Domingo, 7 de Setembro de 2008
Trecho do livro “Makers and Takers: Why conservatives work harder, feel happier, have closer families, take fewer drugs, give more generously, value honesty more, are less materialistic and evious, whine less… and even hug their children more than liberals”, algo que traduzindo fica como “Realizadores e tomadores: Porque conservadores (de ‘direita’, basicamente os Republicanos) trabalham mais, são mais felizes, tem famílias mais unidas, tomam menos drogas, doam mais generosamente, valorizam a honestidade, são menos materialistas e invejosos, reclamam menos… e até abraçam seus filhos mais do que os liberais (os de ‘esquerda’, basicamente os Democratas)”.
“[…] Liberais modernos[1] gostam de projetar a impressão de que levam vidas emocionantes em comparação com os enfadonhos e caretas conservadores. Conservadores são muitas vezes colocados na categoria de um Willy Loman[2] dos dias modernos: claustrofóbico, sexualmente reprimido, e profundamente deprimido na sua jaula minúscula. Liberais, por outro lado têm tudo a ver com a liberdade e ideais progressistas, e tudo a ver com diversão. Mas a verdade é outra. Na verdade, republicanos[3] são geralmente mais animados pela vida: 54% dizem que a vida é emocionante, em comparação com apenas 43% dos democratas[4]. Mesmo quando têm a mesma renda, os republicanos continuam a sair à frente. […]
Enquanto eles estão ali, os que estão na esquerda política também tendem muito mais a queixarem-se da sua saúde do que os conservadores. O Social Capital Survey descobriu que os esquerdistas eram mais susceptíveis de chamar sua saúde de “deficiente” ou “razoável”, enquanto os conservadores estavam mais propensos a dizer que era “excelente” ou “muito bom”. Mesmo quando se comparam liberais e conservadores da mesma idade e renda, em cada grupo, conservadores estavam mais propensos a dizerem que estavam em muito boa saúde. Então, a menos que haja alguma vontade em acreditar que as doenças e infecções preferem esquerdistas, alguma relação deve haver aqui.
Um fato costumeiramente ignorado é de que esquerdistas auto-declarados estão com probabilidades mais de três vezes maiores de ter procurado aconselhamento para problemas mentais do que os auto-declarados conservadores. O [Instituto] Gallup descobriu em um estudo científico que Republicanos têm muito mais probabilidade de reportar boa saúde mental do que Democratas (58% para 38%). Brack e Zhang, na sua investigação sobre neuropolitica, constataram que esquerdistas estavam 64% mais propensos a sofrerem de depressão, 320% (isto não é um erro tipográfico) mais propensos de sofrerem de transtorno bipolar, e 50% mais propensos de sofrerem de depressão leve. (Ao contrário dos outros estudos, porém, esta foi uma sondagem não-científica.) O mesmo é válido para transtornos de ansiedade. Quando perguntado se eles alguma vez sentiram que teriam algum ataque de nervos, 38% dos esquerdistas disseram sim, em comparação com apenas 21% dos conservadores.
O General Social Survey encontrou resultados semelhantes. Quando perguntados se tiveram alguma vez algum problema de saúde mental, 30% das pessoas que descreveram-se como “extremamente liberais” disseram “sim”, como fizeram os 12% dos “liberais”. Apenas 5% das pessoas que se declararam “muito conservadoras” e 6% dos “conservadores” disseram o mesmo. Em suma, liberais-esquerdistas estão entre duas a seis vezes mais susceptíveis de terem tido algum problema de saúde mental em relação aos conservadores. Não há dúvida de que são fatores médicos e biológicos que contribuem para a depressão. Conservadores podem também ser culturalmente menos dispostos a procurarem ajuda psiquiátrica quando precisam. Mas uma coisa não deixa de ser verdade: quanto mais longe você vai para a esquerda, é mais provável que você encontre a depressão e outros problemas emocionais relacionados.
Problemas de saúde mental não são assuntos engraçados. Então porquê esquerdistas parecem lutar com estas questões mais do que os conservadores? Esquerdistas poderiam dizer que são simplesmente mais cuidadosos do que conservadores. Mas isto parece insuficiente para explicar a grande disparidade documentada aqui. Um dos motivos pode ter a ver com o fato do liberalismo moderno ter incentivado o individualismo extremo e foco em si mesmo. Martin Seligman, ex-presidente da Associação Americana de Psicologia e professor da Universidade da Pensilvânia, explica que a depressão está aumentando na América hoje por quatro razões distintas. Todas elas têm suas raízes no pensamento liberal.
