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quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Rei Sonso e o país dos sonsos

MÍDIA SEM MÁSCARA

Barack Obama é a cara do Brasil. Por isso mesmo, ninguém mais o leva a sério. Como até hoje não apresentou sua certidão de nascimento, é legítimo desconfiar de sua brasilidade (e da autoria de seu livro; e de tudo que envolva o primeiro presidente obscuro dos EUA).
Barack Obama justificou a guerra na Líbia dizendo que os Estados Unidos não fecham os olhos para as atrocidades em outros países - o que seria muito lindo, não existisse, como de hábito, uma realidade para desmentir o discurso. Os críticos apontaram: e quanto à Síria, Arábia Saudita, Iêmen, Jordânia, Costa do Marfim, Bahrein? Eu aponto: e quanto ao Rio de Janeiro? E quanto ao Brasil? Por que ninguém se lembra da gente nessas horas? A resposta é simples, claro. Faça enchente ou faça sol, morram mil soterrados ou cinquenta mil assassinados, ninguém leva a sério o Brasil.
Neste sentido, a visita de Barack Obama foi, de fato, histórica. Dilma, Cabral e Paes devem agradecer. Se a intenção era propagandear nosso caráter bundalelê para o mundo, Obama foi insuperável. Citou Pau Coelho e Zorze Benzor, exaltou nossas belezas naturais, assistiu às piruetas da capoeira, bateu uma bolinha na Cidade de Deus e, de quebra, autorizou o ataque das tropas americanas às forças militares de Kadafi, sem consultar o Congresso. Nenhum lugar do mundo seria tão estapafúrdio para o anúncio de uma guerra assim quanto o Rio de Janeiro. Nos EUA, os críticos ainda debocham das "férias" do presidente por aqui. É como se, à simples menção da palavra "Rio", a fama carnavalesca da cidade reforçasse a irresponsabilidade obâmica, e vice-versa. Para inveja de Lula, Obama elevou o Rio a um novo patamar de sonsice.

Após a visita, Zuenir Ventura aplaudiu o nosso afeto. Eu vaiei: uuuuuhh! Nós brasileiros somos tão felizes e afetuosos que ninguém abre os olhos para as nossas atrocidades. Nem nós. Se, lá nas bandas do Oriente Médio, ditadores e terroristas promovem genocídios chocantes, aqui somos assassinados aos pouquinhos e espaçadamente, e de maneira terceirizada, de modo que não damos a menor bola e vamos bater tambor. Basta um Beltrame qualquer empurrar os bandidos mais pra lá ou mais pra cá, sem prender ninguém, que já ganha um Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo. Uma diferença e tanto. Nas últimas semanas, só ao meu redor (e que eu saiba), houve gente baleada em Ipanema (morta), em Copacabana, e na Lagoa. Ao que tudo indica, se você é um blogueiro crítico do governo ou anda de motocicleta, há mais chances de levar um tiro. Por sorte, eu não ando de motocicleta.

Para coroar a criminalidade homeopática do país, a Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD) propôs considerar apenas "usuário" quem possuir uma quantidade de entorpecentes para até 10 dias de uso. Em vez de serem encaminhados à Justiça Criminal, os infratores "são acolhidos por comissões especiais" cujo objetivo é "preservar sua saúde". Isto significa que, a cada vez que sair para vender, basta ao traficante levar uma quantidade equivalente a 10 dias de uso. Caso seja pego em flagrante, ele é considerado "usuário" e ganha de brinde uma avaliação médica e psicológica, paga com o dinheiro do contribuinte. Com o pretexto de diferenciar usuário de traficante, o que se faz na prática é igualar os dois, estimulando os traficantes a empregarem "usuários"; os usuários a virarem traficantes; e ambos a ficarem cada vez mais sonsos. De pouquinho em pouquinho, o Brasil fica legalmente doidão.

Barack Obama é a cara do Brasil. Por isso mesmo, ninguém mais o leva a sério. Como até hoje não apresentou sua certidão de nascimento, é legítimo desconfiar de sua brasilidade (e da autoria de seu livro; e de tudo que envolva o primeiro presidente obscuro dos EUA). A sonsice com que conduziu a guerra na Líbia só fez aumentar a desconfiança. O mesmo Obama que rejeitava a coalizão de 40 países na guerra do Iraque - autorizada pelo Congresso - celebra a aliança de 15 para as operações na Líbia. O mesmo Obama que era contra a imposição da democracia no Oriente Médio defende a liberdade do povo para se expressar e escolher os seus líderes. Se o objetivo de Obama é proteger o petróleo europeu, os rebeldes aliados da Al Qaeda, a Fraternidade Muçulmana, ou demais interesses que ele jamais ousaria confessar em público, a história dirá. O certo é que não se pode esperar critério e coerência de seu teleprompter.

Se Obama fecha os olhos para Darfur, imagine então para o Rio de Janeiro. Em vez do FBI revistando ministros petistas e do Exército americano matando ou prendendo nossos traficantes, vamos ter de nos contentar com as UPPs. Mas estamos felizes. Somos afetuosos. Bagulho não falta. Como cantou Zorze Benzor (ou foi Pau Coelho?), moramos num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".