Não demonstre medo diante de seus inimigos. Seja bravo e justo e Deus o amará. Diga sempre a verdade, mesmo que isso o leve à morte. Proteja os mais fracos e seja correto. Assim, você estará em paz com Deus e contigo.
Material essencial
▼
sexta-feira, 25 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
Cuidado, leitores! Os direitos individuais estão sob especulação! E no Supremo Tribunal Federal!
REINALDO AZEVEDO
24/03/2011 às 6:37
Por Reinaldo Azevedo
24/03/2011 às 6:37
Caras e caros, eis um daqueles textos longos, mas essencial para o entendimento que temos, eu e vocês, do mundo. Acho que não vou aborrecê-los.
Algo de muito grave se insinuou ontem no Supremo Tribunal Federal na votação sobre a chamada Lei da Ficha Limpa. Sob o pretexto de se moralizar a vida pública, os direitos individuais acabaram sendo alvos de uma especulação inaceitável. Sob o pretexto de moralizar a vida pública, uma cláusula pétrea da Constituição, que é uma garantia fundamental de todos os brasileiros, foi considerada inimiga da decência. E eu denuncio aqui tais visões distorcidas. O meu parâmetro continua a ser o mesmo: o das sociedades abertas, fundadas nas garantias individuais. O contrário disso é ditadura — nem que seja ditadura de maioria, igualmente repulsiva. Ao caso.
Segundo o Artigo 16 da Constituição Federal, “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. E ponto! A linguagem legal é muitas vezes uma “florida galeota empavesada”, como diria o poeta, gongórica, cheia de brocados. Não é o caso deste artigo. Sua clareza é solar e não apresenta interstícios para vocações interpretativas e devaneios condoreiros! Como a tal lei foi aprovada a menos de um ano da eleição então vindoura, resta evidente que não poderia ter sido aplicada em 2010. Ocorre que ela foi — graças a uma sucessão de absurdos que tomou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que decidiu abraçar o populismo sob o pretexto de abraçar o povo. Por seis votos a cinco, prevaleceu ontem o entendimento de que o Artigo 16 da Constituição impediria a sua aplicação na disputa do ano passado.
Quiseram alguns que se assistiu a uma bela tertúlia jurídica ontem, com um confronto de argumentações sólidas, em que o saber jurídico, ao confrontar leituras distintas, caracterizou-se pelo esmero, pelo cuidado, pela sapiência. Discordo radicalmente! O que se viu foi um confronto entre a Justiça e os justiceiros; entre a argumentação técnica, que apela ao saber jurídico, e certa propensão ou ao apelo à voz rouca das ruas ou, vênia máxima, à ligeireza. O relator do caso foi o ministro Gilmar Mendes, que entendeu que a lei não poderia ter validade em 2010, no que foi seguido por Luiz Fux, Dias Tóffoli, Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e Cezar Peluso. Os ministros Carmen Lúcia, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Ayres Britto e Ellen Gracie votaram contra o relator.
Quem não quer?Quem não quer a moralidade na vida pública? Mas ela só pode ser alcançada dentro da Constituição democraticamente votada. Se admito que um princípio constitucional pode ser violado para fazer uma “justiça” que, de outra sorte, não se faria, então peço ao Mal que se ajoelhe no altar do Bem para lhe prestar reverência. Se hoje, porque somos bons, admitimos que se pode transgredir a lei para pegar os “maus”, um dia os “maus” recorrerão a tal expediente para nos punir — nós, os bons! — sem que possamos nem mesmo protestar, já que uma mesma (a)moralidade nos une, ainda que em campos opostos.
Já basta que o Ficha Limpa jogue na lata do lixo a presunção da inocência sem que tenhamos aberto mão da presunção da inocência; já basta que se ignore o princípio sagrado nos estados de direito da não-retroatividade da lei, embora o princípio da não-retroatividade continue, felizmente, a orientar o nosso direito. Cinco ministros tentaram, nesta quarta, para arremate dos males, fazer letra morta do Artigo 16 da Constituição. Algumas considerações foram apenas ligeiras; outras, no entanto, trazem a semente do mal. Que mal? A visão totalitária de estado. Caso venha a prosperar no STF, estaremos no pior dos mundos.
O auge do desatino, entendo, se deu com uma consideração do ministro Ayres Britto, que atuou em dobradinha com Joaquim Barbosa, como dupla sertaneja — depois do “Sertanejo Universitário”, temos o “Sertanejo Judiciário”. Adiante! Segundo Britto, numa consideração escandalosa, “os direitos individuais têm sido usados para esvaziar outros direitos…” E emendou: “Direitos da cidadania, do trabalho”. Quem é esse ente jurídico, essa tal “cidadania”? Onde ela mora? Tem CPF ou CNPJ? Que diabo é isso, ministro Ayres Britto? Onde se esconde esse sujeito de direito?
A garantia contida no Artigo 16, como bem lembrou Gilmar Mendes, num voto brilhante, impede que maiorias de ocasião possam, sob os pretextos os mais aparentemente louváveis, mudar as regras de modo a se beneficiar. O texto assegura a igualdade na disputa. Não para Britto, que vê aí um conflito entre “direito individual” (qual???) e “direito coletivo”. Ora, o Artigo 16 da Constituição não foi redigido para proteger o sr. Leonídio Egídio Correa Bouças, que recorreu ao Supremo. Trata-se, ao contrário do que sugere o ministro, de uma garantia geral — ou, se ele quiser, “da cidadania”…
A consideração de Britto é infeliz e vem a contrapelo dos fatos. O que está em curso é justamente o contrário: direitos individuais estão sendo escancaradamente violados em nome dos tais “direitos da cidadania”. Querem um exemplo? Quando um estudante classificado num exame vestibular perde a sua vaga para um cotista, por exemplo, quem está sendo “esvaziado”? A resposta é óbvia: o direito individual!
Estados fascistas e socialistasSó os estados totalitários vêem os direitos individuais como adversários dos direitos coletivos. O filósofo Giovanni Gentile resumiu a essência do fascismo: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”. No socialismo, poder-se-ia trocar “estado” por “partido”. O objetivo virtuoso de um estado, numa democracia, deve ser garantir os direitos de todos garantindo o direito de cada um. Quantos crimes já se cometeram em nome da coletividade!!!
O bárbaro BarbosaBritto vinha no embalo de Joaquim Barbosa, que não havia economizado no absurdo. Sem contestar uma linha daqueles que o antecederam, resolveu resumir a questão a uma luta entre o Bem e o Mal — escolhendo, a meu ver, o Mal, mas ele estava convicto de estar fazendo o contrário. Segundo disse, tratava-se de optar entre dois primados da Constituição: o do Artigo 16 (logo, Barbosa admite que a Carta impedia a aplicação da lei em 2010!!!) e a defesa da moralidade na vida pública. Depreende-se, assim, de tão douta argumentação que o Artigo 16 concorra para a imoralidade, certo? Pode-se até avançar um pouco mais: se é assim, aqueles que a ele recorrerem para fundamentar o seu voto estarão compactuado coma lambança.
