Material essencial

sexta-feira, 18 de junho de 2010

CADERNOS DE CHICRANIO 2

VIVERDENOVO

QUINTA-FEIRA, 17 DE JUNHO DE 2010

Por Arlindo Montenegro

O que não disse é que o nome dele era Francisco e que todos os colegas e amigos o consideravam "o craneo", o buscador de respostas. Todos o chamavam Chico em intimidade afetuosa. O apelido Chi(co)'cranio', foi dado por "Trator", um exímio jogador de futebol que nunca fazia gol.

Um dia Chico o aconselhou a olhar as traves antes de chutar e pensar onde a bola devia ir. Trator em pouco tempo era o grande marcador e todos queriam jogar do lado dele. Quando encontrava com Chico, repetia "meu amigo Chico, 'cranio!". Daí para Chicranio foi um pulo.

Teobaldo contava estas historias, mas parecia atormentado para levar à prática, divulgar as idéias do primo. Foi quando casou com Julieta, menina prendada, boa dona de casa tanto quanto foi uma boa mãe, que passou a reunir os amigos, como num clube, para filosofar sobre os valores e a organização de uma ordem entre as nações.

Depois de muito matutar e consultar Julieta, começou a abrir o verbo dizendo que, do mesmo modo que as nações tinham aprovado a reunião do povo judeu em sua terra histórica, onde crentes de todas as raças, originários de várias nações, viviam livres sob a proteção de um Estado atacado por todos os lados, se poderia também delimitar um estado para cada religião ou ideologia ou vontade coincidente de relacionar-se ou obedecer que nem boi no pasto.

Quem gostasse das leis ditatoriais, viveria nos estados ditatoriais. Quem preferisse as leis e costumes dos estados teistas, viveria nos estados teístas. Os que preferissem conviver sob a proteção de leis democraticas, idem. Até mesmo as chamadas minorias podiam ser contempladas com o território nação homossexual, um lugar onde não nasceria ninguém, mas que teria sua mão de obra provisionada pelos que, no mundo inteiro, chegada a maioridade, declassem sua preferencia.

Claro que os pais e os filhos poderiam visitar-se. A direito teriam os verdes: facilidades para formar colônias de coletores de frutos e sementes nas matas. E os que concebessem a história como luta entre classes, poderiam abrigar-se nos locais onde o Estado estivesse conformado, de modo a receber e abrigar trabalhadores e vagabundos ateus e inimigos da familia e das iniciativas pessoais.

Assim e assado, o mundo se arrumaria. Cada grupo trocaria seus produtos pelo valor combinado, cada grupo suprindo as proprias necessidades. O fato era que sobravam teorias, estudos, experiências e resultados, para uma análise clara das formas de organização preferidas por cada grupo social. O borogodó estava mesmo era no poder que a informação científica e tecnológica propiciava a uns poucos.

Então, a lei universal garantiria que o conhecimento estaria disponível e exposto como numa vitrine do saber, ao alcance de qualquer um. Quem se habilitasse, poderia aprender os segredos e qui-pro-quós das leis, das ciências, dos astros, das religiões e das artes, sem pulo do gato. Assim os mais hábeis e competentes poderiam viver felizes criando suas famílias ou não, dependendo ou não de aceitar a responsabilidade dos laços familiares.

Os governantes, seriam sempre os mais velhos, os mais vividos, os mais sábios e nunca um zé mané esperto e mentiroso. Esta coisa de partido político, seria banida da face da terra. As escolhas e indicações viriam dos bairros, dos clubes e dos grupos religiosos ou de profissionais destacados por seu saber técnico e científico. No outro caso, dos ateus, bom, eles que decidissem matando uns aos outros como fazem sempre que querem tomar ou manter o poder.

A ameaça restante seriam mesmo os comunistas, com seu caráter guerreiro e prepotente, poderiam inventar novas armas, para tomar os alimentos produzidos pelos vizinhos, começando guerras com propósitos escravagistas. Esta era uma possibilidade a ser bem resolvida, talvez não com muros mais com a garantia da mais ampla informação e possibilidades impositivas de locomoção livre das pessoas.

Talvez mesmo o esperanto pudesse ser indicado como idioma alternativo obrigatório em todas as escolas do mundo. Assim, toda gente aprenderia a comunicar-se no proprio idioma e no idioma universal, o esperanto, esta mistura de raizes idiomáticas que associa uns gatos pingados e até tem livros publicados.

Estas eram as elocubrações do Teobaldo junto com os amigos, quando alguém falou que aquilo era muito sério, melhor ficar na moita, que se a Onu soubesse, poderia utilizar as idéias para criar grandes campos de concentração, mantendo um poder mundial único, ditatorial e perverso como os agentes que fraudaram o aquecimento, vacinas e sabe Deus o quê mais.

Calaram-se todos. A busca ia continuar fervendo na cabeça de cada um. Todos sabiam que a solução final estava ali, era só uma questão de tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá internauta

O blog Cavaleiro do Templo não é de forma algum um espaço democrático no sentido que se entende hoje em dia, qual seja, cada um faz o que quiser. É antes de tudo meu "diário aberto", que todos podem ler e os de bem podem participar.

Espero contribuições, perguntas, críticas e colocações sinceras e de boa fé. Do contrário, excluo.

Grande abraço
Cavaleiro do Templo