Material essencial

segunda-feira, 15 de março de 2010

Por Gaia

Fonte: BRUNO PONTES


Sei que esse assunto já ficou chato, mas era o único rascunho que eu tinha quando faltavam quinze minutos para o fechamento. Além disso, a ONU continua insistindo.


O Estado, 11/03/2010


Políticos e cientistas tentaram salvar o mundo durante a reunião de Copenhague, mas a lógica do capital não deixou. Como resultado, tempestades de gelo cobrem os Estados Unidos, a Europa e a Ásia. Tem gente morrendo por congelamento. O responsável pelo drama, todo mundo sabe, é o aquecimento global inequívoco e irreversível.

A humanidade é formada hoje por dois grupos: um é engajado, ciente de sua responsabilidade como guardião do planeta. O outro é alienado, não quer agir em prol da Terra e das gerações futuras, que certamente precisarão de um lugar para morar. Este segundo grupo deveria ser eliminado o quanto antes. Reconheço que pode não ser a melhor solução, mas, tendo em vista a irreversibilidade do aquecimento global, tal medida serviria ao menos como controle de danos.

Alguns leitores podem estranhar a exortação, considerando-a um tanto excessiva. Defendo minha posição com dois argumentos. Primeiro: eu falo em nome da parcela da humanidade que deseja salvar o planeta, portanto estou acima de qualquer escrúpulo pequeno-burguês. Segundo: a imprensa nos informa diariamente que a causa do aquecimento global é o gás carbônico, e eu acredito em tudo que sai no jornal. Acompanhem o raciocínio: o gás carbônico é o vilão; o ser humano emite gás carbônico; o ser humano deve ser aposentado.

Um pequeno sacrifício em nome do bem maior. É preciso que cada pessoa sobre a face da Terra modifique seu modo de pensar, regule seu modo de agir e assuma um novo comportamento perante a humanidade humana e a humanidade animal (os ecologistas entendem que o homem não tem o monopólio da formação da humanidade; este processo deve incluir os animais ditos irracionais).

A tomada de consciência ambiental seria mais fácil se pudéssemos instaurar uma ditadura virtuosa global e colocar políticos e cientistas no comando, pois sabemos que políticos e cientistas não têm motivos para mentir por dinheiro e poder. Se a ONU cuidasse da economia mundial, entraríamos numa era de harmonia com Gaia.

A proposta é atrevida, mas estou querendo ajudar o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Há algumas semanas, ele disse que a comunidade internacional deve ser "mais ambiciosa" na negociação de acordos para combater o aquecimento global. Mesmo com o desmascaramento dessa histeria, o chefe da ONU continua insistindo. É um homem que age.

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