Eis uma consideração, lamento dizer, não muito inteligente, já que a contradição apontada por ele não existe, e também um tanto ofensiva com seus pares. Barbosa tem certa dificuldade de argumentar sem que pareça que ele fala em nome da justiça, e os outros, da injustiça. Não o assiste aquele decoro básico de elogiar o voto contrário ao seu para abrir divergência. Nunca! Fica sempre uma sugestão de que está combatendo a má fé. Vamos ver: com que então a Constituição brasileira abriga um artigo que não pode freqüentar casas de família? Não dá!
Direito, vela e defunto
Ellen Gracie, sempre tão sóbria, parecia estar com pressa ontem. Referindo-se aos votos de Mendes e de Fux, que elogiou, mandou ver: “Gasta-se boa vela com mau defunto”. Entendi que o mau defunto era o brasileiro que usava o seu direito de recorrer à Justiça, pouco importando as suas qualidades morais, não é? Eis aí, ministro Britto, um “direito da cidadania” que só faz sentido se for uma direito individual. Não! Isso não é argumentação jurídica. Isso nem mais é uma metáfora a esta altura, mas um mero clichê esvaziado de sentido. A fala avilta um tantinho o debate.
Ellen Gracie, sempre tão sóbria, parecia estar com pressa ontem. Referindo-se aos votos de Mendes e de Fux, que elogiou, mandou ver: “Gasta-se boa vela com mau defunto”. Entendi que o mau defunto era o brasileiro que usava o seu direito de recorrer à Justiça, pouco importando as suas qualidades morais, não é? Eis aí, ministro Britto, um “direito da cidadania” que só faz sentido se for uma direito individual. Não! Isso não é argumentação jurídica. Isso nem mais é uma metáfora a esta altura, mas um mero clichê esvaziado de sentido. A fala avilta um tantinho o debate.
LewandowskiO ministro Lewandowski, também presidente do TSE, tem uma trajetória curiosa nessa história. Era crítico do Ficha Limpa. No dia 21 de maio do ano passado, considerava: “A lei só pode retroagir para beneficiar alguém, nunca pode prejudicar”. À medida, parece, que o texto caiu nas graças da imprensa, foi se tornando seu defensor radical…
Caminhando para o encerramentoEscrevi, creio, quase uma centena de textos sobre o Ficha Limpa. Eu e vocês sabemos o quanto apanhei por isso — até de alguns leitores habituais do blog. A minha questão foi sempre a mesma: não se faz uma democracia sem respeitar as instituições. Não será a bandidagem a decidir se a Carta vale ou não no país. Mais do que isso: sempre alertei, e gostei de ver o ministro Fux fazer o mesmo hoje — já critiquei aqui algumas manifestações suas —, que o vírus da transgressão à Constituição contamina as liberdades individuais.
Nesta quarta, o ministro Ayres Britto provou com sobras a minha tese. Ele acredita que, no Brasil, ‘direitos individuais têm sido usados para esvaziar outros direitos da cidadania”. Bem, queridos, nós somos aquela gente esquisita que acredita que, fora dos direitos individuais, não há salvação para a democracia. Na verdade, nós acreditamos que, fora dos direitos individuais, não há nem mesmo democracia.
A arte de praticar esgrima com um muro. Ou um jornalista "politicamente correto" ficando bravinho com alguém que está dentro da realidade.
MILÊNIO
seg, 21/03/11 por Equipe Milênio
seg, 21/03/11 por Equipe Milênio
Walter Wililams parece um jogador de basquete aposentado. Anda com um pouco de dificuldade por causa de uma fratura que sofreu na tíbia há algum tempo. Às vezes, o corpo de quase dois metros de altura parece ficar sem equilibrio, mas a cabeça dele, aos 74 anos, não perdeu nada em agilidade.
Trabalha numa sala confortavel, saudavelmente desorganizada. Em cima de uma estante, a foto com um amigo, Clarence Thomas, o único negro na atual Suprema Corte americana, um juiz que há anos permanece praticamente mudo durante a apresentação de casos.
Williams é um conservador convicto. Acha que pessoas, grupos, países inteiros, têm sucesso exatamente quando enfrentam os maiores obstáculos. A impressão que me deu foi a de que ele defende isso de forma simplista. Sabe que, para populacões inteiras, os obstáculos são desleais ou criminosos. Povos indígenas, no passado e no presente, judeus na Alemanha nazista, ciganos no mundo inteiro, negros nas Américas, árabes na Europa, xiitas entre sunitas, sunitas entre hindus… não faltam exemplos.
A entrevista foi intensa, não simpática. Walter Williams é sólido. Mas como um muro, depois de construído, não muda.
por Luis Fernando Silva Pinto
GENIAL, GAROTO. PARABÉNS!!! VOU PEGAR EMPRESTADAS ALGUMAS DAS PALAVRAS DO INTERNAUTA: VOCÊ É UM HOMEM, EU TE RESPEITO E TE CUMPRIMENTO.
PARABÉNS CASEY!!!
FINALMENTE UM MACHO EM AÇÃO.
quarta-feira, 23 de março de 2011
“O papa está certo”
REVISTA GALILEU
Bento XVI disse que distribuição de preservativos não iria frear a epidemia de AIDS do continente africano. Edward Green concorda.
por Edward Greendiretor do Projeto de Pesquisa e Prevenção da Aids da Escola de Saúde Pública de Harvard
Bento XVI disse que distribuição de preservativos não iria frear a epidemia de AIDS do continente africano. Edward Green concorda.
por Edward Greendiretor do Projeto de Pesquisa e Prevenção da Aids da Escola de Saúde Pública de HarvardQuando Bento XVI afirmou que a distribuição de camisinhas não resolveria o problema da Aids , muitos disseram que ele estava errado. As evidências mostram o contrário. Estudos importantes, como pesquisas demográficas e de saúde, não conseguiram encontrar uma associação entre uma maior disponibilidade ou o uso de preservativos e menores taxas de infecção pelo HIV na África.
Na prática, os preservativos mostraram não ser a melhor política para conter a Aids. As camisinhas não têm funcionado para frear a epidemia que se abate sobre o continente africano. Por mais católico que possa soar, a melhor política para epidemias generalizadas consiste em promover a fidelidade e a monogamia. O que vemos como resultado é uma redução do número de parceiros. O que também tem funcionado e deve se promover é a circuncisão masculina, que comprovadamente reduz as chances de contágio.
Um exemplo claro é o que aconteceu em Uganda. O país promoveu a política ABC, sigla em inglês para abstinência, fidelidade ou camisinha. A população contaminada com o HIV foi reduzida em 66%. No entanto, o governo sofreu grande pressão para seguir a linha de prevenção de outros países. Como resultado, Uganda deixou a ênfase na redução do número de parceiros e passou a adotar a fórmula batida de preservativos + testes + remédios. Nos últimos anos, os índices de contaminação voltaram a aumentar.
