DOMINGO, 23 DE JANEIRO DE 2011
Nada está na política de um país sem estar primeiro na sua literatura.
Hugo von Hofmannsthal,
escritor e dramaturgo austríaco.
(dica do professor Olavo de Carvalho)
Este post foi motivado pela tradução que estamos fazendo de um artigo do Roger Scruton em que ele discute as relações entre música e moralidade e levanta novamente a questão já colocada por Platão: que tipo de leis criará uma socieadade viciada em música imoral?
"E mesmo que não proibamos estilos musicais por lei, nós devemos nos lembrar de que pessoas com gostos musicais fazem nossas leis; e Platão pode estar certo, mesmo em relação a uma democracia moderna, sobre as mudanças na cultura musical andarem de mãos dadas com as leis, já que as mudanças nas leis muito frequentemente refletirem pressões da cultura." -- Roger Scruton: Soul Music.
Abaixo, algumas das sumidades da música popular dos últimos 60 anos. Pergunto eu: em que tipo de políticos você acha que os fãs destas figuras vão votar?
Elvis Presley: O motorista de caminhão nascido no Mississipi Elvis Aaron Presley explodiu como cantor de música rock nos anos 50, tornou-se ator de filmes B na década seguinte e ressurgiu como ícone da música cafona nos anos 70, gravando clássicos imortais da música brega, como Sílvia e You don't have to say you love me -- esta última regravada no Brasil por Agnaldo Timóteo. Morreu precocemente em 1972, aos 42 anos, relativamente empobrecido, obeso e viciado em tranquilizantes.
Janis Joplin: Baranga, porra-louca e cantando por meio de gritos e berros (que ela devia achar ser uma técnica vocal muito arrojada), Janis é venerada por milhões de fãs como uma espécie de Santa Maria drogada da hagiografia roqueira. Bissexual, usuária de anfetaminas, alcólatra e heroinômana, ela morreu em 1970, aos 27 anos, de uma overdose de heroína.
Jim Morrison: o líder do grupo californiano de músicarock The Doors aparece ao lado em um local convenviente -- veja outro caso semelhante no ítem abaixo sobre osSex Pistols. Bêbado, drogado e desordeiro, Jim morreu bem acima do peso em 1971, em Paris, também aos 27 anos, para onde havia se mudado para se consagrar ao antigo sonho escrever poesia infanto-juvenil. Causa mortis: aparentemente, uma overdosede heroína somada a álcool.
Brian Jones: Ex-guitarrista dos Rolling Stones. Cocainômano, beberrão, fumador de maconha, tomador de LSD, heroína e bolinha. Morreu afogado na piscina de sua casa, em circunstâncias até hoje não totalmente esclarecidas, em 1969, aos 27 anos. Ao lado, o rapaz aparece fantasiado de oficial nazista, pisando em um judeu.
Jimmi Hendrix: Um dos músicos mais chatos e empolados da história da música rock. Mas justiça seja feita: seus fãs lhe fazem jus e também estão entre os mais chatos e empolados entre os devotos do pop. Morreu em 1970, aos 28 anos, sufocado pelo próprio vômito. Como os outros indivíduos acima ( e vários dos que vão se seguir logo abaixo) as circunstâncias de sua morte foram misteriosas. Tranquilizantes e álcool?
Syd Vicious: OsSex Pistols, do qual Syd era o vocalista (ele é o mais à frente, inapropriadamente do lado de fora da caçamba de lixo), são a prova inapelável de que ninguém precisa saber cantar, compor ou tocar para se tornar um astro do pop. Syd morreu de overdose de heroína em 1979, aos 22 anos.
Syd Barret:Fundador do grupo inglês Pink Floyd. Gravou o primeiro disco da banda, em 1967
(o pernosticíssimo O flautista nos portões do amanhecer, sem dúvida um dos mais execráveis na história da história da música -- supondo-se que o popentre aqui, claro), e deixou o grupo para sempre no ano seguinte, aos 22 anos. Motivo: a demência provocada pelo uso excessivo de LSD. Morreu isolado, em 2006, aos 60 anos.
Chet Baker: Grande cantor e músico de jazz, de longe o mais talentoso entre este pessoal aqui. Mas como eles todos, atormentado pela dependência química. A heroína, que consumiu durante décadas, o fez envelhecer precocemente. Também perdeu os dentes da frente em circunstâncias mal-explicadas -- alguma briga? Morreu aos 59 anos, em 1988, depois de cair do segundo andar de um hotel em Amsterdã. Cocaína e horoína foram achadas em suas coisas.
Elis Regina: A mais sobrevalorizadaentertainer brasileira. Gravou porcarias como o hino à eterna adolescência Como nossos pais. Morreu em 1982, aos 37 anos, de uma overdose de cocaína, álcool e tranquilizantes.