Em primeiro lugar está o problema do que ele chama “individualismo galopante.” “A depressão unipolar é uma desordem da frustração do ‘eu’, como estamos cada vez mais educados a vermos todos através do ‘eu’”, diz Seligman. O Liberalismo moderno incentiva independência da Igreja, da família e da comunidade, porque eles podem ser sufocantes e podem contrair nossos desejos individuais. “O individualismo galopante nos provoca a pensar que os nossos reveses são de grandiosa importância e, portanto, algo se torna deprimente”.
A segunda razão para o aumento da depressão entre os esquerdistas-liberais é o que poderia ser chamado a auto-estima insana. “A ênfase na auto-estima fez milhões pensarem que há algo fundamentalmente errado em não se sentirem bem, por simplesmente oposição à atitude ‘não me sinto bem agora, mas vou me sentir melhor mais tarde’”, explica Seligman. (Ambos são características proeminentes do liberalismo moderno, conforme discutido em capítulo anterior.)
Outro motivo para o aumento da depressão é uma atitude generalizada entre os liberais da “vitimologia e desamparo”. O liberalismo moderno criou uma situação em que praticamente todos os habitantes do país podem classificar-se como uma espécie de vítima. Esta mentalidade contribui para a depressão, diz Seligman, uma vez que incentiva o ponto de vista de que somos vítimas passivas que não podem ajudar a nós mesmos. Este é certamente o caso entre os esquerdistas-liberais, que em pesquisas regularmente alegam de que eles estão desamparados e que muito do que está acontecendo em sua vida está além do seu controle. “Sorte” e “destino” desempenham papéis desproporcionais na sua vida, e, por isso, falta-lhes o poder de mudar as suas circunstâncias.
A última razão que Seligman oferece é o crescimento do materialismo moderno. Muitas vezes considerado um vício inerente dos conservadores, a evidência mostra o contrário. Esquerdistas-liberais colocam hoje muito mais ênfase em matéria e dinheiro do que os conservadores. [Outro capítulo deste livro demonstra isto.]
Outra razão do esquerdismo levar muitos ao desespero emocional é que muitos dos seus luminares têm abraçado o niilismo (ou seja, a crença de que a vida não tem sentido). Professor Richard Dawkins da Universidade de Oxford ocupa uma cadeira na compreensão pública da ciência, mas ele um currículo direcionado à esquerda devido aos seus numerosos e bem vendidos livros sobre ciência, evolução, e religião. Dawkins é regularmente caracterizado como um professor universitário em campus e na televisão. Ele já apareceu na capa da revista Time e recebeu inúmeros prêmios. Um ateísta resoluto, Dawkins acredita que a existência “não é nem boa nem má, nem simpática nem cruel, mas simplesmente insensível: indiferentes a todos os que sofrem, faltando todo propósito.” Jessica Matthews, presidente da Carnegie Endowment for lnternational Peace, e antigo membro do conselho editorial e colunista doWashington Post, expressa sentimentos semelhantemente sombrios: “A vida humana é um acidente cósmico sem nenhuma finalidade.”
Muitos escritores populares adotados pela esquerda endossam esta opinião. Jean-Paul Sartre via todas as ações humanas sem sentido; o romancista Thomas Pynchon insistia na idéia de que o universo era inútil em seus romances aclamados pela crítica como Gravity’s Rainbow.
O esquerdismo também abraçou cada vez mais uma perspectiva de futuro apocalíptico ao longo dos últimos quarenta anos. […] A triste consequência de tal pensamento apocalíptico é o que professor de criminologia Steve Stack chama de uma “ideologia do suicídio.” Em 1997, seis dos mais proeminentes teóricos esquerdistas nos Estados Unidos - Ronald Dworkin, John Rawls, Thomas Nagel, Robert Nozick, Tim Scanlon, e Judith Jarvis Thomson - apresentaram um requerimento à Suprema Corte declarando que as pessoas tinham um direito constitucional federal ao suicídio medicinalmente assistido. Há anos que a idéia do suicídio como uma escolha racional vem sendo insistida pelos esquerdistas-liberais modernos. Bill Moyers apresentou uma série de quatro partes na PBS chamada “On Our Own Terms: Moyers on Dying,”, no qual ele incentivou as pessoas a “tomar conta” das decisões sobre vida-e-morte. Anna Quindlen escreveu um livro intitulado One True Thing, que mostrou que acabar com sua própria vida poderia ser uma escolha racional e corajosa. Muito do que a esquerda tem a dizer sobre o suicídio decorre do que Herbert Marcuse chamava de “a inconveniente realidade da morte.” Ele acredita que “o sentido da morte deve ser mudado” e “deve ser racionalizado”. Marcuse argumentou: “Depois de viver uma vida plena, eles podem decidir por si próprios a morrerem - em um momento de sua própria escolha.”