Na prática, os preservativos mostraram não ser a melhor política para conter a Aids. As camisinhas não têm funcionado para frear a epidemia que se abate sobre o continente africano. Por mais católico que possa soar, a melhor política para epidemias generalizadas consiste em promover a fidelidade e a monogamia. O que vemos como resultado é uma redução do número de parceiros. O que também tem funcionado e deve se promover é a circuncisão masculina, que comprovadamente reduz as chances de contágio.
Um exemplo claro é o que aconteceu em Uganda. O país promoveu a política ABC, sigla em inglês para abstinência, fidelidade ou camisinha. A população contaminada com o HIV foi reduzida em 66%. No entanto, o governo sofreu grande pressão para seguir a linha de prevenção de outros países. Como resultado, Uganda deixou a ênfase na redução do número de parceiros e passou a adotar a fórmula batida de preservativos + testes + remédios. Nos últimos anos, os índices de contaminação voltaram a aumentar.
O Brasil está em uma situação diferente, com uma chamada "epidemia concentrada". Preservativos têm mais chances de sucesso em lugares assim. No entanto, ainda faltam programas que desencorajem sexo casual ou com prostitutas e múltiplos parceiros.
De maneira geral, a imprensa foi bastante irresponsável ao criticar o papa. E não culpo o público por estar confuso. Não seria errado pensar que muitos líderes e parte da mídia que "crucificaram" o papa deveriam checar antes os dados científicos mais recentes.
Logo, logo, as provas passarão a ser tão contundentes que a maioria dos mitos sobre a Aids serão destruídos. Assim, poderemos começar a implementar programas de prevenção com base em evidências científicas. Com ou sem a bênção do papa.
De maneira geral, a imprensa foi bastante irresponsável ao criticar o papa. E não culpo o público por estar confuso. Não seria errado pensar que muitos líderes e parte da mídia que "crucificaram" o papa deveriam checar antes os dados científicos mais recentes.
Logo, logo, as provas passarão a ser tão contundentes que a maioria dos mitos sobre a Aids serão destruídos. Assim, poderemos começar a implementar programas de prevenção com base em evidências científicas. Com ou sem a bênção do papa.
Blogueiro Ricardo Gama é baleado no Rio
FOLHA
23/03/2011 - 16h59
Cavaleiro: vão ter que arrumar muitas balas para matar todos os blogueiros, seus MALDITOS!
23/03/2011 - 16h59
Cavaleiro: vão ter que arrumar muitas balas para matar todos os blogueiros, seus MALDITOS!
O blogueiro Ricardo Gama, conhecido por suas críticas aos governos Sérgio Cabral e Eduardo Paes, foi baleado na manhã desta quarta-feira, em Copacabana (zona sul do Rio). Ele foi internado no hospital Copa D'Or, onde passará por uma série de exames para determinar a necessidade de cirurgia.
Segundo a Polícia Militar, Gama levou dois tiros no rosto e um no tórax, disparados por um homem que o abordou em um carro prata.
Além de críticas aos governantes do Estado e da cidade do Rio, Gama também escreve, em seu blog, contra supostas irregularidades da própria polícia, não só no Rio de Janeiro, como em outros Estados.
Gama conseguiu repercussão para o seu blog no ano passado, quando divulgou o vídeo em que um jovem era chamado de 'otário' por Cabral durante a inauguração de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
terça-feira, 22 de março de 2011
Os Senhores da Guerra
BLOG DO MR. X
domingo, 20 de março de 2011
Prometi a mim mesmo não blogar até segunda, mas o bombardeio da Líbia por forças americanas, francesas e britânicas me intriga e me perturba.
Obama, que tanto prometia ser o "presidente da paz", conseguiu deixar os EUA envolvidos em três conflitos ao mesmo tempo, um recorde: além das tropas que ainda estão no Iraque e no Afeganistão, agora interfere na Líbia.
Minha pergunta é: se era para bombardear algum país, então por que não o Irã? São eles que mais massacraram seu próprio povo (após a fraude eleitoral do ano passado); são eles que estão desenvolvendo armas nucleares; são eles os que recentemente mataram soldados americanos e seqüestraram soldados britânicos, são eles os que mais apoiam o terrorismo internacional. Ou por que não a Arábia Saudita? (Bem, nesse caso já sabemos por que não).
A Líbia? Sim, Kadafi não é flor que se cheire, mas tampouco representa uma grande ameaça internacional. Promoveu atentados nos anos 80 e 90, mas nas últimas décadas estava até quietinho. Pode até estar matando rebeldes em seu próprio país, mas e daí? No mundo pós-Guerra Fria, devem os países mais poderosos intervir em todos os conflitos ao redor do globo? No Sudão, houve matanças muito piores, mas nenhum país ocidental interveio (e olha que há petróleo também por lá). Na escaramuça entre Rússia e Georgia, ninguém foi maluco de se meter.
Sempre desconfio quando dizem que "a razão de tudo é o petróleo", mas neste caso talvez seja mesmo. Em tempos de crise, acreditar que há países que se mexem exclusivamente por "razões humanitárias" é algo que não é muito engolido pelo cínico que estou me tornando ultimamente. A zona ocupada pelos rebeldes, curiosamente, é a parte do país onde tem mais poços de petróleo.
E, no entanto, essa explicação tampouco me convence. De que forma o acesso ao petróleo ficaria mais fácil com os rebeldes no comando? Isso sem falar que, com a guerra, o preço tende a aumentar, o que beneficia ditadores e fundamentalistas árabes e não aos países ocidentais importadores.
O objetivo da ação militar parece ser apenas a de promover uma "zona de exclusão aérea" na parte ocupada pelos rebeldes. Isto é, evitar que eles sejam bombardeados por Kadafi. Ao mesmo tempo, segundo os últimos comunicados, as forças da coalizão não pretendem atacar diretamente Kadafi. Ou seja: estão organizando um "empate". Nem Kadafi vence, nem os rebeldes. A situação pode se alastrar por anos a fio. Quem sabe vire um novo conflito Israel-palestinos, que só existe mesmo porque idiotas de fora insistem em manter um inexistente "processo de paz".
Por falar nisso, quem são os "rebeldes" líbios? Procuro informações a respeito, e não acho. Provavelmente são tão ruins ou piores do que o Kadafi. Não entendo por que EUA, França e Inglaterra apoiam um grupo de pessoas que, claramente, seria ingenuidade acreditar que sejam democratas à maneira ocidental.
E os franceses? Por que os franceses, ou ao menos o Sarkozy, estão tão ansiosos em bombardear o Kadafi? Será que é por isto? Ou tem algo a ver com isto?
Como é que Obama conseguiu ordenar o uso de força militar sem pedir autorização ao Congresso americano? (Lembrem que esta foi necessária para invadir o Iraque, e demorou vários meses). Será que a autorização só é necessária quando soldados entram de fato no país?
