Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ódio ateísta… mas não seria melhor “Ódio neo ateísta”?

 

LUCIANO AYAN


O blog Diário Ateísta teve um post de auto-crítica de um de seus fundadores, Ricardo Pinho. Veja abaixo:

O Diário Ateísta é poluição intelectual; um desperdício de energia eléctrica; uma tasca de asco e cuspo.

Num dos seus melhores dias, pode-se ler uma resenha ao Religion for Atheists por alguém que não leu o livro, nem faz ideia sobre o que se trata. Eu repito: uma resenha escrita por alguém que não leu o livro. Claramente, alguém que leu o título na forma Religião→Ateus, e assumiu que o autor poderia dalguma forma mais remota defender a religião orientando o seu discurso para ateus, e, nessa aflita halucinação, escreveu um artigo inteiro. Mas, claro, isto é o Diário Ateísta no seu menos pior.

Nos outros, são fotomontagens de péssima qualidade, que nem méritos estéticos têm, feitos na pressa de ofender crentes, justapondo símbolos religiosos a elementos escatológicos, ou recortes de notícias em que se demonstra cabalmente que a fé é apanágio dos estúpidos e dos deficientes morais.

Embaraça-me ver o meu nome no whois dum domínio de internet que, fundamentalmente — e fundamentalisticamente, se isto for uma palavra — é a voz histérica da parolice ateísta.

Afinal de contas, isto serve para quê? Os ateus já sabem que Deus não existe (estes, daqui, parecem que não, para precisarem de repetir tanto esta ideia), e os crentes, quê?, irão ser subitamente Iluminados com uma ofensa à sua crença, levando-os subitamente a ver que estão errados os seus caminhos? Qual é a estratégia, qual é o objectivo disto tudo?

Fundei o ateismo.net quando cheguei a Portugal e sentia que o ateísmo era, no final dos anos 1990, ainda discriminado. O objectivo principal era, e o conjunto dos seus objectivos foram pelo menos em texto transpostos para os estatutos da Associação Ateísta Portuguesa, «a despreconceitualização do ateísmo». Passados estes anos todos, é ele próprio um antro de preconceito.

A norma aqui é ser-se um «ateu verdadeiro»: tem de ter uma posição hostil contra tudo o que é religioso — nem sequer ouvir as missas de Mozart, Bach, nada (porque um bom fundamentalista é um bom ignorante).

E, claro, rir-se dos crentes. Isso é importante.

Não creio em Deus, nem tenho religião, mas pelos vistos não sou um ateu verdadeiro eu próprio.

Já não me identifico com esta página que abandonei há muitos anos atrás — porque pessoas muito mais inteligentes que eu me disseram que não poderia ter dúvidas sobre a IVG, que a minha fé ateísta não era suficientemente forte — mas que continua a ter o meu nome nos registos de Internet.

Ainda pensei que se poderia salvar esta página mudando-lhe o nome para Tasca Ateísta, mas até numa tasca há coisas boas. Mais acertado seria chamar-lhe Ódio Ateísta.

Num meio destes, é natural que os moderados e os bem intencionados tenham fugido daqui, e da AAP, e que, inversamente, tenha havido uma densificação da massa vil: e os odiosos acabaram por gravitar para onde há outros odiosos. Ganharam. Agora espero pela implosão, para que fiquem presos no buraco negro.

Por mim, continuarei ateu-ateu-mesmo-ateu, mas só que noutros lados, fora deste meio. Não sou suficientemente inteligente e erudito, aparentemente, para tais notáveis filósofos desta freguesia.

Quanto ao que ele escreveu, nada a declarar, pois, assim como ele, sou ateu. Somente faço a retificação, sugerindo um melhor tratamento à escória ateísta (os seguidores de Dawkins) qualificando-os por neo ateus, para distingui-los dos ateus normais.

Mas é claro que os neo ateus não iriam deixar de responder de forma irracional ao post de Pinho, pois o fanatismo requer “recargas” constantes.

José Moreira, um dos mais fanáticos, responde com os seguinte texto, “Ódio ateu”, que obviamente vai passar pelo meu crivo investigativo.

No fim de contas, é o texto do Ricardo Pinho que mostra “ódio ateu”; não aos crentes ou à crença – o que já seria reprovável – mas aos seus pares ateus. Porque não pensam como ele. O que é sinal de défice democrático. Aliás, consubstanciado na interdição de comentar.

