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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O suicídio da Águia - Primeira Parte


Manifestantes queimam bandeira
americana: nacionalismo americano
na mira dos globalistas.
Por Heitor De Paola (*), 25 de abril de 2007

Resumo:
 A dissolução dos Parlamentos nacionais e até mesmo dos governos é uma questão de tempo. Mas, para obter sucesso pleno, a caminhada rumo a este objetivo deve eliminar a soberania de um país em particular: os EUA. 


© 2007 MidiaSemMascara.org


Obviously there is going to be no peace or prosperity for mankind so long as it remains divided into fifty or sixty independent states... Equally obviously there is going to be no steady progress in civilization or self-government among the more backward peoples until some kind of international system is created which will put an end to the diplomatic struggles incident to the attempt of every nation to make itself secure….The real problem today is that of world government. 

FOREIGN AFFAIRS
Revista do Council on Foreign Relations
Número 2, 1922
Tal como seu símbolo oficial, a Bald Eagle (Haliaeetus leucocephalus), os Estados Unidos da América estão ameaçados de extinção enquanto nação soberana. Escolhida como símbolo em 20 de junho de 1782 quando da adoção do The Great Seal of the United States por causa de sua liberdade de ação, longevidade, grande força e aparência majestosa e por acreditarem, então, que existisse somente naquele continente, foi declarada espécie ameaçada de extinção em 1973 e protegida pelo Endangered Species Act de 1973, assinado por Richard Nixon. As medidas foram tão eficazes que há um ano passou a ser considerada passível de sair da lista.

Já o País que representa está entre as espécies ameaçadas de extinção, esta espécie maldita para os globalistas e adeptos da Nova Ordem Mundial: os Estados-Nações soberanos. As águias foram salvas por medidas tomadas em tempo; haverá tempo para salvar estas novas espécies ameaçadas? As causas da quase extinção das águias foram principalmente humanas (caça predatória, invasão do habitat acabando com seus alimentos, etc. – até recentemente, quando se verificou sua baixa toxicidade, o DDT era tido como outro responsável). Mas a sua salvação também foi obra humana, dos preservacionistas, que deram o alerta a tempo, e dos políticos, que tomaram as medidas necessárias. Haverá tempo para evitar a extinção da América? Os preservacionistas – os conservadores americanos – já deram o alarme, mas haverá vontade e força política para impedir o desastre?

A ESTRATÉGIA DOS GRANDES BLOCOS REGIONAIS

A experiência da União Européia mostrou como é fácil liquidar com a soberania e o sentimento de nacionalidade até mesmo de nações outrora ciosas de suas características, como a França e a Alemanha. O Parlamento Europeu tem poderes de interferir em todas as questões internas dos países membros, com mínimas restrições. As vantagens econômicas oferecidas tornam tão atraente a adesão que as considerações culturais e tradicionais são deixadas de lado, compradas por alguns milhões de Euros, fazendo com que as pessoas nem se apercebam das imposições, restrições e perdas de direitos a que vão se submetendo paulatinamente. A cada renúncia, o controle exercido pelo Parlamento Europeu aumenta mais. Freqüentemente se faz uma experiência num único país através dos obedientes Parlamentos Nacionais ou Regionais, como a novidade belga: os moradores da região da Wallonia terão que pagar, a partir de junho, uma taxa de € 20 para curtir um churrasquinho! Alegam os onipresentes “especialistas” que a cada churrasco são emitidos entre 50 e 100 gramas de CO². Os céus da região serão monitorados por helicópteros. Podem esperar que se “colar”, em breve estaremos também monitorados. Os que duvidam lembrem que nos pubs irlandeses, redutos tradicionais de fumantes e bebedores de boa cerveja, a proibição do fumo foi vitoriosa.

A dissolução dos Parlamentos nacionais e até mesmo dos governos é uma questão de tempo, pois se tornarão completamente desnecessários. Poderão até permanecer com uma ilusão de que o País ainda existe, uma espécie de bobos da corte a reverenciarem seus verdadeiros líderes continentais.

Na esteira da UE já despontam na Ásia três novos grupos, além da já comentada por mim URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina, sob o comando do Foro de São Paulo, do CFR e da Trilateral Comission).

A ASEAN (Association of Southeast Asian Nations), formada pela Declaração de Bangkok de 1997, reunindo Brunei, Cambodja, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietnã.

