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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

"Quem" é "o mundo"?????

Do blog ALERTA TOTAL
Por Alexandre Montenegro em 12 de janeiro de 2008

Perguntei e meu amigo Robualdo Probo Filho detonou a resposta: “A maioria dos ignorantes...”. E continuamos nossa filosofagem falando dos Quixotes, dos presidentes, de políticos e da reprodução da idiotice, mais rápida, segundo Robualdo, que a reprodução das virtudes. Passamos pelo ensino básico, e pela “gente incapacitada para raciocinar no mundo letrado”.

Robualdo é um homem livre. Diferente destes que se auto rotulam direitistas ou esquerdistas. Espécies prisioneiras de concepções e soluções ultrapassadas pela globalização da economia. Os que têm tempo de pensar um pouquinho podem perceber que somos todos prisioneiros de uma verdade única: a vida. E cada um escolhe a todo instante como manifestar aos outros seu nível de entendimento, para que as tarefas do mundo do trabalho e da sociabilidade sejam cumpridas de modo afirmativo.

E concordamos que existem caras brilhantes pelo mundo afora. Caras que encontram seu quinhão de grana, amor e respeito, com aplicação ao estudo e trabalho produtivo, abrindo caminhos para os menos aquinhoados de massa encefálica, seja por ter nascido no hemisfério Sul ou por não ter tido oportunidade de estudar em escolas tipo aquelas idealizadas por Brizola, os Cieps (Centros Integrados de Educação Pública), que morreram no nascedouro.

Conheci o Brizola um pouco. E detestei seu modo concentrador e autoritário, como que utilizando os “de baixo” como ponte para um caminho que parecia levar a outra ditadura, diferente daquela dos militares, mas resvalando nos costados do comunismo, que ele queria utilizar como ponte para uma espécie de nacionalismo, talvez próximo do nasserismo. Primeiro, um Brasil fechado e depois de arrumada a casa, então a abertura para as relações com os outros de igual para igual. Uma utopia no ambiente global, onde as “nacionalizações” e concentração de poder político subsistem apenas nos recantos populistas que defendem a luta de classes e violência e persuasão pelo medo para governar ignorantes.

Na velhice, tenho tipo tempo de pensar. Não tanto quanto gostaria de, porque neste país ainda tenho de defender o pão de cada dia e pagar os mais sofridos impostos do mundo, além de estar pendurado com uma dívida com o Rockfeller enquanto espero por um governo que governe honrando os compromissos democráticos e confie e pague as dívidas para com a sociedade: aquelas dos 30% sobre o preço de um carro novo, aquelas da gasolina, aquelas do FGTS e outras mais dolorosas que nos afligem no dia a dia. Como não resta tempo para ir ao Procon, nem grana para contratar advogado, fico pensando como deveria ser um país livre e soberano.

Foi aí que Papai Noel me mandou pelo correio um livro: “A era da turbulência – Aventuras em um mundo novo” em que Alain Greenspan descreve sua trajetória brilhante. Ele participou e contribuiu para eventos marcantes que mudaram o mundo: a glasnost soviética, as mudanças na China, as políticas dos EUA e da nova Europa e suas conseqüências. Meninos! Que colosso! Este homem notável me fez compreender as diferenças entre a economia capitalista e a burrice comunista. Ele é elegante, distante da grosseria de desprezar os burros, jegues ou outros animais.

Aprendi com esta leitura como o capitalismo em sua essência, implica liberdade e progresso continuado. E o que significou o reverso da medalha, a aventura marxista que impõe imobilismo às pessoas num curral autoritário, burocrático, paternalista, concentrador das riquezas. Uma sociedade onde a competitividade está ausente, impedindo a criatividade que mobiliza cada um a fazer melhor que seu anterior. Uma forma de governo tão monstruosa e impiedosa que somente os “sábios” doutores populistas e seus parceiros revolucionários ainda se atrevem a defender, desprezando e pior, mantendo a ignorância dos eleitores que suam para criar a riqueza que eles desviam, desperdiçam e utilizam para perpetuar seus feudos.

As nossas escolas ensinam o mundo através da ótica marxista e deixam de ensinar como a ação capitalista - firmada nas liberdades de opinião, crenças, propriedade, competitividade – renova e faz girar a roda da vida. Comecei a imaginar a dona de casa inventando o lavador e escorredor de arroz. No começo, para facilitar a própria vida e sobrar um tempinho. Depois, pensando em ganhar uns trocos para ajudar nas despesas de casa. E na seqüência, aquele que parecia ser apenas um conforto a mais na cozinha, mobilizando a construção de máquinas, fábricas, criando empregos em todos os setores... Por um tempo, porque logo depois vieram as embalagens plásticas com o arroz selecionado e lavado ou pré-cozido ou aquelas em que vai para a panela diretamente na embalagem.