Demasiadas perguntas, poucas respostas. Se me perguntarem se sou a favor dessa nova ação militar, digo que não. (Ainda que isso pareça me colocar do lado da esquerda chavista.) É que parece-me um desperdício de dinheiro, de tempo e de vidas, no momento mais equivocado possível. Mas deve haver muita coisa por trás de tudo isso que ainda não sabemos, ou ao menos que eu não sei.
Se alguém souber, me avise.
domingo, 20 de março de 2011
Prometi a mim mesmo não blogar até segunda, mas o bombardeio da Líbia por forças americanas, francesas e britânicas me intriga e me perturba.
Obama, que tanto prometia ser o "presidente da paz", conseguiu deixar os EUA envolvidos em três conflitos ao mesmo tempo, um recorde: além das tropas que ainda estão no Iraque e no Afeganistão, agora interfere na Líbia.
Minha pergunta é: se era para bombardear algum país, então por que não o Irã? São eles que mais massacraram seu próprio povo (após a fraude eleitoral do ano passado); são eles que estão desenvolvendo armas nucleares; são eles os que recentemente mataram soldados americanos e seqüestraram soldados britânicos, são eles os que mais apoiam o terrorismo internacional. Ou por que não a Arábia Saudita? (Bem, nesse caso já sabemos por que não).
A Líbia? Sim, Kadafi não é flor que se cheire, mas tampouco representa uma grande ameaça internacional. Promoveu atentados nos anos 80 e 90, mas nas últimas décadas estava até quietinho. Pode até estar matando rebeldes em seu próprio país, mas e daí? No mundo pós-Guerra Fria, devem os países mais poderosos intervir em todos os conflitos ao redor do globo? No Sudão, houve matanças muito piores, mas nenhum país ocidental interveio (e olha que há petróleo também por lá). Na escaramuça entre Rússia e Georgia, ninguém foi maluco de se meter.
Sempre desconfio quando dizem que "a razão de tudo é o petróleo", mas neste caso talvez seja mesmo. Em tempos de crise, acreditar que há países que se mexem exclusivamente por "razões humanitárias" é algo que não é muito engolido pelo cínico que estou me tornando ultimamente. A zona ocupada pelos rebeldes, curiosamente, é a parte do país onde tem mais poços de petróleo.
E, no entanto, essa explicação tampouco me convence. De que forma o acesso ao petróleo ficaria mais fácil com os rebeldes no comando? Isso sem falar que, com a guerra, o preço tende a aumentar, o que beneficia ditadores e fundamentalistas árabes e não aos países ocidentais importadores.
O objetivo da ação militar parece ser apenas a de promover uma "zona de exclusão aérea" na parte ocupada pelos rebeldes. Isto é, evitar que eles sejam bombardeados por Kadafi. Ao mesmo tempo, segundo os últimos comunicados, as forças da coalizão não pretendem atacar diretamente Kadafi. Ou seja: estão organizando um "empate". Nem Kadafi vence, nem os rebeldes. A situação pode se alastrar por anos a fio. Quem sabe vire um novo conflito Israel-palestinos, que só existe mesmo porque idiotas de fora insistem em manter um inexistente "processo de paz".
Por falar nisso, quem são os "rebeldes" líbios? Procuro informações a respeito, e não acho. Provavelmente são tão ruins ou piores do que o Kadafi. Não entendo por que EUA, França e Inglaterra apoiam um grupo de pessoas que, claramente, seria ingenuidade acreditar que sejam democratas à maneira ocidental.
E os franceses? Por que os franceses, ou ao menos o Sarkozy, estão tão ansiosos em bombardear o Kadafi? Será que é por isto? Ou tem algo a ver com isto?
Como é que Obama conseguiu ordenar o uso de força militar sem pedir autorização ao Congresso americano? (Lembrem que esta foi necessária para invadir o Iraque, e demorou vários meses). Será que a autorização só é necessária quando soldados entram de fato no país?
Demasiadas perguntas, poucas respostas. Se me perguntarem se sou a favor dessa nova ação militar, digo que não. (Ainda que isso pareça me colocar do lado da esquerda chavista.) É que parece-me um desperdício de dinheiro, de tempo e de vidas, no momento mais equivocado possível. Mas deve haver muita coisa por trás de tudo isso que ainda não sabemos, ou ao menos que eu não sei.
Se alguém souber, me avise.
Esperemos que as famosas guarda-costas de Kadaffi não sejam atingidas.
ENCRUZILHADA
VIVERDENOVO
SEGUNDA-FEIRA, 21 DE MARÇO DE 2011
Por Arlindo Montenegro
A palavra de ordem surge de repente como um vendaval açoitando todas as nações , como se uma idéia iluminada assaltasse ao mesmo tempo todos os quadrantes deste mundinho metido a besta: nada de religião! Vamos proibir a exposição dos símbolos religiosos e fica liberado matar cristãos, invadir igrejas, sinagogas e varrer da vida esta presença que que fomenta a liberdade e a ética e impede a expansão do poder do estado.
Assim como a pessoa limita seus movimentos em respeito à outra, cabe ao estado limitar seus movimentos agressivos contra as idéias universais, pedras fundamentais da construção de civilizações, movimentos deliberados para o convívio, as trocas, os encontros, os melhores exemplos e acordos para o enlace entre culturas que se desenvolvem em biomas distintos, que trabalham sobre carências diferentes, que celebram de modo particular.
A voz jurídica da Comunidade Européia, decidiu no dia 18 de Março, através de sentença do Grande Tribunal de Direitos Humanos de Estrasburgo, que: "a decisão sobre a presença de crucifixos nas salas de aula das escolas públicas, por princípio está abaixo da margem de decisão dos Estados... mais ainda quando a escola pública está aberta para todas as religiões e convicções filosóficas (as alunas muçulmanas podem usar o véu que tem conotação religiosa)...
A sentença afirma ainda que, em matéria educativa a intervenção do Estado deve considerar os direitos dos pais e o consenso cultural... vai por aí a sentença fundamentada num exercídio de reflexão, que parece desconhecido e muito difícil para os que formam a opinião pública dos nossos países "em desenvolvimento".
O Tribunal dos Direitos Humanos Europeu conclui que os demandantes contrários à presença de símbolos religiosos, não puderam provar que a escola – ré do processo – tenha sido intolerante com os alunos não crentes ou agnósticos e que não estão presentes tendências proselitistas ou atuação tendenciosa por parte dos professores.
Entre nós é tudo às avessas: é o mesmo estado, através do Ministério da Educação e Cultura, quem impõe aos professores as práticas proselitistas e tendenciosas, a intolerância e a desconstrução da história, dos valores e da cultura religiosa que caracteriza a formação desta nação onde os critérios econômicos imperam contra o homem.
Aqui se trabalha e se produz para o bem estar das nações "desenvolvidas" e para manter a ignorância a serviço dos que dirigem o estado, cujos políticos sucessores das capitanias hereditárias, abriram mão da construção de um estado independente e tudo fazem a cada dia, para isolar e calar quem ainda pense em soberania.