Moreira mente três vezes neste parágrafo. Primeiro, por dizer que Pinho odeia os “pares ateus”, quando na verdade fez uma crítica aos ateus militantes, ou, como são mais conhecidos atualmente, neo ateus. Logo no começo, portanto, vemos uma tentativa não de contra-argumentar, mas de tentar covardemente jogar Pinho contra todos os ateus. Segundo, por dizer que a crítica em relação ao comportamento neo ateu seria apenas por que “não pensam como ele”. Pinho criticou os neo ateus de uma forma objetiva, mostrando que estes atuam não para eliminar o preconceito contra ateus, mas para gerar um preconceito contra religiosos. Isso não é uma crítica somente por “pensamento diferente”, mas por uma característica facilmente identificável de forma objetiva. Terceiro, criticar um grupo por uma ideologia diferente não é sinal de deficit democrático. Tentar proibir a expressão dos neo ateus é que seria. Aliás, a tentativa de calar a voz dos religiosos, por meio de censura, é uma característica neo ateísta. Assim como é uma característica de toda a esquerda.

Toda a gente sabe que Deus não existe. Até o Papa. Mas se os ateus se ficassem por aí, isso equivaleria a voltarem para o armário onde foram obrigados a ficar durante a longa noite católico-fascista – passe a redundância.O “25 de Abril” trouxe, além de outras coisas boas, a liberdade de expressão. Muitas dessas coisas boas estão a ser retiradas diariamente, e só quem não olha à sua volta é que pode ignorar esse facto. A liberdade de expressão não tardará a seguir o caminho dessas “coisas boas” que todos os dias se transformam em sonho desfeito. Aproveitemos, pois, enquanto podemos. Mais: não sejamos nós a contribuir para a destruição dessa liberdade, através da auto censura. Ricardo Pinho: pela parte que me diz respeito, calar-me-ei quando a isso for obrigado. Até lá, direi o que me apetecer – dentro dos limites que eu achar convenientes.

Ele começa dizendo que “toda a gente sabe que Deus não existe, até o Papa”, o que seria o mesmo que se os religiosos tradicionais falassem “toda a gente sabe que Deus existe, até Dawkins”. Quando se começa um parágrafo que deveria ser argumentativo com um estratagema tão infantil, é sinal de que Pinho acertou na mosca.

No restante do parágrafo, Moreira tenta iludir a platéia fingindo que Pinho foi contra a liberdade de expressão. Nada disso. Por exemplo, se um dia eu vir um blog conservador pedindo para apedrejar os esquerdistas, eu serei o primeiro a combatê-los. Em termos argumentativos, como Pinho fez. Isso não é pedir a volta da censura, mas expor de forma pública e argumentativa os equívocos intelectuais do outro lado.

Moreira diz o seguinte “não sejamos nós a contribuir para a destruição dessa liberdade, através da auto censura”. Auto censura não tem absolutamente nada a ver com ausência de liberdade de expressão. O fim da liberdade de expressão só seria proposto se Ricardo Pinheiro solicitasse uma indertição estatal ao blog Diário Ateísta, não a solicitação de uma auto crítica.

Neste blog já me criticaram por meu posicionamento a favor do aborto. Isso não ataca a liberdade de expressão, e poderia ser qualificado como uma forma de solicitar a auto censura por minha parte.

Eu não aceitei tal auto censura, e contra-argumentei. Essa é uma forma pela qual exerço minha liberdade de expressão.

Portanto, toda a tentativa de Moreira tentar iludir a platéia fingindo que Pinho era contra a liberdade de expressão dos neo ateus é uma farsa grotesca (facilmente desmascarável).

Poder-se-á objectar que a liberdade tem limites, que “a tua liberdade acaba quando começa a minha” e outras bestialidades do género. Pois bem: os limites à minha liberdade estão plenamente referidos nas leis e convenções sociais. Não preciso que nenhum crente – ateu ou agnóstico que seja – venha dar-me lições a esse respeito; quanto a uma liberdade acabar quando outra começa, é a maior besteira que conheço: as liberdades não se confrontam, complementam-se. Não aceito lições de um alegado ateu que chama, ao espaço que lhe é oferecido de bandeja, “tasca ateísta”.

