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terça-feira, 11 de maio de 2010

CUBANIZAÇÃO DA VENEZUELA

ViVerdeNovo

TERÇA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2010

Por Adolfo Rivero Caro

Com a tomada do poder em l959, Fidel Castro tinha o controle absoluto de Cuba, uma vez que o Exército Nacional, coluna vertebral da República, havia sido dizimado. Todos as instituições sofisticadas da democracia dependem do aparelho de segurança. E este aparelho é o Exército.

O Estado nos países democráticos é um organismo muito complexo, desenhado para defender as liberdades individuais, essência do sistema. Foi por isto que na segunda metade dos anos 1960, Castro admitiu um verdadeiro exército civil de funcionários soviéticos para ajudá-lo na construção de um novo tipo de Estado Totalitário, em que todas as liberdades individuais estivessem subordinadas ao estado e ao governo. É isto que estão fazendo na Venezuela.

Atualmente, na Venezuela, funcionários cubanos ocupam altos cargos nas Forças Armadas e nos ministérios de Defesa, Interior e Justiça. Existem cubanos ocupando postos nos serviços de inteligência e na polícia nacional venezuelana criada recentemente. São cubanos os funcionários que ocupam postos chave nos serviços vitais como o Seniat (Impostos), Onidex (Identidade, Passaportes e controles alfandegarios) nas empresas de Petróleo (Pdvsa), Eletricidade (Corpoelec) e Telecomunicações (Cantv).

Chávez pretende copiar o modelo cubano de total reorganização administrativa, eliminar os governos regionais e municipais eleitos e substituí-los por novas instituições "bolivarianas", controladas por um "comitê central" presidido pelo mesmo Chávez. Também se inclui no propósito bolivariano redesenhar o mapa territorial, eliminando os atuais estados e criando outros com nomes novos, como Castro fez em Cuba.

A missão fundamental dos cubanos é conseguir o controle absoluto das Forças Armadas. Na visão de Fidel Castro, o principal problema de Chávez é não poder confiar nas Forças Armadas, que continuam sendo as mesmas da república democrática venezuelana. Apoiado em seus enormes recursos financeiros, Chávez comprou os comandos, subornou, encheu de presentes, mas não pode considerá-los totalmente submissos, porque já existiam antes dele e poderiam continuar existindo depois. Além disso são forças armadas permeadas hierárquicamente pelo espírito democrático e liberal da república.

O que Castro e Chávez perseguem é um distema em que o ditador possa pegar o militar de maior prestígio no país, como era o General Arnaldo Ochoa, herói da República em Cuba e mandar fuzilar, sem que ninguém objetasse nada em contrário. Para os militares venezuelanos, seria suicídio esquecer que este é o modelo de Chávez.

Chávez acredita ter comprado o governo cubano pelos 5 milhões de dólares anuais de petróleo que fornece desde o ano 2.000, além de cerca de 50 milhões de dólares que doou Cuba, recursos do povo venezuelano. Mas está equivocado. Os Castro não se consideram devedores. Ao contrário, pensam que é Chávez quem tem que agradecer-lhes por manter-se no poder. E não é só isso: é perfeitamente possível que os cubanos cheguem a controlar a Venezuela totalmente, convertendo-a numa espécie de semi colônia cubana, com todas as decisões importantes sendo emanadas de Havana. Não é por prazer que Ramiro Valdés, o terceiro homem de Cuba está atuando na Venezuela.

Por outro lado, Chávez converteu a Venezuela em importante aliado da teocracia iraniana. É incrível! O povo venezuelano é cristão e católico. Que afinidade pode ter com uma ditadura extremista islâmica onde as mulheres são cidadãs de terceira categoria? Um país violentamente antisemita que declara querer varrer Israel da face da Terra e comprometido com um programa de fabricação de armas nucleares reprovado pelos EUA, União Européia e a grande maioria das nações do mundo.

O povo cubano não poude lutar contra a invasão soviética porque a ditadura já se havia instalado e não havia mais o que fazer. Os venezuelanos tem muitas possibilidades ainda. Podem arrancar de Chávez o controle do Congresso que entregaram "numa bandeja de prata", cometendo colossal erro político. É uma possibilidade real, que precisa de uma grande concentração de recursos e esforços. Os venezuelanos poderão fazê-lo. A alternativa é aceitar a ditadura e perder o país para sempre.

Fonte: Libertad Digital, Madrid, 10/Maio/10. 
Tradução: A. Montenegro

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