por Percival Puggina em 14 de janeiro de 2008
Resumo: É inútil Lula apresentar-se como metamorfose ambulante. Ele não é isso. Ele chegou ao governo como um aproveitador de discursos demagógicos e nele se mantém do mesmo modo.
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Desabaram sobre meu correio eletrônico manifestações de discordância em relação a um artigo anterior - “A alegria do chupim”. Mostrei, no referido texto, que os bons números da atividade econômica e do desenvolvimento social sobre os quais se lastreia o discurso ufanista do presidente Lula não decorrem, como anunciam suas trombetas, de iniciativas de seu governo, mas foram alcançados através de medidas a que ele e seu partido sistematicamente se opuseram.
Tem faltado humildade e honestidade ao presidente. Ambas lhe teriam valido para reconhecer que os bons resultados da economia são méritos, principalmente, daqueles que o antecederam. Tivessem os precursores de Lula cumprido o roteiro que lhes cobrava o PT oposicionista, o país teria ido à breca. Ou não? É inútil Lula apresentar-se como metamorfose ambulante. Ele não é isso. Ele chegou ao governo como um aproveitador de discursos demagógicos e nele se mantém do mesmo modo. Sem qualquer apreço à verdade, com imensas dificuldades para manter a própria palavra por mais de uma semana, e deseducando a sociedade.
Evidentemente pisei no calo. E não foi por acaso ou desinformação. Há duas décadas participo do debate político, em rádio e tevê. Não uma nem duas vezes, mas bem mais de uma centena de vezes por ano. Ouvi todos os argumentos e propostas da esquerda na oposição. Escrevi e publiquei milhares de artigos em centenas de jornais e sites. Para prover meu próprio site leio, todo ano, dezenas de livros e mais de mil textos de opinião em periódicos do país. Não sou um observador político de happy hour em mesa de bar. Sei do que falo, portanto, quando afirmo que Lula, os petistas e seus fiéis discípulos sempre se opuseram, furiosamente, a tudo que era preciso fazer para que o país desse certo: combate à inflação, respeito à propriedade privada, responsabilidade fiscal, rigoroso controle dos gastos públicos, superávit primário, pagamento da dívida externa, privatizações, reforma da previdência, abertura do setor produtivo ao mercado internacional e à competitividade, o agronegócio, a biotecnologia. Lula e suas esquerdas não apenas se colocavam contra, mas defendiam o inverso: socialismo, estatização, reforma agrária do MST, corporativismos funcionais, calote da dívida externa e aumento do gasto público. Qualquer coisa diferente disso era o maldito neoliberalismo e a famigerada globalização que só atendiam aos interesses do “grande capital”. Era preciso entregar o poder à benevolência da esquerda para fazer tudo ao contrário do que vinha sendo feito. Era o socialismo contra o neoliberalismo!
Estou afirmando alguma inverdade? Algo que não tenha sido dito e repetido à exaustão, eficazmente, até levar o PT ao poder? Admitam, então, os imensos equívocos sobre os quais construíram sua trajetória. Se quiserem saber o que, de fato, pensam, dêem uma lida na tese sobre o socialismo aprovada agora, em setembro, no 3º Congresso do PT (clique aqui). E se quiserem saber quem são, perguntem com quem andam. Indaguem sobre o Foro de São Paulo. Aí, verão, que não apenas andam juntos, mas tecem juras de amor e subscrevem teses com qualquer ditador comunista que se instale no poder e com qualquer grupo político revolucionário, guerrilheiro e narco-terrorista que se apresente - das FARC ao MIR chileno. Responsáveis pelo progresso do Brasil? Me poupem!
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