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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Noriega: Washington endurecerá postura em relação a Caracas

MÍDIA SEM MÁSCARA

roger-noriega
Reportagem sobre as possíveis atividades do Irã na América Latina mostra gravação na qual a consulesa venezuelana Livia Acosta solicitava a um suposto cyberpirata mexicano as chaves de acesso às instalações nucleares nos Estados Unidos.

O ex-sub-secretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roger Noriega, vaticinou na última sexta-feira um endurecimento da postura de Washington frente à Venezuela, ante o aparecimento de evidências que mostram uma estreita colaboração do governo de Hugo Chávez com o Irã, em atividades que ameaçam a segurança dos Estados Unidos.
Noriega, que tem denunciado insistentemente os riscos da crescente influência do Irã na América Latina, disse a El Nuevo Herald que as evidências, aliadas às pressões exercidas por legisladores norte-americanos, poderiam obrigar a administração de Barack Obama a deixar de lado uma postura que qualificou de passiva e negligente.“Mesmo quando o Departamento de Estado foi negligente ante as atividades do Irã na América Latina, o presidente Obama declarou muito claramente, recentemente, que as ameaças devem ser monitoradas e enfrentadas”, disse Noriega, ao vaticinar a adoção de políticas “mais vigorosas para revelar e neutralizar as ameaças”. Noriega, que disse conhecer detalhes sobre a situação que ainda não foram reveladas, advertiu que as atividades do Irã na América Latina representam uma ameaça grave e que não poderão ser ignoradas pela administração.
LiviaAcosta“Na medida em que o Poder Executivo descubra estes detalhes preocupantes, não vão ter mais alternativas que atuar com força depois de anos de passividade e negligência. Hoje [a adoção de] simples sanções poderiam não ser suficientes para reverter a grande ameaça que fez metástase em anos recentes”, assinalou. As declarações de Noriega produziram-se no momento em que um número maior de legisladores republicanos expressam indignação ante o que consideram como uma postura extremamente branda, adotada pelo Departamento de Estado frente à Venezuela, e mais recentemente, frente às acusações de que a consulesa da Venezuela em Miami, Livia Acosta, possivelmente participou de um complô iraniano contra os Estados Unidos. Essas acusações, formuladas por uma reportagem da cadeia Univisión, foram reforçadas por documentos obtidos por El Nuevo Herald que identificam Acosta como integrante ativa do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN).

Noriega juntou sua voz a estas críticas na sexta-feira
 (30.12.2011) e relatou que altos diplomatas norte-americanos mantiveram uma “reunião cordial” com o alto representante da Venezuela em Washington, Angelo Rivero, para assegurar-lhe que, em que pese o escândalo da consulesa venezuelana, o Departamento de Estado aspira a melhorar a cooperação bilateral com a nação sul-americana. “Nossas fontes na Venezuela asseguram que o diplomata (norte-americano) de mais alto grau responsável na Venezuela, parecia estar mais preocupado com a segurança da consulesa em Miami do que com qualquer dano potencial à segurança dos Estados Unidos”, comentou Noriega.
“O mesmo funcionário, que há meses ofereceu privadamente ajuda médica a Hugo Chávez [que padece de câncer], agora está aconselhando diplomatas venezuelanos sobre como proteger seus espiões em nosso território. Este é um comportamento vergonhoso da parte de um diplomata norte-americano comissionado”, acrescentou. O diplomata disse que os legisladores norte-americanos, encabeçados pela representante Ileana Ros-Lehtinen, estão corretos em exigir a imediata expulsão de Acosta, em vista de seus vínculos com os serviços de inteligência da Venezuela e das evidências de que ela estava possivelmente envolvida em um complô iraniano.
Ahmadinejad-Chavez-Venezuela1A reportagem de Univisión sobre as possíveis atividades do Irã na América Latina mostra uma gravação de Acosta, na qual a consulesa solicitava a um suposto cyberpirata mexicano as chaves de acesso às instalações nucleares nos Estados Unidos. Na gravação, o suposto cyberpirata comenta que forneceu ao Irã as chaves secretas e a localização de cada uma das usinas nucleares dos Estados Unidos, e uma voz atribuída a Acosta expressa: “Deverias me dar isso também (...) para enviá-lo ao presidente, ao chefe da Defesa, melhor, da segurança presidencial, ele é meu amigo”. Os documentos obtidos por El Nuevo Heraldmostram que Acosta e o vice-cônsul, Edgard González Belandria, que dirige a emissão de passaportes no consulado em Miami, estão registrados como integrantes ativos do SEBIN na caixa de poupanças do organismo. O SEBIN substituiu a antiga Direção Geral de Serviços de Inteligência e Prevenção (DISIP).
Segundo a relação de contas, à qual se tem acesso fornecendo a cédula de identidade do usuário, ambos os funcionários tinham montantes acumulados na caixa de poupança criada para os empregados do organismo de segurança. Fontes próximas aos organismos de segurança venezuelanos disseram ter conhecimento de que Acosta é integrante do SEBIN, e assinalaram que ela realizou trabalhos de inteligência para esse organismo quando exercia funções diplomáticas no México. Segundo Noriega, a reação do Departamento de Estado ante estas evidências deixa muito a desejar. “O Congresso não deveria investigar só Acosta. Deveria investigar também o Departamento de Estado e outras agências que fracassaram em proteger os Estados Unidos da perigosa agressão empreendida pelo Irã desde a Venezuela, e desde outros lugares do hemisfério”, expressou.

Tradução: Graça Salgueiro

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