Estudamos o código genético, a fusão nuclear, mostramos a capacidade para ver estrelas e identificar riquezas nas profundidades da terra e das águas; somos capazes de pagar com nosso trabalho os juros de uma dívida terrível, que sabemos ser originária de fraudes, roubos e imposições externas, mas somos incapazes de orientar nossa gente e instituir os meios de subsistência, moradia, saúde e educação.
Apreciamos as guerras, as perseguições políticas, a fome, o genocídio, as catástrofes provocada pelo consumismo e políticas energéticas que privilegiam o petróleo e nossos representantes abraçam os mais cruéis ditadores, como se nada disto nos afetasse. Continuamos falando em sexo, carnaval, futebol e capoeira como se fossem soluções para os males que sufocam as pessoas.
Parece que a autodestruição é o cerne destas políticas. Ou a rendição incondicional aos banqueiros e megaempresas que impõem um governo mundial em que as nações descaracterizadas como tal e sem personalidade propria, sejam submetidas a um governo sem face. Estamos na encruzilhada sem saber que caminho escolher.
Pessoalmente, no seio da família, no convivio social ou na igreja, já se reduziu a capacidade de escolher entre o melhor ou o pior. E esta é a encruzilhada da nossa civilização: a escolha entre o fortalecimento do espírito ou a rendição ao hedonismo. A escolha entre destruir-nos ou agir como individualidades pensantes e capazes de reter o bom e o bem. E capazes de descartar o que não interessa, o estado totalitário.
SEGUNDA-FEIRA, 21 DE MARÇO DE 2011
Por Arlindo Montenegro
A palavra de ordem surge de repente como um vendaval açoitando todas as nações , como se uma idéia iluminada assaltasse ao mesmo tempo todos os quadrantes deste mundinho metido a besta: nada de religião! Vamos proibir a exposição dos símbolos religiosos e fica liberado matar cristãos, invadir igrejas, sinagogas e varrer da vida esta presença que que fomenta a liberdade e a ética e impede a expansão do poder do estado.
Assim como a pessoa limita seus movimentos em respeito à outra, cabe ao estado limitar seus movimentos agressivos contra as idéias universais, pedras fundamentais da construção de civilizações, movimentos deliberados para o convívio, as trocas, os encontros, os melhores exemplos e acordos para o enlace entre culturas que se desenvolvem em biomas distintos, que trabalham sobre carências diferentes, que celebram de modo particular.
A voz jurídica da Comunidade Européia, decidiu no dia 18 de Março, através de sentença do Grande Tribunal de Direitos Humanos de Estrasburgo, que: "a decisão sobre a presença de crucifixos nas salas de aula das escolas públicas, por princípio está abaixo da margem de decisão dos Estados... mais ainda quando a escola pública está aberta para todas as religiões e convicções filosóficas (as alunas muçulmanas podem usar o véu que tem conotação religiosa)...
A sentença afirma ainda que, em matéria educativa a intervenção do Estado deve considerar os direitos dos pais e o consenso cultural... vai por aí a sentença fundamentada num exercídio de reflexão, que parece desconhecido e muito difícil para os que formam a opinião pública dos nossos países "em desenvolvimento".
O Tribunal dos Direitos Humanos Europeu conclui que os demandantes contrários à presença de símbolos religiosos, não puderam provar que a escola – ré do processo – tenha sido intolerante com os alunos não crentes ou agnósticos e que não estão presentes tendências proselitistas ou atuação tendenciosa por parte dos professores.
Entre nós é tudo às avessas: é o mesmo estado, através do Ministério da Educação e Cultura, quem impõe aos professores as práticas proselitistas e tendenciosas, a intolerância e a desconstrução da história, dos valores e da cultura religiosa que caracteriza a formação desta nação onde os critérios econômicos imperam contra o homem.
Aqui se trabalha e se produz para o bem estar das nações "desenvolvidas" e para manter a ignorância a serviço dos que dirigem o estado, cujos políticos sucessores das capitanias hereditárias, abriram mão da construção de um estado independente e tudo fazem a cada dia, para isolar e calar quem ainda pense em soberania.
Estudamos o código genético, a fusão nuclear, mostramos a capacidade para ver estrelas e identificar riquezas nas profundidades da terra e das águas; somos capazes de pagar com nosso trabalho os juros de uma dívida terrível, que sabemos ser originária de fraudes, roubos e imposições externas, mas somos incapazes de orientar nossa gente e instituir os meios de subsistência, moradia, saúde e educação.
Apreciamos as guerras, as perseguições políticas, a fome, o genocídio, as catástrofes provocada pelo consumismo e políticas energéticas que privilegiam o petróleo e nossos representantes abraçam os mais cruéis ditadores, como se nada disto nos afetasse. Continuamos falando em sexo, carnaval, futebol e capoeira como se fossem soluções para os males que sufocam as pessoas.
Parece que a autodestruição é o cerne destas políticas. Ou a rendição incondicional aos banqueiros e megaempresas que impõem um governo mundial em que as nações descaracterizadas como tal e sem personalidade propria, sejam submetidas a um governo sem face. Estamos na encruzilhada sem saber que caminho escolher.
Pessoalmente, no seio da família, no convivio social ou na igreja, já se reduziu a capacidade de escolher entre o melhor ou o pior. E esta é a encruzilhada da nossa civilização: a escolha entre o fortalecimento do espírito ou a rendição ao hedonismo. A escolha entre destruir-nos ou agir como individualidades pensantes e capazes de reter o bom e o bem. E capazes de descartar o que não interessa, o estado totalitário.
O que é o nacionalismo americano?
MÍDIA SEM MÁSCARA
OLAVO DE CARVALHO | 22 MARÇO 2011
Um leitor, Márcio Ricardo, do Rio de Janeiro, envia-me a seguinte pergunta: "O que é o nacionalismo americano? Por que canais se expressa? Que grande resistência pode oferecer aos que detêm (se é que detêm) o poder pelo dinheiro, como os integrantes do Grupo Bilderberg?"
Meu amigo, você fez a pergunta certa. Esse é provavelmente o assunto mais urgente a ser estudado por quem deseje compreender o quadro político do mundo e fazer previsões razoáveis. É também, por desgraça, o aspecto mais ignorado fora dos EUA, o que torna a maior parte das análises de política internacional - sobretudo as brasileiras - um extenuante campeonato de erros.
Por isso mesmo não hesitarei em dedicar à sua pergunta mais de um artigo, se necessário, sem prejuízo do possível aproveitamento deles como rascunhos para o debate em andamento com o prof. Alexandre Duguin.
Vamos lá. No que diz respeito ao conteúdo ideológico geral, o nacionalismo americano é em essência um conservadorismo, empenhado em manter viva a tradição constitucional e o legado dos Founding Fathers. Isso quer dizer que a Constituição, na perspectiva nacional-conservadora, deve ser interpretada segundo a intenção de seus autores, não deformada por arranjos posteriores que, a pretexto de fazer dela "um documento vivo" (expressão de Al Gore), tratam logo de sepultá-la.
