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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Igreja Ortodoxa Russa: fiel ao Kremlin

MÍDIA SEM MÁSCARA

Como a máfia globalista russa e seus ideólogos espalham sua influência pelo planeta por meio dos "mensageiros de batina". 

A sexta parte da terra já não quer mais ser apenas sexta. Sobre isso se evidencia a forte promoção do ideal da "medida russa" em todas as partes do globo, especialmente intensificada em 2010. E não é somente ideia: em diversos países do mundo "as pessoas locais" com espanto assistem sua realização. Digamos, uma guerra sem derramamento de sangue, pelos templos, entre ROC (Russian Ortodox Church - Igreja Ortodoxa Russa) e comunidades ortodoxas da diáspora subordinadas à Constantinopla.
O governo russo faz aquisições de terras nas capitais europeias para a construção de novas e grandiosas catedrais. E tudo porque os templos do Patriarcado de Moscou são símbolos da presença russa e centros de disseminação de "trabalhos culturais".

Segundo palavras do ministro do exterior russo Sergei Lavrov, a Igreja é aliada de seu departamento e vai com ele de "par em par".

O Estado, por enquanto, ainda não trabalha efetivamente com os compatriotas no estrangeiro e, neste setor precisa de apoio da ROC - declarou o presidente Dmitry Medvedev, semanas atrás em uma reunião com os participantes do Conselho Episcopal da ROC. Ele ressaltou que a Igreja deve consolidar os milhões de russos fora da Rússia.

No final de ano o chefe dos diplomatas russos Sergei Lavrov assegurou aos participantes das Leituras Internacionais Natalinas no Palácio de Kremlin que, de várias formas vai amparar a ROC na arena internacional.

Propriedade politicamente conveniente

O ano de 2010 tornou-se o ano da virada para o Patriarcado de Moscou. O Patriarca Cirilo, ambicioso e cheio de força e experiência, elegantemente dissimulado no jogo internacional, mergulhou no seu elemento.

Por trás de seu trabalho fecundo, sempre avança como sombra, a configuração de Vladimir Putin. Em 05.01.2010 ambos promulgaram a campanha de transferência de valores de "significado religioso" para ROC.

Durante o ano as informações sobre a retomada dos templos das comunidades da diáspora e "apropriação" dos prédios, que pertenciam aos moradores da Rússia antes de 1917 abalam o ambiente.

Em novembro, o Primeiro Ministro da FR (Federação Russa) pressionou o seu homólogo em Israel, Benjamin Netanyahu, exigindo transferir para Rússia as dependências do quintal de Sergiev, em Jerusalém. Como escreve a revista israelense "antes queriam apenas uma parte do complexo, agora a FR exige a totalidade do território, juntamente com o parque arqueológico e instalações das comunidades - defesa da conservação, preservação da natureza e monumentos".
O quintal de Sergiev localiza-se ao lado da missão espiritual da Rússia. Até 1917 aqui era paragem de peregrinos. Nos tempos da União Soviética, a Rússia não teve acesso a esses edifícios.
Durante a visita de Vladimir Putin em 2005, as autoridades israelenses receberam dele uma mensagem correspondente e em 2008 registraram o símbolo da presença russa na Terra Santa como propriedade da FR.

