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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Putin aposta na reanimação da URSS

NOTÍCIAS DA UCRÂNIA


Ukrainskyi Tyzhden (Semana Ukrainiana) 05.10.2011
Oleksandr Kramar


Putin
Sua futura cadência Vladimir Putin planeja dedicar à restauração do Estado "perdido devido a maior catástrofe geopolítica do século XX" e tentar estabelecer sua hegemonia no continente.

No publicado, em 03 de outubro deste ano, artigo no jornal "Izvestia" "Novo projeto de integração para Eurásia - futuro que nasce hoje", esta meta, supostamente, contradiz-se, dizendo "não estamos falando que de um ou outro modo devemos restaurar a URSS", no entanto, que o seu conteúdo é pensado no contexto da nostalgia amplamente conhecida de Putin por esta formação do Estado, não deixa dúvidas. [É o velho adágio comunista: O lobo perde o pelo, mas não perde o vício, em outras palavras: nós não estamos fazendo o que estamos fazendo. AO]

O motivo formal da publicação deste artigo é a previsão planejada da promulgação do acordo da EEE (Espaço Econômico Europeu), que inicialmente irá se basear em ações acordadas na política macroeconômica, garantia de regras comuns em relação aos negócios e concorrências, regulamentação técnica e subsídios agrícolas, transporte, tarifas de monopólios naturais, e mais tarde será difundido com um único visto e política de migração, que deve assegurar aos países a possibilidade de suprimir os controles nas fronteiras internas. É pouco provável que isso realmente tornar-se-á "um estímulo sério para as burocracias nacionais aperfeiçoarem as instituições do mercado, os procedimentos administrativos e melhorarem o clima de negócios e investimentos", como tenta convencer Putin. Afinal, ao contrário dos antigos países do campo socialista e as repúblicas bálticas da URSS, que foram capazes de trabalhar em condições de cultura empresarial que prevaleceu nos antigos membros da UE, todos os três membros da União Aduaneira continuam portadores de tradições muito diferentes. Mas abrir o caminho para a monopolização dos mercados com capital russo (especialmente no caso da Bielorrússia) e a migração dos escritórios centrais das empresas para Moscou - é completamente possível.

Delineando planos para seu futuro mandato, Putin indica que o desenvolvimento da UA (União Aduaneira) e do EEE colocam os alicerces à perspectiva da União Eurasiana contando com outros adeptos da integração com a Rússia - Quirguistão e Tajiquistão. Portanto, esta estrutura é um protótipo que no aspecto do efêmero foi criado ainda em 2000, possivelmente será preenchido com um conteúdo real. Concomitantemente Vladimir Vladimirovich defende ulterior reforço do papel dos organismos supranacionais dessas associações em que a Rússia tem a maioria absoluta de votos. Em particular, no âmbito de competências da Comissão da União Aduaneira, a qual conta com aproximadamente 40 posições, no EEE deverá ter mais de 100. E uma vez que "para resolver problemas tão complexos será possível, somente criando estrutura de pleno valor e em constante funcionamento".

Tecnologia pré-eleitoral?

Obviamente, que tecnologia e claramente articulada a idéia da restauração pode tornar-se motivo dominante da campanha eleitoral, dentro da propaganda imperialista, especialmente durante a última década. Para sociedade russa terá suficiente efeito para livrar Putin da responsabilidade em relação aos males sociais e econômicos. Principalmente, às promessas públicas a todo o país "1000 dólares de pagamento médio mensal" nas circunstâncias de deterioração da conjuntura econômica mundial, queda de preços dos produtos energéticos e desvalorização do rublo (moeda russa).

No entanto, é duvidoso se a questão se limitará com este fato, pois o partido do governo, que cada vez mais perde o apoio da sociedade, necessita uma meta ambiciosa e de longo prazo, que possa distrair a atenção da pouco atraente "estabilidade" de estagnação. Na "Rússia Unida" (Partido principal) já estão prevendo a possibilidade de deterioração dos resultados nas próximas eleições parlamentares. Concorda com isso até o representante do secretariado da presidência do Partido Andrei Isayev, o qual responde pela propaganda, mas fontes não oficiais do partido, informa a mídia russa, que o resultado será de 50% contra os 64% nas eleições anteriores.

Desagregando não se amplia

A existência de qualquer império com formação completamente artificial depende de expansão dinâmica. Em caso contrário começa o processo de decadência interna, que pode até ser congelada por algum tempo, mas não pode parar. A idéia de fortalecer o governo, superar as tendências centrífugas, características dos anos 1990, duplicar o PIB, etc, ao abrigo do que passaram os "doze anos de Putin", que se esgotaram por si próprios.

