30/4/2010
Editorial.
Não precisavam pagar esse mico, se colocassem o interesse público um pouco acima dos interesses do governador do Estado.
Alvíssaras!
A mídia corporativa do Estado despertou, finalmente, para a nova realidade política surgida com a reviravolta no quadro eleitoral do Estado e já começa a admitir que estava pagando um tremendo mico ao atribuir a Paulo Hartung (PMDB-ES) a responsabilidade pela mudança.
Antes tarde do que nunca. Se persistissem no erro, sabem os responsáveis pelas duas redes de comunicação do Estado que seus veículos cairiam no descrédito total.
Na verdade, não enxergaram o que até um cego poderia ver. Ou seja, que a troca na cabeça da chapa palaciana foi imposta de cima para baixo – mais precisamente, do Planalto para o Anchieta.
Não precisavam pagar esse mico, se colocassem o interesse público um pouco acima dos interesses do governador do Estado. Afinal, que mal poderia Hartung lhes fazer se os textos e as informações da cobertura dos fatos retratassem a verdade?
As próprias fotos diziam muito. Hartung, Ricardo e Renato não refletiam exatamente a imagem de felicidade que as matérias propagavam. Estavam emburrados, carrancudos e macambúzios, quando o primeiro anunciou que o segundo estava fora da cabeça da chapa palaciana e o terceiro passaria a ocupar seu lugar.
Depois, as primeiras reações dos agentes políticos espelhavam uma perplexidade que não se justificaria se estivéssemos diante de mais uma jogada genial do governador, como a mídia corporativa quis fazer crer.
O que acontecera é que, com suas jogadas, Hartung jogara no chão a candidatura de Dilma Rousseff à presidência da República, deixando-a na rabeira das pesquisas eleitorais. O que, evidentemente, não era do agrado de Lula.
Acostumado às mudanças de atitude política do governador – que o rejeitara no segundo turno das eleições presidenciais de 2006, subindo no muro e assim apostando na vitória de Geraldo Alckmin –, o presidente chamou Hartung às falar e impôs Renato Casagrande na cabeça da chapa palaciana.
Coisas naturais em política, onde se trai e se cobra quando isso se torna necessário. Mas a mídia corporativa não viu, ou não quis ver, o que estava na cara.
É bom, é saudável que ela reveja e reconsidere o que fez. A democracia, que está voltando ao Espírito Santo, agradece.
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