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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Carta de um golpista arrependido

WANFIL
September 23, 2010


Depois de muito refletir sobre as sapientes críticas do presidente Lula dirigidas a veículos de imprensa, percebi que dediquei anos da minha vida servindo junto à mídia golpista, sem saber que isso atentava contra os interesses do povo.
Tocado pela luz providencial das advertências presidenciais, compreendi que devemos denunciar escroques como José Roberto Arruda, mas devemos compreender que amigos como Erenice Guerra agem em nome de um bem maior.
Agora sei que dólares escondidos em peças íntimas só constituem crime se os beneficiários forem da oposição, pois nossos militantes apenas expropriam recursos para a causa da transformação social.
Com a consciência livre dos preconceitos patrocinados pelas classes dominantes, decidi rever minha posição e me tornar um articulista isento, doravante preocupado somente com a função social da notícia.
Não sei como pude viver cego por tanto tempo, quando é evidente que uma pessoa que goza de imensa popularidade, como Lula, só pode ter razão em qualquer assunto. Por isso, agora concordo quando o presidente, na condição de chefe do Poder Executivo, aponta os erros e mentiras dos veículos de comunicação, desmascarando-os. Não é de hoje que esses golpistas carecem de um juiz acima de qualquer suspeita (Lula é da classe trabalhadora…), que lhes diga o que pode e o que não pode, que lhes ensine como fazer e como não fazer, e que use sua autoridade intelectual de estadista que criou, sei lá, um monte de coisas, para mostrar o que é o verdadeiro jornalismo. Enfim, um altruísta a proteger a massa ignorante das artimanhas da mídia.
Mais do que nunca é preciso que nossos companheiros pelegos, digo, progressistas, movimentem os sindicatos, movimentos estudantis, a turma dos cargos comissionados, além das ONGs que financiamos, para tocar o projeto de criar um Conselho Federal de Jornalismo, capaz de agir na ausência do nosso líder na hora de julgar a imprensa.
Os reacionários dizem que nossa luta pelo direito à informação chapa-branca, quer dizer, isenta, lembra o processo de criminalização da imprensa na Venezuela. Ora, o que há de errado na Venezuela? Lula já disse que lá tem democracia até demais, o que me fez lembrar do companheiro José Dirceu, ele mesmo cândida vítima do golpismo midiático, segundo quem no Brasil há liberdade de expressão em demasia.
Portanto, devidamente recuperado, prometo observar meus colegas, amigos e conhecidos, para no momento certo, em nome da liberdade, da justiça e da solidariedade, denunciá-los às autoridades que irão zelar pela verdadeira imprensa livre.
Artigo publicado no jornal O Estado.

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