Este sistema de crenças tem consequências muito reais. O fato é, os que estão à esquerda aceitam muito mais a idéia do suicídio - e são proporcionalmente mais propensos à tentativa dele. Como professor Stack coloca, “o liberalismo político afeta o nível de aceitabilidade ao suicídio.” Certamente as pessoas podem vir a cometer suicídio quando atormentadas por uma série de doenças mentais. Mas muitos liberais-esquerdistas modernos justificam o suicídio como um ato razoável. Quando o General Social Surveys perguntou se caso você estivesse simplesmente “cansado de viver”, cometer suicídio era “ok”, 35% das pessoas que eram liberais disseram “sim”, em comparação com apenas 12% por cento dos conservadores. Liberais também não parecem ter muito problema em cometer suicídio se eles tivessem “desonrado a família”, por exemplo, por ficar preso ou qualquer outra situação que fosse embaraçosa para seus familiares. Eles estão com quase três vezes mais probabilidades de dizer que não há problema em cometer suicídio em tal circunstância - incluindo 22% daqueles que se consideram “extremamente liberais” e 15% dos que se consideram “liberais”.
Um estudo realizado por dois acadêmicos amplamente respeitados, Professores Steven Stack e Ira Wasserman, constataram que atitudes socialmente esquerdistas como feminismo estão relacionados a uma “ideologia pró-suicídio”, enquanto atitudes conservadoras tendem a ser anti-suicidas para qualquer situação. Outro estudo na revista académica Sex Roles constatou que o liberalismo esquerdista está relacionado com uma atitude permissiva ao suicídio e a tentativas reais de suicídio. Um estudo realizado em 2004 divulgado no American Journal of Psychiatry descobriu que as pessoas religiosas e conservadoras tiveram muito menos tentativas de suicídio do que pessoas liberais esquerdistas e seculares[5], mesmo quando apresentavam os mesmos níveis de depressão das pessoas do primeiro grupo.
Abbie Hoffinan, uma das figuras esquerdistas mais queridas da década de sessenta, cometeu suicídio utilizando 150 comprimidos e uma alta dose de álcool. De acordo com um dos seus apoiantes, Hoffman “viu a injustiça e a falta de sentido na vida.” Tom Hayden explicou desta forma o suicídio dele: “Ele estava realmente desconfortável em se tornar uma pessoa da meia-idade e em encarar uma idade avançada sem ver uma significativa mudança social.” O lider da Nova Esquerda Paul Krasner viu três de seus amigos radicais cometerem suicídio. Sua atitude quanto a isto é a mesma de muitos na esquerda de hoje. “As dores da vida era demais para ele”, explicou em uma entrevista. “Ele sempre pareceu-me como um desperdício, mas essa foi a sua escolha.”
Muitos veteranos esquedistas da década de sessenta lutaram com problemas emocionais e psicológicos. Mario Savio, líder do Movimento Berkeley Free Speech, acabou em um hospício. Robert Starobin, outro líder estudantil, cometeu suicídio, assim como fizeram Marshall Bloom, que ajudou a encerrar a London School of Economics. Jerry Rubin acabou aderindo a um culto. Andy Wernick, um líder estudantil canadense da década de 1960, mais tarde recordou-se que havia um elevado número de ataques nervosos entre seus seguidores. […]”
(SCHWEIZER, Peter; Makers and Takers: Why conservatives work harder, feel happier… more than liberals; Excerto do capitulo 7: “Whine country”)
[ Tradução: Marcos Ludwig ]
Notas do tradutor:
[1] Do inglês americano “liberals”, como são chamados os esquerdistas norte-americanos. Neste texto o termo “liberal” foi traduzido alternadamente para o português como “esquerdista”, “liberal (politicamente)”, “esquerdista-liberal” e outras variações. Não deve ser confundido como liberalismo econômico;
[2] Personagem do romance “A morte do caixeiro viajante”;
[3] Republicanos são os simpatizantes do partido normalmente cristãos e alinhados ao direitismo conservador e ao liberalismo econômico;
[4] Democratas são os simpatizantes do partido normalmente alinhados ao liberalismo político esquerdista e intervencionismo estatal;
[5] Entre os seculares se encontram inseridos ateus e agnósticos.
Leia mais sobre o livro Makers and Takers neste weblog no post: Da série: “Livros que não veremos publicados no Brasil”
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