A SAU (South Asian Union), reunificando Índia e Paquistão e incluindo possivelmente Sri Lanka e Banglaseh. Os obstáculos culturais são enormes, pois estes países vivem em guerra e numa corrida armamentista muito perigosa. 

Asian Union, reunindo a força de trabalho da China com o capital do Japão, Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura.

Mas nada será conseguido se não acabar com a soberania da única nação que pode interromper estes planos: os Estados Unidos da América. Sendo a águia muito forte e capaz de se defender, só um ataque interno poderá derrubá-la por suicídio. Abordarei aqui uma dessas tentativas já em fase avançada de implementação que, ao mesmo tempo, é mais uma razão para a divisão entre os Conservadores que examinei nos dois últimos artigos: o Presidente Bush está completamente envolvido no projeto de liquidar com as fronteiras dos EUA com seus vizinhos e determinado a cumprir as metas delineadas por seu pai, como diz Lou Dobbs (pode-se ouvir aqui: http://www.youtube.com/watch?v=XdxI0zClV_Y). 

Outra forma de suicídio induzido seria os EUA aceitarem aplicar as draconianas restrições do tão balado – e pouco conhecido – Protocolo de Kyoto, que faria a Nação regredir aos tempos das diligências e paralisaria totalmente sua máquina da guerra, tornando-a presa fácil para o assalto final da globalização.


NORTH AMERICAN UNION – O FIM DA ÁGUIA

“Two centuries ago our forefathers brought forth a new nation;
now we must join with others to bring forth a new world order”.  

DECLARATION OF INTER-DEPENDENCE
World Affair Council, 1976

O plano de unir os EUA com o México e Canadá criando uma União Norte Americana é uma idéia globalista bastante antiga e foi a inspiradora do NAFTA (North American Free Trade Agreement) entre as três nações, mas aberto a todos os demais países centro e sul-americanos. As informações sobre sua implementação, levada a efeito pelo Council on Foreign Relations (CFR), têm sido constantemente sonegadas pelos principais meios noticiosos americanos. Só muito recentemente começaram a surgir coberturas jornalísticas sobre este fato.

Em 1959 o CFR emitiu um position paper intitulado Study N. 7, Basic Aims of US Foreign Policiy (Estudo nº 7, Objetivos Básicos da Política Externa dos Estados Unidos), propondo que os EUA procurassem construir uma nova ordem internacional e sugeria os seguintes passos:

1. Buscar uma ordem internacional na qual as decisões políticas sejam tomadas em conjunto com outros Estados livres, com diferentes sistemas econômicos, políticos e sociais, incluindo aqueles que se auto intitulam “socialistas”. [1]

2. Garantir a segurança dos EUA através da preservação de um sistema de acordos bilaterais e arranjos regionais. 

3. Defender e gradualmente aumentar o poder da autoridade da ONU.

4. Tornar mais efetivo o uso da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdição deverá ser incrementada pelarenúncia às reservas das nações sobre matérias julgadas como sendo de jurisdição doméstica. (ênfase minha).

Em 1973 David Rockfeller pede a Zbigniew Brzezinski, que viria a ser Assessor de Segurança Nacional de Jimmy Carter (1977-1981), ao CFR, à Fundação Ford e ao Brookings Institution para formarem uma organização de cúpula com os principais líderes econômicos do mundo. A mesma foi denominada Trilateral Commission e já foi examinada por mim com mais detalhes [2]. Uma de suas funções é combater o nacionalismo e a própria noção de “Estados Nacionais” e a criação do conceito de “interdependência”. No ano seguinte, um dos membros desta organização, Richard Gardner, publica na Revista do CFR um artigo intitulado "The Hard Road to World Order" [3] onde diz explicitamente que “é necessário erodir o conceito de soberania nacional, pedaço por pedaço, por dentro, de baixo para cima, o que será mais produtivo do que um assalto frontal tradicional”. Este assalto seria realizado através de acordos de comércio acertados pela cúpula dos países, sendo apresentados ao público como fait accompli. Em janeiro de 1981, o Presidente Reagan propõe a criação de um mercado comum norte-americano. (Assim começou a União Européia). Em janeiro de 1989, após três anos de negociações, torna-se efetivo o Canada-US Free Trade Agreement (CUFSTA).

