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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Governo da BA admite ter priorizado pontos turísticos na greve

 

TERRA

13 de fevereiro de 2012 12h32 atualizado às 12h41
Maurício Barbosa admitiu que o Estado priorizou locais e vias de grande circulação. Foto: Fernando Borges/Terra

Maurício Barbosa admitiu que o Estado priorizou locais e vias de grande circulação
Foto: Fernando Borges/Terra

HERMANO FREITAS
Direto de Salvador

O governo baiano admitiu na manhã desta segunda-feira o que a estatística de homicídios mostra: o policiamento existente durante a greve em Salvador priorizou pontos turísticos em detrimento das periferias. A grande maioria dos mais de 180 homicídios dolosos registrados pela Polícia Civil nos 12 dias de greve da Polícia Militar aconteceu em bairros da periferia e poucos foram os mortos na região central. Como boa parte dos mortos sofreu tiros na cabeça, a hipótese mais provável é de que tenham sido executados por grupos de extermínio. "Temos que avaliar que tínhamos um efetivo 'x', priorizamos locais e vias de grande circulação, pontos turísticos, estações de transbordo e hospitais, então tivemos que fazer opções, não tínhamos como cobrir a cidade de Salvador e a Bahia como um todo", disse o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT) destacou ainda que foi necessário manter um grande efetivo da Força Nacional de Segurança, que reforçou o policiamento em Salvador, para cercar a Assembleia Legislativa, ocupada por policiais em greve. "Gastamos 600, 700 homens para a Assembleia. Temos que observar que tivemos um crescimento proporcional (da violência) em relação ao que já tínhamos."

As considerações foram colocadas em entrevista coletiva para divulgar o balanço da greve, que durou 12 dias e deixou pelo menos 180 mortes, de acordo com as estimativas oficiais. Segundo a Secretaria de Turismo, não houve nenhum cancelamento de pacote turístico no setor de hotelaria, mas os restaurantes, bares e casas de entretenimento tiveram perdas e devem ter o benefício de parcelamento de tributos.

Wagner declarou ter ficado "doído" com o que se passou e disse ainda que o sofrimento imposto à população foi "desnecessário". Ele declarou que o Comando da Polícia Militar deve "atuar internamente" para evitar que a situação ocorra de novo no futuro. Ele negou que haja perspectiva de troca de comando na corporação, como era especulado. "Estou satisfeito (com o fim da greve). Feliz não dá para ficar", disse.

A greve

A greve dos policiais militares da Bahia teve início na noite de 31 de janeiro, quando os grevistas acamparam em frente à Assembleia Legislativa em Salvador e posteriormente ocuparam o prédio. Cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência na capital e região metropolitana, dobrando o número de homicídios em comparação ao mesmo período do ano passado. Além de provocar o cancelamento de shows e eventos, a ausência de policiamento nas ruas também motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas.

A paralisação, que terminou 12 dias depois, servia para reivindicar a criação de um plano de carreira para a categoria, além do pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos.

O Executivo estadual solicitou o apoio do governo federal para reforçar a segurança. Cerca de 3 mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foram enviados a Salvador. Dois dias após o início da greve, a Justiça baiana concedeu uma liminar decretando sua ilegalidade e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) suspendesse o movimento. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos, sendo que quatro foram cumpridos.

Em 9 de fevereiro, Marco Prisco, um dos líderes do movimento grevista, foi um dos presos, após a desocupação do prédio da Assembleia. A decisão ocorreu um dia depois da divulgação de gravações telefônicas que mostravam chefes da paralisação planejando ações de vandalismo na capital baiana. Um dos trechos mostrava Prisco ordenando a um homem que ele bloqueasse uma rodovia federal.

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