A ideologia dos fundadores da República Americana foi uma síntese originalíssima que harmonizava as reivindicações práticas do Iluminismo com as exigências e princípios do cristianismo bíblico. A explícita inspiração cristã da Constituição e das leis americanas foi tão bem documentada nas mil páginas do livro clássico de Benjamin F. Morris, The Christian Life and Character of the Civil Institutions of the United States (1864), que qualquer tentativa de questioná-la ou relativizá-la é coisa de evidente má-fé.
"Nossa Constituição - afirmou o segundo presidente americano, John Adams - foi feita somente para um povo moral e religioso. Ela é totalmente inadequada para o governo de qualquer outro povo."
Os americanos são o único povo, em todo o universo, governado por uma Constituição cristã, que ademais tem consciência disso e que continua vendo aí uma das fontes principais de inspiração para suas lutas, ao ponto de que mesmo os políticos hostis ou indiferentes ao cristianismo se vêem forçados a fazer-se de cristãos para não perder votos (Barack Obama, anticristão e pró-muçulmano, submeteu-se a essa ginástica só até o dia da eleição; tão logo se sentiu seguro no cargo deixou de frequentar os cultos dominicais, mesmo os da Black Liberation Theology).
Isso já basta para demonstrar o quanto é falsa a opinião do Prof. Duguin, segundo a qual o iluminismo materialista e individualista defendido por Sir Karl Popper em The Open Society and Its Enemies é a ideologia dominante dos EUA. Como poderiam dois séculos de constitucionalismo cristão ser apagados da noite para o dia pelo livro que um austríaco publicou em Londres em 1945, e que, em número de exemplares vendidos na América, nunca foi páreo nem sequer para os discursos de Billy Graham, quanto mais para os de George Washington, Thomas Jefferson e John Adams, para não falar da Bíblia do Rei James?
De fato o popperismo é, sim, a ideologia dominante da elite globalista, mas a prova de que esta não representa a população americana nem as tradições do Estado americano é que só consegue - quando consegue - impor suas políticas camuflando-as muito bem na linguagem tradicional do nacionalismo conservador (Lyndon Johnson foi um artista nisso; Barack Obama só mostrou algum talento nessa prática durante a campanha eleitoral; depois de eleito cometeu gafe atrás de gafe e se revelou).
Se ao observador estrangeiro a visão duguiniana do americanismo parece verossímil é por uma razão que já mencionei mil vezes: o nacionalismo conservador é ainda a opinião majoritária entre os americanos, mas só tem público dentro dos EUA e nenhuma projeção na mídia internacional, amplamente dominada pela elite globalista e seus sócios na Europa e na América Latina.
Quem quiser tirar a coisa a limpo, que venha aqui e acompanhe o debate político interno: a força do nacionalismo conservador é tanta que já consegue até estourar as manobras com que os globalistas vinham sutilmente, desde os anos 50, infiltrando gente sua no Partido Republicano, nominalmente a fortaleza dos conservadores.
Chicoteado pelo movimento do Tea Party, o GOP ("Grand Old Party") está em discreto mas efetivo ritual de autodepuração, e quanto mais se livra de traidores e vendidos, melhor o seu desempenho nas eleições. Em breve voltarei ao assunto.
OLAVO DE CARVALHO | 22 MARÇO 2011
ARTIGOS - CONSERVADORISMO
A ideologia dos fundadores da República Americana foi uma síntese originalíssima que harmonizava as reivindicações práticas do Iluminismo com as exigências e princípios do cristianismo bíblico.
Meu amigo, você fez a pergunta certa. Esse é provavelmente o assunto mais urgente a ser estudado por quem deseje compreender o quadro político do mundo e fazer previsões razoáveis. É também, por desgraça, o aspecto mais ignorado fora dos EUA, o que torna a maior parte das análises de política internacional - sobretudo as brasileiras - um extenuante campeonato de erros.
Por isso mesmo não hesitarei em dedicar à sua pergunta mais de um artigo, se necessário, sem prejuízo do possível aproveitamento deles como rascunhos para o debate em andamento com o prof. Alexandre Duguin.
Vamos lá. No que diz respeito ao conteúdo ideológico geral, o nacionalismo americano é em essência um conservadorismo, empenhado em manter viva a tradição constitucional e o legado dos Founding Fathers. Isso quer dizer que a Constituição, na perspectiva nacional-conservadora, deve ser interpretada segundo a intenção de seus autores, não deformada por arranjos posteriores que, a pretexto de fazer dela "um documento vivo" (expressão de Al Gore), tratam logo de sepultá-la.
A ideologia dos fundadores da República Americana foi uma síntese originalíssima que harmonizava as reivindicações práticas do Iluminismo com as exigências e princípios do cristianismo bíblico. A explícita inspiração cristã da Constituição e das leis americanas foi tão bem documentada nas mil páginas do livro clássico de Benjamin F. Morris, The Christian Life and Character of the Civil Institutions of the United States (1864), que qualquer tentativa de questioná-la ou relativizá-la é coisa de evidente má-fé.
"Nossa Constituição - afirmou o segundo presidente americano, John Adams - foi feita somente para um povo moral e religioso. Ela é totalmente inadequada para o governo de qualquer outro povo."
Os americanos são o único povo, em todo o universo, governado por uma Constituição cristã, que ademais tem consciência disso e que continua vendo aí uma das fontes principais de inspiração para suas lutas, ao ponto de que mesmo os políticos hostis ou indiferentes ao cristianismo se vêem forçados a fazer-se de cristãos para não perder votos (Barack Obama, anticristão e pró-muçulmano, submeteu-se a essa ginástica só até o dia da eleição; tão logo se sentiu seguro no cargo deixou de frequentar os cultos dominicais, mesmo os da Black Liberation Theology).
Isso já basta para demonstrar o quanto é falsa a opinião do Prof. Duguin, segundo a qual o iluminismo materialista e individualista defendido por Sir Karl Popper em The Open Society and Its Enemies é a ideologia dominante dos EUA. Como poderiam dois séculos de constitucionalismo cristão ser apagados da noite para o dia pelo livro que um austríaco publicou em Londres em 1945, e que, em número de exemplares vendidos na América, nunca foi páreo nem sequer para os discursos de Billy Graham, quanto mais para os de George Washington, Thomas Jefferson e John Adams, para não falar da Bíblia do Rei James?
De fato o popperismo é, sim, a ideologia dominante da elite globalista, mas a prova de que esta não representa a população americana nem as tradições do Estado americano é que só consegue - quando consegue - impor suas políticas camuflando-as muito bem na linguagem tradicional do nacionalismo conservador (Lyndon Johnson foi um artista nisso; Barack Obama só mostrou algum talento nessa prática durante a campanha eleitoral; depois de eleito cometeu gafe atrás de gafe e se revelou).
Se ao observador estrangeiro a visão duguiniana do americanismo parece verossímil é por uma razão que já mencionei mil vezes: o nacionalismo conservador é ainda a opinião majoritária entre os americanos, mas só tem público dentro dos EUA e nenhuma projeção na mídia internacional, amplamente dominada pela elite globalista e seus sócios na Europa e na América Latina.
