| 17 JANEIRO 2011
INTERNACIONAL - ORIENTE MÉDIO
INTERNACIONAL - ORIENTE MÉDIO
A Europa está reconhecendo, mesmo que tardiamente, esses comissários politicamente corretos devem ser colocados de lado se o mundo livre quiser se opor à crescente ameaça dessa jihad criada em casa.
Há algum tempo ficamos sabendo que Nazaré é um centro da al-Qaida. O sheik Nazem Abu Salim Sahfe, que é o imã árabe-israelense da mesquita Shihab al-Din na cidade, foi acusado de promover e recrutar pessoas para a jihad (guerra santa) global e de convocar seus seguidores a causarem danos aos não-muçulmanos.
Dentre outras tramas originadas nos sermões de Sahfe, estava o assassinato do motorista de táxi Yefim Weinstein em novembro de 2009. Os seguidores de Sahfe também tramaram assassinar o papa Bento XVI durante sua viagem a Israel em 2009. Eles incendiaram vários ônibus com turistas cristãos. Raptaram e esfaquearam um entregador de pizza. Dois de seus discípulos foram presos no Quênia em viagem para se juntarem às forças da al-Qaida na Somália.
Com seu indiciamento, Sahfe se junta a uma lista crescente de jihadistas nascidos e criados em Israel e em sociedades livres em todo o mundo, que rejeitaram suas sociedades e abraçaram a causa da dominação global islâmica. Atualmente, o membro mais proeminente desse grupo é Anwar al-Awlaki, líder da al-Qaida nascido nos Estados Unidos.
Autoridades americanas descrevem Awlaki como o homem mais perigoso do mundo. O registro de sua trilha jihadista é estarrecedor. Parece que não houve nenhum ataque grave nos EUA ou na Grã-Bretanha dos quais Awlaki não tivesse participado -- inclusive os ataques de 11 de setembro em Nova Iorque e os ataques de 7 de julho em Londres.
Sahfe e Awlaki, como quase todos os jihadistas proeminentes do Ocidente, são homens privilegiados. Suas histórias pessoais são uma refutação ao popular mito ocidental de que um jihadista nasce da frustração, da pobreza e da ignorância. Esses dois homens, como quase todos os jihadistas ocidentais proeminentes, têm formação universitária.
Portanto, as histórias deles também desmentem a fantasia ocidental de que a aderência à causa da jihad é gerada pela pobreza. Esses homens e seus colegas são filhos de famílias ricas ou de confortáveis famílias de classe média. Eles jamais conheceram a privação.
Armados com seus confortos materiais, seus graus universitários, e seu conhecimento nativo dos caminhos da democracia e dos hábitos da liberdade, esses homens escolheram tornar-se jihadistas. Eles escolhem a submissão ao islã, em vez dos direitos democráticos, porque é o que preferem. São idealistas.
Isso significa que todas as considerações ocidentais padronizadas sobre a necessidade de expandir os benefícios para o bem-estar dos muçulmanos, ou a abstenção de reforçar as leis contra as comunidades deles, ou, ainda, de dar às mesquitas imunidade contra vigilância e fechamento, ou buscar cooptar líderes jihadistas, tratando-os como vozes muçulmanas com credibilidade, são atitudes erradas e contraproducentes. Esses programas não neutralizam as intenções ou ações de supremacia deles. Eles incentivam os supremacistas islâmicos ocidentais, sinalizando-lhes que estão vencendo a batalha. Suas sociedades ocidentais não são páreo para eles.
Temos visto uma série de declarações de líderes políticos da Europa, indicando que estão dispostos a considerar o abandono desses clichês politicamente corretos. Por exemplo, a afirmação da chanceler alemã Angela Merkel, de que "definitivamente, o multiculturalismo não deu certo", é amplamente entendida como um evento divisor de águas.
Em uma coluna do Wall Street Journal, o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair reconheceu que existe um problema com muçulmanos que não se assimilaram na Grã-Bretanha. Como ele mesmo colocou, o sentimento de anti-imigração não é geral, mas particular. Ele se relaciona, admite Blair, ao "fracasso de uma parte da comunidade muçulmana em resolver e criar uma identidade que seja tanto britânica quanto muçulmana".
Blair admitiu que, devido à recusa do establishment* europeu em reconhecer o problema do crescimento do "supremacismo" islâmico na Europa, milhões de europeus estão, atualmente, rejeitando o establishment com suas ortodoxias politicamente corretas e votando em favor de políticos anti-sistema, que estejam dispostos a tratar do problema. Ele pediu uma abordagem continental à imigração, cujo objetivo seria impedir jihadistas de explorarem o sistema para destruí-lo.