Precisa-se de uma nova idéia. E, para o papel sucedâneo substituto dos planos de "construção do comunismo no mundo todo" através da expansão gradual do bloco comunista pode muito bem convir a União Eurasiana. É possível, que exatamente sob a sua realização Vladimir Putin, como símbolo de nostalgia atrás da "forte e influente URSS", recebeu o mandato da corporação dominante russa, como muito mais apropriado que Dmitry Medvedev.

Plano máximo - transformar a estrutura integracional concentrada russa num elo de relacionamento alternativo ao globalismo americano de integração inter-regional: "Em nossa opinião, - escreve Putin, - a saída pode ser o desenvolvimento de aproximações comuns, que se denomina "de baixo". Primeiro, dentro das estruturas regionais, que se formaram - UE, NAFTA, APEC, ASEAN e outros, e depois - por meio de diálogo entre eles. É a partir de tais tijolinhos de integração pode acontecer um caráter mais sustentável de economia global.

Com um plano "mediano", avança a idéia com base na integração da UE, União Eurasiana e região Asiática-Oceano Pacífico, pelo menos China, com a meta de desalojar da policentralizada continental Eurásia a influência americana e o enfraquecimento das instituições transatlânticas.

Por esta razão, ainda em 25 de novembro de 2010 num artigo para o alemão Suddeutsche Zeitung Vladimir Putin propôs a UE retroceder à iniciativa apresentada ainda em 2003 do "Único espaço econômico de Lisboa a Vladivostok". No último artigo ao "Izvestia" ele explica, "o sistema economicamente lógico e equilibrado de parceria da União Eurasiana e UE é capaz de criar condições para alterar a configuração geopolítica e geoeconômica de todo o continente. E somente quando este espaço se tornar "harmonioso segundo sua natureza econômica, mas policentralizado do ponto de vista de mecanismos concretos e decisões administrativas", que Moscou poderá tocar o primeiro violino no desenvolvimento de uma posição comum, "será lógico iniciar diálogo quanto aos princípios de cooperação com os países ATR (Asiáticos e regiões do Oceano Pacífico), América do Norte , outras regiões.

Entre ilusão e realidade

No entanto, visto que realmente contar com o papel da integração supranacional, capaz de se tornar um dos polos do mundo moderno, a União Eurasiana objetivamente não conseguirá, então, um plano mínimo real. Será a efetiva cobertura para coleção de Moscou, de pelo menos parte do espaço pós-imperial.

Em primeiro lugar, o seu potencial humano e econômico mesmo em perspectiva, permanecerá abaixo dos principais centros do mundo - o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio - NAFTA, a União Européia - UE, ou mesmo China individual. Como pode ser visto na tabela abaixo, a menos que comparável com as associações locais como o sul-americano Mercosul ou outras organizações similares na América do Sul e África.

1° gráfico
Legenda:
azul - Quantidade de moradores
verm.-PIB (bilhões USD) 2010 
verde - PIB (bilhões USD) por habitante
Da esquerda para a direita: América do Norte - zona de livre comércio - Alfândega da UE - Mercosul (América do Sul) - União Alfandegária da EEE.

Segundo, ao contrário dos outros, a criação da concentração da união econômica russa acontece sob a mal disfarçada e brutal pressão. Isto não lhe acrescenta seduções nem mesmo aos países leais a Moscou, nem força potencial. Na verdade, até chamar de "união" a estrutura, em que um país - tem mais de 80% da população e do potencial econômico, e outros participantes não estão muito interessados em cooperação uns com os outros, não é bem apropriado. É compreensível que seu verdadeiro propósito será a privação banal da soberania dos periféricos. Mas os forçados à integração países, em qualquer desfavorável para tal união momento, sozinhos minarão sua solidez.

De frente para Asia?

Sérios desafios para a própria Rússia constitui uma esperança muito otimista na possibilidade de aproveitar seus parceiros asiáticos da SCO (China, Rússia, Cazaquistão, Tajiquistão, Quirguistão e Uzbequistão - cujo objetivo é a luta contra o terrorismo, tráfico de drogas, extremismo e separatismo, cooperação econômica, parceria energética, cooperação científica e cultural), para reforçar o papel global da FR e o projetado EurAsEc - Comunidade Econômica da Eurásia (Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão).

A tentativa de impor as suas regras no jogo como "laços efetivos entre a Europa e a dinâmica da região Asiático-Oceano Pacífico" realmente pode apoiar-se, talvez, no sucesso do projeto energético do império, que na realidade esconde inúmeros riscos por causa da diversificação de fontes energéticas na China. Em troca pode abrir inteiramente o caminho, para no futuro aumentar a dependência dos países da União Eurasiana em relação a China, com ameaça definitiva de se tornarem fontes de matérias primas e produtos alimentares e mercado de saída para a dinâmica economia chinesa e também cabeça-de-ponte para a expansão celestial na direção oeste.