Quem quiser tirar a coisa a limpo, que venha aqui e acompanhe o debate político interno: a força do nacionalismo conservador é tanta que já consegue até estourar as manobras com que os globalistas vinham sutilmente, desde os anos 50, infiltrando gente sua no Partido Republicano, nominalmente a fortaleza dos conservadores.
Chicoteado pelo movimento do Tea Party, o GOP ("Grand Old Party") está em discreto mas efetivo ritual de autodepuração, e quanto mais se livra de traidores e vendidos, melhor o seu desempenho nas eleições. Em breve voltarei ao assunto.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Sem sinecura não há cultura
BRUNO PONTES
21 DE MARÇO DE 2011
Meu artigo no jornal O Estado
Em entrevista à revista Época durante a temporada de promoção de seu filme Linha de Passe, de 2008, o badalado Walter Salles, aquele apologista de Che Guevara, sintetizou a filosofia dos cineastas brasileiros: cinema não deve lucrar, deve fazer retratos da sociedade. E para ele, filho de banqueiro multimilionário, suas aventuras particulares devem ser bancadas por todos os pagadores de impostos.
Indagado se a anêmica audiência dos filmes nacionais naquele período poderia ser comparada ao marasmo cinematográfico decorrente do fechamento da Embrafilme no governo Collor, Sales deu uma aula de sensibilidade artística que somente as pessoas maravilhosas do terceiro mundo geográfico e mental sustentadas por verba pública têm condições de oferecer:
"Cinema não é sabão em pó. O papel do cinema é gerar uma memória de nós mesmos, um retrato de uma sociedade num dado momento. O problema é que estamos julgando hoje o cinema brasileiro com os instrumentos que são utilizados para avaliar o cinema de mercado norte-americano. É um pouco como comparar o público do McDonald’s com daquele restaurante de bairro, que te propõe uma comida autêntica, de um lugar específico. Então, a pergunta que talvez devêssemos fazer é a seguinte: os filmes brasileiros têm tido sucesso em refletir nossos desejos e contradições?"
Salles e outros tantos não conseguem aceitar o fato de que filmes, assim como picolés, camisas e sabão em pó, dependem da vontade do público. Dói em suas almas de artistas visionários que sua arte não seja prestigiada como imaginam ser merecido. Eles querem é retratar a sociedade usando dinheiro alheio, e aí temos o ciclo: como não precisam se preocupar com retorno financeiro, livram-se da necessidade de oferecer a mínima qualidade que se pague em troca. Os retratos da sociedade morrem na bilheteria, e então pedem mais dinheiro aos ministérios. Em nome da cultura, naturalmente.
A revista também perguntou a Salles quais seriam os motivos para a diminuição do público do cinema nacional. Disse o filho de banqueiro: "Nos países onde existe uma compreensão solidificada de que o cinema é algo necessário para a cristalização de uma identidade nacional, como é entendido por exemplo na França, o cinema vai bem, obrigado. Nos países onde o cinema é abandonado às leis de mercado, as cinematografias nacionais morrem".
A hipótese de que sua arte seja uma porcaria, aliás, é inconcebível aos nossos gênios incompreendidos, que odeiam o livre mercado porque se sabem ignorados naquele momento crucial: quando o espectador tira a carteira do bolso.
E agora, seguindo nossa rica tradição da picaretagem cultural, Maria Bethânia e Andrucha Waddington, pessoas das mais famosas em suas áreas de atuação, se acham no direito de pegar R$ 1,3 milhão do povo para brincar de blog. Poderiam muito bem tocar o projeto "revolucionário" de levar poesia ao povo "em meio a tantos absurdos do mundo moderno" (pfff), como justificam a coisa, sem recorrer ao Estado, juntando dinheiro de empresas privadas que poderiam ser facilmente convencidas a associar suas marcas a essa gente tão linda, bacana e maravilhosa. Mas não. São artistas brasileiros típicos: têm o direito divino a uma sinecura.
21 DE MARÇO DE 2011
Meu artigo no jornal O Estado
Em entrevista à revista Época durante a temporada de promoção de seu filme Linha de Passe, de 2008, o badalado Walter Salles, aquele apologista de Che Guevara, sintetizou a filosofia dos cineastas brasileiros: cinema não deve lucrar, deve fazer retratos da sociedade. E para ele, filho de banqueiro multimilionário, suas aventuras particulares devem ser bancadas por todos os pagadores de impostos.
Indagado se a anêmica audiência dos filmes nacionais naquele período poderia ser comparada ao marasmo cinematográfico decorrente do fechamento da Embrafilme no governo Collor, Sales deu uma aula de sensibilidade artística que somente as pessoas maravilhosas do terceiro mundo geográfico e mental sustentadas por verba pública têm condições de oferecer:
"Cinema não é sabão em pó. O papel do cinema é gerar uma memória de nós mesmos, um retrato de uma sociedade num dado momento. O problema é que estamos julgando hoje o cinema brasileiro com os instrumentos que são utilizados para avaliar o cinema de mercado norte-americano. É um pouco como comparar o público do McDonald’s com daquele restaurante de bairro, que te propõe uma comida autêntica, de um lugar específico. Então, a pergunta que talvez devêssemos fazer é a seguinte: os filmes brasileiros têm tido sucesso em refletir nossos desejos e contradições?"
Salles e outros tantos não conseguem aceitar o fato de que filmes, assim como picolés, camisas e sabão em pó, dependem da vontade do público. Dói em suas almas de artistas visionários que sua arte não seja prestigiada como imaginam ser merecido. Eles querem é retratar a sociedade usando dinheiro alheio, e aí temos o ciclo: como não precisam se preocupar com retorno financeiro, livram-se da necessidade de oferecer a mínima qualidade que se pague em troca. Os retratos da sociedade morrem na bilheteria, e então pedem mais dinheiro aos ministérios. Em nome da cultura, naturalmente.
A revista também perguntou a Salles quais seriam os motivos para a diminuição do público do cinema nacional. Disse o filho de banqueiro: "Nos países onde existe uma compreensão solidificada de que o cinema é algo necessário para a cristalização de uma identidade nacional, como é entendido por exemplo na França, o cinema vai bem, obrigado. Nos países onde o cinema é abandonado às leis de mercado, as cinematografias nacionais morrem".
A hipótese de que sua arte seja uma porcaria, aliás, é inconcebível aos nossos gênios incompreendidos, que odeiam o livre mercado porque se sabem ignorados naquele momento crucial: quando o espectador tira a carteira do bolso.