Declarações como as de Merkel e de Blair são insuficientes. Mas o simples fato de que um número expressivo de europeus está disposto a quebrar a barreira politicamente correta para forçar esses líderes a admitirem e talvez a tratarem dos desafios das minorias muçulmanas supremacistas não-assimiladas significa que a Europa está dando os primeiros passos em direção ao tratamento de desafios que o islã jihadista impõe à segurança, cultura e civilização daquele continente.
Talvez o mais emblemático dessa mudança tenha sido o recente movimento do governo de Merkel para finalmente fechar a mesquita em Hamburgo, onde os conspiradores do 11 de setembro se encontravam e planejaram seus atos de guerra contra os EUA.
É preocupante, mas os sistemas dos dois países que mais foram alvejados pela jihadglobal, os EUA e Israel -- permanecem em profunda contradição a respeito dos desafios de jihadistas criados dentro de casa, embora a maioria dos recentes ataques e tentativas de ataques jihadistas contra os EUA tenha sido realizada por cidadãos americanos.
A contradição dos EUA com respeito à natureza da ameaça jihadista foi demonstrada em toda sua glória politicamente correta no discurso do presidente Barack Obama a estudantes indianos na Universidade St. Xavier em Mumbai. Em resposta ao questionamento de um dos alunos sobre a maneira que o presidente via a jihad e os jihadistas, Obama elogiou o islamismo como "uma das grandes religiões do mundo". Ele prosseguiu, afirmando que a maioria avassaladora dos muçulmanos vê o islamismo como uma religião de "paz, justiça, imparcialidade e tolerância".
A mensagem de Obama não foi apenas enganosa e inadequada, mas foi também profundamente ofensiva aos que o ouviam. Há dois anos, naquele mesmo mês, Mumbai tinha sido o local de um ataque maciço de um comando jihadista contra alvos em toda a cidade, e os residentes de Mumbai ainda estão tratando das feridas daquele ataque.
A declaração de Obama também ignorou a contribuição dos EUA àquele ataque. O suspeito de planejar os massacres em Mumbai foi um cidadão americano chamado David Coleman Headley, de Chicago, a cidade natal de Obama. Além disso, Headley (ex-Daud Sayed Gilani) serviu durante muitos anos como agente duplo. Um traficante de drogas condenado, ele foi enviado ao Paquistão como agente da Drug Enforcement Agency (DEA). Enquanto estava lá, treinou em campos de formação de jihadistas do grupo Lashkar-e-Taibe.
Obama deixou de observar que talvez, devido ao trabalho de Headley na DEA, os agentes americanos ignoraram os testemunhos de duas das ex-esposas dele em 2005 e 2007, de que ele era membro do Lashkar-e-Taibe, afiliado à al-Qaida paquistanesa com enfoque na Índia, dirigido pela Agência de Inteligência Inter-Serviços do Paquistão.
Em vez de tratar dessas questões, ou do fato de que os EUA recusaram pedidos de extradição de Headley para a Índia, Obama falou vagamente aos alunos que é função de gente jovem de todas as religiões rejeitar os extremistas e a violência.
Headley, logicamente, é apenas um dentre os muitos americanos jihadistas que têm imposto os frutos da contradição politicamente correta da América a respeito da ameaça islâmica criada dentro de casa. Nos meses que seguiram os ataques de 11 de setembro, o Departamento do Exército dos EUA cortejou ativamente Awlaki como parte de seu programa de alcançar os muçulmanos. Awlaki, naquela época capelão muçulmano da Universidade George Washington, foi cortejado a despeito de suas ligações documentadas com três dos seqüestradores de 11 de setembro.
À medida que os israelenses acordarem para a realidade da al-Qaida em Nazaré, nossoestablishment esquerdista permanece em contradição sobre seu papel em permitir essa realidade. Shihab AL-Din, a mesquita de Sahfe, foi estabelecida como uma mesquita triunfante adjacente à Igreja da Anunciação nos momentos que antecederam a mudança do milênio. Naquela época, o Vaticano lançou um protesto sem papas na língua contra sua construção.
Na esperança de triunfar sobre Sahfe e seus semelhantes, o então primeiro-ministro Ehud Barak, e o então ministro das Relações Exteriores e da Segurança Pública, Shlomo Ben-Ami, rejeitaram as objeções do Vaticano. Eles até mesmo doaram o terreno para a mesquita através do Departamento de Terras de Israel.
Sahfe retornou o favor, interrompendo a homília do papa João Paulo II na Igreja da Anunciação durante sua visita em março de 2000, com um chamado à oração na mesquita. Meses mais tarde, a mesquita Shihab AL-Din era um dos pontos principais para a incitação de tumultos anti-judaicos no setor árabe, já em outubro de 2000.