Com a criação do único espaço para o movimento da população deve-se esperar a aceleração da migração à FR dos habitantes das repúblicas da Ásia Central. Afinal de contas, de acordo com as palavras do próprio Putin, um dos mais importantes resultados da criação do EEE é o desaparecimento da necessidade de manutenção técnica de sete mil quilômetros da divisa da Rússia com Cazaquistão, e a remoção de barreiras de migração, de fronteiras, e outros, as chamadas quotas de trabalho significará a oportunidade sem quaisquer restrições escolher onde viver, receber educação e trabalho.

É superfluo lembrar que, no contexto das tendências atuais da vida sócio-política russa tudo isso levará a uma maior radicalização, com base no crescimento da popularidade do nazismo e xenofobia russa. Até nos comentários ao artigo de Vladimir Putin no "Izvestia" uma leitora escreveu: "Geralmente a integração - é bom. Contra Bielorrússia e Cazaquistão, não tenho nada. Mas Quirguistão e Tajiquistão causam medo fundamentado. A população desses países, desconfio, habitará Rússia ao máximo... O que faremos com eles? Criaremos campos de concentração?"

Desafios para Ukraina

É entendido que a principal vítima potencial do alargamento da União Eurasiana não deve ser o Quirguistão ou o Tajiquistão, e nem o rebelde Uzbequistão, o qual em 2008 suspendeu sua participação no EurAsEc, mas Ukraina. Parte da Ukraina no comércio exterior com a Rússia equivale ao comércio russo com os países da União Aduaneira. Bielorrússia e Cazaquistão tem com o nosso país muito maior alcance comercial que entre si. Em geral, o ano de 2010 para o comércio entre os países da UA constituiu-se de USD 88,4 bilhões, e o mesmo índice de seu comércio com Ukraina superou USD 42,2 bilhões. Então, o envolvimento do nosso país na UA automaticamente aumentará seu volume de negócios domésticos em 150%, e principalmente - irá aumentar dramaticamente a posição da UA nos processos de negociação com UE!


Segundo Quadro

Legenda:
azul - Exportação de mercadorias para os países da UA em bilhões de dólares.
verm - Particularmente para Rússia
verde - para comparação a Ukraina
Da esquerda para a direita: Rússia - Bielorrússia - Cazaquistão - Países da UA  - Ukraina


Provavelmente por isso, apesar dos ataques categóricos deste ano às autoridades ukrainianas com exigências de decisão do vetor de integração devido a incompatibilidade com FTA (Zona de Comércio Livre) com UE e UA, em seu artigo "integracional" Putin continua argumentar, que a integração a UE e União Eurasiana, ao que parece, não interfere uma com a outra: "Certos vizinhos nossos explicam a relutância em participar de projetos promissores da ex-União Soviética, alegando que isto impossibilitará a sua opção européia... Considero, que isto é um falso dilema... Ainda em 2003 Rússia e UE concordaram com a formação de um espaço econômico comum.. Agora, o participante no diálogo com UE será UA, e futuramente - também a União Eurasiana. Então, a entrada à União Eurasiana, além dos benefícios econômicos diretos, dará a cada um dos participantes mais rapidamente e em posições mais vantajosas integrar-se à Europa".



Terceiro quadro
Legenda:
azul - Importação de mercadorias, bilhões de dólares de países da UA.
verm. - Particularmente de Rússia
verde – Para comparação da Ukraina
Da esquerda para a direita: Rússia - Bielorrússia - Cazaquistão - Países da UA - Ukraina



Isto quer dizer que a mensagem permanece idêntica: nós não somos contra a sua escolha européia, mas ela deve acontecer através de sua obsessão a Ukraina ainda dos tempos do Conselho de Pereiaslav [1] sob a fórmula de: "À Europa via Moscou e em benefício de Moscou".

Mas em qualquer caso, desde que a criação e funcionamento de qualquer união russo-centralizadora, como "pólo mundial" e ainda os elos entre Europa e Região Ásia-Pacífico (países situados ao longo do perímetro do Oceano Pacífico e muitas nações insulares), sem Ukraina é praticamente impossível. Nós devemos esperar um novo, mais potente e provavelmente mais complexo ataque do lado do Kremlin depois que novamente o encabeçará Vladimir Putin. Sendo que desta vez ele poderá incluir os métodos de chantagem não apenas provocativos, mas mais agressivos, como integridade territorial e/ou desestabilização geral da situação política na Ukraina. E o mais importante, que tal ameaça ficará permanente por um longo tempo porque ao planejado segundo turno "Putin doze anos" em condições de "democracia soberana" só pode colocar um fim a derrubada revolucionária do regime.

[1] Ukraina em longa e extenuante guerra de defesa contra Polônia, que desejava apoderar-se de seu território, pediu ajuda à Moscou. O primeiro acordo de 1654, em Pereiaslav, estabelecia acordos de direitos iguais e relações mutuamente vantajosas. Porém o czar russo não planejava cumpri-los e, em 1659 novos acordos colocaram limites à independência da Ukraina


Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

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