E agora, seguindo nossa rica tradição da picaretagem cultural, Maria Bethânia e Andrucha Waddington, pessoas das mais famosas em suas áreas de atuação, se acham no direito de pegar R$ 1,3 milhão do povo para brincar de blog. Poderiam muito bem tocar o projeto "revolucionário" de levar poesia ao povo "em meio a tantos absurdos do mundo moderno" (pfff), como justificam a coisa, sem recorrer ao Estado, juntando dinheiro de empresas privadas que poderiam ser facilmente convencidas a associar suas marcas a essa gente tão linda, bacana e maravilhosa. Mas não. São artistas brasileiros típicos: têm o direito divino a uma sinecura.
19 de março de 1964: o dia que as mulheres do Brasil abalaram o Kremlin
VIVERDENOVO
SÁBADO, 19 DE MARÇO DE 2011
No dia 19 de Março de 1964, por iniciativa da neta de Rui Barbosa, as ruas de São Paulo foram tomadas por centenas de milhares de estudantes, donas de casa, operários... pedindo a queda do governo Goulart.
A rádio Voz da América em Washington emitiu vários comentários sobre a inusitada multidão em defesa da democracia. As rádios de Havana, Pequim e Moscou, como era de se esperar, minimizaram o inédito acontecimento, confundindo os ouvintes de ondas curtas e o seu público, ao tratar o fato como uma manifestação popular que pedia reformas políticas no Brasil.
Mulheres em Marcha
SÁBADO, 19 DE MARÇO DE 2011
No dia 19 de Março de 1964, por iniciativa da neta de Rui Barbosa, as ruas de São Paulo foram tomadas por centenas de milhares de estudantes, donas de casa, operários... pedindo a queda do governo Goulart.
Por Orion Alencastro
Em um sinistro prédio de Moscou, o empoeirado depósito dos arquivos da ex-KGB guarda a pasta da informação levada ao conhecimento do primeiro-ministro e secretário do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Nikita Sergeyvitch Khruchtchev: nas primeiras horas do dia 2O de março de l964, vindo do Brasil, era dado a conhecer o pedido da derrubada do governo do Brasil, por milhares de brasileiros.
Aquela informação fôra transmitida através dos telex criptográficos do escritório comercial da Rússia, em São Paulo, e do Consulado da República Democrática Alemã (RDA), pelos agentes secretos russos que, na tarde do dia 19 de março, assistiram impressionados a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, na capital de São Paulo.
A notícia do evento histórico que se espalhou pelo mundo afora dava conta de uma manifestação organizada e pacífica, com a participação de 600 mil pessoas, a maioria mulheres paulistas, além de trabalhadores, religiosos, estudantes, intelectuais, jornalistas, veteranos de guerra, empresários, funcionários públicos e entidades cívicas, maçônicas e de serviços. Vindas do interior e da zona metropolitana, se concentraram em praças centrais, se uniram e ,em coro, marcharam até a praça da Sé, diante da Catedral de São Paulo.
Nas escadarias do templo católico, líderes organizadores da marcha e populares protestaram contra o governo esquerdista da República, denunciando a corrupção, a desordem social dos movimentos grevistas, o desrespeito à propriedade privada e as idéias políticas de ameaça às liberdades e à destruição da democracia no Brasil.
Papa Paulo IV despertou com a boa nova
A Secretaria de Estado do Vaticano, devidamente informada pela nunciatura apostólica em Brasilia, comunicou o fato ao Papa Paulo IV, já bastante preocupado com a penetração ideológica comunista e os rumos incertos da América Latina.
Plano de ação combinado e financiado pela URSS converte-se em trampolim exportador da revolução comunista cubana para toda a América Latina, com apoio de partidos comunistas de todos os países. Projetava-se a URSAL, hoje objeto da ação em leque dos sustentadores do Foro de São Paulo e de presidentes caudilhescos. |
A avaliação dos Serviços Secretos
Serviços de inteligência dos EUA e da Europa estimaram que a manifestação do povo em São Paulo era um sinal de que as pretensões de conduzir o Brasil para a órbita da URSS, seguindo Cuba, seria muito dificil. O clima de resistência ao governo João Goulart, em evolução nos principais centros metropolitanos - Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo - era o prenúncio de que as forças armadas deveriam surpreender e se posicionar em favor do sentimento nacional de repúdio ao governo, pois a imprensa alertava a sociedade e alardeava os riscos políticos contra a democracia.
Luiz Carlos Prestes , o cavaleiro solitário, comunista autêntico, com as convicções de dispor de todas condições objetivas para a tomada do poder no Brasil. Na expectativa de uma reforma constitucional para transformar o país em Republica Sindical Socialista, iludiu Nikita e impressionou a direção do PCUS. Mas, subestimou o carater nacional e a inequívoca fidelidade do Exército e forças armadas à sua Nação. |
As imprensas brasileira e internacional da época registraram em suas páginas os inquietantes fatos conjunturais da política, dando destaque à impressionante manifestação da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, idealizada por uma simples religiosa, irmã Ana de Lurdes, neta do paladino de todas as liberdades, Ruy Barbosa, e que contagiou as mulheres de São Paulo e do país.
"A marcha foi uma reação à baderna que estava tomando conta do país. Não podiamos deixar as coisas continuarem do jeito que estavam, sob o risco de os comunistas tomarem o poder", conforme declaração de Maria Paula Caetano da Silva, fundadora da União Cívica Feminina.
A mulher brasileira derrotou o Kremlin e o PCB
Quando o Kremlin recebeu a informação, o secretário do PCB soviético pôde avaliar com seus colaboradores a dificuldade em conquistar o Brasil, principalmente pela força de mobilização de suas mulheres, da cultura católica e religiosidade do povo brasileiro e das forças armadas eminentemente cristãs.
No dia 10 de janeiro daquele ano, Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi a Moscou atualizar Nikita sobre o desenvolvimento dos planos que conduziriam o seu país para a órbita soviética. Nikita foi informado de que "os comunistas brasileiros estavam conduzindo os setores estratégicos do governo federal e se preparavam para a tomada do poder".
A bem da verdade, Prestes subestimou as possibilidades de reação da sociedade brasileira e avaliou mal o mosaico de poder estruturado com o PCB dentro do Governo João Goulart, inclusive com os generais do povo e a estratégia aliada de Leonel Brizola, Governador do Rio Grande do Sul, cunhado do presidente, tudo com apoio financeiro de Fidel Castro para a sovietização do Brasil.
Projetava-se a República Sindical Socialista do Brasil, fato bastante conotativo com o que se passa no país hoje, sob os ensaios tirânicos do seu presidente, Luiz Inácio da Silva. Em 31 de março de l964, iniciou-se a sucessão de fatos que livraria o país do comunismo e que contribuiu para ruir as pretensões soviéticas na América Latina.
A poderosa URSS se fragmentou na comprovação do tempo de que o comunismo escravagista foi um imperdoável engano contra a liberdade do homem sobre o planeta Terra.
Em decorrência da Marcha da Família com Deus pela Liberdade e para desmistificar a zombaria da esquerda e a sua ação subterrânea inconformada com a vitória da contra-revolução que garantiu a vitória da democracia no Brasil, é saudável avivar o coração e a alma dos brasileiros para se conscientizarem das ameaças da hora presente.