezuelana? Essa idéia, se fosse lançada por Antanas Mockus não seria surpreendente. Dá calafrios, ao contrário, se vem da equipe do presidente eleito.
Que seriedade pode-se esperar de um chefe de Estado como Hugo Chávez, que não vacila em profanar a tumba de Simón Bolívar em um vergonhoso ato semi-secreto e com gente mascarada, pois quer provar, segundo ele disse em novembro de 2007, que o Libertador não morreu de morte natural em San Pedro Alejandrino em 1830, senão que os colombianos o assassinaram?
Entre a insólita advertência de Caracas de que o Governo de Juan Manuel Santos deverá "observar um respeito absoluto à Venezuela e às suas instituições" e a infame exumação dos restos de Simón Bolívar há um fio condutor: Hugo Chávez está perdendo a cabeça e procura ter os pretextos mais lunáticos para agredir a Colômbia, com Uribe ou sem Uribe.
Nessas condições, pode o presidente eleito Juan Manuel Santos razoavelmente crer que depois de 7 de agosto Caracas colaborará com Bogotá na expulsão das FARC da Venezuela, e estará melhor disposta a estabelecer relações normais e pacíficas com a Colômbia?
Não voltemos à Pátria boba!
A ofensiva do chavismo tem muitas arestas e não se expressa só no nível das relações exteriores. Os rábulas colombianos a serviço de Chávez estão muito ativos. Por exemplo, em 11 de julho passado, uma ONG controlada pelo partido comunista tentou que o Conselho de Estado anulasse o acordo militar assinado entre Bogotá e Washington, que permite o uso de sete bases militares no país. O Conselho de Estado rechaçou a demanda porém outra petição similar, instaurada pelo coletivo de advogados Alvear Restrepo, está exigindo o mesmo à Corte Constitucional.
Chávez é um presidente com imensos problemas. Está em dificuldades com seu próprio povo e encarcerando, por isso, os opositores políticos, como Alejandro Peña Esclusa, apelando para os métodos mais sujos e terroristas dos cubanos. Os títeres de Chávez na Bolívia e Equador estão em crise: já se jogaram em cima dos povos indígenas, da classe media e da imprensa. Caracas está cada vez mais encurralada pela derrubada econômica e em conflito com tanta gente, entre outros, com os Estados Unidos, Israel, Colômbia, a União Européia e até a Igreja Católica.
Essa ditadura ferida é mais perigosa do que nunca. Não durmamos diante disso, acreditando que uma mudança de governo amansará a fera.

Tradução: Graça Salgueiro

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".