Em 1990 os Presidentes Bush e Salinas anunciam o início de discussão do mesmo tratado entre EUA e México e um ano após o acordo torna-se oficialmente trilateral. Em 1992 os parlamentos dos três países aprovam o acordo e dois anos depois o NAFTA passa a vigorar plenamente. Razões de tempo e espaço me obrigam a omitir inúmeros passos desta caminhada, mas os leitores interessados podem ver uma cronologia detalhada, Timeline of the Progress Toward a North American Union, acessando o site Vive Le Canada.ca [4].

Livre Comércio (Free Trade) não é o que aparenta ser – a liberação do comércio entre países em que todos lucrarão - não passa de um instrumento importante para a organização da Nova Ordem Mundial que se inicia em vários focos regionais, mas se expandirá para todo o planeta. É, na realidade, produto do “capitalismo” corporativista transnacional cuja finalidade é evoluir para um socialismo da super-elite – aquela dos metacapitalistas a que me referi nos dois últimos artigos [5] - que virá a dispor de poder absoluto: econômico, político e cultural. Christopher S Bentley no artigo “Immigration and Integration” [6] aponta quatro estágios principais através dos quais se chegará à integração total:

1. A super-elite cria uma área de livre comércio. Nas sombras vão criando controles políticos e burocráticos.

2. Cria uma união aduaneira. Implementa e expande a burocracia.

3. Cria um mercado comum. Fim das restrições à migração de capital e trabalho. Paulatinamente, torna as fronteiras desnecessárias.

4. O MC evolui para uma união econômica. Estrutura legal, regulamentos e impostos comuns, moeda única. (No caso em apreço já tem nome: Amero).

5. União política, desenvolvida através do sistema de “parcerias público-privadas” (PPP), uma simbiose entre banqueiros, corporações e burocracia estatal.

Acrescenta que “não podemos esquecer que até Karl Marx amava o ‘sistema de livre comércio’ por sua capacidade destrutiva de ‘quebrar’ as velhas nacionalidades e acelerar a Revolução Social (Mundial)”.

Sob a égide do NAFTA a Casa Branca, através do Departamento de Comércio, constituiu a Security and Prosperity Partnership of North America [7] que entrou em vigor em março de 2005, na reunião trilateral de cúpula em Waco, Texas. No site acima existe uma seção de mitos/fatos onde se afirma que o SPP nada mais é do que um diálogo para aumentar a segurança e a prosperidade, não um acordo nem um tratado. Analistas como Jerome R Corsi [8] consideram que isto é uma forma da administração Bush ludibriar os processos legislativos dando um golpe executivo, pois um Tratado teria que ser submetido à aprovação pelo voto de 2/3 do Senado. O que realmente estaria havendo é uma reformulação total das leis administrativas dos EUA para “integrar” ou “harmonizar” com as correspondentes do México e Canadá, inclusive com a integração das forças de segurança dos dois países no Department of Homeland Security americano. Para completar, ainda está prevista a criação de uma Corte Suprema Norte-Americana com poderes de revogar quaisquer atos das três Cortes nacionais. 

 
E tudo está acontecendo à revelia do Congresso e do Judiciário e sem nenhuma divulgação para o público americano, canadense ou mexicano. O que estaria sendo “harmonizado” não seria o incremento da segurança dos alimentos e drogas para os povos, mas a facilitação das operações – e aumento dos lucros – das imensas corporações farmacêuticas e alimentares em conluio com as burocracias governamentais nas Parcerias Público Privadas (como no Brasil onde as PPPs são a moda). Pergunta Steven Yates [9] com muita propriedade: “...se as super-elites das três nações tivessem como alvo o interesse da população de seus países, por que o segredo com que tudo está sendo conduzido?”.


NOTAS:

1. Recorde-se aqui o que abordei no meu último artigo como a “convergência”, Sblizhenie, entre os dois sistemas.


3. http://www.foreignaffairs.org/19740401faessay10106/richard-n-gardner/the-hard-road-to-world-order.html. Chamo atenção para o fato de que o acesso ao texto completo dos artigos de Foreign Affairs exige assinatura paga ou compra de cada artigo em formato .pdfhttp://www.vivelecanada.ca/staticpages/index.php/20060830133702539








 

(*)O autor é escritor e comentarista político, membro da International Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer House Foundation, Berkeley, Califórnia, e Membro do Board of Directors da Drug Watch International. Possui trabalhos publicados no Brasil e exterior. E é ex-militante da organização comunista clandestina, Ação Popular (AP).

 

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".