| 12 MARÇO 2010
ARTIGOS - CIÊNCIA
ARTIGOS - CIÊNCIA
Ninguém precisa achar que está matando a "Mãe-Terra" para achar "style" e mais econômico termos carros movidos por meios de energia mais eficientes que a explosão de gasolina.
A boa ficção-científica, mesmo quando mais ficção do que científica, costuma basear-se em especulações sobre teorias científicas e que são tomadas como princípios para o cenário que se irá construir. Não raro, a ficção-científica costuma inspirar milhares às profissões tecnológicas e de pesquisa, até mesmo agindo como fator de influência no tipo de tecnologia que vai surgir. Afinal, se o mercado se vê forçado a atender os desejos de consumo das pessoas, a ficção-científica age diretamente no imaginário pessoal e coletivo que irá determinar a gama de possibilidades desses desejos. Mas a ficção-científica pode agir não somente no inconsciente, mas também informar-nos conscientemente. Uma perspectiva interessante pode ser adquirida através do entendimento da chamada "Escala Kardashev", bastante conhecida entre fãs e profissionais de ficção-científica. Criada pelo astrônomo russo-soviético Nikolai Kardashev em 1964, ela é uma estimativa do nível de desenvolvimento tecnológico de uma civilização em nível cosmológico. Uma civilização do "Tipo I" seria aquela que já alcançou o domínio e uso completo de todos os recursos do seu planeta natal. A civilização do "Tipo II" o teria feito com todos os recursos do seu sistema solar e a do "Tipo III" utilizaria plenamente os recursos da sua galáxia. Essa medida de uso dos recursos é obtida através da quantidade de força em watts (W) utilizada, obtida das respectivas fontes.
A Bomba Czar, a maior bomba nuclear já detonada (http://video.google.com/videoplay?docid=2046393742348211186# ), liberou 57 megatons de energia. Uma civilização do Tipo I utilizaria cerca de 25 megatons por segundo, ou seja, a energia controlada de pouco mais de 26 bombas czares por minuto.
O nosso planeta, estima-se, possui disponíveis 1.74 x 10^17 W de força (174 seguido de 15 zeros), ou seja 174 petawatts. A raça humana, evidentemente, está abaixo do "Tipo I" pois ainda não utiliza todo o potencial do planeta. Carl Sagan criou uma fórmula para sabermos em que ponto estaríamos de nos aproximar deste "Tipo I". Projetando-se sobre essa fórmula valores da International Energy Agency sobre o consumo de energia da humanidade entre 1900 e o que se estima para 2030, verifica-se que utilizamos cerca de 0,16% da energia total do planeta.
Deixemos de lado o fato de que a escala Kardashev pressupõe como "civilização" o resultado da vitória da mentalidade revolucionária sobre um planeta, homogeneizando as diferenças no liquidificador de uma única e uniformizada sociedade global e que ainda expande o ideal revolucionário universo afora. O que isso significa mais urgentemente é que o atual discurso sobre esgotamento de energia no mundo é simplesmente balela. Se utilizássemos 10 vezes mais energia do planeta, estaríamos utilizando 1,6% do que há para ser utilizado. Se utilizássemos 100 vezes mais do que hoje, estaríamos ainda em míseros 16% e muito aquém do esgotamento total e de pensarmos em nos candidatar a membros da Federação Galáctica. Suponho mesmo que enquanto nossos borgs revolucionários e siths progressistas andarem por aí com sanhas de "governança" global, que imediatamente transformariam em "governança galáctica", é um bem para o universo que não tenhamos condições de sequer pleitear voz na sinfonia cósmica.
A questão energética, não é "energética", mas tecnológica e logística. A escassez de recursos nunca é resolvida pelo mero uso moderado ou eficiente de recursos, dado que consumidos de formas moderadas, ainda irão, no fim, se esgotar e isso ao custo de inúmeras vidas sacrificadas na tentativa e desespero de evitar o fim deles. Em primeiro lugar, as estratégias logísticas de acesso a energia diminuem o desperdício e otimizam o consumo. Mas é o salto tecnológico que irá ou produzir muito mais energia através de uma quantidade muito menor de recursos, ou que permitirá o acesso a recursos abundantes e que antes não se sabia como aproveitar eficientemente. O medo malthusiano dos globalistas e ecologistas de que os seres humanos irão consumir a terra é risível diante da nossa atual utilização de meros 0,16% da energia do planeta. Se existe um conflito entre a quantidade de pessoas e a quantidade de energia disponível (*se* existe), ele será resolvido por mais investimento e confiança no ser humano e não no cultivo do auto-ódio em face da natureza.
É importante chamarmos a atenção para uma idéia que o deputado conservador anglo-europeu Daniel Hannan trouxe à pauta em um recente pronunciamento no parlamento da União Européia:
"It is a pity that a number of people have jumped onto the environmental agenda as a way of advancing a different agenda, an agenda that has at its core the desire to take power away from elected national politicians and concentrate it in the hands of international technocracies.
The tragedy is not just that we become less democratic: it is that we lose the consensus that we might have had for tackling environmental problems. Left or Right, Conservative or Socialist, we can all agree that we want a diversity of supply for energy, and that we do not want pollutants being pumped into the atmosphere, but only one set of policies is being applied - those that involve statism and corporatism - the same policies in fact which have failed politically and societally are now being applied to the environment. The environment is altogether too important to be left to the Left."
"É uma pena que várias pessoas tenham se atirado na agenda ambientalista como um modo de fazer avançar uma agenda diferente, uma agenda que tem como seu fundamento o desejo de retirar o poder dos políticos nacionais eleitos e concentrá-lo nas mãos de tecnocratas internacionais.
A tragédia não é apenas a de ficarmos menos democráticos; é que perdemos o consenso que poderíamos ter para lidar com os problemas ambientais. Esquerda ou direita, conservadores ou socialistas, nós todos podemos concordar que queremos uma diversidade de fontes de energia, e que não queremos poluentes sendo bombeados para a atmosfera. Mas apenas um tipo de prática tem sido aplicada - a que envolve o estatismo e o corporativismo - a mesma prática, aliás, que falhou na política e na sociedade e está sendo aplicada ao meio-ambiente. O meio-ambiente é importante demais para ser deixado para a Esquerda."
Daniel Hannan tem razão. Não precisamos que nos ameacem com o fim do mundo para compreender e desejar os benefícios de um uso eficiente e economicamente viável da energia solar. A presente e falsa chantagem que é realizada com as sociedades globais é análoga a um irmão mais velho que diz ao caçula que se ele não limpar o quarto, a casa vai cair. Mesmo que os poluentes não estejam influindo no clima global, como as evidências sugerem e ainda mais fortemente após o Climategate, isso não significa que seja saudável ou agradável viver perto de indústrias poluentes ou mesmo nos verdadeiros fornos de asfalto e concreto que são as cidades grandes e seus micro-climas. Ninguém precisa achar que está matando a "Mãe-Terra" para achar "style" e mais econômico termos carros movidos por meios de energia mais eficientes que a explosão de gasolina. Ninguém precisa achar que animais "sentem que nem seres humanos" ou que são equiparáveis em direitos, para perceber que a violência gratuita contra animais é errada. Pais que permitam que seus filhos cresçam cultivando a violência contra animais não devem se espantar se alguns deles passarem para "drogas mais pesadas", realizando violências contra seres humanos. Em suma, a natureza não precisa ser endeusada, nem mesmo igualada a nós, para ser cuidada.
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