Bon Scott: O cabeludo sorridente no canto esquerdo da capa do disco foi o vocalista da chatíssima banda britânico-australiana AC/DC, que gravou sucessos como "Auto-estrada para o Inferno" (ainda com ele no vocal) e "Sinos do Inferno" (já com o seu substituto, Brian Scott). Meses depois de lançarem o disco ao lado, Bon morreu de umaoverdose alcólica e congelamento dentro de um automóvel em Londres, aos 34 anos, em 1980.
Fred Mercury: Bom cantor e péssimo compositor, líder do felizmente defunto grupo de rock gay Queen, Fred é um antepassado dos drag queensde hoje. O seu vício eram os homens -- Fred era homófilo. Morreu de aids em 1991, aos 45 anos.
Cazuza: Inexpressivo como cantor e revoltante como compositor, Cazuza liderou o infame grupo carioca "Barão Vermelho", que, infelizmente, continua até hoje em atividade, após sua morte por aids, em 1990, aos 32 anos. Bêbado, esquerdista e drogado, Cazuza era homófilo, como Fred Mercury, e tinha pretensões literárias, como Jim Morrison.
Renato Russo: Embora dono de boa voz, Renato é seguramente a figura mais presunçosa e chata desta lista. Liderou o grupo Legião Urbana, de triste memória, durante os anos 80 (o qual, felizmente, se dissolveu após sua morte prematura) e foi venerado como um verdadeiro líder espiritual por seus seguidores adolescentes. Asneiras como "Pais e filhos", "Faroeste cabloco" e "Geração Coca-cola" estragaram o gosto e inutilizaram para a vida adulta toda uma geração de brasileiros. Seu caso é o mesmo de Cazuza: veleidades literárias, droga, álcool, homofilia, e uma morte horrível por aids em 1996, aos 36 anos.
Kurt Cobain: Vide o comentário sobre os Sex Pistols. Para seu crédito, assim como Elvis, Kurt pelo menos teve o bom-senso de não tentar fazer o papel do "roqueiro papo-cabeça", como um John Lennon ou um Bono Vox. Viciado em heroína, estourou os miolos em 1994, aos 27 anos.
Pantera: Difícil saber de onde vem toda a raiva existêncial que transborda da "música" (vamos chamá-la assim) do grupo texano. Mas boa parte dela acabou passando para seus admiradores. O guitarrista do grupo, Dimebag Darrell, morreu em um tiroteio durante um show com outra banda sua, aDamageplane, em 2004, na cidade de Columbus, no Ohio, aos 28 anos. Você consegue imaginar um tiroteio em um concerto de música clássica?
Cássia Eller: Uma das criaturas mais esquisitas que já apareceram no popbrasileiro, a andrógena Cássia morreu assim que estourou nacionalmente. Lésbica do tipo caminhoneira, alcólatra e cocainômana, ela morreu de overdoseem 2001, aos 39 anos.
Michael Jackson: Michael protagonizou nos últimos 15 anos de sua vida um dos mais degradantes espetáculos de auto-destruição pública de que se tem notícia na história da cultura pop -- como comparação, só consigo pensar em Mike Tyson. As centenas de milhões de dólares que ganhou entre os anos 80 e 90 se transformaram em uma dívida total de igual ou superior valor. O rosto (e sobretudo o nariz) foi destruído por inúmeras cirurgias plásticas e sua imagem pública se evaporou com os sucessivos escandalos envolvendo denúncias de pedofilia. Dependente de remédios para dores, Michael morreu aos 51 anos, em 2009, pelas mãos de um médico pessoal que lhe aplicou um medicamento em dose aparentemente excessiva.
Ainda vivos e atuantes: Pra você que ficou com pena -- chora não, nenên. Nem todo mundo morre de forma trágica no mundo pop. Veja três exemplos de quem continua bem vivo e atuante no cenário musical pop.
IRON MAIDEN:Com 35 anos de carreira e diversas formações, esta banda inlgesa continua ativa, fazendoshows, vendendo discos e esplhando sua mensagem. O disco ao lado, "666, O Número da Besta", é de 1982.
T.a.T.u: A dupla de "cantoras" russas Yulia Volkova e Lena Katina começou em 1999 e é a maior expressão do pop russo até hoje.
É o Tchan: Apesar de sumidos, o grupo ainda existe. Ao lado, um momento marcante de sua trajetória, quando estouraram, em meados dos anos 90, como uma força da música brasileira contemporânea: a dançarina Carla Perez interpretando a "Dança da Garrafa".
Não deixe de assistir ao documentário
Eles venderam a alma pelo Rock and Roll (em inglês)
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