Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Apostando contra o tempo

Fonte: ALERTA TOTAL
Domingo, 27 de Setembro de 2009

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net

Por Olavo de Carvalho

Quando comecei a alertar os leitores quanto ao Foro de São Paulo, mais de uma década atrás, ainda era possível fazer alguma coisa para deter, sem muitas dores ou traumas, o crescimento do monstro. Agora, que ele tem o apoio do governo americano e transformou a OEA em instrumento de suas ambições ilimitadas, só atos de bravura incomum, sustentados numa visão estratégica implacavelmente lúcida, podem livrar a América Latina do risco iminente - ou promessa segura - de uma ditadura socialista continental. Mas será concebível que duas décadas de adestramento contínuo na prática da covardia e da alienação produzam de repente uma explosão de coragem e lucidez?

Sei que, medido na escala mental da elite brasileira, o problema, ainda hoje, parece nem existir. Basta ler as palavras entusiásticas com que o presidente da Confederação Nacional da Indústria, deputado Armando Monteiro Neto, saudou o presidente da República ao homenageá-lo com o Grande Colar da Ordem do Mérito, conferido por aquela entidade:

"A abertura ao diálogo marcou sua história e, no presente, se consolidou como característica de seu governo... Com uma agenda de preservação dos fundamentos macroeconômicos e de inovação social, o Brasil se diferenciou. Ganhou confiança interna e transformou-se em exemplo para a América Latina e o mundo (aqui)".

Não digo que a "preservação dos fundamentos macroeconômicos" tenha sido de todo irreal. Digo, sim, que julgar só por ela o desempenho de um presidente, ignorando que a política econômica do presente governo se enquadra na estratégia maior de dominação continental do Foro de São Paulo, é coisa de um oportunismo imediatista imperdoável, voluntariamente cego para as conseqüências históricas de suas opções de momento.

Já expliquei e vou explicar de novo, com requintes de didatismo que normalmente só seriam necessários no ensino pré-escolar:

O Brasil foi o criador e é o centro de comando do Foro de São Paulo; como tal, fica na retaguarda, orientando e protegendo as vanguardas incumbidas das ações táticas mais imediatas, espetaculosas e arriscadas.

Cavaleiro do Templo: tentando ajudar o professor Olavo a fazer ver o monstro, vou usar de uma analogia:

UM GENERAL NÃO FICA NA FRENTE DE BATALHA JUNTO COM OS SOLDADOS DANDO TIRO NOS INIMIGOS. ELE FICA NA RETAGUARDA, BEM ESCONDIDO DE TODOS OS INIMIGOS.

Acalmar e até contentar o empresariado local é a condição sine qua non para que o governo petista possa, sem risco de crises e hostilidades, ir fortalecendo discretamente a máquina de guerra do Foro de São Paulo, já hoje habilitada a ocupar manu militari o continente inteiro, só não o fazendo para não correr o risco de abortar um processo que, pelas vias mais indiretas da política, da subversão cultural e do fomento ao banditismo, se anuncia de sucesso praticamente inevitável.

Afinal, o governo que "preserva os fundamentos macroeconômicos" é o mesmo que acoberta a ação das Farc no Brasil, aplaude todos os arreganhos militaristas de Hugo Chávez, abre o nosso território à ocupação por organismos internacionais e sacrifica até os mais óbvios direitos da nação para favorecer o crescimento dos governos de esquerda nos países em torno.

Quando um presidente explode de indignação e chega a desferir palavrões contra um de seus próprios ministros pelo simples fato de que este cedeu à tentação de defender os interesses nacionais em vez de sacrificá-los à cobiça estrangeira, é óbvio que algo de muito estranho, para não dizer de abertamente criminoso, se passa nas altas esferas da República, transformadas em agentes locais de um esquema internacional de dominação.

Ajudando a consolidar o poder e prestígio desse governo, por simples gratidão a pequenas vantagens momentâneas que ele lhe oferece, a Confederação Nacional da Indústria contribui, involuntariamente decerto, para que em breve tempo o Brasil se transforme numa singularidade geopolítica jamais vista no mundo: uma nação capitalista cercada de regimes comunistas e governada pelo próprio agente que os criou.

Quanto tempo durará esse capitalismo quando o processo da revolução continental em torno estiver completado, é pergunta inteiramente desnecessária: ele durará o tempo exato para que cada empresário escolha entre submeter-se a um comissário político ou transformar-se ele próprio em comissário político.

Em tempo: Kenneth Maxwell, aquele mesmo consultor do CFR segundo o qual o Foro de São Paulo não existe, aparece agora na Folha (onde mais poderia ser?) jurando que "os latino-americanos são unânimes em seu apoio a Manuel Zelaya, o presidente hondurenho derrubado".

Já desisti de pensar que o problema desse pretenso historiador é incompetência. Ninguém com diploma de curso primário pode crer seriamente que um governante foi derrubado por falta de inimigos. Maxwell é mentiroso, ponto final. É um desinformante profissional. Eis o único motivo pelo qual é tão apreciado pelo jornal do sr. Frias, órgão da mídia desconstrucionista que não acredita na existência da realidade.

Olavo de Carvalho é Jornalista e Filósofo. Publicado no Diário do Comércio de SP, 21 de agosto de 2009

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".