Hoje, juízes esquerdistas juntamente com políticos esquerdistas e formadores de opinião impedem todos os esforços feitos por políticos e pelo público para admitir e tratar da crescente falta de cumprimento das leis e das tendências jihadistas da minoria muçulmana de Israel. Medo da Suprema Corte politicamente correta tem intimidado as autoridades, impedindo-as de decretar a ilegalidade do Movimento Islâmico. Esforços para combater a tomada ilegal de terras e construções têm sido impedidos pela mídia esquerdista, grupos de pressão patrocinados principalmente pelo New Israel Fund [Fundo do Novo Israel] e pelos tribunais. Até mesmo medidas simbólicas, como a recente decisão do governo para se requerer dos imigrantes não-judeus que jurem lealdade ao Estado têm sido perversamente atacadas pelo establishment esquerdista de Israel como sendo fascista e racista.
Mas, como a Europa está reconhecendo, mesmo que tardiamente, esses comissários politicamente corretos devem ser colocados de lado se o mundo livre quiser se opor à crescente ameaça dessa jihad criada em casa.
O que isso significa para Israel é que tem que ser encontrado o espaço político e legal para rapidamente dar início à aplicação da lei, equivalente a uma operação de contrainsurgência. Israel deve fazer cumprir suas leis com tanto zelo e dedicação no setor muçulmano quanto o faz no setor judeu. Isso quer dizer que a Shihab al-Din e outras mesquitas jihadistas devem ser fechadas.
Isso quer dizer que os grupos jihadistas como o Movimento Islâmico devem ser decretados ilegais e seus líderes têm que ser processados por traição e por outros crimes relevantes. O mesmo é verdade para todos os líderes árabes, agrupamentos políticos e organizações sociais que promovem a destruição de Israel.
Leis sobre edificações e de zoneamento devem ser cumpridas. Terras do Estado que foram tomadas devem ser devolvidas, se necessário à força, inclusive com o envolvimento das Forças de Defesa de Israel.
Portanto, também os direitos judeus devem ser protegidos. Como os muçulmanos, os judeus têm o direito de comprar terras e casas em todo o país. Os judeus que quiserem viver em comunidades islâmicas majoritárias devem ter a proteção da lei, assim como os muçulmanos que moram em Tel Aviv e no Alto Nazaré a têm.
Justamente por isso, o governo deve iniciar uma campanha para ganhar de volta a lealdade de seus cidadãos muçulmanos. Ele deve colocar no poder líderes que abracem sua identidade como israelenses e que busquem a integração de muçulmanos israelenses em uma sociedade mais ampla. As autoridades devem se certificar de que os muçulmanos israelenses que queiram se integrar não sejam discriminados pelos judeus nem intimidados por outros muçulmanos.
Os comandantes das IDF têm falado longamente sobre a natureza da guerra que está por vir. As observações deles se concentraram naquilo que já é amplamente admitido -- que a população civil de Israel será alvejada por mísseis de longo alcance.
É desapontador, mas eles ignoraram a nova ameaça mais significativa que o front interno está enfrentando atualmente: a probabilidade de que os inimigos externos de Israel recebam assistência efetiva de seus cidadãos muçulmanos.
Quase uma década depois dos ataques de 11 de setembro, a jihad global permanece a ameaça central para o Ocidente, e não é por causa de sua popularidade no Paquistão ocidental. Ela permanece a ameaça central para o mundo livre por causa de sua popularidade entre os muçulmanos do mundo livre.
Para permanecerem livres, as sociedades livres devem abandonar nossos impedimentos politicamente corretos e tratar dessa ameaça crescente a tudo que valorizamos.
* Grupo dominante ou elite.
Caroline Glick nasceu nos EUA e emigrou para Israel em 1992. Como capitã do exército israelense, ela fez parte da equipe de negociações com os palestinos de 1994 a 1996. Mais tarde, serviu como conselheira-assistente de política externa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (durante seu primeiro mandato, de 1997 a 1998). A seguir, fez mestrado na Universidade Harvard. Após retornar a Israel, foi comentarista diplomática e editora de suplementos sobre questões estratégicas no jornal Makor Rishon. Desde 2002, é vice-editora e colunista do jornal The Jerusalem Post. Seus artigos têm sido reproduzidos em muitas outras publicações e suas opiniões são amplamente respeitadas. Seu site é www.carolineglick.com
Publicado na revista Notícias de Israel 2/2011 - http://www.Beth-Shalom.com.br
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