Curiosamente, os ministros das Finanças e Assuntos do Exterior tentaram persuadir a comunidade de que a transferência destas instalações para Rússia "é de grande importância para defesa de Israel". Provavelmente, isso lhes garantiram os diplomatas russos.
No entanto a mais brilhante transação de propriedade do ano passado foi a decisão da justiça referente à maior igreja ortodoxa da França - Catedral de São Nicolau em Nice - a favor da Rússia.
Em fevereiro de 2010 escrevia o semanário americano Time: "Ortodoxo - não é sinônimo da palavra pertencente ao Estado russo". No entanto, quando prometeram à administração francesa da cidade "85.000 turistas ricos da Rússia a cada ano", o caso pôde ser resolvido.
Em seu tempo a Catedral foi construída pelos "emigrantes brancos" (pessoas que nos primeiros anos da União Soviética conseguiram emigrar ou fugir da Rússia, onde sofriam perseguições, inclusive religiosas - O.K.) e não para que nele orassem os anátemas. A paróquia estava subordinada ao Patriarcado de Constantinopla, mas o domínio de cada paróquia é "uma vitória para Moscou, que aspira a se tornar uma Terceira Roma".
O pároco da Catedral, arcipreste Ioann Gheit, acredita que Moscou usa as igrejas ortodoxas para satisfazer suas ambições e para glorificar seu regime político - como na época de Ivan o Terrível e Pedro I.
Significativa é a reação ao evento em Nice do redator substituto da revista "Pensamento Russo" Viktor Lupanov. Ele argumenta que a história da Igreja na Europa Ocidental, do Patriarcado de Constantinopla chegou a termo porque seus lideres não compreenderam a situação e não seguiram o exemplo da ROCOR (Igreja Ortodoxa Russa além fronteira), que se juntou ao Patriarcado de Moscou.
Esta é uma sentença tchekista (Tcheká - o mais antigo nome da polícia secreta soviética, de 1917 a 1922).
A Rússia, com mãos da ROC PM (Igreja Ortodoxa Russa - Patriarcado de Moscou) ativamente retira dos emigrantes que não são subordinados ao Patriarcado de Moscou, os templos construídos na época pré-revolucionária. É o que escreve o jornalista francês Vinsan Zhover. Como princípio usa-se normalmente o método da divisão, criação de conselhos "paralelos" dos representantes da igreja, recém-chegados da máfia russa, os quais começam cansativos processos judiciais com os conselhos dos imigrantes anteriores.

Paralelamente à política

Não é nenhum segredo que, ao longo da estrutura da ROC no exterior a FR exerce influência política em diferentes países. "A política do Estado russo é clara e acessível. Sua estratégia prevê a transformação do Patriarcado de Moscou em órgão principal, líder em todo mundo ortodoxo e o ambiente da igreja - em peculiar, paralelo ao esquema político global - diz o renomado professor e estudioso das doutrinas religiosas, da Universidade de Lviv - Ucrânia, Andriy Yurash. Para isso é necessário minimizar ao máximo o papel do Sínodo Patriarcal. O Estado russo e a Igreja realizam um programa único, em estreita cooperação. Como prova o fato que percorreu todas as mídias: "O Arcebispo da ROC, em dezena e meia de anos de permanência na cátedra em Viena aliciou para a então KGB (órgão da polícia secreta soviética) cerca de 30 diferentes agentes no ambiente da igreja".

Nos dias de hoje, a missão de "organizar agentes" é executada com abnegação pelo Patriarca de Moscou, Cirilo. Ele tem experiência: por algumas décadas encabeçou o Departamento de Relações Externas da ROC, mas antes viajou pelo mundo várias vezes, convencendo o Ocidente de que na União Soviética havia liberdade de religião. Exteriormente, o vetor político do Patriarcado de Moscou é mais importante do que qualquer direção interior de, digamos, o aprofundamento da evangelização ou outros trabalhos relacionados com o autoaperfeiçoamento, segundo Andriy Yurash.

Ocupação "espiritual" 

Além da ocupação histórico-espiritual, o Patriarcado de Moscou, evidentemente, está interessado em ocupação de propriedade física e jurídica. "Devolver para o seio da mãe-igreja canônica as paróquias ortodoxas no Báltico e Ásia Central. Em 02.02.2011 o Patriarca Cirilo, em discurso no Conselho dos Bispos da ROC falou sobre o "problema" na Estônia (onde os templos podem ser transferidos para a propriedade da igreja com a permissão de Constantinopla), na Lituânia, Uzbequistão, Turcomenistão...