E uma das coisas que o Greenspan mostra é que durante mais de 250 anos o capitalismo avançou, reduzindo a pobreza e implementando a qualidade de vida, criando as condições para que a terra suportasse o aumento geométrico da população, através do que ele chama de “destruição criativa”: o sucateamento das velhas tecnologias e do jeito de fazer as coisas, cedendo lugar ao novo. Diz ele: “A descoberta de ouro, de petróleo ou de outros recursos naturais, a história nos ensina, não produz o mesmo efeito” – para aumentar a produtividade. A intransigência competitiva do capitalismo instala a vontade de fazer melhor.

Irônico como aplaudimos esta garra competitiva nos esportes e a tememos nas mudanças implícitas para a vida pessoal. Buscamos ser um país respeitável e isto só acontece quando reverenciamos uma tradição que nos proporcione alegria, orgulho. Isto acontece conosco? No momento parece que a resposta é negativa. Falha educacional? Em parte. Limitamo-nos a reverenciar a grandeza territorial e as riquezas que sucateamos enviando-as, a baixo custo, como matéria prima para os países ricos. Que habilitação temos para competir com os tigres asiáticos, com a China...? Que orgulho temos da persistência, da garra, da força como nação para perseguir objetivos claros, entendendo o bem comum?

No capitalismo, a divisão do trabalho é determinada pela competência. E as constantes “destruições criativas” impulsionam cada trabalhador a buscar melhores posições através da capacitação continuada, para lidar com máquinas sofisticadas e que decuplicam a produtividade, garantindo a competitividade no mundo globalizado. A riqueza maior provém desta revolução de competências. Nos estados onde se instalaram governos populistas, como a nossa vizinha Venezuela, a produtividade dos poços de petróleo caiu pela metade, desde que o governante milico marxista substituiu os quadros técnicos pelos "apaniguados": de 3.2 milhões para 2.4 milhões de barris/dia. Estado concentrador de riquezas, parecido com um outro estado que conhecemos bem. E nós? Nos contentamos com o “jeitinho”, com a esperteza, com a malandragem - traço cultural nefando, fraqueza de caráter.

Os capitalistas investiram na URSS e na China. O mercado competitivo proporcionou as mudanças. Uma guerra vencida sem armas de fogo, sem bombas. Caiu a máscara do marxismo, onde o estado decide tudo e imobiliza as pessoas no local onde nascem, sem referências com o mundo exterior. No ambiente da globalização econômica todos são encaminhados a produzir mais e melhor, mobilizando novas técnicas, indústrias, escolas diferente do centralismo marxista onde ninguém compete e a burocracia determina tudo.

O que fundamentava os planos estatais da economia soviética ou chinesa era que as pessoas estavam ali, imóveis onde nasceram, para garantir o plantio e a colheita, na base do arado e da enxada. Ate a natalidade, controlada pelo Estado, garantia a imobilidade no tempo e a substituição de mão de obra. Sem concorrência, competitividade... Os mesmos tratores, os mesmos carro(ças)... Os mesmos barbeadores... O mesmo marasmo sob controle estatal burocrático.

Mas, na nossa América do Sul, o populismo mama nas tetas gordas do Estado, impedindo a competição com o resto do mundo. O populismo mantém a desigualdade da distribuição de renda nos mais altos patamares do mundo. E isto se deve à colonização européia, ao escravagismo e feudos remanescentes, muito atuais ainda. Como os norte-americanos dominaram militarmente a região por mais de cem anos, desenvolveu-se, com ajuda da propaganda soviética o sentimento anti-americano que impede o desenvolvimento capitalista mantendo a miragem socialista.

Resultado: vamos esperar que o irracionalismo das idéias populistas dominantes possa regredir, desde que novos líderes, com novas idéias, reconheçam a fonte dos reiterados fracassos em nossa mesma história econômica e na condução paternalista/familiar dos negócios nacionais.

Se queremos viver numa sociedade democrática e livre podemos pensar um pouco na lição de Greenspan:

“O populismo vinculado aos direitos individuais é o que a maioria das pessoas chama de democracia liberal. O populismo econômico... uma democracia em que não se leva em conta os direitos individuais... Os verdadeiros democratas apóiam uma forma de governo em que a maioria predomina em todas as questões públicas, mas nunca transgredindo os direitos básicos dos indivíduos.”

A leitura destas “Aventuras em um mundo novo” é essencial para entendê-lo melhor.

Arlindo Alexandre Montenegro é Apicultor

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