Agora vejamos. Ricardo Pinho critica os neo ateus. José Moreira critica o Ricardo Pinho por este ter criticado os neo ateus. Moreira diz que as críticas do Pinho não podem ser aceitas pois isso implicaria no fim da liberdade de expressão. Mas quando Moreira diz que “não aceita lições” do Pinho, criticando a manifestação dele, não estaria indo contra a liberdade de expressão que alega?

Notem que estou usando os critérios de Moreira. Fazer uma crítica a um grupo, de forma pública, criticando sandices intelectuais praticadas por este grupo, segundo Moreira, é “pedir o fim da liberdade de expressão”.

É como eu digo, é só deixar os neo ateus escreverem e assistir eles se embretarem.

Os ateus conquistaram , entre outros, o direito à blasfémia. Se alguém tem o direito de impor divindades cuja existência nunca foi provada, eu tenho o direito de ridicularizar essas imposições. Peçam-me que respeite o cidadão Joseph Ratzinger, e eu não terei o menor problema; mas não me peçam para respeitar o Papa. Ou o Rabino. Ou o Aytatollah. O Ódio ateísta” só existe na imaginação doentia do Ricardo Pinho. Porque ele não vê, porque não quer, que o ódio é destilado, diariamente, por tudo o que cheira a água-benta e crucifixo, aqui no Diário Ateísta. O Ricardo Pinho não vê, porque não quer, que os crentes não aparecem aqui para contraditar, mas para insultar. E se há excepções, elas só servem para confirmar a regra.

Vamos avaliar o tipo de postura adotada pelos neo ateus, em alguns posts: “Enfim, a sociopatia humanista aflora na MTV” e “A teoria das janelas quebradas não perdoa: Igreja Católica é alvo de pichações e blasfêmias”.

Como se nota o ódio neo ateu, que se materializa em ações como invasões à igrejas, incêndio de igrejas e atentados contra religiosos, não existe “apenas na imaginação doentia do Ricardo Pinho”. Pelo contrário, existe na mente doentia dos neo ateus, que lutam dia e noite para criar um sentimento contra os religiosos tradicionais tal qual os nazistas criaram contra os judeus na época do nazismo alemão. Atos de violência que ocorrem posteriormente são apenas manifestações do discurso de ódio, seja o que foi feito contra os judeus, seja o que é feito hoje pelos adeptos de Dawkins. Simples assim.

O Ricardo Pinho pretende, certamente, que nós sejamos tratados por “cães”, como já aconteceu mais do que uma vez, e, em resposta, demos a outra face. Ricardo Pinho, parece que houve um gajo que fez isso, há muitos anos, e mataram-no. Além disso, o “assim como nós perdoamos” pode fazer parte das suas orações. Das minhas, não faz.

É muito engraçado notar Moreira dizer que Ricardo Pinho quer que os ateus sejam tratados por “cães”. Nada disso. Eu sou ateu, não preciso fazer militância ateísta, não preciso pedir que igrejas sejam incendiadas e não preciso pedir que cristãos sejam ridicularizados em público. Os neo ateus, criticados por Pinho, fazem exatamente o oposto. Ver aqui: “Daniel Sottomaior precisa combinar melhor o jogo com seus comparsas Richard Dawkins e Sam Harris” e “Dawkins é bem claro em relação ao que deve ser feito com católicos, e pelo princípio da reciprocidade, que seja feito em dobro em relação aos humanistas”.

Enfim, respeito a postura do Pinho, por ser ateu como ele. Por esse motivo (dentre outros), defendo que os conservadores (e religiosos) não devem retaliar contra os ateus, mas contra os humanistas e neo ateus.

Devemos criar rejeição social aos neo ateus, estigmatizá-los até o limite do possível, mas jamais fazer o mesmo em relação aos ateus. (Ei, é claro, pois senão vocês me ferram…)

O post de José Moreira deixa bem claro que eles não abandonarão sua campanha de ódio em relação aos cristãos, e que não estão dispostos a diminuir sua carga de fúria e preconceito, mesmo diante de um post lúcido como o de Ricardo Pinho.

Diante disso, que os neo ateus sejam lançados aos leões. E contem com o aval dos ateus tradicionais para isso.

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".