No Canadá, por enquanto, as tentativas iniciais de Moscou foram rechaçadas.
Construir novas igrejas também é uma forma de aumentar sua presença no mundo. A partir deste motivo eclodiu escândalo na França. Durante o Ano da Rússia na França, a Rússia comprou em Paris uma área de terra (9 mil metros quadrados) - próximo a Torre Eiffel e do Palácio do Eliseu - para construção da Catedral do Patriarcado de Moscou e Centro de Cultura e Espiritualidade.

Escreve a publicitária Anna Dobanton:

"a operação influenciada por alavancas poderosas, e muito hábeis, concretizou os negócios do presidente russo Vladimir Kozhin - um antigo participante da KGB, associado com o Patriarcado de Moscou, Alexy II, depois com o metropolita Cirilo, com o qual V. Kozhim intensamente "cultivava" os funcionários parisienses.

As negociações sobre um "centro espiritual" da Rússia, na pessoa do então Patriarca Alexy II teve início com o presidente francês Nicolas Sarkozy em 2007. Finalmente, depois de uma visita de Putin a Paris, em junho de 2010 - a área foi comprada pelo Gabinete de Assuntos Presidenciais da FR.
Quando a compra já estava sendo efetuada, o assunto despertou interesse da inteligência francesa - "sob o disfarce da espiritualidade lá poderão colocar espiões", escreve em seu artigo na "Novaya Hazyeta" Alexander Soldatov.
Os peritos alertam, que em troca de um "centro espiritual e cultural", Dmitry Medvedev concordou na compra de helicópteros "Mistral", permitiu a participação dos franceses no projeto estratégico do Gasoduto da Europa do Norte (Nord Stream) e participar de sanções internacionais contra o Irã.
Vinsan Zhover publicou no semanário "Le Nouvel Observateur" o artigo "Especulação com a Catedral de Kremlin em Paris", onde expôs os resultados de sua investigação jornalística. Ele afirma que este assunto é parte de a muito tempo desenvolvida estratégia global: a legitimação do regime de Putin com a Igreja. A construção da catedral no centro de Paris equivale a uma declaração da retomada da influência russa na França e mesmo na Europa Ocidental.
No verão do ano passado, Moscou comprou para sua igreja um pedaço de terra na capital da Espanha, Madri. A primeira paróquia da Rússia foi criada nesta cidade em 2001.

É bom saber

O Sínodo Patriarcal da ROC dos anos 1917 - 1918 elegeu o Patriarca Tikhon (Byelavina) e declarou anátema ao governo soviético.
A repressão começou. No entanto, o ataque total à Igreja começou em 1921. A maioria dos bispos da ROC que não optaram pela "cooperação" foi exterminada e substituída pelos trabalhadores do NKVS (órgão da polícia secreta anterior a NKVD). A Tcheká desenvolveu estratégias e táticas para destruir as igrejas. Milhares de padres recalcitrantes foram presos e executados. Permaneceram "no serviço" apenas os leais às autoridades que tinham por obrigação transmitir aos "órgãos" os temas das confissões de seus paroquianos.
Em 21.10.21 o Metropolita Sergei determinou aos padres e leigos rezar nas igrejas pelo poder dos "vermelhos ateus". Em seguida, por ordem de Stalin, ele foi "nomeado" Patriarca da ROC.

Em 28.04.1923 a estrutura paralela da ROC, subordinada a Tcheká e encabeçada pelo Metropolita Sergei organiza o Sínodo Patriarcal da ROC, e toma decisões importantes para os bolcheviques, destacando:

- apoio ao poder soviético e da necessidade histórica do sistema socialista;

- celebrar o poder soviético nas missas;

- condenar as atividades contra revolucionárias da chefia anterior da Igreja;

- condenar a Igreja Ortodoxa Russa no exterior;

A Igreja Ortodoxa Russa do Patriarcado de Moscou até hoje não fez o ato de arrependimento e purificação em sua estrutura.


Título original traduzido: Globalização da "Fé Ortodoxa"
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Publicado em Ukraina Moloda (Nova Ucrânia), em 10.02.2011.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".