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terça-feira, 22 de março de 2011

ENCRUZILHADA

VIVERDENOVO
SEGUNDA-FEIRA, 21 DE MARÇO DE 2011

Por Arlindo Montenegro

A palavra de ordem surge de repente como um vendaval açoitando todas as nações , como se uma idéia iluminada assaltasse ao mesmo tempo todos os quadrantes deste mundinho metido a besta: nada de religião! Vamos proibir a exposição dos símbolos religiosos e fica liberado matar cristãos, invadir igrejas, sinagogas e varrer da vida esta presença que que fomenta a liberdade e a ética e impede a expansão do poder do estado.

Assim como a pessoa limita seus movimentos em respeito à outra, cabe ao estado limitar seus movimentos agressivos contra as idéias universais, pedras fundamentais da construção de civilizações, movimentos deliberados para o convívio, as trocas, os encontros, os melhores exemplos e acordos para o enlace entre culturas que se desenvolvem em biomas distintos, que trabalham sobre carências diferentes, que celebram de modo particular.

A voz jurídica da Comunidade Européia, decidiu no dia 18 de Março, através de sentença do Grande Tribunal de Direitos Humanos de Estrasburgo, que: "a decisão sobre a presença de crucifixos nas salas de aula das escolas públicas, por princípio está abaixo da margem de decisão dos Estados... mais ainda quando a escola pública está aberta para todas as religiões e convicções filosóficas (as alunas muçulmanas podem usar o véu que tem conotação religiosa)...

A sentença afirma ainda que, em matéria educativa a intervenção do Estado deve considerar os direitos dos pais e o consenso cultural... vai por aí a sentença fundamentada num exercídio de reflexão, que parece desconhecido e muito difícil para os que formam a opinião pública dos nossos países "em desenvolvimento".

O Tribunal dos Direitos Humanos Europeu conclui que os demandantes contrários à presença de símbolos religiosos, não puderam provar que a escola – ré do processo – tenha sido intolerante com os alunos não crentes ou agnósticos e que não estão presentes tendências proselitistas ou atuação tendenciosa por parte dos professores.

Entre nós é tudo às avessas: é o mesmo estado, através do Ministério da Educação e Cultura, quem impõe aos professores as práticas proselitistas e tendenciosas, a intolerância e a desconstrução da história, dos valores e da cultura religiosa que caracteriza a formação desta nação onde os critérios econômicos imperam contra o homem.

Aqui se trabalha e se produz para o bem estar das nações "desenvolvidas" e para manter a ignorância a serviço dos que dirigem o estado, cujos políticos sucessores das capitanias hereditárias, abriram mão da construção de um estado independente e tudo fazem a cada dia, para isolar e calar quem ainda pense em soberania.

Estudamos o código genético, a fusão nuclear, mostramos a capacidade para ver estrelas e identificar riquezas nas profundidades da terra e das águas; somos capazes de pagar com nosso trabalho os juros de uma dívida terrível, que sabemos ser originária de fraudes, roubos e imposições externas, mas somos incapazes de orientar nossa gente e instituir os meios de subsistência, moradia, saúde e educação.

Apreciamos as guerras, as perseguições políticas, a fome, o genocídio, as catástrofes provocada pelo consumismo e políticas energéticas que privilegiam o petróleo e nossos representantes abraçam os mais cruéis ditadores, como se nada disto nos afetasse. Continuamos falando em sexo, carnaval, futebol e capoeira como se fossem soluções para os males que sufocam as pessoas.

Parece que a autodestruição é o cerne destas políticas. Ou a rendição incondicional aos banqueiros e megaempresas que impõem um governo mundial em que as nações descaracterizadas como tal e sem personalidade propria, sejam submetidas a um governo sem face. Estamos na encruzilhada sem saber que caminho escolher.

Pessoalmente, no seio da família, no convivio social ou na igreja, já se reduziu a capacidade de escolher entre o melhor ou o pior. E esta é a encruzilhada da nossa civilização: a escolha entre o fortalecimento do espírito ou a rendição ao hedonismo. A escolha entre destruir-nos ou agir como individualidades pensantes e capazes de reter o bom e o bem. E capazes de descartar o que não interessa, o estado totalitário.

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